domingo, 10 de junho de 2012

Ivan Lessa: mais um nome riscado do caderninho

por Eli Halfoun

Envelhecer é inevitável e, portanto, não adianta procurar a tão sonhada fonte da juventude eterna porque ela não existe. Ficar velho, mas não necessariamente ultrapassado traz, como tudo na vida, muitas vantagens e desvantagens. Entre as vantagens a mais importante é, sem dúvida, a experiência que, no caso, é também um sinônimo de sabedoria. Entre as desvantagens, que também são naturais porque, afinal, a vida é feita muito mais de desvantagens do que de vantagens, a mais cruel é a de a cada mês ou menos ter de riscar do caderno de telefones o nome de mais um amigo, conhecido ou profissional sempre admirado. Tive pouco contato com o recém falecido escritor e jornalista Ivan Lessa, um profissional da melhor qualidade e um papo sempre esclarecedor e animado. No texto que a "Folha de São Paulo" publicou o que mais me chamou a atenção foi a lembrança de que Ivan Lessa foi um dos criadores do "Pasquim" ao lado de Millor Fernandes, Paulo Francis, Tarso de Castro e Sergio Cabral.  Do grupo só Sergio Cabral está aí firme e forte (tomara que cada vez mais) escrevendo livros, criando espetáculos e pontificando cada vez mais como um ser humano fantástico e um profissional exemplar e apaixonado por seu trabalho. Na verdade, uma missão. Ivan Lessa deixa também, entre muitas outras coisas, esse apaixonado exercício de escrever. Mesmo muito doente fez questão de escrever suas crônicas até o fim. Se pudesse, certamente Ivan Lessa escreveria agora a crônica de sua morte, que não seria, tenho certeza, um texto de despedida. Simplesmente porque Ivan estará definitivamente vivo através de seus textos. Como permanecem vivos seus pais, os escritores Orígenes Lessa e Elsie Lessa. Ivan é apenas mais um nome riscado do caderninho de telefones, mas não da memória, que é o grande arquivo da vida de quem teve e tem competência para chegar até a velhice. (Eli Halfoun)

3 comentários:

Nelio Horta disse...

Eli, parabéns pelo seu texto sobre o grande Ivan Lessa. Lendo-o parece que você conviveu mais com ele do que eu, que fui seu companheiro no JB nos anos 60. Por questões de horário eu quase não o via pois chegava sempre à noite para o plantão. O Ivan, será sempre lembrado por seus artigos e pelos seus colegas e correligionários.
Abraço, Nelio Horta

debarros disse...

Nélio, quais foram os livros que leu do grande Ivan Lessa?

Nelio Horta disse...

Amigo Barros
Igual ao finado Reporter Esso, eu também fui uma "Testemunha ocular da história". Do Ivan lembro das suas colaborações, mas o acompanhava quase sempre através do "Gip gip, nheco, nheco, no Pasquim, ao lado do Jaguar. No JB eu chegava à noite e tudo acontecia de dia. Quando todos iam para as manifestações, eu ficava no plantão, trabalhando. O máximo que eu fazia era almoçar no restaurante do Calabouço, de tristes lembranças.
Um abraço, Nelio Horta.