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Com um "discurso" que lembrou o famoso estilo de Pedro Bial, quando ensaiava peças de oratória piegas ao se despedir dos participantes do Big Brother Brasil detonados no paredão, William Bonner fez um sermão messiânico no encerramento da cobertura da posse, ontem, em Brasília.
Bonner ignora que o que está em jogo não é abraçar ou deixar de abraçar pessoas com opiniões divergentes, mas a implantação de políticas que afetarão conquistas democráticas fundamentais e poderão colocar em risco a liberdade de expressão e o direito à oposição.
A julgar pelas inúmeras ameaças oficiais que nenhuma autoridade disfarça, índios, pequenos agricultores, ambientalistas, pessoas sem teto, brasileiros sem terra, muitos atletas, estudantes bolsistas, cidadãos que militam em favor de minorias, entre outros alvos, não têm o que comemorar e não ganharão abraços.
Quem vive de salário mínimo já acordou hoje sabendo que o valor foi corrigido abaixo do previsto, acumulando perdas pelo terceiro ano consecutivo. O percentual determinado pelo novo presidente impactará as ínfimas aposentadorias de milhões de brasileiros, a grande maioria da população já sacrificada.
O jornalista Ascânio Seleme, do Globo, afirma hoje que já está em curso através das redes sociais uma caça a funcionários públicos, sem estabilidade, que ocupam cargos comissionados e que tenham postado frases como "Fora Temer", "Marielle vive", "Ele não", "Foi golpe", etc. Todos serão sumariamente demitidos, segundo apurou o jornalista.
O ditadura militar impôs critério semelhante e a caça implacável se espalhou por estados e municípios e empresas privadas.
O apelo brega de Bonner atola em uma realidade: os vencedores chegaram ao poder; aos derrotados será reservado o papel democrático e legítimo de oposição. Sem abraços. Nem de tamanduá, nem de jacaré.
As redes sociais estão repercutindo o seu gesto final do JN. Alguns se perguntam se o apresentador prestou continência ao encerrar o telejornal. Em centenas de compartilhamento, ele é criticado ou elogiado. Alguns sites ligados à direita comemoram a suposta continência de Bonner como um sinal da "nova era".
No You Tube se multiplicam as postagens do vídeo e os comentários de lado a lado. AQUI
Um comentário:
Infantilidade em promoção no JN. Ridículo.
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