A Câmara dos Deputados, sob o comado de Eduardo Cunha, se reúne para referendar o golpe. Foto Antonio Augusto. |
Historicamente, o Congresso, com poucas e corajosas exceções, não representa o povo brasileiro. Financiada por empresas, a maioria defende interesses próprios. As tentativas de uma reforma eleitoral que amplie a representatividade da Casa são sucessivamente barradas. Esse osso eles não querem largar.
Dá para contar nos dedos de uma mão os momentos, ao longo da curta prática de democracia na história do Brasil, em que a dignidade ganhou crachá para entrar no plenário.
A sessão que busca referendar o golpe começou há poucos minutos.
Vale lembrar, hoje, um dos momentos mais vergonhosos do Congresso. Em 2 de abril de 1964, parlamentares também se reuniram em um momento grave da vida do país. Os militares haviam tomado o poder e pretendiam o impossível: dar um caráter de legalidade ao golpe.
Servilmente o senador de triste memória Auro de Moura Andrade, do PSD, de São Paulo, convocou uma sessão relâmpago. Ignorou questões de ordem e declarou vaga a Presidência da República sob o argumento de que João Goulart havia deixado o país. Foi lido, mas desconsiderado, um ofício enviado ao Congresso por Darcy Ribeiro informando que o presidente se encontrava no Rio Grande do Sul, à frente de tropas legalistas e em pleno exercício dos seus poderes constitucionais. O resto dessa história e suas trágicas consequências, todos sabemos: por elas o Brasil pagou caro durante 20 anos.
Como em 1964, parlamentares estão reunidos agora para implodir a democracia. Como ontem, há deputados lutando, nesse momento, para deter golpe.
Só uma coisa não mudou: a precariedade moral e a ficha corrida de muitos engravatados que ali estão.
3 comentários:
O Brasil virou o país do passado e da falta de esperança
O Brasil virou o país do passado e da falta de esperança
Um espetáculo dantesco esse que estamos assistindo na Câmara.
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