domingo, 26 de maio de 2013

"Ser ou não ser"... garçom


por deBarros
Quatro anos na escola primária aprendendo a ler e a escrever;  um ano no curso de admissão, mais quatro anos completando o ginasial e mais três anos de curso científico ou o clássico, como era denominado na época, e enfim, aprovado em um duríssimo vestibular, diplomado bacharel em Direito depois de cinco anos na Faculdade Cândido Mendes, na Praça XV, no Rio de Janeiro e, à noite, porque durante  dia  muito trabalho na redação da revista O Cruzeiro.
De bancos escolares e faculdades foram 17 anos sem contar cursos paralelos de aulas de aprendizado da língua inglesa e mais dois anos em escolas de Belas Artes. Somando todos os tempos, foram mais de 20 anos em salas de aulas procurando adquirir conhecimento suficiente, além de um pouco de cultura, para enfrentar um mercado de trabalho que se tornava cada vez mais exigente na qualificação de seus futuros e atuais profissionais de trabalho.
De uma certa forma, o esforço educacional foi compensado com empregos em jornais e nas duas maiores revistas ilustradas do país. Mas se havia o esforço e o sacrifício para atingir as metas exigidas pelas empresas e conseguidas com o preenchimento das vagas, a recompensa salarial não respondia ao teto desejado. As empresas, pelo menos nesse ramo jornalístico no Rio de Janeiro, não obedeciam a uma política salarial que viesse contemplar satisfatoriamente os seus profissionais. Mas, era a política de emprego e salários mantidos e seguidos pelas nossas empresas, só nos restava a entrar nas regras do jogo. Com isso, as aposentadorias que se seguiriam com os tempos de trabalhos obedecidos pelas regras do sistema previdenciário do pais acabavam em reduzidos benefícios que aachatavam salários através de uma equação  apelidada de “fator previdenciário”.
Estou falando em média salarial dentro de um ramo empresarial. É claro que dentro desse universo empregatício alguns salários se destacavam mas eram muitos poucos e por razões estritamente pessoais dos empresários que desejavam contemplar uns dois ou três, talvez mais, empregados de sua predileção ou porque se destacaram demais em trabalho que vieram trazer vantagens ou benefícios maiores para a empresa.
Mas, depois desses todos esses anos estudando, trabalhando, saindo de um emprego para outro, ver e sofrer a falência de empresas, descubro que tinha dobrado a esquina errada errado na escolha profissional de minha vida.
Se tivesse, há muitos anos, entrado para um curso no SENAI e em poucos meses tirado um diploma de garçom ou mesmo de mordomo, quem sabe não estaria hoje servindo cafezinho aos nobres e distintos Senadores da República com um salário entre R$10 mi a R$20 mil ou de Mordomo do presidente do Senado recebendo mais de R$18 mil por mês?
Não estou, com esta dissertação, querendo diminuir ou humilhar a profissão de garçom, que é tão digna e merecedora de todo o respeito profissional que lhe é devida, mas estou apenas procurando destacar a diferença existente em como alcançar o nível de qualidade profissional ontem e hoje tão exigido em nosso mercado de trabalho.
Mas, se não sou um garçom ou mesmo um mordomo aposentado pelo Senado, hoje sou um jornalista, chefe de arte, profissão de que muito me orgulho, gozando em casa do descanso merecido, com um modesto benefício de aposentado porque, como me referi nesse texto, as empresas jornalísticas em que trabalhei nunca foram pródigas, ou pelo menos, razoavelmente justas nas suas folhas de pagamento de seus empregados. Mas, era a política salarial que as empresas, nos idos de 1950, praticavam, seguindo mais ou menos a política de um salário mínimo bem abaixo  das expectativas do mercado de trabalho, política essa mantida pelos governos que se seguiam.
Assim sendo que Deus salve os “garçom e mordomos” dessa tão decantada e famigerada Brasília, capital do Brasil.

3 comentários:

AB.Dias disse...

Com todo respeito aos garçons, esses aí do Senado e da Câmara não são garçons, são beneficiados por contatos com políticos picaretas.

Elpídio disse...

O mal do BRasil foi a transferência do governo para a terra de ninguém que é Brasilia, todas essas mutreta Nas ceram lá. JK fez a maior cagada da história do Brasil.

debarros disse...

Elpidio, nunca ouvi alguém falar com tanta verdade sobre Brasíla o que vc acaba de dizer. JK não só construiu uma Babilônia ou mesmo uma Sodoma no planalto como acabou com as estradas de ferro e a navegação da cabotagem no país. Lembra-se dos Itas?
Brasília se tornou a cruz que o brasileiro vai ter de carregar pelo resto de suas existência.