sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Jornalismo - Não passou da hora de sair da "bolha"?

Que os políticos, em Brasília, vivem em um universo encantado de benefícios, mordomias e modos de vida à parte, nós sabemos. Quando nos deparamos com aqueles sujeitos engravatados, a grande maioria deles, dando declarações apressadas à saída do Congresso temos a sensação clara de que são marcianos ou não estão no pleno uso das suas faculdades mentais. Mas quando dão entrevistas longas em programas de TV que tentam entendê-los a coisa fica muito pior. Quando têm tempo para elaborar ideias e análises sem links com a vida real aqui em baixo, aí temos certeza de que vivem um mundo bizarro e paralelo. 

Quem trabalha, toma um cafezinho com os colegas, anda de metrô, conversa com o vizinho, vai ao clube, à academia, paga contas e vai ao supermercado não sabe do que aqueles caras estão falando. Da rotina de um trabalhador honesto não é, de um jovem que busca uma vaga no mercado de trabalho também não, de um idoso que espera atendimento em um hospital público, passa longe.

Ok, somos invisíveis para os políticos. Mas será que somos vistos e ouvidos pela grande mídia?

Se o padrão do jornalismo é reproduzir fontes oficiais explícitas ou disfarçadas de "um interlocutor do ministro...", se a "verdade" está apenas com o economista do "mercado", com a Fiesp, com o círculo de autoridades suspeitas que cerca um presidente igualmente suspeito e com o "consultor" da agroindústria ou com o enviado do Banco Mundial, há que duvidar.

Geralmente, a mídia dominante, por absoluta afinidade, reproduz o mundo irreal que os políticos habitam. Será que não cabe aos jornalistas tentar quebrar o padrão, alternar ângulos e pontos de vista, buscar o contraditório, duvidar, apurar que o buraco é mais em baixo?

A notícia filtrada pelos jogos vorazes dos mesmos e eternos personagens, não apenas os políticos, mas os "analistas" e "especialistas" com opiniões previamente aprovadas, uma espécie de "análise" de carta marcada que nunca surpreende, deixa de ser notícia, transforma-se em peça de divulgação de interesses ou de campanha paragovernamental, como se viu no caso da reforma trabalhista e, agora, no encaminhamento da reforma da Previdência. E se vê na cobertura da Lava Jato onde o "jornalismo" se alimenta apenas de comunicados oficiais ou de vazamentos. O que é cômodo, mas não é jornalismo. Para a grande mídia, a "fonte" é utilizada quase sempre para reforçar ou "autenticar" a versão politicamente oficial. Se os repórteres do Washington Post se limitassem a veicular a palavra oficial e os vazamentos controlados da Casa Branca, Watergate seria até hoje um endereço e não um escândalo que levou à renúncia de um presidente. 

O repórter gaúcho Carlos Wagner, com sete prêmios Esso regionais nas costas, 31 anos de carreira no Zero Hora, ex-Coojornal, o veículo da famosa Cooperativa de Jornalistas de Porto Alegre que foi uma voz corajosa contra a ditadura nos anos 1970, levanta a questão do jornalista que gira em torno de si em um artigo publicado no seu blog. Leia abaixo:

  

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Um comentário:

Corrêa disse...

Engraçado é que quando a Globo fez editorial pedindo a saida de temer, comentaristas e ancoras da Globo News viraram de uma hora pra outras opositores raivosos de Michel Temer. Agora, como os donos da Globo esqueceu esse negocio de tirar Temer voltaram a ser Temer desde criancinhas.
Tem uma repórter deles em Brasilia que é praticamente assessora de imprensa dso Plantalo do tanto que força a barra para mostrar os lados positivos de Temer. Peraí que eu vou vomitar.