quinta-feira, 28 de julho de 2022

Mídia: na capa da Vogue, o charme nada discreto da batalha da Ucrânia. Promovida a "correspondente de guerra", Annie Leibovitz fotografou a primeira dama na trincheira do glamour

Olena Zelenska na capa da Vogue. Reprodução Instagram/Foto de Annie Leibovirtz

 

Charme e glamour da primeira-dama da Ucrânia em meio a destroços de guerra.
Reprodução Instagram/Foto Annie Leibovitz


por Ed Sá 

É possível rir de uma guerra? O cinema já mostrou que sim. Basta citar apenas dois filmes, M.A.S.H e How I won the War (Oh, que delícia de guerra, no Brasil) que ironizaram dois conflitos militares: o do Vietnã e a Segunda Guerra Mundial. 

Quem agora prova, na vida real, que guerra também pode ser piada é a primeira-dama da Ucrânia, Olena Zelenska, que posou para capa e reportagem da Vogue, deixando-se fotografar pela célebre Annie Leibovitz com destroços ao fundo, posando perto de soldados e de barricadas. 

A guerra na Ucrânia é uma tragédia em escala incompreensível que demonstra a falência moral dos líderes mundiais envolvidos. Glamurizá-la beira o absurdo. Desde que a edição norte-americana da Vogue divulgou a matéria das sua fotógrafa agora "correspondente de guerra", Olenna tem sido bombardeada nas redes sociais que classificam a sua atitude como um "desrespeito" às milhares de vítimas dos combates e dos mísseis.


Jovens de Kiev voltam à balada. Reprodução O Globo


Na mesma linha da "alegria", O Globo publica hoje matéria sobre a volta das baladas em Kiev. Os jovens caem na night movidos a Horilka, a popular vodca local. A foto também contrasta com a situação dramática vigente em várias regiões do país há 155 dias e sem conversações de paz à vista. 

Sally Kellerman, a "Hot Lips" do filme M.A.S.H.

Quando M.A.S.H estreou, em 1970, a guerra no Vietnã alcançava picos de brutalidade. Os mesmos meios de comunicação que anunciavam o lançamento do filme mostravam em fotos e vídeos a crueza das batalhas. No entanto, as plateias das salas de exibição riam com a trama em torno de uma unidade médica instalada em um acampamento e se esbaldavam até com cirurgias e amputações em série ou curtiam a nudez da gostosa enfermeira vivida por Sally Kellerman, no filme, por motivos óbvios, apelidada da "Hot Lips".


John Lennon no filme "Oh, que delícia de guerra".

Já o filme "Oh, que delícia de guerra", lançado em 1967, é uma paródia de humor negro sobre um grupo de soldados que recebe a missão de construir um campo de críquete em território inimigo, na Tunísia, durante a Segunda Guerra.. Sob a direção de Richard Lester, o elenco reúne nomes como Michael Crawford, Ronnie Kinnear e até John Lennon. Em combate, os soldados totalmente inaptos para a guerra, cometem uma sucessão de erros. Entende-se: no fim, o comandante da tropa é internado em uma manicômio. 

Por tudo isso, uma coisa é certa: as plateias das  redes sociais não veem humor na guerra.


Um comentário:

J.A.Barros disse...

Esse foi um dos melhores filmes que vi na minha vida. Uma crítica inteligente, abordando o sistema de atendimento médico aos feridos de guerra do Viet Nam, ao mesmo tempo uma crítica a essa guerra estúpida e burra. Estrelados por ainda jovens artistas como Elliot Gould, Donald Southerland e outros jovens que apareceram no filme, e se não me falha a memória, esse filme veio com o título M.A.S.C.H, que seria a sigla do regimento médico. Notadamente, temos a Sally Kellerman, uma mulher muito bonita, alta dona de um corpo maravilhoso. que era espiada, nua nos seus banhos diários.