por Niko Bolontrin
O sistema eleitoral americano é cuidadosamente montado para impedir surpresas. A ideia é que mesmo mudando o presidente, o sistema não mude muito, o Departamento de Estado não se abale, a política externa dê apenas leves guinadas, a CIA prossiga autônoma, a capacidade de intervenção militar e de criação de conflitos permaneça ativa etc etc. Que o governo não perca sua face conservadora que resiste mesmo diante de um Obama, que ganhou algumas disputas e perdeu outras, tentou avançar aqui e rendeu-se ali.
Os filtros e etapas costumam derrubar pretensões de candidatos independentes e chegam à grande final dois sujeitos bem parecidos, um com a camisa do Democrata e ou sob as cores do Republicano. O que vale é a eleição indireta, mais do que o voto popular. Tanto que Bush foi eleito presidente porque embora tivesse menos votos populares obteve mais delegados.
A distribuição do número de delegados por estados é obscura e difícil de entender por adeptos da eleição direta. Talvez os votos de hispânicos e negros sejam ingrediente capaz de botar algum molho nesse tipo de salada insossa. Nesse cenário, a corrida presidencial na fase de indicação por partidos está agitada.
As primárias, por enquanto, tendem ao empate. Ted Cruz e Hillary ganharam uma etapa, Trump e Sanders outra. Difícil rotular os pré-candidatos: Ted é um latino conservador que quer restringir a imigração; Hillary é elitista, pouco afeita a política social e ficaria um pouco à direita do que o seu marido Clinton; Trump é o mais evidente ultradireitista do pacote; Bernie Sanders é a esquerda (para os padrões americanos).
Sanders é, de fato, a novidade na corrida, embora seja ele um político de 74 anos. Ele é o veterano que soube captar o descontentamento social entre jovens e parte da classe média e apoiar movimentos com o de Occupy Wall Street. Há entre a população americana um forte descontentamento contra o poder irrestrito do mercado financeiro - esse mesmo ao qual colunistas da mídia brasileira batem histéricas palmas sob qualquer circunstâncias - e Sanders tem criticado Wall Street e apontado ligações de concorrentes com o sistema financeiro especulador. Analistas afirmam que a ascensão de Sanders depende de ele mostrar que pode conquistar o voto de milhões de eleitores que não confiam no sistema eleitoral americano e que, por isso, não costumam comparecer às urnas. Há a constatação de que quando cresce o número de votantes, cresce o Partido Democrata. A pergunta que só será respondida em novembro é saber se Sandres, caso chegue lá, vencerá as amarras de um sistema eleitoral que até fraude grosseira registra; caso da lista de votos rasurada à mão na Flórida e que decidiu uma das eleições de Bush.
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