sábado, 16 de abril de 2016

Novo presidente de Portugal é conservador mas quebra o protocolo ao posar para a foto oficial

por Jean-Paul Lagarride 
O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Souza, foi eleito em janeiro, tomou posse em março, mas só na semana passada posou para a foto oficial. 

Uma repórter do Público acompanhou a sessão de fotos, que foi inovadora. 

O novo presidente vestiu casaca solene, pôs a faixa, mas impôs uma condição ao fotógrafo oficial, Rui Ochoa: queria posar no terraço do Palácio da Cidadela, com o mar ao fundo, e não no salão nobre ou na biblioteca, como manda a tradição. 

Como a imagem descontraída  rompia com um protocolo de décadas, foi submetida à aprovação da Casas Civil, Militar. Levou quatro horas para que a foto recebesse o aval das autoridades. 

Leia a matéria, abaixo. É quase uma crônica.


No terraço do Palácio da Cidadela, o presidente Marcelo Rebelo de Souza e o fotógrafo oficial Rui Ochoa.
Foto Presidência da República de Portugal/Miguel Lopes

O presidente e os chefes das Casas Civil e Militar: a aprovação da foto levou quatro horas.
Foto Presidência da República de Portugal/Rui Ochoa

A foto aprovada; sorriso, casaca, ar livre e mar ao fundo.
Foto Rui Ochoa/Presidência da República de Portugal



A fotografia oficial do Presidente 
(também) fugiu ao protocolo

Marcelo queria uma fotografia em que tivesse o mar atrás de si.

por Leonete Botelho (do Público, de Portugal)
Foi no domingo, dia de temporal, no Palácio da Cidadela. Já tinha passado um mês sobre a tomada de posse e Rui Ochoa, fotógrafo oficial de Belém, sentia-se pressionado: as embaixadas, militares e polícias exigiam o retrato oficial do chefe de Estado para pendurar nos sítios oficiais.

Lá foram logo de manhã para Cascais, fotógrafos e todo o material, maquilhadora… o alfaiate não pôde ir e ainda não se sabia se a casaca obrigatória, comprada na altura do doutoramento do professor, ia servir. Serviu, embora apertada.

Começaram os preparativos: Marcelo queria uma fotografia com o mar ao fundo, mas a casaca – explicaram os homens do protocolo – é uma indumentária para usar só a partir do fim da tarde. A foto teria de ser de interior, como todas as dos Presidentes anteriores.

Era então preciso encontrar um lugar no palácio com grandes janelas e vista de mar. Encontrar a cadeira certa, a vista certa, o decór certo. Para ter o ângulo certo, foi preciso montar estrados. Luzes. Câmaras. Acção.

Marcelo entretanto passeava-se pelo palácio, cujos cantos aproveitou para conhecer. Já tinha o laço branco, a tricolor Banda das Três Ordens (de Cristo, de Avis e de Sant’Iago da Espada) atravessando o peito por baixo da casaca, a placa dourada do grande colar ao peito. Lá se fez a fotografia. Uma. Duas. Três. E ainda chovia, o céu de chumbo.

De repente, abriu-se o sol e o Presidente quis ir ao terraço. E foi aí que surgiu a fotografia certa, ainda que fugisse ao protocolo. O céu azul, as nuvens brancas, o mar ao fundo. Diferente em tudo das dos antecessores. Sem mãos à vista e com sorriso aberto. Ao ar livre, como Marcelo tanto queria.

Vieram os chefes da Casa Civil e da Casa Militar, era preciso que todos concordassem. Viram-se todas as fotografias, vingou aquela. Quatro horas depois.

Agora já só falta passar da fotografia ao cartaz que será reproduzido em litografias, com as Armas de Portugal sobre a esfera armilar por cima da foto e o nome do Presidente da República por baixo. Mas até aqui o Presidente quis inovar e mandou gravar em braille o seu nome e cargo. E assim será.
LEIA NO PÚBLICO, CLIQUE AQUI

     

2 comentários:

Gomes disse...

SE o golpe derrubar Dilma, muda também o fotógrafo da presidência, sabiam? O cara perde o emprego na confusão politica também. Quem vai ser o fotógrafo de Temer e Cunha? Vai ser preciso estar muito necessitado de dinheiro

J.A.Barros disse...

Uma vez, um amigo que vivia contando anedotas do português, no botequim do seu Manoel, foi ameaçado pelo dono de que voltasse contar mais anedotas contra portugês iria levar uma porrada com o taco de basebal que guardava debaixo do balcão. Lá pelas tantas chegaram os amigos do contador e foram logo cobrando dele a última do português. Ressabiado, e olhando pelos cantos dos olhos onde estava o seu Manoel ele começou a contar a última anedota: – Era uma vez, dois japoneses, um se chamava Joaquim e o outro Manoel!