por Gonça
O bloqueio econômico e financeiro que os Estados Unidos impõem ao povo cubano completou 50 anos em fevereiro de 2012. Ao longo do tempo, apesar do fim da guerra fria, novas leis só radicalizaram a medida. Apenas há pouco mais de dez anos, por exemplo, Bill Clinton decretou que filiais estrangeiras de companhias americanas ficavam impedidas de comercializar com a Ilha. Em um mundo onde empresas transnacionais domimam o comércio, agravou-se o isolamento de Cuba. Há iniciativas pontuais como a do Brasil, através da Petrobras e de construtoras financiadas pelo BNDES, da China, da Venezuela, da Espanha, da Rússia, entre outros paises, que "furam" o bloqueio americano. Mas os danos à economia do país são incalculáveis.
Se você está acostumado a associar a imagem de Cuba aos milhares de carros antigos, modelos dos anos 50, que circulam nas ruas, veja aqui, para ficar no nosso ramo, o dano, do ponto de vista tecnológico, que o bloqueio causa às principais publicações cubanas. Uma amiga em recente viagem a Cuba me trouxe alguns exemplos. Papel, tipologia, design, fotos, tudo parece datado, assim como os antigos carrões que rodam em Havana. Quanto ao conteúdo, basta uma rápida conferida para constatar que as consequências do bloqueio estão presentes na rotina das populações. O "Granma" destaca na primeira página que se "remotorizan camiones para transportación de pasageros". É a lei de Lavoisier aplicada à infraestrutura: nada se perde. Também na primeiria página do "Granma", uma notícia que é motivo de esperanças para o país: a intensificação das relações com a China simbolizada pela visita do presidente Hu Jintao e a consequente assinatura de acordos de cooperação. Seria a chegada de um parceiro de peso, aliás peso-pesado, após o fim da União Soviética quando, de um dia para o outro, Cuba perdeu seu maior comprador de açúcar, seu grande fornecedor de petróleo, além de ver encerrados acordos de cooperação nas áreas de educação, ciência, indústria e dezenas de outros setores. A mesma matéria é destacada no "Juventud Rebelde", que circula há 41 anos e se intitula "diario de la juventud cubana". Em relação ao "Granma", o "Juventud" tem algumas vantagens: o papel tem um pouco mais de qualidade, a diagramação idem, e exibe fotos melhores, tanto na impressão quanto na linguagem.,
Já a revista Bohemia, a mais tradicional do país, fundada em 1908, com capa em couchê mas miolo em papel jornal, é de informação e análise. Política, economia, cultura, espoortes, política internacional, saúde, ciência, comportamento etc, são rubricas que se espalham em 82 páginas, densas, com muito texto e relativamente poucas fotos, todas em preto e branco, com exceção da capa. Custa 1 peso, os jornais custam 20 centavos. O bloqueio também não escapa à pauta da Bohemia: a revista denuncia que pressões americana buscam impedir que a empresa pública Cubaexport registre internacionalmente a marca Havana Club. Segundo a Bohemia, o Departamento de Estado está impedindo a renovação do registro nos Estados Unidos. O objetivo é a apropriação da marca do rum mais famoso do mundo, violando acordos internacionais. Junto com a empresa francesa Pernod Ricard, que distribui mundialmente o Havana Club, Cuba entrará com ação na OMC denunciando a pirataria.
A ilha que embalou o sonho de gerações não se rende, mantém algumas conquistas sociais, não é o degradado e miserável Haiti "democrático" e "desbloqueado" ali ao lado, tem expectativas de reformas econômicas que melhorem a qualidade de vida do povo - apesar da carência de recursos do país - mas vive uma difícil realidade econômica.
É a impressão possível sobre os exemplares aqui e reproduzidos.
5 comentários:
Nada justifica esse bloqueio a Cuba. Se não me engano essa medida foi originado no governo de J.F.Kennedy. Afnal por que e para que esse criminoso boqueio? O mundo virou de cabeça para baixo. A guerra fria acabou há muitos anos. A política entre os povos sofreu uma viravolta. É preciso que se acabe com esse bloqueio a uma nação que apesar dele sobreviveu e sobrevive ainda sozinha com pequenas ajudas de outros países que corajosamente não obedecem ordens dos EUA. Em alguns paises da Europa não fazem passeatas contra a cor dos sutiãs? Por que as uranianas, que protestam com os seios de fora contra qualquer idéia que as incomoda não desfilem semi nuas nas ruas de Kiev em protesto contra esse bloqueio contra cuba?
Análise interessante. Poucos atentam para os permanentes efeitos do bloqueio sobre a vida dos cubanos, incluindo aí a imprensa escrita. Gostaria de saber mais sobre rádio e TV. Como eles se viram com equipamentos, reposições de peças, isso sem falar em outros setores como telecomunicações também afetado pelo tal bloqueio inimaginável.
Hasta la victoria, siempre
Tem mais é que bloquear essa ilha comunista
Estive em Cuba recentemente, vi dificuldades que o povo enfrenta, a economia do país é precária mesmo. Conversei com os mais velhos que contam que os problemas existem mas Cuba, na época de Batista,a Cuba "democrática" como quer a direita, a miséria era a regra. Prostituição,doenças, roubos, homicídios estavam na ordem do dia. Os cubanos gostam do do seu país, acreditam que vai melhorar e não querem ver o capitalismo selvagem ede volta com a miséria e tudo. Sabem que serão relegadoa a cidadãos de segunda classe e aquilo lá vai virar um balneário para ricos e putas.
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