(da ONU BR)
Em 2014, seis milhões de jovens norte-americanos teriam começado a fumar por conta de filmes reproduzindo a prática do fumo. No mesmo ano, 44% dos filmes de Hollywood exibiam cenas onde o tabaco era consumido. OMS quer que governos implementem medidas para combater a influência negativa do cinema.
A fim de evitar a exposição de jovens a imagens que retratam a prática do fumo e o consumo de cigarros, a Organização Mundial da Saúde (OMS) quer que os governos implementem classificações etárias mais restritivas para filmes contendo cenas de pessoas fumando. Em novo relatório publicado nesta segunda-feira (1), a agência da ONU alertou para a perigosa influência do cinema sobre adolescentes e crianças. Nos Estados Unidos, por exemplo, estimativas indicam que, em 2014, o tabaco nas telonas levou mais de 6 milhões de jovens a começar a fumar.
Desse contingente, cerca de um terço corre o risco de morrer por doenças induzidas pelo consumo de tabaco. De acordo com a OMS, na sociedade norte-americana, pesquisas calcularam que 37% dos novos adolescentes fumantes teriam buscado o tabaco por conta de filmes onde o produto aparece. Segundo o cirurgião-geral dos Estados Unidos, a restrição para o público adulto de filmes atualmente considerados adequados para jovens poderia reduzir em até um quinto os índices de fumo entre os jovens, evitando um milhão de mortes entre crianças e adolescentes, relacionadas ao tabaco.
Em 2014, 44% dos filmes de Hollywood continham cenas de fumo, também encontradas em 36% das produções classificadas para jovens. A pesquisa da agência verificou que, entre 2002 e 2014, 59% dos filmes de maior bilheteria exibiam imagens de tabaco. “Com restrições cada vez mais firmes sobre a publicidade do tabaco, o cinema permanece um dos últimos canais a expor milhões de adolescentes a imagens de fumo sem restrições”, afirmou o diretor do Departamento de Prevenção de Doenças Não Transmissíveis da OMS, Douglas Bettcher.
A representação do fumo não é recorrente apenas no cinema norte-americano. Na Argentina e na Islândia, nove a cada dez filmes contêm imagens de cigarro, incluindo produções classificadas para o público juvenil. Além desses dois países, a OMS encontrou cenas de consumo do tabaco em filmes de grande bilheteria da Alemanha, Itália, Polônia, Holanda, Reino Unido e México.
Além de definir classificações etárias com base na presença de imagens envolvendo o consumo de cigarros, a OMS recomenda a obrigatoriedade de declarações dos produtores do filme, ao longo dos créditos, de que a equipe não recebeu nenhum valor pelas cenas exibindo produtos de tabaco. A agência da ONU também solicitou o fim da exposição de marcas de tabaco nos filmes, bem como a exibição de publicidade contra a prática do fumo antes da veiculação dos filmes onde cigarros aparecem, em quaisquer canais de distribuição (cinema, televisão, online).
O relatório da OMS também recomenda a criação de produtos de mídia que promovam o cigarro como um produto não elegível a subsídios públicos.
Fonte: ONU BR
Comentário de Ed Sá/BQVManchete
Segundo pesquisa da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), um em cada três brasileiros deixou de fumar depois 2000, quando medidas que restringiram a propaganda de cigarros na TV e em veículos de comunicação de massa entraram em vigor. A pesquisa também mostrou que a maioria da população é a favor de medidas ainda mais rigorosas contra o fumo. Desde 1988, quando tornou-se obrigatória nas embalagens a frase "O Ministério da Saúde adverte: fumar é prejudicial à saúde” nas embalagens dos produtos derivados do tabaco", o governo impôs uma série de restrições à comercialização, propaganda de cigarros em revistas, jornais, televisão, rádio, outdoor, fumo em locais fechados etc. Cada uma dessas iniciativas sofreu forte pressão dos grupos atingidos. Mas, com o apoio da opinião pública, foram mantidas. O que não impediu que os fabricantes buscassem formas para burlar a proibição. O cinema foi o alvo principal. São clássicas as imagens de personagens fumando no cinema. Fazia parte do glamour de Hollywood.
Não há dúvida de que para as novas gerações, com a divulgação e constatação dos fatores cancerígenos do cigarro, o hábito de fumar perdeu o charme. Mas o cinema não deixou de ter o interesse da indústria do fumo. Cada vez mais, personagens jovens passaram a ser mostrados fumando desbragadamente. No Brasil, há cenas em novela com o indefectível cigarro. Se é merchandising disfarçado, quem sabe? Mas é curioso constatar que no reality show Big Brother Brasil há, invariavelmente uns três ou quatro participantes em cada temporada que são mostrados numerosas vezes com o cigarro na mão. Se é merchandising disfarçado, quem sabe?
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2 comentários:
Logo nos primeiros números deste Blog eu postei uns dois ou trens textos tendo como tema o cigarro nos filmes, não só americanos como de todos outros países. Ora, o cinema criou o herói vivo nas telas levando milhares de jovens de todo o mundo a imitar esses heróis em tudo, até no seu penteado e claro, esses heróis fumavam o tempo todo em que durava o filme. O cigarro passou a ser um elemento que compunha o artista em suas cenas. Nos faroestes, o cowboy preparava o seu cigarro enrolando o fumo, que tirava de um saquinho, no papel de palha e era o grande "Hit" do vaqueiro. O cinema ensinou e levou as mulheres a fumar, algumas com grandes piteiras, como Marlene Dietrich com grande estilo. As mulheres brasileiras não fumavam até aparecerem os filmes com grandes artistas mulheres, das décadas de 40 e 50, portando o cigarro entre os seus dedos. É claro que por trás das cenas com artistas fumando estava as grandes indústrias tabageiras que encontraram no cinema o seu maior veículo de propaganda e os grandes estúdios cinematográficos viram nessas indústrias a sua grande fonte para arrancar os preciosos dólares que iria alimentar e fazer crescer a indústria do cinema.
A industria do fumo sempre encontra um jeito de continuar matando
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