Mostrando postagens com marcador mané. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador mané. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 21 de novembro de 2025

Do Banco Master para o investidor: Perdeu, mané!

por Flávio Sépia

A palavra mais digitada nos últimos dias é Master associada a golpe, fraude, PL Centrão e PCC. Especialistas estão fazendo hora extra para explicar em linguagem complexa o tamanho da falcatrua. Aqui vai uma breve análise na linguagem popular. A PF encaçapou o mineiro dono de um banco que vendia versões financeiras de "terreno na lua", "bonde no Rio de Janeiro", "bilhete de loteria premiado" e até o "Pão de Açúcar".  Milhares de otários caíram no golpe. Outros não otários operavam o golpe dentro do golpe investindo na arapuca dinheiro de fundos de pensão públicos. O mineiro malandro tem ligações poderosas na política, com predominância na extrema direita, tem costas largas no Congresso e em pelo menos três governos estaduais. Muita coisa está em apuração. O escândalo tem tentáculos em centenas de empresas fictícias ou não em áreas que vão de canais digitais a clubes de futebol, moda, alimentação, farmacêuticas, turismo etc. 

A pilantragem é moderna mas o conceito é bem antigo. Trata-se de oferecer enormes vantagens para seduzir manés. O dono do Master tem jatinhos, mansão na Flórida, frequenta altas rodas, é paparicado pelos podres poderes, mas ostenta o mesmo cabelo engomado dos golpistas de rua, do tipo que vende falsos bilhetes de loteria premiados. Tem aquela história: todo dia um malandro e um otário saem de casa, quando eles se encontram fazem negócio. 

Na primeira metade do século passado, Juazeiro do Norte, no Ceará, era dominada pelo Padim Ciço. O líder religioso tinha força politica, atraía fiéis, era protegido por jagunços e respeitado por cangaceiros. Um dos seus aliados operava um esquema financeiro tosco mas que era semelhante na essência ao golpe do Banco Master. 

A coisa funcionava assim: O staff do padre montou uma "financeira" que emprestava dinheiro ao povo da região. O sujeito entregava, digamos, mil tostões aos operadores e daí a seis meses recebia cinco mil tostões. A oferta era tentadora e, no começo, tudo funcionou. Tal qual o Master, a financeira de Juazeiro dependia de atrair novos clientes todo dia. Chegou uma hora que a pirâmide falou, não tinha fundo garantidor e não mais pagou os clientes. Quem ousava reclamar era recebido por jagunços que convenciam o "investidor" com um rifle Winchester, um argumento insuperável. Restou ao povo apelidar a "financeira" de Juazeiro: Engolideira do Padim. Um século depois temos a Engolideira do Master.