segunda-feira, 9 de junho de 2025

Efeito Trump remove livros "suspeitos" de biblioteca pública

Nos Estados Unidos de Trump um Tribunal Federal de Recursos reconheceu o direito de uma decidiu que biblioteca pública do Texas remover de suas prateleiras 17 livros com conteúdos detestados pelo governo. Vão para a fogueira simbólica livros que contenham questões raciais, sexuais e vulgaridades. Um dos livros condenados foi “They Called Themselves the K.K.K.: An American Terrorist Organization”. Por motivos óbvios: denuncia uma organização de racistas assassinos.

domingo, 8 de junho de 2025

Paulo Scheuenstuhl (1939-2025): versatilidade em fotojornalismo, aventura e arte


A notícia que circulou entre grupos da extinta Bloch certamente deixou um rastro de muita tristeza. Em poucas linhas, era informada a morte do fotojornalista Paulo Scheuenstuhl. Carinhosamente chamado de Paulo Chuchu - uma interpretação mais fácil que os colegas encontraram para driblar as consoantes do sobrenome -  era uma espécie de unanimidade na antiga Manchete. Além do talento que o levou a se destacar em uma extraordinária geração de profissionais, era discreto e focado no trabalho. Seu marketing pessoal estava na qualidade das fotos e na disposição e muitas vezes coragem com que encarava as mais diversas pautas. Networking de corredores, muito comum no clima competitivo da editora, não era com ele. As páginas da antiga Manchete guardam reportagens memoráveis como a que o levou a percorrer e registrar a América do Sul pilotando um frágil, mas bravo, Fiat 157, com o qual cortou a precária, na época, Rodovia Panamericana. Paulo fotografou editoriais internacionais de moda para a Desfile  com a mesma naturalidade com que cobriu a Revolução dos Cravos e a Guerra do Yom Kippur. 


Uma das suas fotos mais famosas foi reproduzida no livro "Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou", abrindo uma seleção de imagens épicas dos principais fotográfos da antiga Manchete. Ele eternizou em 1967 um encontro informal e único dos maiores nomes da MPB no terraço da casa de Vinicius de Moraes. Edu Lobo, Tom Jobim, Caetano Veloso, Paulinho da Viola, Chico Buarque, Braguinha, Capinam, Zé Keti, Dircinha Batista, Olivia Hime, Francis Hime, entre outros, posaram para a sua câmera, uma cena histórica que jamais se repetiu.

Paulo Scheuenstuhl faleceu no Rio de Janeiro, em 5 de junho, aos 86 anos. Deixou um acervo que compõe acontecimentos, modas, aventuras, retratos, celebridades, arte e cultura de uma época. 

Cada uma das milhares de imagens que captou eterniza seu talento e profissionalismo. 


Conheça um pouco mais da história de Paulo Scheuenstuhl nesta entrevista extraída do You Tube. 

Clique no link  https://www.youtube.com/watch?v=c14Z1wmEwlk

              


 

sábado, 7 de junho de 2025

Musk versus Trump - Barraco na Casa Branca levanta suspeitas de corrupção e de festins sexuais com adolescentes

 

Jeffrey Epstein, que se suicidou na prisão após condenação
por promover orgias com menores para empresários convidados, e o parça Donald Trump. Reprodução Facebook 




Barraco entre os dois ex-amigos abriu caixa preta de transas e transações.
 A mídia dos Estados Unidos ganhou assunto alternativo à perseguição aos imigrantes, taxação de importações, cerco às universidades e asilo aos brancos da África do Sul "vítimas de racismo, segundo Trump.    

por José Esmeraldo Gonçalves

É um típico caso onde não precisamos escolher um lado, mas torcer pela briga. O barraco entre o homem mais poderoso do mundo contra o mais rico é útil para revelar favorecimentos em contratos que rendiam pilhas de dinheiro público manobrado pela administração Trump e, de quebra, mostrar que em meio a uma ofensiva de supostos cortes de despesas da máquina governamental comandados por Musk foram preservadas transações bilionárias que abastecem os cofres da empresa do oligarca que mantinha gabinete na Casa Branca. Só que no calor da discussão entre os dois ex-amigos Musk soltou uma bomba sexual. Denunciou que o dossiê sobre o Caso Epstein, que durante a campanha Trump prometeu liberar, permaneceu na gaveta. Na verdade, Trump abriu apenas uma parte do dossiê e escondeu os elementos inéditos. Coincidentemente, os trechos em que ele aparece como possível participante na fila do gargarejo dos festins sexuais promovidos pelo empresário Jeffrey Epstein . O Caso Epstein, para quem não lembra, revelou orgias a la carte que reuniam grandes capitalistas, personalidades do set e empreendedoras sexuais contratadas por Epstein. Ele convidava meninas, muitas delas menores de idade, a peso de dólares e viagens luxuosas, para confraternizações sem limites com amigos como o príncipe Andrew. Epstein acabou preso e se suicidou na prisão em 2019. As garotas eram transportadas em jatinhos a que os participantes davam o nome de Lolita Express. Daí Musk insinuar que o evento era sobre uma celebração da pedofilia.   

quarta-feira, 4 de junho de 2025

"Mistério na Glicério" - O primeiro capítulo de um folhetim policial escrito por Roberto Muggiati

A partir desta edição, o blog Panis Cum Ovum publica o folhetim noir "Mistério na Glicério", por Roberto Muggiati, originalmente lançado no República, voz não-oficial da República Independente de Laranjeiras, editado quinzenalmente por Ricardo Linck, do Maya Café.






NO PRÓXIMO CAPÍTULO: CONHEÇA A INVESTIGAÇÃO

segunda-feira, 2 de junho de 2025

Gol de mão não é para "bobos". Maradona está rindo até agora...


 O"gol" ridículo de Neymar. Imagem Reprodução SBT

Argentina 2xInglaterra. Copa de 1986. Maradona faz o gol da mão de deus. O juíz validou o lance. No mesmo jogo o argentino driblou ingleses desde o meio de campo e marcou um dos mais belos gols da história. Deu tudo certo. A Argentina foi campeã, Maradona foi consagrado e décadas depois a bola do gol de mão, guardada pelo árbitro, tunisiano foi leiloada pelo equivalente a 17 milhões de reais. Foto Reprodução You Tube

por José Esmeraldo Gonçalves 

Quase 40 anos depois um gol de mão foi repetido por Neymar, mas como farsa. Foi simbólico. No momento em que o PSG comemorava a conquista histórica que buscava há 14 anos - o festejado título da Champions - o influencer Neymar protagonizou uma das cenas mais ridículas da sua tumultuada carreira. Se vivo fosse, Maradona chamaria o brasileiro de otário. "Se non sabes cómo hacerlo, no lo hagas, carajo".

Neymar foi expulso de campo durante o jogo do Santos contra o Botafogo. Na sequência, o time carioca fez o gol da vitória. Com isso, o influencer só voltará a jogar pelo Santos em julho e isso se renovar o contrato, o que parece difícil.

O jornal Estadão cita uma coincidência:  suspenso, Neymar não jogará conta o Fortaleza, próximo compromisso do Santos. O que o deixa livre para ir a Paris assistir à final da copa da igualmente ridícula Kings League, onde é proprietário de um time. Para quem não sabe a Kings League é uma espécie de roda de bobo para idiotas assistirem e outros apostarem (sim, algumas bets aceinam apostas na modalidade que não está sujeita às entidades ou instâncias da justiça desportiva que fiscalizam e regulam os esportes). Consiste em uma coisa que mistura regras de futebol do tipo recreio da quinta série com toques de reality, video game e babaquices tais. A Kings League está investindo forte no Brasil e é impulsioada por site e canais do You Tube. Na últia final do torneio, em São Paulo, Neymar, pelo menos  distribuiu ingressos gratuítos.  


sábado, 31 de maio de 2025

PSG finalmente dono da Champions. Time francês dispensou os medalhões. Fica de olho, Ancelotti.



por Niko Bolontrin 

Quem diria: o PSG teve Messi, Neymar, Suarez... Mbappé e não conseguiu o maior título continental do futebol europeu: a Champions 

Hoje, a Inter de Milão teve seu dia de "7x1" já vivido pela seleção brasileira. Tomar de 5x0 do PSG faz a Inter cair ao nível do Brasil na vergonhosa derrota para a Alemanha em 2014. A Inter parece ter tomado Lexotan, mais ou menos como a apática seleção brasileira no Mineirão na fatídica Copa sediada pelo Brasil. Vale ressaltar uma curiosidade: o PSG investiu em estrelas durante mais de 15 anos. Ganhou nada.Teve chance de vencer uma Champions mas tomou uma virada vexatória. Nas últimas temporadas esqueceu os Neymar da vida e foi buscar novos talentos somados a jogadores experientes não mascarados. O resultado foi a taça na mão. Talvez esteja aí uma lição para a seleção brasileira. Te cuida, Ancelotti. Não entra na onda da mídia que valoriza jogador como influenciador e esquece da influência do verdadeiro craque de bola.



domingo, 25 de maio de 2025

Reborn no futebol

 

Circula na internet: nova definição para Neymar (Reprodução X)

Mídia Lôca...

 

Dilma Rousseff não sabia dessa. Segundo a Band News FM, ela acaba de ser anistiada por "crimes sofridos" durante a ditadura. A BandFM quer dizer, Dilma estava condenada por ter sido torturada? Eu, hein? (Ed Sá)

Sebastião Salgado(1944-2025): lentes da paixão







por José Esmeraldo Gonçalves

Sebastião Salgado foi colaborador da antiga Manchete. Dele, a revista publicou fotos memoráveis. Uma das reportagens históricas foi a que registrou o atentado ao presidente dos Estados Unidos Ronaldo Reagan, em 1981. Salgado estava em Washington para fazer uma matéria sobre os primeiros 100 dias de governo de Ronald Reagan, por isso seguia a agenda do presidente. 

Fotos de ação, assim, do tipo relâmpago, talvez não formassem maioria nas pastas do seu arquivo, mas seu instinto era permanente tanto para captar a essência mais profunda do drama humano e os gritos de alerta do meio ambiente quanto o impacto do inesperado ou de acontecimentos marcantes, como a Revolução dos Cravos, que também registrou para veículos internacionais.  

Dizem que, no futebol, a bola procura o craque. no fotojornalismo, também

Sebastião Salgado faleceu aos 81 anos, em Paris, na última sexta-feira, 23, vítima de leucemia. 

A mídia reverenciou sua arte. Os povos da periferia do planeta perdem o guardião que lançava ao mundo, em forma de imagens, ecos de extrema e dramática resistência.





* Para ver o documentário  "Revelando Sebastião Salgado", clique no link abaixo.

https://youtu.be/kX52K-W5Fzc?si=a7ys-6ow_htIxJrB


 

"Mãe" leva bebê reborn para tomar vacina. Outra quer que o padre batize seu "filho" de silicone. E a saúde mental vai bem?

Bebê reborn anunciado na internet por 250 dólares. Reprodução


Há alternativas, digamos, mais instigantes do tipo "noiva cadáver", "serial killer baby" etc.


O Globo ouviu especialistas sobre a onda dos reborns


por José Esmeraldo Gonçalves 

As redes sociais - à parte a utilidade -  são também um lixão de inutilidades. Nas últimas semanas a internet foi contaminada por uma onda de bebês reborn. Algumas mulheres adultas tratam esses entes artificiais como se fossem reais. Tanto que "mamães" levaram seus bebês de silicone e vinil a postos de saúde pública. Algumas se revoltaram por não serem atendidas. Na Bahia, um padre se recusou a batizar um bizarro "filho" de uma genitora de reborns, mas não demora muito aposto que vão surgir religiosos que encontrarão na bíblia um motivo para sacramentar os borrachudos e faturar uma grana. 

Aliás, os bebês reborn são caros. No Mercado Livre, por exemplo, há espécimes que custam de R$3.500,00 a R$8.000,00. É coisa de gente abonada. Não se surpreenda, há quem os leve a sério. O Globo de hoje publica uma página que reúne psicanalista, psiquiatra e cientista social que debatem o fenômeno. A matéria deixa de lado as situações absurdas, como essa de levar o bebê de silicone ao posto de saúde para receber dose de vacina, e analisa supostos efeitos terapêuticos na coisa. O texto também critica haters que debocham da nova mania. A psiquiatra Roberta França, contudo, adverte, como o Globo revela: "A questão é quanto você transfere o lúdico para uma ideia de realidade". 

É o que parece acontecer diante de certas circunstâncias que os noticiários revelam. 

sábado, 17 de maio de 2025

Carlos Drummond de Andrade escreveu um poema para um fotógrafo que fez história na antiga Manchete e na Agência Magnum. Saiba quem...

 

Poema de Carlos Drummod de Andrade publicado em 30 de setembro de 1964 no Correio da Manaha.  Naqauela semana, o então fotógrafo da Manchete abria uma exposição no Rio de Janeiro visitada pelo poeta. No mesmo ano, Aécio foi para Paris, onde trabalhou na sucursal da revista. 

Alécio de Andrade no Museu do Louvre, em 1969. Foto: Acervo Alécio de Andrade


O que Alécio vê (Carlos Drummod de Andrade)

A voz lhe disse ( uma secreta voz):

– Vai, Alécio, ver.

Vê e reflete o visto, e todos captem

por seu olhar o sentimento das formas

que é o sentimento primeiro – e último – da vida.


E Alécio vai e vê

o natural das coisas e das gentes,

o dia, em sua novidade não sabida,

a inaugurar-se todas as manhãs,

o cão, o parque, o traço da passagem

das pessoas na rua, o idílio

jamais extinto sob as ideologias,

a graça umbilical do nu feminino,

conversas de café, imagens

de que a vida flui como o Sena ou o São Francisco

para depositar-se numa folha

sobre a pedra do cais

ou para sorrir nas telas clássicas de museu

que se sabem contempladas

pela tímida (ou arrogante) desinformação das visitas,

ou ainda

para dispersar-se e concentrar-se

no jogo eterno das crianças.

Ai, as crianças… Para elas,

há um mirante iluminado no olhar de Alécio

e sua objetiva.

(Mas a melhor objetiva não serão os olhos líricos de Alécio?)

Tudo se resume numa fonte

e nas três menininhas peladas que a contemplam,

soberba, risonha, puríssima foto-escultura de Alécio de Andrade,

hino matinal à criação

e a continuação do mundo em esperança.


P.S - Visite o site https://www.conexaoparis.com.br/alecio-de-andrade/

Na capa da Carta Capital: o adeus a Pepe Mujica

 


Mujica e Manuela, o reencontro final

Mujica e Manuela

por José Esmeraldo Gonçalves

Em geral, a repercussão da morte de José Mujica, descontada, provavelmente, a reação irada dos colunistas do ódio identificados com a extrema direita brasileira, foi fiel à sua trajetória. Mas há imprecisões bem-intencionadas: a mídia se apega a chavões. Um deles, o do "presidente pobre que dirigia um fusca e rejeitou palácios". Mujica repelia a suerficialidade do rótulo. "Dizem que sou um presidente pobre. Não, eu não sou um presidente pobre", corrigiu em entrevista à BBC. "Pobres são os que querem sempre mais, que não se satisfazem com nada. Esses são pobres, porque entram em uma corrida infinita. E não terão tempo suficiente na vida." 

Os principais veículos do mundo destacaram a vida política relevante e guerrilheira de Mojica. O Panis resume, aqui, um simples aspecto do seu jeito de ser. Uma cadelinha diz muito sobre o ex-presidente do Uruguai. O mundo não apenas sentirá falta do Pepe Mujica: o mundo precisa desesperadamente de um Mujica em cada esquina. Ele vivia na periferia de Montevidéu com a esposa, Lucía Topolansky, também ex-Tupamaro, e a cadela Manuela, que o acompanhou ao longo de 22 anos. Mujica pediu para ser enterrado junto à cachorrinha de estimação, de três patas (perdeu uma delas atropelada por um trator dirigido pelo próprio Mujica). Imagine-se a sua tristeza em dobro. Manuela sobrfe viveu até 2018.

Veja este vídeo. Clique AQUI 

sábado, 10 de maio de 2025

Ok, habemus papam. Mas você sabe o que é um papa? Carlos Heitor Cony explica


Para melhor nitidez, acesse o conteúdo da matéria do Cony Manchete na Biblioteca Nacional
https://memoria.bn.gov.br/DocReader/docreader.aspx?bib=004120&pasta=ano%20198&pesq=%22Carlos%20Heitor%20Cony%22&pagfis=194941




por José Esmeraldo Gonçalves 

1980. Em dias como esses de posse de um novo papa - agora Leão XIV - só se falava nisso no mundo. Talvez para muita gente a função principal do pontífice era aparecer em uma janela do Vaticano, dar a benção ao povo reunido na Praça de São Pedro ou embarcar no jato especial da Alitália e visitar alguns países. E, sim, celebrar a missa de Natal. 

Talvez por isso, Carlos Heitor Cony usou seu espaço de crônica na antiga revista Manchete para detalhar o expediente do papa que, aliás, mora no local do emprego. 

A propósito, a antiga Manchete manteve, desde que foi criada, em 1952, uma afinidade jornalística com o Vaticano. Ligação oportuna, aliás, já que, no jargão da redação, papa é bom de venda em bancas. 

São memoráveis - com destaque para a épica cobertura da visita de João Paulo II ao Brasil, que resultou em edições que alcançaram vendas astronômicas - as matérias de capa com a linha do tempo dos pontífices. Quando o nada carismático Bento XVI veio ao Brasil, a antiga Manchete já havia virado memória; Francisco, que visitou o Rio de Janeiro e levou mais gente do que Madonna e Lady Gaga à Praia de Copacabana também nao alcançou vivas as rotativas da antiga Manchete


Vale citar, também, como um inestimável produto jornalístico, a série "A História dos Papas" que o redator Flávio de Aquino escreveu para a antiga Manchete. Procure ler. O conteúdo da revista, como sabem, está digitalizado na Biblioteca Nacional. O mecanismo de busca do canal de periódicos da BN levará você facilmente aos textos e à pesquisa gigante do jornalista Flávio de Aquino.  

Quando Carlos Heitor Cony escreveu a crônica O Que é um Papa ao cinema não interessava o Vaticano como tema de grandes produções. O Google relaciona, se não todos, os principais filmes que desvendam os mistérios do Vaticano em documentários, séries ou ficções bem documentadas, hoje bem mais frequentes nas telas ou nos canais de streaming.  

Veja algumas produções marcantes. 

* João Paulo II (2005) - A vida de Karol Wojtyla.

* Anjos e Demônios (2009) - Do livro de Código Da Vinci, do escritor Dan Brown.

* Habemus Papam (2011) - Ambientado no clima de um conclave. 

* O Papa do Povo (2015) - Sobre a vida de Franciso antes do papado.

* The Young Pope (2016) - Série fictícia da HBO sobre um papa revolucionário.

* Dois Papas (2019) - A convivência de Franciso e o papa emérito Bento XVI.

* O Sequestro do Papa (2023) - Ficção.

* O Exorcista do Papa (2023) - Sobre acontecimentos reais em torno de um padre que era o exorcista oficial do Vaticano  

* Conclave (2024) - Sobre os bastidores políticos da escolha de um novo papa.



sexta-feira, 9 de maio de 2025

Congresso brasileiro sofre de obesidade mórbida

Câmara Federal cria mais vagas de deputados. Na linguagem popular, o nome disso aí é cabeçada sinistra. Foto: Reprodução You Tube


por José Esmeraldo Gonçalves 

O Congresso brasileiro tem uma doença que não é comum entre os países democráticos. De tempos em tempos suas (deles) excelências criam novas vagas de deputados. Nesse semana, enquanto a mídia se ocupava da eleição do papa, a Câmara dos Deputados aprovou a criação de vagas para novos legisladores.  

Os interesses por trás disso não têm nada a ver com as prioridades do Brasil. Sob o falso pretexto  de "melhorar" a representação" de alguns estados, os deputados favoráveis ao projeto objetivavam mesmo era criar cargos e mordomias em uma sequência nada virtuosa.. 

Nos países que têm legisladores sérios, a representatividade não depende de quantidade de parlamentares.  

Se o prédio idealizado por Oscar Niemeyer não cabe tantos deputados e falta espaço para gabinetes cheios de apadrinhados, não tem problemas, eles criam "puxadinhos". Nesse ritmo chegará o dia em que será necessário construir o Congresso 2 para caber tantas "excelências". No plenário projetado por Niemayer no fim da década de 1950,  cabem apenas 396 assentos. Por isso, em sessões concorridas o espaço é atolado por uma muvuca anárquica. 

E tem mais:  a cada vaga para novo deputado a engrossar certas bancadas de estados corresponde um arrastão de assessores abrigados em gabinetes, altos custos de planos de saúde para o parlamentar e sua família, dinheirinho para o combustível dos carrões oficiais, passagens aéreas 0800 e direito a emendas milionárias e nada transparentes que irrigam sabe-se lá quais projetos nos redutos das "excelências". 

É ou não é uma epidemia de obesidade mórbida e um cuspe na cara dos cidadãos que pagam os impostos que financiam essa orgia financeira?

O projeto aprovado na Câmara, que ainda passará  pelo Senado, aumenta o número de deputados federais de 513 para 531. Suas excelências apontam que a lei obriga aumentar a representação dos Estados que registram aumento de população. Alegam que apenas cumprem a lei. "Menas" verdade, como diria o genial Odorico de Dias Gomes. Tanto que o projeto "anistia" malandramente as consequências de uma lei que optaram por anular: estados que de acordo com o Censo de 2022 tiveram diminuição  de população e, por isso, deveriam perder vagas, foram "perdoados". 

Outra consequência da jogada "izperta": como outra lei malandra determina que se a bancada de deputados federais de um estado aumentar, será turbinado proporcionalmente o número de deputados nas respectivas Assembléias Legislativa. 

Então é isso. Festa de arromba em cascata e com dinheiro público.

quinta-feira, 8 de maio de 2025

O Brasil na 2ª Guerra: “Sacanagem do Tio Sam” • Por Roberto Muggiati


Cais do Porto do Rio de Janeiro. Primeiro escalão da FEB pouco antes do embarque para a Itáliaa em 28 de junho de 1944. Foto National Archives. 

A frase é de Getúlio Vargas, anunciando a entrada do país na luta contra as forças do Eixo: “ O Brasil acaba de fazer um grande negócio, troquei com os americanos a instalação da siderúrgica de Volta Redonda pelo envio de uma tropa simbólica para a Europa. Trabalhadores do Brasil! Tive que aceitar essa barganha do Presidente Roosevelt senão ele jura que afunda todos os nossos navios mercantes. Sacanagem do Tio Sam... Deus salve a América!”

A sacanagem não foi só do Tio Sam, mas também do Pai dos Trabalhadores, que mandou implacavelmente para a morte uma tropa nada “simbólica”, mas milhares de indivíduos de carne e osso que sucumbiram ao frio e às balas inimigas. Despreparados, sem treinamento e equipamento (fuzis obsoletos e uniformes de soldados mortos, cheios de furos de balas), aqueles brasileiros inocentes de classes sociais menos favorecidas, foram servir – para a dor e o desespero de suas famílias – como bucha de canhão para os americanos. É o que mostra esse documentário pungente e chocante, Rádio Auriverde (1990), de Sylvio Back, um de nossos cineastas mais polêmicos, que Panis Cum Ovum, autorizado pelo diretor, oferece aos seus leitores nos 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial.

VEJA AQUI


domingo, 4 de maio de 2025

Trump revela sua mais nova bizarrice sexual

 


Trump travestido de papa. Imagem reproduzida do site oficial.da Casa Branca  


por Clara S. Britto

Donald Trump é tipo um moleque preconceituoso, arrogante e desrespeitoso diante de culturas e etnias que não sejam do seu esgoto autoritário e protofascista. 


Ao postar nas contas oficiais da Casa Branca uma imagem que incorpora digitalmente as vestes papais no dia da abertura do conclave para escolha do novo pontífice, ele propaga um deboche sobre os símbolos de milhões de católicos. 

O bullying criado pelo psicopata se soma a demostrações de desprezo por imigrantes, países e instituições multilaterais. 

Trump não é um case político, é uma doença mental em estágio galopante. Sabe-se que o atual presidente dos Estados Unidos têm um histórico de fantasias sexuais. Já vieram a público sinais do seu comportamento bizarro na cama. Talvez posar de papa seja uma dessas esquisitices.  Para um sujeito condenado por abuso sexual, nada é surpresa. 

Fixações à parte, o magnata está agindo para manipular a eleição do papa. A imagem pode revelar também que, se pudesse, o novo Pontífice seria ele mesmo. Na impossibilidade de isso acontecer, ele desfila travestido de branco papal na alcova da Casa Branca. Na plateia, Elon Musk em êxtase. 

quarta-feira, 30 de abril de 2025

Na capa da New Yorker: sob Trump, a liberdade encarcerada


 

Remoção de lixo histórico

O Conselho Universitário da UFRN cassou títulos de Doutor Honoris Causa concedido há 59 anos aos ditadores Castelo Branco e Garrastazu Médici. Boa notícia. Mas o Brasil ainda deve à nação remover homenagens semelhantes a responsáveis por políticas "institucionais" que levaram a assassinatos, torturas e sequestros de opositores da ditadura, em forma de nomes de rodovias, pontes, viadutos e até cidades. 

terça-feira, 29 de abril de 2025

Do JORNAL GGN - Beatriz contra o dragão da revista Veja, por Luís Nassif



Meu termômetro passou a ser o Blog de Beatriz Nassif que ela, com apenas 10 anos. Cada crônica que ela escrevia me aquecia o coração.

Os amigos que me acompanham desde os tempos do Blog do Luís Nassif, certamente se lembram da enorme luta que empreendi – armado apenas de um blog – contra a maior máquina de destruição de reputações que o país conhecera até então: a revista Veja.

Na época, já tinha saído da Folha, depois de acordo dos Frias com o BTG, após eu atrapalhar a compra da Goldman Sachs com matérias mostrando os problemas do banco com o CARF (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais).

Veja foi pioneira na introdução da ultra direita no país. Inaugurou a fase com uma capa violentíssima, defendendo a liberação das armas. E prosseguiu com ataques contra tudo, governo, artistas tido como progressistas, o politicamente correto. 

Roberto Civita aproveitava o temor infundido pela revista para chantagens claras. Como quando ameaçou o Ministro Tarso Genro com uma capa, se ele não mudasse o novo esquema de venda de livros do Ministério da Educação – uma publicação entregue nas escolas para cada diretor escolher os livros que quisesse – que atrapalhou o sistema de vendas da Abril, com vendedores indo a cada escola.

Para esse mergulho no esgoto, Veja montou as primeiras personas para o novo mercado digital que se formava.

Um deles era o jovem ousado, atrevido, que não respeitava biografias, destruía o politicamente correto, atacava unanimidades – como Mozart, Chico Buarque. O personagem foi entregue a Diogo Mainardi que, até então, era um tímido colunista de cultura.

Copiava o modelo de um filme espanhol que retratava uma disputa comercial para adquirir uma empresa de telecomunicações. No filme, um jovem colunista cultural passa a ser alimentado com dossiês, denúncias, até ganhar musculatura perante a opinião pública. Depois, era utilizado como ferramenta da guerra empresarial, sem comprometer diretamente a emissora.

O segundo personagem foi calçado inteiramente nas ferramentas do fascismo. Era a persona virulento, agressivo. Esse papel foi encenado por Reinaldo Azevedo. Utilizava o chapéu Panamá como marca dos grupos que aderíam a ele. Foi o primeiro ensaio para a formação das milícias fascistas que passaram a atuar na Internet. Em breve havia Grupos do Chapéu atuando nas eleições de vários estados, emulando o guru. Nos lançamentos de seus livros, acorriam dezenas de jovens com chapéu Panamá com seus gritos de guerra contra os “petralhas”.

Aliás, todo esse ferramental, mais as teses defendidas pela revista e seus personas, comprova de modo claro que, naquele fim da década de 2000, a ultradireita – e a geopolítica norte-americana – já tinham suas estratégias claramente definidas.

A revista era dirigida por Eurípides Alcântara e Mário Sabino, mas provavelmente o mentor intelectual era José Roberto Guzzo, diretor editorial, reportando-se a Roberto Civita.

Foram dias e dias do mais puro esgoto. Minha então esposa passava as noites lendo aquele lixo, indignando-se. Tinha um blog de poesia e colocou nele seu desabafo. Descobriram o blog, perceberam que poderia ser o ponto fraco para me desestabilizar, e despejaram toneladas de ódio no blog.

Nesse quadro dantesco, eu tinha dois pontos de sustentação emocional. Uma, os leitores do blog que todos os dias deixavam mensagens de apoio.

Lembro-me até hoje de um deles pedindo “por favor, não desanime” e outro, de Goiás, que me disse que ele e a esposa rezavam todos os dias por mim e ele estava fazendo uma rifa de sua bicicleta para me ajudar.

E havia personagens que surgiam das brumas da Internet, como Stanley Burburinho, misterioso, mas profundo conhecedor de tecnologia, formado no MIT, que trazia as informações mais estratégicas, depois de escarafunchar servidores. Virou uma lenda e até hoje não se sabe de sua identidade e sequer se ainda está vivo.

Ou a moça especialista em Diário Oficial, que trazia periodicamente informações sobre o governo José Serra – como a compra, pelos órgãos do governo do estado, de milhares de assinaturas da Veja e de outras revistas da Abril. De quebra, sua mãe rezava diariamente por mim, da mesma maneira que minhas tias e minha avó.

Eram os apoios. O medo que Veja infundia calava a todos, Federação Nacional dos Jornalistas, Sindicato dos Jornalistas, a então Associação Brasileira de Imprensa, grupos de defesa dos direitos humanos, juristas, e as centenas de vítimas dos ataques da mídia nos anos 90, que tiveram na minha coluna o único ponto de apoio. Condensei os 10 anos de luta contra abusos da imprensa no livro “O Jornalismo dos anos 90”, lançado em 2002.

No início, Veja contratou Reinaldo especificamente para rebater os ataques que sofria. Guardei 500 páginas de ataques, onde pululavam palavras como “ratazana”, “mão peluda”, “achacador”, “frequentador de sauna gay”.

Era uma autêntica antecipação do personagem do futuro filme Coringa. Posteriormente, crônicas futuras dele sobre traumas pessoais de infância confirmariam essa suspeita.

Pelo talento, sobreviveu a esse período de matador profissional e reinventou-se, ao contrário de Mainardi. Mas, a exemplo dos carrascos da ditadura, jamais se desculpou das baixarias. O receio é como se comportará na próxima onda de ódio.

O maior desafio que enfrentei foi não devolver as baixarias. Na época, indignado, o jornalista Nirlando Beirão me contou um episódio que teve com Reinaldo. Já era noite avançada quando Reinaldo bateu na sua porta, fora de si. Tinha entrado em uma briga com o jornalista Pepe Escobar e despejava imprecações, lamentos de forma desconexa, deixando Nirlando em dúvida sobre as motivações da crise.

Poderia maliciar o episódio, devolver os ataques com casos concretos, mas lembrei-me que ele também tinha filhas. E poupei-o – e poupei-me – de baixarias.

A série que escrevi ainda está em um site do Google, O Caso de Veja e o perfil de Reinaldo no artigo A Cara de Veja, no momento em que a revista iniciava uma campanha publicitária tentando mudar sua imagem.

A guerra acabou quando Sidnei Basile, em nome de Roberto Civita, propôs um armistício: se eu parasse de falar da Veja, eles retirariam os 5 processos que abriram em nome de seus jornalistas. Recusei. Os processos permaneceram, mas os ataques cessaram. No meio deles, fui abandonado pelos meus advogados Tais Gasparian e Samuel McDowell Figueiredo.

O levantamento da guerra está no livro “O Caso Veja”


O Blog de Beatriz Nassif

O segundo ponto de sustentação, o ponto focal de equilíbrio, eram as minhas menininhas, as caçulas de 9 e 10 anos. 

Quando entrei na guerra, sabia que seria inclemente e eu ficaria só. Antes, fiz uma reunião com as duas filhas mais velhas, e com a então esposa, mostrei o que vinha pela frente, que afetaria a elas também, e pedi sua opinião. A opinião foi unânime:

Pai, se você não entrar nessa guerra, você morre.

Mas e as menininhas?

Todo o arsenal de lixo da ultradireita – com o canhão da Veja na frente – era direcionado a poucos blogs. E eu merecia sua preferência, pelas críticas que fazia à revista. Toda manhã elas saíam para a escola, e não sabia o que chegaria a elas dos ataques recebidos, das baixarias despejadas pela cloaca de Reinaldo.

Meu termômetro passou a ser o Blog de Beatriz Nassif que ela, com apenas 10 anos, montou no WordPress.

Era um refrigério tanto para mim como para a comunidade que se formou em torno do meu Blog, todos sufocados pelo clima lançado no país pelo antijornalismo da Veja, e assumido pelos demais veículos.;.

Cada crônica que ela escrevia me aquecia o coração, por saber que não tinha sido atingida pelo mar de lama.

E me davam grande orgulho pela menininha tornando-se gente. 

Como esse poema, escrito aos 11 anos:

Diferenças

Publicado por: Bibi em 14 novembro, 2009

Todos nós temos diferenças

Alguns são bonitos, outros são feios

Alguns são céticos, outros tem crênças

Alguns são implicantes, outros são sensíveis

Alguns são mal humorados, outros são bem humorados

Alguns são fáceis de entender, outros são difíceis

Algumas pessoas podem ter uma vida madura, outros uma vida complicada

Mas todas as pessoas tem a mesma semelhança:

Todas têm diferenças


LEIA A MATÉRIA COMPLETA PUBLICADA NO DIA 27/4/2025 NO JORNAL GGN, DE LUÍS NASSIF

CLIQUE NO LINK ABAIXO

https://jornalggn.com.br/noticia/beatriz-contra-o-dragao-da-revista-veja-por-luis-nassif/e

Deu no Marca - Ancelotti é o novo treinador da seleção brasileira. Veja atualização

 




Atualização em de 30/5/2025. Há dois dias o Marca cravou a bondade Ancelotti para a seleção brasileira. Ontem surgiram rumores de que não  é bem assim. As conversas existem, o contrato estaria pronto para ser assinado, mas o treinador do Real Madrid ainda não decidiu a parada. E o Madrid também poderá dificultar a transação. A novela, portanto, prossegue. Investida dos árabes e resistência da família em se mudar para o Brasil estariam entre motivos para o impasse. Agora, os nomes preferidos da CBF são Abel. Ancelotti  desistiu pela segunda vez Abel Ferreira, do Palmeiras e Jorge Jesus. Se demorar muito a CBF vai acabar buscando Joel Santana, Tite de novo, Felipão... Se

segunda-feira, 28 de abril de 2025

Do jornal Valor - Roberto Muggiati escreve: Eu & Laranjeiras dos Livros (*)

 


Reproduzido do Valor. Clique nas imagens para ampliá-las


(*) O texto de Roberto Muggiati foi publicado originalmente na edição do Valor em 25 de abril de 2025.

domingo, 27 de abril de 2025

Deu no New York Times: Ronaldo não é "fenômeno". O ex-jogador não funciona como dono de times de futebol . Valladolid e Cruzeiro que o digam...


"Ronaldo the owner: ‘Before he was seen as a god, now he’s like the devil"

O jornal New York Times publicou na edição da última sexta-feira uma matéria sobre a revolta da torcida do Valladolid contra Ronaldo Fenômeno. O jogador comprou o clube espanhol há cinco anos. De lá pra cá, o time foi rebaixado de La Liga três vezes. A última decepção foi no fim de semana quando o Pucela foi goleado pelo Real Bétis por 5 x  1 e enviado de volta à segunda divisão da Espanha. Em Valladolid, cidade qure é sede do time, torcedores se manifestaram: querem que Ronado Nazário venda logo o clube para alguém mais competente e que possa investir mais. A administração dele vem sendo criticada há muito tempo. Faixas nas arquibancadas durante os jogos responsabilizam o jogador pelos sucessivos fracassos. O clime é ruim para ele, que, aliás, e talvez por isso, não comparece a uma partida do Valladolid em casa há seis meses ou 98 jogos. Uma das faixas exige: "Ronaldo, vai agoroa". Aparentemente, o ex-jogador não tem dado sorte no quesito proprietário de clubes de futebol. Ronaldo adquiriu a SAF do Cruzeiro e deuxou o projeto no meio do caminho, apesar de ter colocado o time mineiro de volta na primeira divisão do Brasileirão. O que, convenhamos, não foi um feito espetacular. Era mais uma obrigação. Na verdade, ele ganhou muito dinheiro ao revender a SAF. Nisso foi eficiente. Se sua passagem por BH não foi grande coisa para o Palestra mineiro, foi excelente para o seu bolso. O repórter do NY Times perguntou a um dos líderes da torcida do time espanhool o que aconteceria se Ronaldo fosse à cidade tomar uma cerveja com eles. "Este é pior time do Valladolid da história, então, se ele viesse poderia ser um problema", respondeu o espanhol.  

Frase do dia - Collor em cana

 "O país do presos políticos virou o país dos políticos presos"

sexta-feira, 25 de abril de 2025

FMI vai controlar lista de candidatos de Miley nas próximas eleições legislativas da Argentina

 

Jornal Página 12 notícia que o FMI pretende interferir na lista de candidatos nas próximas eleições legislativas da Argentina.

por Pedro Juan Bettencourt 

Miley está pendurado no FIM. Conseguiu mais um empréstimo bilionário,  mas  paga preços caros por isso. A diretora do órgão exigiu indicar candidatos nas próximas eleições legislativas da Argentina.E essa condição é apenas uma que vazou. Há outro tópicos no caderninho da dívida que afetam o que resta de políticas sociais, redução da máquina governamental, privilégios para determinados grupos. Além do FMI, Miley está comprometido com ações ditadas pelos Estados Unidos em um alinhamento obrigatório com o governo Trump. Para ele, essa é a tábua de salvação. Por outro lado, os Estados Unidos têm interesse em manter a Argentina como uma cabeça de ponte no Cone Sul. É possível que Miley permita após as eleições legislativas a instalação de uma base militar dos Estados Unidos em ponto estratégico do Atlântico Sul. 

"Perdão" é o novo nome da impunidade. Campanha quer livrar a cara dos acusados de tentativa de golpe e até de atos de terrorismo contra a democracia

Esta cena dramática não tem sido reprisada pela mídia. Em dezembro de 2022, golpistas bolsonaristas tentaram lançar um ônibus de um viaduto. O veículo ficou preso na divisória. Só por isso não caiu sobre o transito engarrafado na pista inferior. É para terroristas como esses que políticos e jornalistas de direita pedem um dia de perdão geral. Foto: Reprodução You Tube


por Flávio Sépia 

Redes sociais e até alguns veículos de comunicação estão subitamente acometidos de um incontrolável desejo de perdoar. No caso, parece um coceira ideológica que se espalha e contamina influenciadores, certos jornalistas e comentaristas. 

A campanha cresce no momento em que os processos contra os golpistas chegam a etapas decisivas no Supremo Tribunal Federal. 

No lugar de perdão, leia-se impunidade. 

O principal acusado de tramar um golpe contra a democracia é o paciente mais ativo que já se hospedou em uma UTI-estúdio onde faz lives e pronunciamentos apelando para os "bons corações" da política e da mídia. 

A intenção dos seus apoiadores é livrar os acusados da tentativa de golpe que começou depois do primeiro turno das eleições presidenciais de 2022, ganhou impulso em dezembro do mesmo ano, com atos de terrorismo explícito e chegou ao auge nas invasões e depredação das sedes do STF, Congresso e Executivo. 

A baderna tinha, então, o objetivo de justificar a intervenção das Forças Armadas e a consequente instalação de uma ditadura, como os bolsonaristas pediam nas ruas. 

O 8 de Janeiro é uma espécie de logotipo do golpe, mas não foi o único episódio da estratégia suja dos envolvidos nas ações antidemocráticas. Houve a tentativa de colocação de uma bomba, nas proximidades do Aeroporto de Brasília, em um caminhão de transporte de combustível. No dia da diplomação do presidente aconteceu uma cena dramática também em Brasília. Terroristas bolsonaristas tentaram lançar um ônibus de um viaduto. O veículo ficou preso no asfalto e só por acaso não caiu sobre um engarrafamento do carros de pessoas que voltavam para casa. 

É para os criminosos que arquitetaram tudo isso que campanha nas redes sociais e em setores da mídia pede um derrame de perdões.

Anistia não 

Fórmula 1- Vesttapen é aloprado e seu comportamento atinge imagem da Red Bull

por Niko Bolontrin

É óbvio que a marca Red Bull fatura milhões ao patrocinar o tricampeão mundial de Fórmula Vesttapen. Mas tudo tem um preço e, no caso, é o comportamento abusivo do piloto holandês com reflexos no ambiente das corridas e, na rejeição de grande parte dos torcedores às suas atitudes de piloto mimado nas pistas e nos bastidores da modalidade. No último GP, o rapaz nervosinho deixou o pódio sem o tradicional gesto de confraternização com os competidores . Pra variar, Vesttapen havia sido punido por  ultrapassagem irregular e estava cheio de ódio. De tanto repetir esse tipo de ilegalidade, até parece que tentar burlar as regras é uma estratégia usual do holandês da Red Bull. Como já ganhou um título beneficiando-se de uma estranha decisão dos fiscais, quando deu pulo à frente da fila após uma bandeira amarela, ele repete a apelação sempre que pode.

terça-feira, 22 de abril de 2025

Memórias - Roberto Muggiati escreve: o Papa Francisco e eu (*)

Francisco no circuito carioca. Foto L'Osservatore Romano

"
O Papa Francisco e eu - por Roberto Muggiati"

"Nunca fui de correr atrás de Papas (ou de celebridades em geral). Minha relação com a Igreja Católica não sobreviveu ao penoso rito da Primeira Comunhão, na paroquia de Santa Teresinha do Menino Jesus, no bairro do Batel, em Curitiba. Aquele bullying todo em torno da confissão – você tinha obrigatoriamente de ter pecados a expiar, ou então estaria mentindo. Os mais espertos inventavam pecados para sair logo daquela roubada. Outros, em pânico, chegavam até a comprar – com bolas de gude ou balas Zequinha – “pecados” a serem sussurrados ao obscuro inquisidor por detrás da treliça. Havia ainda a campanha de terror que cercava a ingestão da hóstia sagrada – o santo-cura histérico o intimidava a não ferir ou morder o corpo de Cristo. Troquei a arejada e solar igreja de Santa Teresinha – obra de mestres-de-obra imigrantes italianos que posavam de arquitetos – pela escura e misteriosa Catedral de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, elevada a Basílica Menor em 1993, ano do seu centenário. Como ainda não conhecera de perto as grandes catedrais medievais da Europa, eu me contentava com aquela cópia em estilo neogótico – ou gótico romano – inspirada na Catedral da Sé de Barcelona. E mais, meu pai, que tocava violino, costumava me levar até o majestoso órgão – era amigo do organista e de membros do coral – a meio caminho, subindo por uma escadaria íngreme e estreita, do campanário, onde eu me sentia o próprio Corcunda de Nôtre Dame (não tinha lido o romance de Victor Hugo, mas me impressionara com o filme em que Charles Laughton interpretava Quasimodo.) Havia ainda na Catedral de Curitiba a vigília do Cristo Morto na Semana Santa, na madrugada de sexta-feira, da qual meu pai participava com a capa solene da confraria – as imagens religiosas da igreja todas cobertas de pano roxo, só o Cristo crucificado do pequeno altar à direita do portão de entrada, com suas chagas sangrentas brutalmente expostas, um dos mais horripilantes que já vi em toda minha vida.

Havia um toque leigo, também: a missa das nove aos domingos na Catedral era conveniente, pois a poucos passos dali, às dez, começava o programa de rádio infanto-juvenil no Clube Curitibano. O apresentador, José Augusto Ribeiro – prenunciando já o fabuloso orador que viria a ser – comandava o show que tinha, entre suas atrações, as fabulosas irmãs catarinenses Van Steen, uma delas a Edla, que ganhou o mundo como atriz e escritora.

Bisneto de anarquista – Ernesto Muggiati veio para o Brasil com mulher, dois filhos e duas filhas para participar da lendária Colônia Cecília em Palmeira, no Paraná – comunista principiante (adentrei 1950 com doze anos de idade no auge da Guerra Fria), não posso omitir que me vi então, paradoxalmente, às voltas com uma tremenda crise mística ao ler, no começo da adolescência, já em inglês, The Seven Storey Mountain/A montanha dos sete patamares, de um dos grandes líderes espirituais da nossa época, Thomas Merton (1915-68), um monge trapista, ordem que cultivava o voto do silêncio.

Mas chega de nariz-de-cera, como se praticava no jornalismo dantanho.

Jesuíta, tanguero emérito, torcedor doente do San Lorenzo de Almagro, Jorge Mario Bergoglio (coincidência, Zagalo também é Jorge Mário) foi um dos raros Papas que não ascendeu ao trono de São Pedro pela morte do antecessor: Bento XVI renunciou e, como Papa Emérito, caminha firme para os 93 anos (não percam o filme Dois Papas, do brasileiro Fernando Meireles, que reconstitui o encontro entre Ratzinger e Bergoglio em Castel Gandolfo em 2013). Pouco depois, Ratzinger renunciava e Bergoglio assumia o papado sob o nome de Francisco, quebrando uma série de recordes pontificais: é o primeiro papa nascido na América, o primeiro latino-americano, o primeiro pontífice do hemisfério sul, o primeiro papa a utilizar o nome de Francisco, o primeiro pontífice não europeu em mais de 1200 anos (o último havia sido Gregório III, morto em 741) e também o primeiro papa jesuíta da história.

Enfim, de volta à nossa história. Eleito Papa em 13 de março de 2013, nosso bom Francisco inicia sua primeira viagem internacional em 22 de julho, justamente para a Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro. Francisco escolheu se deslocar do Aeroporto do Galeão para o Palácio da Guanabara, onde se daria seu primeiro encontro com as autoridades, num carro comum da Fiat, apenas o motorista e ele, no banco traseiro do lado direito com as janelas abertas, Apesar do pânico da segurança e da quantidade de pessoas que se aproximaram dele, num engarrafamento no meio do caminho, Francisco, na viagem toda, não abriu mão dessa rotina, janelas abertas para os apertos de mão do povo.

Como disse, não sou de correr atrás de Papas. Na quinta-feira, 25 de julho, terceiro dia da visita, o Sumo Pontífice veio receber as chaves do Rio de Janeiro no Palácio da Cidade, à rua São Clemente, a menos de uma quadra da vila onde moro, na Real Grandeza. Um instinto natural de curiosidade – e o cacoete de jornalista – me levaram até a frente do Palácio naquela manhã fria e cinzenta, mas o Papa só apareceria ao longe – sei lá quando – na sacada do Palácio, bem afastado da rua. Desisti. Voltei ao meu trabalho de tradução. Liguei automaticamente a televisão, vi o Papa dar uma bênção especial a nossa estrela do basquete, Oscar Schmidt, que lutava contra um câncer. Como disse, tudo aquilo acontecia a um quarteirão da minha casa. 

Em 2020, Muggiati ao lado do cartaz que anunciava o lançamento do filme "Dois Papas", de Fernando Meireles,
lançado na Netflix em 2019. (Foto: arquivo pessoal)

Quando vi que o Papa partiria para a etapa seguinte de sua programação, uma visita à favela de Manguinhos, deduzi logo que, por questões de segurança, ele jamais tomaria o Túnel Rebouças pela São Clemente, mas seria obrigado a pegar a Real Grandeza.


Bichon bebê ao chegar em casa, supimpa, em 2001

Eu acabara de perder a viralata querida Phoebe. A poodle branquinha Bichon estava quase terminal com câncer no útero. E a caçula Mel, uma poodlezinha caramelo, também aguardava sua vez. Veterinários atribuem esses cânceres ao fato de as cachorras não terem tido filhos, ou não terem sido castradas. Mas havia controvérsias: muita gente falava nos componentes cancerígenos das rações industrializadas – algo que as autoridades sanitárias nunca investigaram seriamente. Num impulso, pensei: o Papa Francisco, que tomou o nome do santo padroeiro dos animais, vai salvar a Bichon (o nome veio de uma amiga da minha mulher que, ao ver a poodlezinha branca, perguntou: “Mas ela não é um bichon frisée?”) A Bichon se protegia do frio com um agasalho de tricô terrivelmente brega, nas cores marrom, verde-musgo, amarelo e fúcsia. Corri com ela para a frente da vila e cheguei à calçada da Real Grandeza no momento exato em que Sua Santidade se aproximava, sozinho no banco traseiro de sua Fiat banal, com a janela do lado direito aberta, justamente aquela que dava para mim, Ergui a poodle no seu adereço kitsch bem alto acima da minha cabeça. A rua estava deserta. O gesto bizarro chamou a atenção de Francisco, a uns quatro metros do dono e da cachorra, ele fixou o olhar sobre nós, abriu aquele seu sorriso sereno e simpático e acenou, como que abençoando a cachorrinha doente.

Vaidoso da minha intervenção pontifical, passei a imaginar que a cura da Bichon seria arrolada como um dos primeiros milagres do Papa Francisco no seu futuro processo de canonização. Ledo engano. Exatos sete meses depois – em 25 de fevereiro de 2014 – a Bichon morria e era enterrada no meu “pet cemetery” particular, debaixo da casuarina no canteiro do fundo da vila,

Desculpe, hermano Francisco, fico te devendo esta, mas tenho certeza de que você é tão legal que essas coisas de beatificação e canonização não te fazem a menor falta, Afinal, você já vive e trabalha em estado natural de santidade."

(*) A título de contexto -  por José Esmeraldo Gonçalves  -  Com o mundo mais uma vez voltado para as coordenadas geográficas da Praça de São Pedro e ainda sob o impacto da morte de Francisco, o blog Panis cum Ovum reposta a matéria acima que mostra o quanto a visita do Papa Francisco ao Rio de Janeiro em julho de 2013 tocou a vida, a rotina e a memória de Roberto Muggiati.  Na primeira frase, Muggiati diz que "nunca correu atrás de papas". Uma verdade parcial. Como diretor da antiga revista Manchete, ele comandou maratonas jornalísticas no rastro dos pontífices. Como no dia 6 de agosto de 1978, quando morreu Paulo VI. A Manchete se mobilizou para colocar rapidamente nas bancas edições especiais sobre as exéquias e, em seguida, a eleição do novo líder da igreja católica. Foram noites viradas para o diretor e equipe de repórteres e fotógrafos que produziram centenas de páginas sobre o assunto que mobilizava o mundo. João Paulo I foi eleito em 26 de agosto. Em 28 de setembro de 1978, o Vaticano comunicava a morte inesperada e chocante do novo papa. A antiga Manchete, assim como todos os veículos jornalísticos, correu atrás do fato e foi levada a um estranho looping, obrigada a repetir o roteiro de pautas com o novo papa: de novo, especiais com cobertura do  velório, da eleição e da posse de João Paulo II...