por Eli Halfoun
Seja em novela, livro,
conto e até na vida real toda história precisa ter começo, meio e fim e não é
necessariamente obrigatório deixar que o fim seja conhecido, principalmente no
caso das novelas, apenas no final da trama. O público acostumado a conhecer (de
tanto acompanhar) os mecanismos de uma novela, decifra o final rapidamente.
Muitas vezes já no primeiro ou segundo capítulo saca mais ou menos o que acontecerá,
embora não saiba como acontecerá. Dessa forma não faz mais sentido alongar
“mistérios” que deixaram de ser misteriosos. Parece que enfim nossos novelistas
perceberam isso e em muitos casos antecipam revelações até porque lhes permite
desdobrar a presença de personagens e aprofundar a trama por outros e também
necessários caminhos. É o que acontecerá nos próximos capítulos de “Sangue Bom”
quando o público saberá que Bento (Marcos Pigossi) é o filho que Wilson (Marco Ricca)
acredita ter morrido no parto, o que de certa forma explica a raiva
inconsciente que um tem pelo outro pelo menos até que a verdade seja descoberta
e exposta completamente. Até agora a novela de Maria Adelaide Amaral e Vincent
Villari mostrou que não tem a menor intenção de manter a linha do “quem matou
quem? e no caso de “quem é filho de quem”. Nenhuma situação que evidenciasse
uma relação mais próxima entre os dois personagens foi revelada. Certamente
será, mas não como um mistério que se arrastará de maneira muito chara por muitos
meses. Revelada essa questão a novela poderá desenvolver uma trama sobre a
difícil e afetiva relação que se desenvolve entre pai e filho que nunca
desconfiaram de nada. Não tenho dúvidas de que o telespectador se envolverá
muito mais nessa questão afetiva do que costuma envolver com situações feitas
de intermináveis pontos de interrogação. A novela “Avenida Brasil” trabalhou
bem desenvolvendo finais praticamente cada semana e nem por isso perdeu
audiência. Pelo contrário: mostrou um novo roteiro e nesse caminho a lição de
que em novelas, livros ou na vida real a verdade transparente, mesmo que seja
difícil, é o melhor e mais perfeito caminho a ser percorrido. (Eli Halfoun)
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