sábado, 23 de outubro de 2010

Pelé: "do seu peito parecem pender mantos invisíveis", escreveu Nelson Rodrigues na Manchete Esportiva


Pelé em página dupla reproduzida da edição histórica da Manchete, de julho de 1970, em jogo contra a Inglaterra. A foto é de Jáder Neves

Era o tempo em que a Panair trazia os campeões para o Brasil.Reprodução de anúncio na Manchete Esportiva (1958)
por José Esmeraldo Gonçalves
Um número mágico para Pelé: 70 de vida, que completa hoje e 70 que remete à Copa que o consagrou definitivamente. Uma lenda que começou lá atrás, escrita em gramados do mundo a trava de chuteira. Em crônica publicada em 8 de março de 1958, na Manchete Esportiva (que cobriu como ninguém os primeiros passos do maior jogador de todos os tempos), Nelson Rodrigues escreveu: "Depois do jogo América x Santos, seria um crime não fazer de Pelé o meu personagem da semana. Grande figura, que o meu confrade Laurence chama de 'o Domingos da Guia do ataque'. Examino a ficha de Pelé e tomo um susto: 17 anos! Há certas idades que são aberrantes, inverossímeis. Uma delas é a de Pelé. Eu, com mais de 40, custo a crer que alguém possa ter 17 anos. Pois bem: verdadeiro garoto, o meu personagem anda em campo com uma dessas autoridades irresistíveis e fatais. Dir-se-ia um Rei, não sei de Lear, se Imperador Jones, se etíope. Racialmente perfeito, do seu peito parecem pender mantos invisíveis. Em suma: ponham-no em qualquer rancho e sua majestade dinástica há de ofuscar toda a corte em derredor".
É isso mesmo que você leu: foi a partir desta crônica que Pelé ganhou o "Rei" que acompanha seu nome até hoje.
Capa dupla da edição da Manchete Esportiva que comemorou o título da Copa de 1958.
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Reprodução de uma das páginas duplas da edição especial da Manchete que comemorou o Tri, em julho de 1970.
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