terça-feira, 7 de maio de 2013

Intolerância religiosa: risco de violência que o Brasil ignora...


por JJcomunic
Para conseguir votos e cargos, os políticos brasileiros ignoram até a Constituição. Sabiamente, desde a República, o Brasil optou para separar igrejas de Estado. Mas nas últimas décadas, políticos de todos os partidos romperam esse princípio por motivos eleitoreiros. As futuras gerações, se o Brasil não acordar, pagaram caro ao receber essa herança. O mundo dá exemplos incontáveis de guerras e terrorismo podem ser a soma final da equação da intolerância. Na Brasil já há leis aprovadas por partidos de raiz religiosa que promovem a intolerância e agridem direitos dos cidadãos que professam fé alguma ou são adeptos de religiões que não a dos autores das leis. Já há leis que impõem ensino religioso em escolas públicas, com alunos obrigados e constrangidos a seguir fé que não é a das suas famílias. A Folha publica entrevista esclarecedora - e até assustadora -sobre esse processo.

(Da Folha) 

A violência e a intolerância não são elementos inevitáveis no "DNA cultural" das religiões, mas sim efeitos colaterais da aliança entre fé e política, para os quais as tradições religiosas são capazes de desenvolver antídotos pacifistas.
É o que afirma a escritora britânica Karen Armstrong, 68, que participa do ciclo Fronteiras do Pensamento amanhã, em São Paulo.
Patricia Santos - 24.abr.2002/Folhapress
Britânica Karen Armstrong diz que violência e intolerância são efeitos colaterais da ligação entre fé e política
Britânica Karen Armstrong diz que violência e intolerância são efeitos colaterais da ligação entre fé e política
Ex-freira, Armstrong estudou literatura na Universidade de Oxford e passou as últimas décadas produzindo documentários e escrevendo livros que investigam a história das grandes tradições religiosas. "A ética da compaixão é o centro de todas essas grandes tradições, e é preciso retomá-la", argumenta.
Por email, ela diz à Folha que o ateísmo radical é produto do fundamentalismo e que está "encorajada" com os sinais de humildade do papa Francisco, embora não espere grandes mudanças.
*
Folha - É comum ouvir dizer que, ao longo da história, o monoteísmo deu impulso à violência e à intolerância porque ele tende a ser exclusivista. A sra. concorda?
Karen Armstrong - Não. Existem fundamentalistas entre os hindus e budistas.
A história mostra que nenhuma fé consegue se transformar numa "religião mundial" se não for adotada por um Estado ou império dinâmico e em expansão.
Como os Estados são inerentemente violentos (nenhum pode se dar ao luxo de acabar com seus exércitos), as religiões acabam adquirindo uma ideologia "imperial".
Mas os monoteísmos também desenvolveram uma alternativa contracultural não violenta. As pessoas é que são violentas, e não as abstrações que chamamos de "religiões".
O que significa ser uma monoteísta "freelance", como a sra. se definiu certa vez? É possível transcender as raízes históricas do judaísmo, do cristianismo e do islamismo e ainda se considerar monoteísta?
Esse é um termo que usei de forma casual e que tem me perseguido desde então. Eu quis dizer que era capaz de obter sustento espiritual das três fés abraâmicas [referência a Abraão, que seria ancestral de judeus e árabes], e que não conseguia ver nenhuma delas como superior.
Depois que afirmei isso, estudei as religiões orientais não teístas, e sou capaz de encontrar igual inspiração nelas.
O termo que aplico a mim mesma hoje em dia é o de "convalescente". Estou em "fase de recuperação" depois de ter uma experiência religiosa ruim quando era moça [Armstrong tornou-se noviça aos 17 e sofreu com a disciplina e as penitências físicas].


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2 comentários:

Isabela disse...

A tradição no Brasil era de convivência pacífica das diversas religiões. A difusão do fundamentalismo evangélico leva a notícias que leio com frequência sobre ataques a imagens de santas católicas e a terreiros de umbanda e candomblé, sem falar que ofendes e desvalorizam essas tradicionais religiões, especialmente as de origem afro, em cultos por aí afora. São segmento que almejam poder tanto que estão na política. Concordo. Que o Brasil acorde para essa ameaça.

Zeka disse...

A liberdade está ameaçada por esses fanáticos e explorados da fé do povo. A maioria quer dinheiro e poder e enganar os otários e manés.