por Flávio Sépia
No momento em que o país está distraído com os desdobramentos do golpe, as empresas operadoras de telefonia e a Anatel tentaram implantar, de fininho, o sistema de franquia na internet fixa. Houve uma reação nas redes sociais e agência reguladora, depois de enquadrada pelo Ministério Público, suspendeu temporariamente a medida.
O debate prossegue. E há quem defenda agora a aprovação de leis que afastem essa ameaça à circulação de dados.
Há muitos interesses em jogo. Os Estados Unidos implantaram franquias em 2008. Isso foi amplamente citado por quem defende o controle de tráfego na rede. Obviamente, é omitida a informação de que mais de 70% dos países não limitam pacotes básico de banda larga. E também esqueceram de contar que lá é grande a reclamação e há pequenas operadoras que não adotaram o sistema. O meio concorrente é obviamente maior e menos cartelizado. Não revelaram, igualmente, que, em 2013, começou a ser implantado em muitas cidades americanas o Google Fiber, um serviço de banda larga criado pelo Google para expandir a oferta de Internet, com alta velocidade e sem limite de franquias. Talvez o Brasil deva abrir seu mercado para um competidor desse porte mais interessado em oferecer conteúdo do que obter lucros altíssimos com a exploração da rede física.
Nos poucos países que impõem um tipo de limite, há casos em que este não atinge quase 90% dos consumidores e estipula tarifas mais altas apenas para os mega-mega usuários de dados. O alvo das operadoras e dos interesses que atuam na sombra é, na verdade, o serviço de streaming. Operadoras - é o caso também dos Estados Unidos - têm TV paga e o streaming, por exemplo, de uma Netflix e assemelhados, impacta tais serviços. Há um conflito nesse ponto do imbroglio. Há dúvidas também sobre a precisão da medição do consumo de dados. O consumidor não tem condições de saber se, de fato, gastará acima da franquia. O que fazer? Caso a franquia seja imposta, instalar um medidor na casa de cada freguês?
Uns detalhezinhos: Internet também é serviço público, importante para segurança, educação, pesquisa, cultura, comércio, lazer etc. Além da privatização a preços camaradas, o governo tem, desde então, financiado via renúncia fiscal a expansão das redes de fibra ótima, incluindo forte apoio do BNDES através de empréstimos a juros subsidiados. E aí, o que a sociedade vai levar com isso? E a finalidade social? Qual o retorno do dinheiro público aplicado na expansão da rede?
Segundo a Proteste Associação de Consumidores, a adoção de franquias viola o Marco Civil da Internet, que garante a qualidade contratada, impede o bloqueio (a não ser se o usuário estiver em débito com a operadora) e defende a universalização (com a franquia, as pessoas de menor renda e que não podem contratar mais velocidade serão excluídas da rede).
Jornalismo, mídia social, TV, streaming, opinião, humor, variedades, publicidade, fotografia, cultura e memórias da imprensa. ANO XVI. E, desde junho de 2009, um espaço coletivo para opiniões diversas e expansão on line do livro "Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou", com casos e fotos dos bastidores das redações. Opiniões veiculadas e assinadas são de responsabilidade dos seus autores. Este blog não veicula material jornalístico gerado por inteligência artificial.
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2 comentários:
Minha internet já é tão lenta que eu nem vou saber se cortaram
Se ficar o bicho come: Com a Internet veio o Google e outros sites de pesquisa, que por sua vez acabaram com os dicionários e enciclopédias que eram as fontes das pesquisas. A famosa Enciclopédia Britânica não se encontra mais nem em sebos. E agora, como é que fica a pesquisa para os estudantes? Estou me referindo só mente a uma classe.
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