sábado, 2 de agosto de 2025

Ano 2000 - Há 25 anos: o bug da Bloch e o último réveillon da Manchete

2000 - O último Réveillon da Manchete


Primeiro de Agosto de 2000: Justiça lacra a Bloch - A edição pronta que nunca foi para as bancas


por José Esmeraldo Gonçalves
Semanas antes da virada para o ano 2000, a mídia estava obcecada pelo bug do milênio. Especialistas lançavam no ar um certo pânico. Havia quem guardasse comida, remédios e dinheiro. Os mais crédulos, especialmente uma cantora da MPB, acreditava em abdução de pessoas. Neopentecostais arrumavam as malas e juntavam dízimos para viajar de primeira classe rumo ao resort celestial. 

Em Copacabana, trabalhando no réveillon para a Caras, apenas concluí: se o bug seria mesmo tão terrível, não havia o que fazer. Nada aconteceu. À meia noite verifiquei o celular e relógio estava lá, certinho. O novo milênio apareceu, o bug, não. 

No Forte de Copacabana, encontrei a repórter da Manchete Aiula Eisfeld. Cobríamos o Réveilon de FHC. Seria o Baile da Ilha Fiscal se o bug tivesse derrubado a festança da elite. Como o apocalipse digital não veio, foi apenas uma noite brega. Não sabíamos, mas o que estava a caminho era o Dia B do Bug inevitável da Bloch Editores. Não sabíamos, mas aquela "festa pobre", como cantava Cazuza, seria a última registrada pela Manchete. Sete meses depois, no dia 1 de agosto, a empresa iria à falência. Manchete encerrava um ciclo de 42 anos de circulação regular (ainda seriam publicadas, nos anos seguintes, edições produzidas por uma cooperativa de ex-funcionários e revistas especiais de carnaval). Manchete saía de fininho e começava uma dramática etapa de vida para milhares de colegas. Eu havia deixado a Bloch em fevereiro de 1996 após 17 anos de trabalho em duas etapas; 11 anos na Fatos& Fotos e seis anos na Manchete

Acompanhei à distância a luta dos ex-funcionários então levados a credores da Massa Falida da Bloch Editores. Ontem, a batalha para reaver direitos, liderada por José Carlos Jesus na Comissão de Ex-Empregados da Bloch Editores, completou 25 anos. A maioria - entre os mais de 2 mil trabalhadores que foram habilitados inicialmente, recebeu o que os advogados chamam de "indenização principal".  A MFBloch ainda lhes deve parcelas de correção monetária (foram pagas apenas três cotas, apesar de parte dos credores trabalhistas terem feitos acordos com o objetivo de obter quitação total mais rápida). Um grupo de habilitados posteriormente ainda aguarda a indenização principal, segundo ex-funcionários. 

O último dia da Bloch foi tão dramático, de certa forma tão cruel, quanto a longa  espera por justiça. Os funcionários foram obrigados a deixar às pressas o conjunto de prédios da Rua do Russell, com poucos minutos para recolher objetos pessoais. Assim expulsos, deixaram para trás o hall de editora lacrada e caíram em tempos de incertezas. 



Cinco anos após a falência da Bloch, ex-funcionários começamos a escrever o livro Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou (Desiderata), esgotado mas ainda disponível em sebos na internet. O objetivo alcançado era deixar registradas a vida e as vidas naquela aldeia plantada na Rua do Russell. Abaixo reproduzo um dos textos que escrevi para a coletânea,  o de apresentação, e uma crônica de Carlos Heitor Cony publicada na Folha de São Paulo sobre o dia para não esquecer. 



Texto de apresentação do livro Aconteceu na Manchete,
as histórias que ninguém contou.

A crônica de Carlos Heitor Cony publicada na Folha de São Paulo e reproduzida neste blog. 
Clique nas imagens para ampliá-las.

sexta-feira, 1 de agosto de 2025

quarta-feira, 30 de julho de 2025

O New York Times de hoje publica entrevista com o escritor Peter Guralnick sobre o seu novo livro "O Coronal e o Rei". Trata-se de uma extensa pesquisa sobre a controvertida relação de Elvis Presley com o seu empresário Tom Parker


por Ed Sá

Elvis morreu em 16 de agosto de 1977, aos 42 anos. Na maior parte da vida teve ao seu lado, dirigindo todos os seus passos profissionaias e pessoais, o coronel Tom Parker. Para muitos um vilão na sua carreira. Para outros, o empresário que criou o primeiro mega star do rock. Peter Guralnick promete desfazer mitos, remover lendas e revelar o bem e o mal que o coronel fez ao cantor e ator.  Entre outras coisas, entrega que Tom Parker embolsava 50% de tudo que Elvis ganhava.  

Apesar disso, o coronel de Elvis era respeitado como gestor do cantor. O empreário dos Beatles, Brian Epstein,  passou alguns dias em Memphis, mal viu Elvis, mas ficou grudado em Tom Parker. Fez uma espécie de mentoria para lidar com ídolos e suas esquisitices, Coisa que Elvis tinha de sobra;   

A emboscada do oligarca

por Flávio Sépia

O ataque de Donald Trump ao Brasil é só em parte tarifário, mas a mídia quase ignora essa característica. O oligarca da Casa Branca e seus comparsas bolsonaristas colocaram na mesa elementos de negociação impossível, como a anulação do STF, o fim da investigação contra os golpistas, a anistia para os crimes de Bolsonaro e sua facção, rendição definitiva às big techs, imunidade para fake news contra regulação das redes,  acesso às terras raras,  privatização e o fim da gratuidade do Pix em favor das empresas de cartão de crédito e do braço de operações financeiras do Facebook, do WhatsApp e de outros gigantes da internet. 

Várias dessas "reivindicações" explícitas e veladas são baseadas em falsos pretextos. Por exemplo o "acesso" a terras raras. A única empresa que explora esses minerais estratégicos no Brasil, ainda em escala pequena, tem expressiva participação acionária de fundos estadunidenses. De resto, o setor de mineração brasileiro é amplamente dominado por multinacionais. 

Este é o pacote contaminado pelas pretensões golpistas do conluio da extrema direita liderada por Trump e Bolsonaro. As taxas absurdas e aleatórias, de 50,%, são apenas o quesito chantagista e mafioso da crise entre Brasil e Estados Unidos. 

Quanto à ida de Lula a Washington, uma frase dita pelo presidente e, em seguida, repetida por Haddad a um grupo de repórteres, não foi devidamente explorada por comentaristas dos principais veículos. Sugere indício de preparação de uma emboscada para o presidente brasileiro em pleno Salão Oval e ressalta que o governo brasileiro quer que um eventual encontro Lula-Trump ocorra em clima respeitoso.  A agressividade de Trump contra o Brasil instrumentalizada pela facção bolsonarista dá alta credibilidade a essa ameaça de emboscada. Seria algo pior do que o tratamento hostil que Trump deu ao presidente da África do Sul, é Cyril Ramaphosa. quando recebido na Casa Branca. Como naquela ocasião marcada por grosserias, Trump jogaria para a plateia da extrema direita ao receber Lula. 

segunda-feira, 28 de julho de 2025

Regime Trump ameaça a liberdade de expressão. Por temer reação do presidente, galeria do Smithsonian Institute agiu para impedir exibição de obra de arte


Transforming Liberty: pintura vetada
para não irritar Trump. Reprodução Instagram 


A polêmica chegou ao New York Times

por José Esmeraldo Gonçalves 
A pintora Amy Sherald retirou sua exposição do Smithsonian Institute. O problema foi a atitude inusitada da galeria da instituição que, temendo a reação de Donald Trump, levou à artista uma "sugestão" para repensar a exibição do quadro Transforming Liberty, representação da Estátua da Liberdade em versão transgênero. 

Este é um dos múltiplos efeitos perniciosos do Regime Trump no país. Em maio, segundo o New York Times, o presidente já  havia ameaçado demitir a então diretora do Smithsonian por enxergar nela uma apoiadora da diversidade e da inclusão. Ela pediu demissão antes da canetada do oligarca.  
 
Vale lembrar que essa prática censória era comum na Alemanha nazista. Tanto que os curadores de Hitler não apenas retiravam certas  obras dos museus como organizaram um grande exposição só de "arte suja" para ensinar ao povo o tipo de expressão artística a condenar. 

A mostra American Sublime, de Amy Sherald, ainda está em cartaz no  museu privado Whitney, em Nova York, pelo menos até o dia 10 de agosto, incluindo a obra que assustou o Smithsonian. Quem quiser ver corra que Trump vem aí.

domingo, 27 de julho de 2025

O dia em que saí (de graça) na edição de 100 anos do Globo * Por Roberto Muggiati

 

Contei aqui há poucos dias como só trabalhei um dia, de graça, no jornal O Globo em 1965 e depois caí nos braços dos Bloch para passar 35 anos na Manchete. Agora, por causa da minha tradução de “O grande Gatsby”, de Scott Fitzgerald, ganhei também uma página no caderno Ela, na superedição de 500 páginas comemorando os 100 anos do jornal. Veja aí

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sábado, 26 de julho de 2025

O dia em que trabalhei (de graça) no Globo • Por Roberto Muggiati

Eu estava à toa na vida, no final de 1965, recém-casado, recém-chegado ao Rio e desempregado. Era jornalista há onze anos, mas interrompera a carreira nos dois anos de bolsa em Paris e nos três em que trabalhara na BBC de Londres. 

Rogério Marinho.
O Globo/Divulgação

Por recomendação do meu cunhado, Secretário Geral do IBC, procurei o dr. Rogério Marinho no Globo. Recebeu-me com fidalguia e me encaminhou ao chefe da reportagem Alves Pinheiro que, incontinenti, me passou uma pauta: “Você vai cobrir o encontro mundial da Interpol no Hotel Glória.”

Embarafustei-me na balbúrdia daquela babel, poucos minutos me bastaram, o repórter ainda não precisava fazer a famosa “apuração”. Nem depuração: a pauta banal não exigia muita criatividade. A volta à redação – aí é que a coisa pegava – envolvia toda uma logística. De um telefone fixo (indisponível no Glória) ou de um orelhão, você ligava para uma central radiofônica, dava suas coordenadas, e uma viatura do Globo vinha te buscar. Bati o texto de uma lauda e meia e deixei na mesa do chefe de reportagem, veterano pé-de-boi que tinha saído para um lanchinho. Virei as costas para a redação soturna da rua Irineu Marinho e nunca mais voltei. A redação da Frei Caneca era ainda mais sinistra, mas um mês depois eu caía nos braços dos Bloch para passar 35 anos na Manchete.

O mundo dá voltas curiosas. Cinquenta anos depois, trabalhei – dessa vez remunerado – para a filha de Rogério Marinho, Ana Luísa, casada com o saxofonista Mauro Senise, que me elegeu como redator oficial dos press releases do marido.


Faria Limer quer entregar a Trump até a mãe?

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por Ed Sá 

Os "especialistas" devem pensar que os demais mortais são idiotas. O impasse criado pela Casa Branca não é apenas comercial. O regime Trump botou na mesa as taxas e também o arquivamento dos processos contra Bolsonaro e a extrema direita golpista. Quer desmoralizar o STF, quer as terras raras, quer liberdade para fake news. O chamada "mercado", o agro e a indústria topam ceder a Trump.  Se o Brasil aceitar tudo isso, melhor transformar isso aqui em franquia do oligarca. Perguntinha: os Estados Unidos são o maior importador e consumidor de drogas do mundo. Perde de todos nessa "balança comercial". Daqui a pouco vem aí a taxa do pó. 

sexta-feira, 25 de julho de 2025

Deu no Guardian - Palestina - Extermínio pela fome

 


Acredite. A guerra na Palestina chegou ao modo  absurdo. O extermínio pela fome torna-se estratégia militar em complemento aos bombardeios. Trump e Netanyahu sonham em construir um elegante resort onde hoje estão as ruínas de Gaza. Turistas irão lá? Provavelmente.Turistas não visitam Chernobyl?

Memória da redação - Há 50 anos- Jacqueline Onassis, a nudez castigada e a Manchete na mira da polícia

 

Recorte de jornal carioca: Acervo pessoal de Roberto Muggiati


Uma das páginas da edição da Manchete apreendida em 1975. 

“O Procurador da República, Pedro Rotta, encaminhou requerimento ao Juiz de Menores do Rio de Janeiro para a imediata apreensão do nº 1.198 da revista “Manchete”, que está em circulação desde quarta-feira passada, devido à sequência fotográfica das páginas oito e nove, em que Jacqueline Onassis é mostrada na intimidade na Ilha de Scorpios, em matéria sob o título “A Vida Amorosa de Jacqueline.

Segundo o Procurador essas fotos não poderiam ser veiculadas em revista exposta livremente nas bancas, sem que se cometesse grave ofensa à moral e aos bons costumes, tanto mais que o texto da matéria acha-se, ineludivelmente, lançado em termos de franco e desabrido deboche, inclusive na segunda parte, feita à guisa de reportagem, sob o título “A Última Viagem de Onassis.”

A Manchete não chegou a ser apreendida: quando aordem do Procurador foi finalmente implementada, ela já havia sio recolhida e substituída nas bancas por uma nova edição. Foi o próprio Aristóteles Onassis, procurando um pretexto honroso (e menos dispendioso) para se livrar de Jackie, quem facilitou o acesso à sua ilha exclusivíssima ao paparazzo Settimio Garritano. As fotos foram publicadas em 1971 na revista de escândalos americana Screw.

Meu primeiro heavy metal, com o jovem Ozzy em NY• Roberto Muggiati

 

Um Ozzy de cara lavada à direita

Pousei no Aeroporto JFK com minha primeira mulher, Lina, na manhã de 26 de dezembro de 1971. O amigo Ricky, com a namorada Tânia, nos recebeu com uma limusine preta do comprimento de um quarteirão (era amigo da mulher do dono) – um contraste brutal com a pobreza em que viviam no Village, num quartinho sem aquecimento, com água fria e banheiro coletivo no corredor. (Conheci Ricky Ferreira quando publicou na Manchete suas fotos de Janis Joplin topless na Praia da Macumba.) A limo nos depositou num hotelzinho do Gramercy Park, na altura da Rua 20, bairro aristocrático da Era da Inocência de Edith Wharton, conhecido como “um cavalheiro vitoriano que se recusou a morrer”. Lina tinha vendido um retrato seu encomendado a Di Cavalcanti por seu ex-marido doleiro, deu para pagar a viagem e ainda sobrou para uma recauchutagem no Pitanguy. (Lina tinha 42, eu 34 anos). Naquela última semana do havia shows por toda parte em NY. No Madison Square Garden, descobrimos o som e a fúria do rock com o heavy metal do Black Sabbath de Ozzy Osbourne. A adrenalina das grandes arenas mexeu comigo a ponto de me levar a escrever Rock: o grito e o mito. Dois dias depois, no Carnegie Hall, em cartaz duplo, duas lendas do rock ‘n’ roll: o branco Jerry Lee Lewis, que martelava de pé o teclado do piano apoiando-se nele para plantar bananeiras; e o negro Chuck Berry, que criou o solo de guitarra agachado deslizando pelo palco no passo-de-ganso. Rick tentou nos avisar, mas não estávamos no hotel e ainda não existia celular: na noite do réveillon, Bob Dylan tocou de graça no Fillmore East!

Lina morreu há muito tempo, Ricky recentemente, agora foi a vez de Ozzy, e a brasileira que se divorciou do americano dono da frota está pagando até hoje aquela corrida de limosine...


quarta-feira, 23 de julho de 2025

Mistério na Glicério - No Caminho da Pinheiro Machado - Quarto Capítulo de um folhetim policial escrito por Roberto Muggiati

  "Mistério na Glicério", por Roberto Muggiati. O blog Panis Cum Ovum publica o folhetim noir escrito por Roberto Muggiati, originalmente lançado no República, voz não-oficial da República Independente de Laranjeiras, editado quinzenalmente por Ricardo Linck, do Maya Café.



terça-feira, 22 de julho de 2025

Mar de lama onde havia gelo. A crise climática chega aos Alpes

 


por Flávio Sépia 

O planeta caminha alegremente para o cadafalso. Nunca se viu um condenado tão à vontade. A porção rica, claro. Os pobres já sofrem os efeitos da degradação do clima há vários anos.  Seca, inundações, epidemias, fome,  poluição etc, são sentidos em escala dramática nos países do Sul Global. Há outros fatores, as guerras, por exemplo, custam vidas e terras agrícolas envenenadas, projéteis não nucleares espalham restos de urânio "sujo". Tudo isso é mostrado em imagens que de tão banais quase não repercutem. 

E quando o drama ecológico se mostra na Europa, mais precisamente nos recantos elegantes do Alpes, aos pés do Mont Blanc? Talvez comova um pouco mais. A capa da recente edição do Libération é mesmo chocante. Uma equipe do jornal escalou quase três mil metros para mostrar um mar de lama onde já existiram geleiras. Aliás, já há alguns anos, algumas estações de esqui são obrigadas e adicionar camadas de neve artificial em pistas naturais. 

segunda-feira, 21 de julho de 2025

Quando eu fui Gatsby • Por Roberto Muggiati

 


Quando posei para aquela foto na baía de Guaratuba, em setembro de 1953, poucos dias antes de completar dezesseis anos, jamais imaginaria que estava ilustrando uma cena importante do romance de Scott Fitzgerald O grande Gatsby, publicado há cem anos. E que 53 anos depois eu traduziria o romance na versão restaurada pelo próprio autor. Separados pela guerra, Gatsby e Daisy Buchanan (casada com outro) se reencontram nos anos 1920 na casa dele e ela se surpreende com uma foto que mostra o rapaz num iate. A frase: “A yacht? And a pompadour?”/ “Um iate? E um topete?” O iate era do ricaço que contratara o jovem para fazer trabalhos braçais a bordo. Depois, Gatsby teria dinheiro para comprar todos os iates do mundo. Quanto a mim, visitei o luxuoso veleiro sueco que aportou um dia em Guaratuba. Do iate, só guardei a foto. Mas é um bem inestimável, físico. No livro de Fitzgerald a foto não passa de um patrimônio imaterial, descrito em meras palavras.


Para não esquecer - José Maria Marin: a morte do corrupto que fez a campanha que levou à tortura e ao assassinato do jornalista Vladimir Herzog

José Esmeraldo Gonçalves 

A morte de José Maria Marin no último domingo, aos 93 anos, não será capaz de reabilitá-lo. Em um primeiro momento, a Agência Brasil anunciou morte do sujeito, não deixou de destacar no seu currículo uma prisão por corrupção, mas não citou a participação de Marin na campanha sórdida que o incentivou a prisão e o assassinato do jornalista Vladimir Herzog em 1975. 

Vamos primeiro à ficha criminal internacional do sujeito por fraude e corrupção. Depois de presidir a CBF entre 2012 entre 2015 ele foi detido pelo FBI, na Suíça (durante uma viagem à sede da FIFA). Era acusado de lavagem de dinheiro e recebimento de propina. Extraditado para os Estados Unidos foi julgado e condenado à prisão. Em 2020 foi libertado por motivos "humanitários". 

O oposto de "humanitária" foi sua participação na morte de Vladimir Herzog. Deputado Estadual pela Arena, Marin foi adepto inflamado da ditadura. Era amigo do torturador Sérgio Fleury e crítico feroz de Vlado, então editor-chefe da TV Cultura. Em discursos na Assembléia ele apelava às forças policiais a agirem contra o "comunista" Herzog. Em um dos pronunciamentos, Marin exigia uma "providência" para que a "tranquilidade voltasse a reinar" em São Paulo. Pouco mais de duas semanas após tal discurso, Vlado foi preso, torturado e assassinado. 

A história conta que o jornalista foi procurado na TV Cultura e, no dia seguinte, compareceu espontaneamente à Rua Tutóia, sede da OBAN, o temido braço repressivo da ditadura em SP.  Não mais saiu de lá. Sofreu bárbaras sessões de tortura, acabou morto por choques elétricos. Os policiais montaram uma farsa para simular o suicídio do jornalista, mas a  verdade veio à tona. José Maria Marin seguiu impune na vida, foi governador de São Paulo de 1978 a 1983 e presidente da CBF de 2012 até 2015, quando o FBI o engaioulou pelo menos temporariamente. Na CBF seu maior feito foi afanar uma medalha do time campeão da Copa São Paulo de Futebol. Ele deveria entregar a homenagem ao jogador Matheus, do Corinthians. A cena foi flagrada pela Band. Um típico momento José Maria Marin.  

P.S - Para saber mais, acesse a Pública 

    https://apublica.org/2013/02/qual-papel-chefao-futebol-brasileiro-assassinato-de-herzog/   


sábado, 19 de julho de 2025

Chulé acima de tudo no mocotó de Bolsonaro



por Ed Sá 
A imagem no alto é obviamente fake, produto de AI. Quem a publica deixa isso registrado. Mas é simbólica, vale a gozação. "Moraes" ajusta a tornozeleira de Bolsonaro. Acima, o meme sugere motivos para a customização do dispositivo em homenagem ao ídolo maior do elemento rastreado.   

A propósito da saga policial do rastreador que dominou o noticiário, um leitor enviou uma FRASE DO DIA

“COITADA DA TORNOZELEIRA, COM TODO AQUELE CHULÉ’.

Se você navegar na internet verá que as redes sociais multiplicaram memes em torno do mocotó de Bolsonaro. Foram buscar até um antigo vídeo onde pastores oram para os tornozelos do indiciado. Parece cena do filme Alta Ansiedade, de Mel Brooks na sessão da tarde.

Entre centenas de gozações, o pessoal foi buscar um vídeo antigo - e premonitório - em que pastores abençoam os tornozelos de Bolsonaro. Parece uma cena que merecia estar no fime "Alta Ansiedade", de Mel Brooks.  

https://www.youtube.com/shorts/iiw2-eEZuCY

Fotomemória - A página Heróis da Televisão recuperou essa foto de Helô Pinheiro, Garota de Ipanema. A musa do verão de 1965 acaba de comemorar 88 anos.

 

Helô Pinheiro em foto da matéria da Manchete que identificou a musa inspiradora da canção Garota de Ipanema. Foto de Milan Airan.

sexta-feira, 18 de julho de 2025

Em 1970 Manchete publicou um dicionário de gírias da República de Ipanema. Embarque nesse expresso do tempo e da linguagem



Gírias entregam idades, certo? Mas algumas vencem o tempo e impregnam as falas de várias gerações. Em 1970 Manchete publicou o Pequeno Dicionário Ipanemense da Língua Brasileira. Muitas entre as expressões então reunidas pelo repórter Creston Portilho ainda são adotadas pelas gerações atuais, assim como a turma da bossa nova, do cinema novo, do pier de Ipanema também assimilou locuções de décadas anteriores. O bairro era uma antena repetidora que transmitia comportamentos e falas. (José Esmeraldo Gonçalves)

Eram outras paradas e outras eras.

Hoje, muitas gírias absorvidas nas praias e baladas surgem do linguajar do tráfico. Isso mesmo. Fazer o que? Algo como “tô na pista”, “papo reto”, “brotar”, “tá ligado” (esta importada de São Paulo)...

Mas vamos ao dicionário. Claro que usar hoje certas expressões datadas pode levar um jovem interlocutor a buscar significados no Google ou levar a questão para os avós.

De qualquer forma, faça essa viagem, entre nesse expresso da linguagem.     


Amarelo Vestibular – Cor de quem se preparava para o vestibular e não ia à praia.

Babado -geralmente uma fofoca

Babilaque – também se usava a forma abreviada – babê – significava estar com os documentos.

Bacana – rico

Becado – roupa – estar com becado legal – terno.

Beijar Cristina – fumar maconha.

Bicão – penetra, aquele que aparecia no embalo sem ser convidado.

Bicicleta – óculos, luneta.

Bizu – informação importante, botar alguém a par do que se passava.

Bode – ressaca, estar com sono, variação bodear (dormir)

Bolacha – cartão que acompanha o chope.

Bolha – bobo, chato.

Branco escritório – cor de quem trabalha muito, vai de casa para o escritório e vice-versa, não vê sol.

Branquinha – mulher

Cabrita - mulher- tem cabrita nova no pedaço, mulher diferente na festinha.

Cacau – dinheiro

Cafona – dizia-se de indivíduo de extremo mau-gosto no vestir, no agir e no falar.

Camaradinha – amigo, chapa

Candonga – intriga, fofoca.

Capim – dinheiro, grana

Careta – sóbrio, que não bebeu ou usou droga, moralista.

Cascata – mentira, conversa fantasiosa.

Chinfra – sujeito que tira onda de rico, de bacana.

Chocar – namorar.

Chofer de fogão, cozinheira.cozinheiro.

Chongas – nada, coisa alguma, bulhufas.

Chué – esquisito, diz-se de quem está doente.

Cobra – o bom, indivíduo competente em alguma coisa.

Coisa – maconha ou outro “aditivo”. Você tem coisa aí? 

Corujão – sujeito que observa tudo, em princípio, todo corujão é um chato.

Criar – namorar meninas muito jovens.

Crocodilo – aquele que age de má fé, não tem caráter, falso, também funcionava como sinônimo de dedo-duro. 

Curiboca -otário, bolha, panaca.

Dar um lance – tomar um atitude, dar um lance na menina, dar uma cantada.

Dar uma de – agir como, dar uma de herói.

Deixar o maçarico cair – bronzear-se, expor-se ao sol forte.

Desligado -individuo que não repara em nada que acontece em volta,  aquele que está sob efeito de bebida.

Devagar – antônimo de quente, muito usada na expressão, devagar quase parando.

Dica – mesmo que bizu. Dica, ainda hoje em uso, surgiu no Pasquim. Era o tílulo resumido da seção Indica, que sugeria filmes, espetáculos, livros etc

Doidão – sob efeito de maconha ou outro tóxico, amalucado, viajando.

Durango Kid – sem dinheiro, duro, durango.

Embalo – festinha com muita bebida, drogas e cabritas.

Encaracolado – de difícil entendimento, indivíduo que não explica as coisas com clareza.

Escovão – bigode grande.

Esmeril – indivíduo que bota pra quebrar ao volante.

Esquer- quadrado, retrógrado, que não pensa de acordo com o grupo, a conversa está chata, esquer.

Estar a fim -  topar, estar disposto a fazer alguma coisa.

Estar a perigo – estar sem dinheiro, duro, está na pior.

Estar na de alguém – concordar com alguém, agir como determinada pessoa, estar sob efeito de droga, estar gostando de alguém.

Faturar – ter sucesso, usava-se especialmente no sentido de ser bem-sucedido com mulheres.

Ficar de Bobeira – Não fazer nada

Figura – Sujeito que chama atenção. Diferente. Estranho. Variação: figuraça.

Fossa – Estado de depressão que tanto podia ser uma angústia existencial quanto uma dor-de-corno ou de cotovelo.

Fundir  a cuca – Ir à lourura. Pirar. Ficar desnorteado com alguma explicação ou situação da qual não entendeu coisa alguma.

Furão -Indivíduo que promete mas não cumpre. Que marca encontro e não comparece. Diz-se do indivíduo que não paga ingresso em teatro e show.

Galinha -  Para todos os gêneros: pessoa muito volúvel nas relações amorosas.

Invocado – Mal humorado, aborrecido, estourado, nervoso, agressivo.

Índio – Sujeito que vem de fora, de outra cidade.

Jogar confete – Bajular, paparicar.

Lei do cão – Barra pesada, regras rigorosas ou autoritárias, código de comportamento punitivo.

Lenha – Dificuldade (ex. o vestibular foi uma lenha).

Lhufas – Forma reduzida de bulhufas, nada, nenhuma.

Ligado – Aquele que está sob efeito de drogas, baratinado (de curtindo um barato). Variação: esperto, atento, concentrado.

Limpeza – Boa praça, barra limpa, legal (fulano é limpeza).

Lixo – Muito usado para classificar filmes, livros, shows, má qualidade da droga.

Luneta – óculos.

Macaca – Mulher que pula de um namorado para outro como muda de roupas, namoradeira.

 Malandro Agulha – Sujeito que mesmo se alguém ridicularizá-lo não perde a linha. Essa parece inspirada nos malandros antigos que usavam calça de boca estreita.

Mina – Mulher, garota

Moleza – Coisa da qual se tira proveito com facilidade, vida mansa.

Morar na jogada – Compreender, entender, sacar.

Morgar – dormir na mesa do bar sob efeito de bebedeira ou droga,, sem ânimo, sem energia.

Mulha – Mulher, mina.

Muquirana – Chato, boboca, diz-se também de sujeito ruim ao volante.

Ouriçar – Agitar, tumultuar.

Panaca – Bolha, otário.

Pano – Roupa, beca, roupa bonita.

Papo furado – cascata, mentira, situação inverossímil.

Paradão – Vidrado, diz-se de quem bebeu pouco e fica deprimido.

Paquerar – Ficar de olho, equivalente hoje a azarar.

Patota – Turma, grupo de amigos unidos, patota do bar, patota da praia etc.

Pedra Noventa – Sujeito importante ou peça rara, figura diferente, metido a original. Indivíduo legal, bom caráter, boa praça. Dizia-se também do sujeito perigoso, que carregava duas pistolas 45.

Pegar nas Coisas - fumar maconha.

Pelo – Cabelo, cabelão.

 Pila – malandro

Pintar – aparecer, chegar, a mina pintou na esquina.

Pirado – Maluco, psicopata, psíco

Pirulitar – ir embora.

Piso – sapato, sandália, calçado, chinelo, pisante.

 Pla -Conversa, papo com a namorada, cantada.

Ponto – olhar de quem está te dando bola.

Pra Frente – Avançado, que se veste de acordo com o último figurino.

Preju – Forma abreviada de prejuízo…

Proleta- Proletário, pobre

Quebrar a cara – sair-se mal em qualquer tipo de tentyativa.

Sacar -   ver, perceber –

Trambique – Negócio geralmente ilícito, golpe, levar um trambique,

Trolha – rabo-de foguete, tomar uma trolha (tomar um preju)

Vivaldino – Malandro


PF cumpre mandado de busca e apreensão na mansão de Bolsonaro em Brasília. O golpista e líder da extrema direita brasileira ganha tornozeleira eletrônica. A dúvida: Trump vai mandar resgatar o parça, como Hitler fez com o amigo Mussolini?

A carreata da PF lembra as motociatas do Bozoroca. Dessa vez ele está  a caminho de receber um mimo: uma tornozeleira eletrônica na canela. Foto: Imagem reproduzida da Globo News

por José Esmeraldo Gonçalves

A Polícia Federal bateu na porta de Jair Bolsonaro hoje cedo. A TVs estão mostrando nesse momento a carreta da lei que conduz o Bozoroca para a Seap (Secretaria de Administração Penitenciária do DF) onde o indigitado receberá uma tornozeleira eletrônica. Na casa dele está em andamento uma operação de busca e apreensão. O objetivo é apreender documentos, celulares e computadores. O elemento guardava dólares em casa. Por enquanto encontraram 14 mil dólares e oito mil reais. Quantias ínfimas considerando que ele mesmo se gaba de ter enviado 2 milhões de reais para Eduardo Bolsonaro no momento em modo de conspirador nos Estados Unidos. A PF cumpre mandato para apurar a participação do golpista na articulação dos ataques à soberania do Brasil promovidos pela Casa Branca.

A  carreata ainda está nas ruas e nada se sabe ainda sobre a reação do demente Donald Trump, mas logo virá. 

Trump é capaz de qualquer coisa. Inclusive se inspirar em um acontecimento histórico. 

Em 12 de setembro de 1943, Adolf Hitler enviou um comando à Itália para resgatar o amigo Benito Mussolini aprisionado em um hotel dos Apeninos. Com a invasão dos Aliados à Sicília, a tutela da Itália pelos nazistas começava a ruir e o líder fascista havia sido deposto e preso. 


quinta-feira, 17 de julho de 2025

Só no sapatinho - A gangue das emendas parlamentares

O portal UOL revela que a  PF apreendeu na casa do vereador Francisco Nascimento, primo do deputado Elmar Nascimento (União Brasil), sapatos recheados de dinheiro. Em janeiro deste ano esse mesmo primo foi preso ao jogar mais de 200 mil reais pela janela ao tentar escapar de um flagrante policial. Foto PF.


por José Esmeraldo Gonçalves 

À parte os delírios recorrentes do regime Trump, as notícias mais repetidas na mídia do Brasil envolvem desvios de verbas bilionárias das emendas parlamentares. Se os cofres do Congresso fossem pessoa física esta alcançaria posto vip na lista de mega ricaços da Forbes. 

Há muito a opinião pública e o STF buscavam uma resposta para uma dúvida atroz: onde diabos vai parar a dinheirama das emendas parlamentares ainda virtualmente secretas apesar da transparência que o STF exigiu? Uma operação da PF desfez o enigma nacional. A grana vai parar só no sapatinho de algumas excelências identificadas ou de fulanos das suas relações. As transferências são realizadas com sucesso através de convênios com ONGs, prefeituras, igrejas, obras em estradas e praças, shows de sertanejos e onde mais a imaginação dos pilantras levar.

A essa altura os editores já devem estar planejando um espaço/tempo fixo em jornais, portais e canais para absorver as denúncias de desvios das emendas parlamentares que pipocam em várias regiões do país. Talvez escalar correspondentes para cobrir o lamaçal das emendas. A moda do dinheiro sujo na cueca aparentemente passou. Os portadores de emendas parlamentares agora atuam só no sapatinho.

quarta-feira, 16 de julho de 2025

Efeitos e defeitos da Copa do Mundo de Clubes 2025

 

Deu Go Blues no Mundial. Os artilheiros João Paulo e Cole Palmer na Foto FIFA

por Niko Bolontrim 

Em tópicos rápidos, um breve balanço da Copa do Mundo de Clubes. 

* A FIFA acertou. O Mundial foi um sucesso. 

* O principal diferencial: a qualidade do futebol exibido na maioria dos jogos de times que treinam constantement, ao contrário das equipes da Copa do Mundo de seleções que não dispõem de tempo para treinar. A Europa, aliás, leva alguma vantagem nesse quesito porque suas seleções participam de vários torneios extremamente competitivos, como Eurocopa, Liga das Nações, Eliminatórias etc. 

* Um ponto positivo na arbitragem. Os árbitros em geral colocaram o VAR no seu devido lugar: ferramenta de checagem só foi acionada quando a arbitragem considerou necessária. É uma prática adotada com mais frequência na Europa. No Brasil, o VAR se acha no direito de "apitar" o jogo e interfere sem que o árbitro peça. Se o juíz é fraco tecnicamente ou não tem personalidade se transforma em mero "menino de recados" com apito.  

* Uma curiosidade: jogadores brasileiros, principalmente aqueles que atuam aqui no patropi, não perdem a mania de se estender no gramado "enfeitando" faltas. Aconteceu várias vezes: o árbitro mandava seguir o jogo e a vítima da suposta falta ficava com cara de bobo e se levantava correndo para não deixar um atacante livre. 

* Off futebol: a expressiva vaia a Donald Trump na final da Copa. A TV tentou esconder o que centenas de celulares registraram. 

* Situação suspeita: o tal "protocolo de raios" que interrompia o jogo por tempo indeterminado. O serviço de meteorologia estadunidense sucateado por Trump não foi capaz de prever as tempestades que dizimaram o Texas. Conduto, foram rigorosas na caça aos raios que não vieram. Qualquer nuvem mais escura assustava as autoridades. Por que a suspeita? Enquanto drones mostravam pessoas andando normalmente nas ruas próximas, estádios eram esvaziados às pressas. Uma explicação aventada: com o "protocolo", os promotores dos jogos, FIFA, proprietários dos estádios, defesa civil etc, se garantem contra pagamentos de indenizações caso algum jogador ou torcedor seja fulminado por um raio. Simples assim. A interrupção das partidas desagradou os treinadores que alegaram prejuízo técnico para suas equipes. Um problema para a FIFA avaliar na Copa do Mundo de seleções em 2026 a se realizar nos Estados Unidos, México e Canadá.

* Quanto ao futebol propriamente dito aconteceu o esperado fosso entre os gigantes europeus e os demai times existe, pode ser decisivo, como foi, mas não é tão dramático. Flamengo, Botafogo, Palmeiras e Fluminense mostraram que essa distância poderá ser reduzida e a Copa do Mundo de Clubes deixa lições para os brasileiros. 

* O Chelsea pode ser considerado primeiro campeão mundial de fato em um torneio realmente competitivo. Acabou o tempo em que um jogo só celebrava o "campeão" mundial, época da Taça Toyota. Depois a FIFA assumiu o torneio, acrescentou alguns jogos eliminatórios. Continuou irrelevante. Os campeões europeus não levavam a sério o negócio, era mais recreativo, mesmo assim conseguiram mais títulos. Agora temos de reconhecer que o Mundial ganhou enorme importância. Fora o título do Chelsea, os demais que guardam taças anteriores nas suas estantes são, digamos, sub campeões. 

* O jogo final Chelsea 3 X 0 PSG foi bom, os franceses parecem ter sofrido um apagão, foram amassados pelo adversário. Vai ver a camisa branca deu azar. O Chelsea jogou com uniformae azul. A torcida francesa foi impedida de gritar o tradicional allez les bleus emprestado da seleção francesa. No caso, o bleu estava com o com os britânicos. Uma ironia do destino. 

* Finalmente, um detalhe a aplaudir: os hinos nacionais foram eliminados da cerimônia. Quero dizer: a nota dissonante foi o encerramento com a presença de Donald Trump, a patriotada do hino americao, o exibicionismo de voo de caças. Típico deles. Trump, focalizado na tribuna, tinha cara de não estar entendendo de futebol. Parecia estar o tempo todo à espera de um touch down. No final, entrou em campo e invadiu a foto oficial como um papagaio de pirata red neck

           

domingo, 13 de julho de 2025

Licencinha, Hilde, temos que reproduzir seu post sobre a Globo News impulsionando a extrema direita e ouvindo calada um anormal chamando o Brasil de "sapo na panela"


(por Hildegard Angel)
Mal eu falei que a Casa Branca virou a Gaiola das Loucas, que a Globo News, talvez enciumada, botou no ar um episódio muito louco, com Duailibi, Camarote e Guedinho, dando voz, imagem, microfone e estatura para o 'Zero 1' falar de política internacional, pregar uma intervenção no Judiciário, insultar Alexandre Moraes, ignorar que o roubo do ISS foi criado no governo de seu pai e apresentar uma visão totalmente deformada, desfocada, pirada do Brasil (chamou o país de @um sapo numa panela fervente"), da Democracia, do governo de seu pai. Sugere a Lula arregar diante da chantagem de Trump. Pede que "o Brasil volte à normalidade". Como se o governo passado não fosse a maior era distópica já vivida no Brasil. E pede ao ministro Moraes para "autorizar o Congresso" a votar a anistia. Que roubada!

sábado, 12 de julho de 2025

Na capa da Carta Capital: Bolsonaro é o bode que Donald Trump bota na sala

 




Comentário do blog. Donald Trump assaltou o poder e usa métodos de bandido em parceria com a interface. bolsonarista. Para ele

terça-feira, 8 de julho de 2025

Lavadora Brasil de dinheiro sujo.

 

O Estadão publicou matéria sobre empresas privadas que lavam dinheiro para facções criminosas. No meio da lama tem posto de gasolina, empresas de construção civil, igrejas (sim, em nome de Jesus), Bitcoins, empresas ligadas ao futebol (a bola rola no crime), bets, fintechs e bancos digitais e ongs de saúde pública (muitas bancadas por "convênios" com igrejas) e por aí vai, segundo o quadro acima. Apesar disso ou por isso está parada no Congresso a votação da Lei Antimáfia. Faz sentido.

segunda-feira, 7 de julho de 2025

E o "protocolo" meteorológico que paralisou jogos do Mundial de Clubes não existiu na tragédia do Texas. Mídia americana reclama que população não recebeu qualquer alerta

 

Washington Post se de hoje denuncia: população não foi alertada sobre temporal que matou dezenas de pessoas. Críticas lembram que Final Trump cortou verbas e demitiu pessoal do setor climático. O republicano, como se sabe, não acredita em agravamento do clima do planeta.

por Niko Bolontrin

A mídia brasileira ficou deslumbrada em um primeiro momento com o "protocolo" que esvaziava estádios diante da possibilidade de terríveis raios. Bom, o bombardeio elétrico não veio e até agora nenhum jogador ou torcedor do Mundial de Clubes foi fulminado. Depois, diante da reclamação de treinadores sobre possível  interferência no resultado das partidas surgiram as primeiras críticas de narradores e repórteres. Foi esclarecido que o objetivo do protocolo é evitar que os promotores do jogo paguem indenizações a pessoas eventualmente atingidas por raios no ambiente dos estádios. Duas provas disso: drones mostraram pessoas andando normalmente nas ruas próximas; e os jornais americanos denunciam que a meteorologia tão elogiada pela mídia brasileira não funcionou no Texas onde a população não foi alertada para o temporal que matou dezenas de pessoas.

sábado, 5 de julho de 2025

Confirmado: Neymar, Messi, Mbappé e Suárez davam um tremendo azar ao PSG

por Niko Bolontrin

O PSG foi chegando devagarinho na temporada 2024-2025 e faturou a Champions. Hoje, ganhou do Bayern Munique e confirmou a boa fase. A equipe francesa é candidata ao título de campeã do Mundial de Clubes da FIFA. A parada é dura. Pode não ganhar, claro, mas tem méritos para chegar lá. O PSG investiu montanhas de euros para contratar Neymar, Messi, Suarez, Mbappé e outros estrelados. O quarteto entregou pouco valor esportivo em troca. Foi suficiente para vencer campeonatos franceses, uma espécie de Série E da Europa, atrás de Espanha, Inglaterra,  Alemanha e Itália. A conclusão inevitável é que o quarteto de craques levou um tremendo azar para o PSG. Não conquistou títulos nem nasceu grama onde ele pisaram. Dizer que quase ganha a Champions é quase bobagem. Não há taças para os "quase", só a decepção da torcida. No caso, o azar é eufemismo para a guerra de egos que tumultuava o vestiário do PSG. Como futebol é imprevisível, e aí está a graça da coisa, o time que reuniu jogadores experientes com talentos da base é o que brilha no momento. E o que aconteceu com o antigo quarteto mágico do PSG? Messi carrega o piano de um time recreativo em Miami; Neymar não sabe o que é bola há anos; Suárez cumpre com muita dignidade sua reta final de carreira; Mbappé, o mais novo dessa corriola, se destaca no Real Madrid, diga-se, mas faz parte da pior temporada do time espanhol nos últimos anos. Tentará provar em 2025-2026, que será capaz de fazer diferença no campo sem grandes conflitos no vestiário. Não brinquem com a urucubaca. 

Estados Unidos de Donald Trump é a "Coreia do Norte" da extrema direita. Autoridades impedem a entrada de atletas estrangeiros no país. São esperados incidentes do tipo durante a Copa do Mundo de 2026


A temida polícia de caça aos imigrantes é ameaça potencial à entrada de atletas nos Estados Unidos.
 

por José Esmeraldo Gonçalves 

Há poucos dias uma delegação esportiva de Cuba foi impedida de entrar nos Estados Unidos. Recentemente o mesatenista brasileiro Hugo Calderano foi barrado quando estava a caminho de um torneio em Las Vegas. A razão para cancelar o visto? O passaporte do atleta indicava uma visita anterior a Cuba. Quer dizer: o fato de Calderano ter ido competir em Havana o transformou - aos olhos do U.S. Immigration and Customs Enforcement's (ICE), a "Gestapo" trumpista -  em um perigoso agente capaz de espionar, talvez, as mesas de jogo, a prostituição e a circulação de drogas na movimentada The Strip. A julgar por esse tipo de restrição à entrada de atletas será preciso cautela em relação à escalação dos Estados Unidos como sede de eventos esportivos internacionais. 

Ano que vem o país de Trump recebe a Copa do Mundo de Futebol, junto com México e Canadá. Jogadores e torcedores correrão o risco real de serem vetados pelos motivos mais aleatórios.

O Irã, por exemplo, já está classificado para a Copa de 2026. Será admitido pelo regime autoritário de Trump ou a FIFA passará pela vergonha de levar a seleção iraniana a jogar apenas no México e no Canadá? A Venezuela precisa de quase um milagre para obter classificação direta nos últimos dois jogos das Eliminatórias, mas tem chances de disputar uma repescagem.  E aí? Será admitida ou Trump enviará a seleção venezuelana para o seu novo campo de concentração de imigrantes construído nos pântanos da Flórida e cercado de jacarés e crocodilos?

A China está fora da Copa. A Rússia também não vai em função das sanções políticas. Belarus disputará as Eliminatórias. O Brasil não é bem cotado na Casa Branca. Tem relações com China, Irã, Rússia, Palestina - quarteto que irrita Trump - e faz parte dos BRICS. Além disso, elementos da seita bolsonarista homiziados nos Estados Unidos mobilizam a ultra direita republicana para incluir o Brasil na lista de cancelamentos políticos e comerciais. É impossível prever até onde vai a escalada ditatorial de Trump, que tem golpeado uma a uma as instituições democráticas dos Estados Unidos, e saber como estará a situação em junho de 2026, mas é prudente que o treinador Carlo Ancelotti escale a seleção brasileira só depois de os jogadores passarem pelo guichê policial do aeroporto.   

segunda-feira, 30 de junho de 2025

Mistério na Glicério - Uma Chusma de Suspeitos - Terceiro Capítulo de um folhetim policial escrito por Roberto Muggiati

 "Mistério na Glicério" (Terceiro capítulo - por Roberto Muggiati.O blog Panis Cum Ovum publica o folhetim noir "Mistério na Glicério", por Roberto Muggiati, originalmente lançado no República, voz não-oficial da República Independente de Laranjeiras, editado quinzenalmente por Ricardo Linck, do Maya Café.

* Nesta abertura, Muggiati homenageia a estética das páginas duplas da Manchete.



FOLHETIM TAMBÉM É CULTURA

 


 

Irineu Guimarães



domingo, 29 de junho de 2025

Mundial de Clubes: o raio que não vem mas interfere no jogo


por José Esmeraldo Gonçalves 

Pessoas em campo aberto podem ser atingidas por raios. Há casos fatais. Isso todo mundo sabe. O Brasil, por exemplo, está entre os campeões de incidência de raios do mundo. Estatisticamente, somos mais fulminados do que os Estados Unidos. Perguntem aos meteorologistas.

O Mundial de Clubes em estádios do território de Trump revelou ao mundo o "protocolo" que paralisa os jogos. Está  em vigor desde 2012 quando uma pessoa que asistia a uma corrida da Nascar foi alvo de um raio fatal, mas ganhou visibilidade internacional no atual  torneio da FIFA. No ano passado, nessa mesma época, aconteceu a Copa América, da Comenbol, com jogos em alguns dos mesmos estádios de agora, sem que a protocolo fosse acionado. Supõe-se que a FIFA não impôs condições e aceitou a restrição que interompe as partidas.  

Nuvens um pouco mais escuras e carregadas de energia assustam os técnicos e logo eles emitem ordens para esvaziar arquibancadas e campos, mandando jornalistas, jogadores, pessoal de serviço e torcedores em êxodo rumo aos "porões" dos estádios. Lá a turma mofa durante 30 minutos. Se as nuvens não se mandarem, a restrição é prorrogada por mais 30, e assim sucessivamente. O jogo Benfica e Chelsea, por exemplo, parou por quase duas horas. O intervalo forçado aparentemente agradou ao time inglês que parecia fisicamente menos depauperado. O Chelsea voltou revigorado e goleou os portugueses. Ou seja, o raio que não veio pode ter interferido no placar do jogo. 

Você deve se perguntar sobre um motivo à parte e não divulgado do tal "protocolo". Ao mesmo tempo em que o público era confinado, um drone que sobrevoasse as imediações dos estádios mostraria pedestres e carros circulando tranquilamente nas ruas próximas. O protocolo não está preocupado com eles, nem com os raios que eventualmente os partam. Qual a razão da coisa? Evitar que pessoas eventualmente atingidas no ambiente do jogo processem governos, seguradoras, proprietários dos estádios e promotores dos jogos, no caso a FIFA, ou espetáculos em geral. Estados Unidos é paraíso de advogados. Lá, se você é atropelado, o causídico chega antes da ambulância. Faz sentido. 

Felizmente, em todas ocorrências do tipo, os raios esperados pelos gringos meteorologistas não apareceram no pedaço e nem fulminaram jogadores e torcedores. 

Protocolo Brasileiro

Não temos vulcões nem furacões e os principais estádios têm cobertura parcial. No Mundial de Clubes foram vistas algumas arquibancadas inteiramente descobertas. Nosso protocolo esportivo para emergências é menos complexo. Cabe ao árbitro do jogo, diante de uma emergência, consultar autoridades para dimensionar o problema (quase sempre inundações provocadas por fortes chuvas, estaod do grmado, flata de iluminação etc) é, em seguida, paralisar a partida. Se o problema persistir, o árbitro tem o poder de encerrar a partida passado um tempo regulamentar de espera (30 minutos).  A complementação do jogo será marcada para outra data. A situação é resolvida no campo esportivo em contato com serviços públicos ou privados apropriados. Sem misturar as coisas, as autoridades civis acionadas cuidam da parte que lhes cabe: a segurança das pessoas. Caso a interrupção aconteça decorridos 30 minutos ou mais do segundo tempo, será validado o placar do momento da paralisação.    

O deslumbramento dos comentaristas e apresentadores brasileiros

O protocolo pegou de surpresa os jornalistas brasileiros. Os mais afeiçoados ao Tio Sam em princípio saudaram o a medida sem críticas e até, no caso de um dos narradores da Globo, certa exaltação "ridícula". Não atentaram para a Copa do Mundo de seleções, ano que vem, que terá os Estados Unidos como uma das sedes, ao lado de México e Canadá. O protocolo que pode suspender um jogo por duas horas ou mais poderá levar a Copa ao caos, caso seja acionado nas diversas partidas em território estadunidense. A sorte é que México e Canadá não têm esse protocolo restritivo e, pelo menos nas partidas que vão sediar, o caos eventualserá evitado. Melhor a FIFA levar para a Copa o Cacique Cobra Coral especializado em impedir chuvas e raios.  



quarta-feira, 25 de junho de 2025

Adeus, Lena Muggiati

 

Lena Muggiati em frente ao Palácio de Buckingham, em 1986. Depois de cobrir o casamento do príncipe Andrew com Sarah Ferguson, ela aguardava o beijo do casal na famosa sacada da residência real. 

Lena Muggiati fez parte daquela geração de jovens fotógrafas que pontificaram nas décadas de 80 e 90 nas páginas da Manchete e de outras revistas da Bloch: Cibele Clark, Cristiane Isidoro, Gilda Estelita, Isabel Garcia, Márcia Ramalho, Margaret Lippel e Paula Johas. Lena tinha um diferencial: era casada com o editor da Manchete, Roberto Muggiati, e isso, mais do que uma vantagem, podia ser um empecilho. Muito antes da internet e do celular, as redes antissociais já vicejavam nos corredores de Frei Caneca e do Russell. O primeiro grande ensaio de Lena – dezesseis páginas sobre o Jardim Botânico, com direito a uma exposição no próprio JB – foi paginado na gestão do editor Justino Martins.


Muggiati e Lena acabaram encontrando o seu caminho e participaram juntos de grandes coberturas, como a dos maiores festivais de jazz da época. No 1º Free Jazz, o close que fez de um Chet Baker envelhecido, a três anos da morte, ganhou a capa do caderno cultural do Valor Econômico. A foto do Chet rejuvenescido tocando trompete no gran finale do evento foi usada por Walter Salles como capa do livro do fotógrafo (Peter Coyote) protagonista do filme “A grande arte”. 


Ainda em 1985,  Lena registrou o lendário “duelo no Montreux Corral” entre João Gilberto e Tom Jobim. No ano seguinte – ainda se recuperando do parto da filha Natasha – viajou de Montreux a Londres para cobrir o casamento do Príncipe Andrew; nas horas de folga fez um ensaio de treze páginas para a série Viagens Imaginárias, “A Londres de Sherlock Holmes”. De volta ao Rio para o Free Jazz, seguindo uma ideia da revista Life durante o Live Aid, Lena montou um estúdio no Hotel Nacional pelo qual fez passar para fotos posadas as estrelas do 2º Free Jazz, veteranos como Gerry Mulligan e revelações como Wynton Marsalis e Stanley Jordan. 


Uma foto de Miles Davis em Montreux, um halo mágico envolvendo o bocal do trompete, ilustrou uma caixa de doze K7s da Sony Music, num projeto gráfico premiado. Em quinze anos de festivais, depois de obter a foto definitiva do músico tocando, ela cultivou o hobby de fotografar o calçado de cada um. A “brincadeira” foi levada a sério e rendeu uma exposição (no Rio e em Brasília), “Aos pés do jazz” - em que o sapato refletia admiravelmente a personalidade do artista.

Lena fotografou também grandes nomes da música brasileira, com retratos consagrados de Ivan Lins, Nara Leão, Artur Moreira Lima e Arrigo Barnabé. Um dia, a caminho da casa de Hermeto Pascoal, parou numa loja do Catete e comprou um pano preto que serviu de fundo para uma foto do Bruxo tocando bombardino com um papagaio empoleirado na campana do instrumento.

O casal sofreu um dia insólito episódio de bullying patronal quando Muggiati ia partir com a família para o repouso no chalé de Itaipava antes de encarar mais um fechamento da edição de Carnaval. Toca o telefone, era Adolpho, meio desenxabido queixando-se de que sertanejos não eram matéria para a Manchete. Foi o mago das finanças da Rede Manchete – conhecido como “a raposa escolhida para cuidar do galinheiro” – quem levantou a maledicência de que os Muggiati estavam levando propina para publicar matérias sobre as duplas sertanejas. A nova sensação da música brasileira não precisava da Manchete, essa é que precisava dos sertanejos para vender revistas.

Esta evidência veio à luz quando Jayme Monjardim escolheu a temática sertaneja para a novela que sucederia o fenômeno “Pantanal”: “Ana Raio e Zé Trovão”. O castigo veio literalmente a cavalo com o espetáculo – bizarro e bisonho – de Adolpho Bloch e Anna Bentes fantasiados de vaqueiros distribuindo chapelões no lançamento de gala da novela.



Gugu Liberato pleiteava em 1995 um canal de TV e Lena foi escalada para fazer uma foto de capa. Embora sofresse na época a doença do pânico, ela se aventurou a atravessar o Viaduto do Chá até a Praça do Patriarca, o local da megalópole com mais transeuntes por metro quadrado. Sabia o que queria e encontrou no camelódromo da praça: um apontador de lápis no formato de um aparelho de TV. O maleável apresentador, líder absoluto do Ibope na época, topou posar com o brinquedinho. A foto foi capa da Manchete e da Amiga – um comentário irônico sobre a audácia do jovem de 36 anos que brigava por um canal próprio de TV para competir com magnatas como Roberto Marinho, Adolpho Bloch e Silvio Santos. 

Lena com Tião em 1996. O Macaco morreria em 23 de dezembro, aos 33 anos.


Depois de ver desfilarem por suas lentes jazzistas, sertanejos, televisivos, escritores e empresários, Lena se dedicou aos animais, que considerava mais confiáveis que os humanos. Passou os dois últimos anos da carreira no Jardim Zoológico do Rio, fotografando as mais variadas espécies para a revista Geográfica Universal. E conseguiu um feito alcançado por ninguém: a amizade do lendário Macaco Tião, com quem conversava por horas, sabe-se lá em que língua.

Lena Muggiati morreu de pneumonia aos 74 anos numa casa de repouso de Correias, RJ, no dia 30 de maio.