terça-feira, 12 de junho de 2012

Carminha e Nina: quem é a verdadeira vilã de “Avenida Brasil”?

por Eli Halfoun
Em princípio a vilã da novela "Avenida Brasil" é a personagem Carminha (excelente interpretação de Adriana Esteves), mas pensando bem a suposta mocinha Rita-Nina (Deborah Falabella) também é uma espécie de megera disfarçada em sua sede de vingança que ela chama erroneamente de justiça. Nina tem os mesmos desvios de conduta e caráter de Carminha: mente, engana, é dissimulada e só não comete as mesmas maldades certamente por falta de oportunidade, embora não deixa ser uma tremenda maldade esconder a verdade de alguém que está sofrendo como Jorginho (bom trabalho de Cauã Raymomnd) e de quem ela supostamente quer salvar, ou seja, o pacato Tufão (Murilo Benício). O comportamento de Carminha e Nina é praticamente semelhante e fica difícil saber qual delas representa o "bem" e o "mal". Aliás, essa "Avenida Brasil" está recheada de personagens de caráter duvidoso, assim como a Avenida Brasil de verdade está repleta de buracos. Silas (Aílton Graça) engana Monalisa (Heloísa Pérrisse e os amigos; Diógenes (Otávio Augusto) engana o filho escondendo a mãe), Max é um mau-caráter oportunista; Cadinho é um mau caráter afetivo e divertido (haja dinheiro para ter vidas tão paralelas) e por aí vai. Não sobra quase ninguém que realmente preste (as exceções talvez sejam Tessália, Adauto e uma das outras empregadas da "pensão" do Tufão). O resultado é que a boa trama, embora às vezes confusa, de "Avenida Brasil" está traçando mesmo sem quer um perfil da sociedade moderna interesseira. (Eli Halfoun)

Em tempo: estou doido para achar um emprego como o da Nina em que eu possa sair e mentir na hora que bem entender, largar o serviço pela metade ficar ouvindo atrás das portas e ainda por cima ser adorado e elogiado pelo patrão. Parece até emprego público. (E. H.)

Um comentário:

Fadinha "coco" disse...

A nina é o retrato provinciano da Revolução mais longa made in Brazil. Sem nenhum valor como bandeira, a pequena francesa faz do ódio seu principal combustível contra a sociedade de classes, o ódio mesquinho e ignóbil da empregada rebelde atravessa gerações, de pai para filho, de avó para neto, cunhadios são sempre proibidos, porque afinal a contracultura também não interessa - é pura emulação, pura richa, pura vergonha de sí. Nenhum anjo de cara suja, esquece-se de lavara mão - já nina e carminha esqueceram de lavar a honra. E nós os telespectadores ainda somos obrigados a tolerar escatologias diversas, brincar com o alimento, as roupas do bebê, a honra marital; tudo não passa da mais longa revolução, aquela sem fim, onde prepondera o desvalor e o ódio pura e simplesmente!!!