por deBarros
Quatro anos na escola primária aprendendo a ler e a escrever; um ano no curso de
admissão, mais quatro anos completando o ginasial e mais três anos de curso científico
ou o clássico, como era denominado na época, e enfim, aprovado em um duríssimo
vestibular, diplomado bacharel em Direito depois de cinco anos na Faculdade Cândido
Mendes, na Praça XV, no Rio de Janeiro e, à noite, porque durante dia
muito trabalho na redação da revista O Cruzeiro.
De
bancos escolares e faculdades foram 17 anos sem contar cursos paralelos de aulas
de aprendizado da língua inglesa e mais dois anos em escolas de Belas Artes.
Somando todos os tempos, foram mais de 20 anos em salas de aulas
procurando adquirir conhecimento suficiente, além de um pouco de cultura, para
enfrentar um mercado de trabalho que se tornava cada vez mais exigente na
qualificação de seus futuros e atuais profissionais de trabalho.
De
uma certa forma, o esforço educacional foi compensado com empregos em jornais e
nas duas maiores revistas ilustradas do país. Mas se havia o esforço e o sacrifício para
atingir as metas exigidas pelas empresas e conseguidas com o preenchimento das vagas, a recompensa salarial
não respondia ao teto desejado. As empresas, pelo menos nesse ramo jornalístico
no Rio de Janeiro, não obedeciam a uma política salarial que viesse contemplar
satisfatoriamente os seus profissionais. Mas, era a política de emprego e
salários mantidos e seguidos pelas nossas empresas, só nos restava a
entrar nas regras do jogo. Com isso, as aposentadorias que se seguiriam com os
tempos de trabalhos obedecidos pelas regras do sistema previdenciário do pais
acabavam em reduzidos benefícios que aachatavam salários
através de uma equação apelidada de
“fator previdenciário”.
Estou
falando em média salarial dentro de um ramo empresarial. É claro que dentro
desse universo empregatício alguns salários se destacavam mas eram muitos
poucos e por razões estritamente pessoais dos empresários que desejavam
contemplar uns dois ou três, talvez mais, empregados de sua predileção ou
porque se destacaram demais em trabalho que vieram trazer vantagens ou
benefícios maiores para a empresa.
Mas,
depois desses todos esses anos estudando, trabalhando, saindo de um emprego
para outro, ver e sofrer a falência de empresas, descubro que tinha dobrado a
esquina errada errado na escolha profissional de minha vida.
Se
tivesse, há muitos anos, entrado para um curso no SENAI e em poucos meses
tirado um diploma de garçom ou mesmo de mordomo, quem sabe não estaria hoje
servindo cafezinho aos nobres e distintos Senadores da República com um salário
entre R$10 mi a R$20 mil ou de Mordomo do presidente do Senado recebendo mais
de R$18 mil por mês?
Não
estou, com esta dissertação, querendo diminuir ou humilhar a profissão de
garçom, que é tão digna e merecedora de todo o respeito profissional que lhe é
devida, mas estou apenas procurando destacar a diferença existente em como
alcançar o nível de qualidade profissional ontem e hoje tão exigido em nosso
mercado de trabalho.
Mas,
se não sou um garçom ou mesmo um mordomo aposentado pelo Senado, hoje sou um
jornalista, chefe de arte, profissão de que muito me orgulho, gozando em casa
do descanso merecido, com um modesto benefício de aposentado porque, como me
referi nesse texto, as empresas jornalísticas em que trabalhei nunca foram
pródigas, ou pelo menos, razoavelmente justas nas suas folhas de pagamento de
seus empregados. Mas, era a política salarial que as empresas, nos idos de
1950, praticavam, seguindo mais ou menos a política de um salário mínimo bem
abaixo das expectativas do mercado de
trabalho, política essa mantida pelos governos que se seguiam.
Assim
sendo que Deus salve os “garçom e mordomos” dessa tão decantada e famigerada Brasília, capital do Brasil.
3 comentários:
Com todo respeito aos garçons, esses aí do Senado e da Câmara não são garçons, são beneficiados por contatos com políticos picaretas.
O mal do BRasil foi a transferência do governo para a terra de ninguém que é Brasilia, todas essas mutreta Nas ceram lá. JK fez a maior cagada da história do Brasil.
Elpidio, nunca ouvi alguém falar com tanta verdade sobre Brasíla o que vc acaba de dizer. JK não só construiu uma Babilônia ou mesmo uma Sodoma no planalto como acabou com as estradas de ferro e a navegação da cabotagem no país. Lembra-se dos Itas?
Brasília se tornou a cruz que o brasileiro vai ter de carregar pelo resto de suas existência.
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