sábado, 7 de novembro de 2009

Caetano Veloso, o homem-melancia

por Omelete
Calma aí! Não vale a pena tanto barulho em torno do Caetano. Manja essas mulheres-frutas que dão mole aí na mídia? Pois é, o Caê é assim, um homem-melancia que dá opinião fatiada nos jornais, nas revistas e nos sites. Nem mesmo a declaração de voto do baiano na Marina Silva deve ser levada a sério. No máximo, é votinho de primeiro turno, no segundo Caê estará no colo do Serra. Alguém duvida?

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Mickey Mouse mutante

por Gonça

Já que o tema do post de Eli Halfoun é o Zé Carioca, aí vai uma informação paralela divulgada hoje na coluna da Debora Schach, do site Blue Bus: a Disney planeja mudar a imagem de Mickey Mouse, o personagem criado em 1928. O rato bonzinho, meio gente boa demais, estaria perdendo prestígio entre a garotada. A Disney testará a nova personalidade do Mickey em um game que mostrará o herói com traços menos ingênuos, reações de mau humor e mais parecido com o rato irreverente dos primeiros desenhos. A propósito, clique no link e veja o primeiro filme de Mickey Mouse (1928).   O primeiro filme do Mickey

Carioca importado não é um carioca

por Eli Halfoun

Apesar da exagerada papagaiada em tudo (comportamento, figurinos, gesticulação) todo mundo gosta e se diverte com o personagem Zé Carioca, criado em 1942 nos estúdios Walt Disney para incrementar as relações com o Brasil na Segunda Guerra Mundial. As novas gerações nem conhecem tanto assim um dois mais populares personagens de Disney, mas as mais velhas certamente divertiram-se bastante com o desenho animado (longa-metragem que tinha Aquarela do Brasil, de Ary Barroso, como tema musical) e as histórias em quadrinhos. Zé Carioca era sem dúvida muito divertido, mas isso não o credencia a ser o mascote, como foi sugerido, da Olimpíada de 2016 que será realizada no Rio, se o Rio cumprir direitinho ( é aí que a porca torce o rabo) tudo o que prometeu. A proposta de oficializar Zé Carioca como mascote certamente nem está sendo levada muito a sério, embora não se possa negar que ao lado do Pato Donald e, depois, dos Três Porquinhos e Panchito, Zé Carioca divulgou muito o Brasil. Afinal, o Rio tem artistas plásticos criativos e excelentes e não precisa importar um símbolo criado nos Estados Unidos e hoje completamente fora de forma. O Rio precisa criar seu próprio símbolo para a Olimpíada, mas não me venham com aqueles repetitivos bonecos de calça branca, camisa listrada e chapéu de palha. O Rio é muito mais do que isso. Merece mais do que um americanizado Zé Carioca.

Lula contra Chico Xavier


por Eli Halfoun

O que é que o presidente Lula e o médium Chico Xavier têm em comum? Os gozadores podem brincar dizendo que um não tem visão e o outro via demais e não só aqui. Mas para os cineastas Fábio Barreto e Daniel Filho, Lula e Chico têm em comum a popularidade. É essa que pretendem medir em janeiro nos cinemas de todo o país: os filmes “Lula, o filho do Brasil”, que também será exibido na Argentina, e "Chico Xavier" serão lançados simultaneamente. “Lula” conseguiu de saída 500 cinemas (todo mundo quer ficar bem com o homem), número que não assusta Daniel Filho, que não sabe ainda quantas salas de projeção terá para mostrar o filme no qual o ator Nelson Xavier interpreta Chico, também Xavier, mas não tem medo de medir popularidade, como, aliás, o cinema nacional, que conquista mais admiradores e maior credibilidade, nunca conseguiu. Tom & Jerry que se cuidem.

Em tempo: o filme “Lula, o filho do Brasil” não tem trilha sonora de Caetano Veloso. (Foto: Divulgação)

Piada pronta e de mau gosto

Por Eli Halfoun
Costuma-se dizer que o Brasil é o país da piada pronta e a cada dia essas pessoas que acham que mandam muito mas não mandam nada se encarregam de confirmar isso. Agora é a vez de José Mariano Beltrame, o secretário estadual de Segurança Pública, que já vem tentando fazer graça há muito tempo, aumentar o seu rol de piadas sem graça. Não é que ele teve a cara de pau, em meio aos tiroteios e assaltos que apavoram a cidade, de dizer na Câmara dos Deputados, em Brasília (onde devia comparecer para dar voz de prisão a muita gente) que “o Rio não é violento”. Vai ver o nosso secretário de (in) segurança mora em outro estado ou país. Para justificar tão absurda comparação José Mariano apresentou índices de criminalidade em algumas áreas da cidade que podem ser comparados aos de países europeus. Primeiro estamos (nós, todos os cariocas) loucos para descobrir que áreas são essas que a gente procura, procura, procura... e não acha. Segundo: índices europeus (de violência ou qualquer outra coisa) nada têm a ver com a realidade brasileira seja no que diz respeito ao comportamento da população, aos salários e principalmente a qualidade de vida, especialmente no que diz respeito ao trabalho de segurança pública. Beltrame, que tem tudo para acabar no elenco do humorístico “Zorra Total”, disse ainda que a questão da criminalidade no Rio está restrita a determinadas regiões onde “existem núcleos de violência”. Pelo que se vê e lê o Rio é um núcleo só. De violência, é claro.
Como a preocupação com a Olimpíada já virou (como era de se esperar) desculpa pra tudo o secretário estadual de Segurança Pública não ficou fora dessa e mandou ver dizendo que está preocupado em melhorar os índices de segurança para a Olimpíada 2016. Quer dizer que a segurança pode melhorar e se pode, por que e para que esperar até 2016 deixando até lá o povo no meio desse cada dia mais cruel fogo cruzado de algumas (vai ver ele quis dizer todas) as áreas. E depois de 2016 como é que fica? Sem mídia, que será grande durante a Olimpíada, a tendência é o Estado ficar entregue as baratas e aos ratos, o que, pensando bem, já está. Aliás, a manchete do jornal Povo resumiu bem o que o carioca certamente pensa das declarações do Secretário de Segurança: “Ele só pode estar de sacanagem”. Tá mesmo.

Uma noite, um sucesso e nada mais

por J.A.Barros
Há um ano atrás, comemorávamos na Livraria Travessa, no Leblon, o lançamento do livro "Aconteceu na Manchete", em que contamos as nossas histórias vividas, enquanto trabalhamos como jornalistas, na Bloch Editores.
Para nós, autores por acaso e personagens, foi um grande acontecimento, que naturalmente marcou em definitivo as nossas pobres e ricas vidas.
Escritores consagrados, por uma noite de autógrafos, sentimos as luzes dos refletores e da fama, nos iluminando no pequeno grande palco da Livraria Travessa no Shoping Leblon. Amigos e inimigos nos abraçavam e nos davam parabens, sem nunca ter lido, ainda, nenhuma linha do livro. Para cada um que, sorridente, nos vinha pedir autógrafos, sentíamos neles, a curiosidade de ver, tocar e até mesmo falar com um autor. De repente, senti que estávamos numa jaula, expostos à curiosidade de alguns, que às vezes riam, não sei até hoje se era, de nós, autores desconhecidos, que tinham ousado a se alinhar aos imortais autores de romances, contos, biografias, e histórias ou realmente eram sinceros na sua aproximação e desejavam apenas compartilhar, conosco, essa vitória pessoal de cada um de nós que contou a sua história no livro "Aconteceu na Manchete".
De qualquer maneira, fomos atingido pela fama – que nos perdoe Andy Warol – por mais de 15 minutos cravados. Mas, as luzes dos refletores se apagaram e a noite desceu mais uma vez sobre as nossas cabeças e no escuro voltamos a ficar.
Muitos livros foram vendidos naquela noite. O cansaço tomou conta de nossos corpos e mentes e só nos restava voltarmos para nossas casas e nos recolhermos aos nossos leitos.

Sem lenço, sem documento

por Eli Halfoun
Aqui mesmo nesse movimentado Panis, o Gonça praticamente esgotou o assunto em torno da polêmica (diria até grosseira, mesmo que verdadeira) declaração de Caetano Veloso ao manifestar seu apoio à candidatura Marina Silva à Presidência da República (“É inteligente como o Obama, não é analfabeta como o Lula, que não sabe falar, é cafona falando, grosseiro”). Assim como qualquer um, Caetano tem, sim, o direito de pensar o que quiser e o também democrático direito de expressar sua opinião, até quando o faz com a mesma grosseria que aponta no presidente. Anotem aí: esse episódio não ficará apenas no disse-me disse. Lula certamente vai reagir e também está em seu pleno direito democrático. Certamente a intenção de Caetano não era a de ganhar espaço na mídia que esse ele e seu indiscutível talento musical nem precisam mais, mas a bombástica declaração repercutiu e continuará repercutindo e dividindo opiniões, o que é saudável no também saudável jogo democrático. O mais engraçado é que esse agora falastrão Caetano era duramente criticado quando com preguiça baiana limitava-se a responder com um “é”, “pois é” u um simples “sei não” as perguntas que lhe eram feitas. Ninguém gostava (virou até motivo de gozação) do tom monossilábico de Caetano como parece não estar gostado agora quando ele mostra não ter papas na língua. Essa discussão ainda renderá muito e acabará sem qualquer conclusão como, aliás, acontece sempre na política. Então vamos ficar assim: eles que são nordestinos que se entendam”. Se é que é possível.

Brasil, mostra a tua cara

Por Eli Halfoun

Que venham os turistas estrangeiros com seus euros (nesse momento nós e o mundo estamos dispensando dólares) atraídos por nossas imbatíveis belezas naturais e por outras ofertas nada recomendáveis. Embora os gringos sejam importantes turisticamente não se pode esquecer o chamado turismo interno que também é uma alta fonte de renda. O turismo interno, ou melhor, os brasileiros descobrindo, enfim, o Brasil e percebendo que a sempre tão sonhada Miami é uma fria. Parece que pelo menos turisticamente o Brasil está finalmente ficando nas mãos dos brasileiros que proporcionaram um aumento de 83% em número de viagens turísticas em relação ao total registrado entre 2005 e 2007. Recente estudo mostra que esse crescimento ocorreu pela maior participação das classes C e D no consumo. Não é quem ganha altos salário (alto salário nesse país de mínimo salário mínimo é quase ficção) o viajante mais comum: pesquisa do Instituto Vox Populi ( realizada entre 17 de junho e 17 de julho desse ano) revela que nos dois últimos ano 35,5% das pessoas que viajaram ganham até cinco salários mínimos e 61%estão ente os que recebem até dez mínimos Entre os felizardos que ganham mais do que dez mínimos os turistas representam 39%. A maioria (63,2%) prefere pagar a viagens à vista, mas 36,8% na dispensam as suaves ( nem sempre tão suaves assim) prestações e 64% preferem “turistar” em cidades de praia, principalmente da Região Nordeste. Nenhuma novidade na confirmação de que a festiva Bahia é o destino preferido de 11,6% dos entrevistados. Afinal, o brasileiro gosta é de festa e o Brasil é, em todos os sentidos, uma festa. Para o Ministério do Turismo o aumento do turismo interno reflete o maior crescimento da economia, sobretudo em 2007, e melhoria no mercado de trabalho. Um dado que a pesquisa não revela, mas que está na cara é o de que tem muita gente viajando apenas em busca de paz e aí a solução é fugir da violência implantada (parece que definitivamente) nos grandes centros urbanos. Nossos turistas preferem (41,8%) viajar de carro, o que confirma a necessidade de maior fiscalização nas estradas, inclusive da lei seca, sempre muito criticada, mas sem dúvida eficiente. Boa parte (33.5%) dos turistas prefere o avião, o que não deixa de ser um bom programa para quem gosta de sofrer nos nossos nada confortáveis aeroportos. Há (23,8%) ainda preferem os ônibus.
Os dados não deixam de ser um alerta para a necessidade de incentivar cada vez mais o turismo interno. Só assim os brasileiros poderão descobrir o Brasil. É verdade que apenas um Brasil de cartão postal e não o Brasil pé no chão, escravizado pela falta de condições sociais, sofrido, massacrado e esquecido. É esse Brasil que, com ou sem turismo, precisa ser lembrado e descoberto. Principalmente por aqueles que o governam.

Deixem o Caê falar

por Gonça
Os jornais repercutem as declarações de Caetano Veloso, que chama o presidente Lula de analfabeto. Analfabetismo nem deveria ser palavra usada como "ofensa". Analfabetismo é um crime que os políticos que dirigiram este país, geralmente ricos e bem nascidos, cometeram contra os pobres. A Bahia, por exemplo, tem um dos mais baixos índices de escolaridade do país. E foi um estado dirigido por décadas por um clã que a família Veloso admira. ACM era chamado de "painho". Caetano, Bethania e outros tinham relacionamento amistoso com o "coronel", com a baianidade do "coronel", com o axé do "coronel". Caetano faz política, sempre fez e é o que faz agora. Está no seu direito. Pode ser criticado por baixar o nível do debate mas está no seu direito. Nas últimas campanhas, fez reuniões políticas em casa tentando atrair artistas para os candidatos do PSDB. De novo, está no seu direito. Por isso, não é surpresa que, a pretexto de defender a candidata criacionista, parta para o ataque. É do jogo. Caetano é um animal político. Tão político que, às vezes, se aproxima demais e perigosamente do governo. Recentemente, segundo denúncia da Folha de São Paulo, preparou uma turnê que, embora patrocinada por empresas privadas e considerada comercialmente viável, se beneficiou da Lei Rouanet, descolando assim um incentivo público. O procedimento não foi ilegal, já que a Lei Rouanet é criticada exatamente pela brecha que permite que o benefício seja utilizado para projetos de marketing. O problema é que Caetano, em público, é um dos críticos da Lei. O baiano se irritou porque foi acusado de estar recebendo uma "Bolsa Dendê". Deixem o Caetano falar. Ele já está em campanha política. Óí praí, tô certo "painho"?  

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Os picaretas

Daria um bom título para um longa-metragem sobre os porões da privatização desenfreada promovida pelo pessoalzinho que aí está maluco para voltar. Por conta dos contratos elaborados pelo governo passado, os brasileiros pagam a mais por luz sem direito a reclamar. Um erro na metodologia de cálculo dos reajustes tarifários, presente desde a origem do contrato de concessão, em 1997, produziu distorção que transfere todos os anos, segundo o TCU (Tribunal de Contas da União), R$ 1 bilhão do bolso dos consumidores para o caixa das concessionárias. E ninguém vai preso. Dá-lhe Brasil. 

Remédios doentes

por Eli Halfoun
“Vai um remedinho aí?" – remedinhos de todos os tipos e para todos os fins são oferecidos (e, o que é pior, aceitos) como um delicioso bombom. Medicamentos são formulados quase que diariamente (tem sempre uma novidade, muitas vezes nem tão eficiente, no mercado) para enriquecer cada vez mais os laboratórios e para minimizar as mazelas de saúde que inevitavelmente enfrentamos durante a vida. Esse quase vício de tomar um comprimidinho para isso, outro para aquilo acaba transformando-se em sério risco com a auto-medicação, que é também consequência da falta de orientação médica para a maior parcela da população que sem ter onde buscar uma consulta e um atendimento eficaz aceita o conselho quase sempre milagroso dos vizinhos, dos parentes e até de quem mal conhece. Assim se expõe a um nada saudável risco que pode estar até no mais popular dos comprimidos como, por exemplo, a aspirina. Recente pesquisa realizada na Inglaterra garante que a tão popular e consumida aspirina pode causar sangramentos internos sérios e não previne como ainda se acredita doenças cardiovasculares. A pesquisa realizada com base em estudo britânico publicado recentemente em respeitada revista médica recomenda que os médicos revejam a prescrição de aspirina como preventivo para asa doenças do coração. Pesquisas e estudos com medicamentos conhecidos são anunciados diariamente, sempre com uma suposta novidade deixando a medicina. Nenhuma pesquisa impede inicialmente a auto-medicação - essa sim e também uma doença gravíssima.

Livro com entrevistas da Playboy



A edição brasileira da revista Playboy comemora 35 anos. Para marcar a data, lança em livro as 28 melhores entrevistas publicadas. São 300 páginas de bate-papos com artistas, políticos, atletas e escritores. Entre estes, Ayrton Senna, Xuxa, Lula, Juca de Oliveira. As entrevistas são assinadas por Zuenir Ventura, Ruy Castro e Juca Kfouri, entre outros. Além desse livro, Playboy vai lançar, até o fim deste ano, mais duas publicações comemorativas: uma de fotografia e outra de humor.

Os falsos profetas

por J.A.Barros
E assim, vai se criando um novo mito, uma nova lenda. Não é verdade que o mundo passou a respeitar, mais, o Brasil depois das viagens – eu até diria de passeios – que aquele que não se pode dizer o nome, tem feito, e para isso mandou construir um avião de luxo para fazer essas viagens com todo o conforto que um pau-de-arara nunca dará.
Como o brasileiro não consegue ter memória já se esqueceu, que todo esse respeito pelo Brasil foi construido no governo anterior, que foi muito criticado e ironizado pelo atual presidente deste país, justamente pelas muitas viagens feitas pelo mundo afora por seu predecessor.
Ora, não desconhecemos a curiosidade dos paises europeus pelos paises do terceiro mundo por acharem os seus habitantes criaturas exóticas, sem nenhuma cultura e se uma dessas criaturas, consegue de operário que era ser presidente de um país, mais exótica ela se torna.
Um dia, um país europeu elegeu um operário seu presidente: Lech Walessa, que não conseguiu ser releito e desapareceu nas brumas das terras polonesas, Na verdade Lech Walessa aliado ao Papa João XXIII, conseguiu – esse foi o seu grande mérito – derrotar o comunismo soviético pondo abaixo o Muro da Vergonha que separava s duas alemanhas oriental e ocidental.
Bem, mas isso é uma história muito grande para ser contada em poucas linhas e muito pouco espaço. Mas, não vamos nos iludir com um falso profeta que debaixo de uma arrogância constrangedora para nós, brasileiros, o vamos eleger um deus – sem Estádios – das ruas sem donos de um país que ainda não conseguiu se construir como, verdadeiramente, País.

Saia justa: deu na Folha que existe uma Bolsa-Maitê

Está na Folha de hoje, coluna de Mônica Bergamo: o governo de São Paulo suspendeu duas - eu disse duas - pensões pagas à atriz Maitê Proença. Total: 13 mil reais por mês. Essa espécie de Bolsa-Maitê foi, segundo a Folha, herdada dos seus pais, funcionários do Estado. O governo estadual, diz a nota, alega que Maitê escreveu em recente biografia que viveu com um empresário por 12 anos, o que caracterizaria união estável e é justificativa legal para suspender as pensões. Sem dúvida, um bom assunto para os debates antenados do programa Saia Justa. A propósito, diz-se, mas eu não provo, que outra badalada atriz global tem um bom "cabide" em uma instituição do Rio, nomeada pelo cunhado... Brasil, ziu, ziu, ziu

Passaralho na janela

Do livro Aconteceu na Manchete - As histórias que ninguém contou (Editora Desiderata)
Como em toda empresa, havia momentos, na Bloch, em que o temível "passaralho", que no jargão dos jornalistas é o "caralho voador" que prenuncia demissões, atacava as redações indiscriminadamente. O símbolo do momento das demissões era como o "homem das neves", sabia-se que existia mas ninguém jamais o vira. Em uma dessas temporadas de "passaralho", Alberto Carvalho, ex-secretário de redação da Manchete, esculpiu em isopor um imenso "caralho" com todos os penduricalhos e uma ameaçadora cabeça pintada de vermelho, e pendurou-o do lado de fora do prédio, pela janela. Lentamente, foi baixando a "alegoria" do oitavo para o sétimo andar. Foi só a primeira redatora desavisada olhar para a janela e deparar-se com aquele gigantesco símbolo fálico para todo o andar das revistas femininas entrar em polvorosa. Mas, dizem as más línguas, passado o susto sobrou uma certa admiração pelas avantajadas medidas do "passaralho".

O gol contra de Pelé

por Eli Halfoun
Com a bola nos pés Pelé, o atleta do século (de todos os séculos) e definitivo Rei do futebol (não haverá outro como ele), podia e fazer (e fazia) de tudo encantando o mundo com mais do que o seu futebol, a magia com a bola. Era um desses bailarinos fantásticos para os quais o espaço, em campo ou no palco, não tem limites. Pelé conquistou tudo, mas não deixou morrer os ainda sonhos quase infantis de Edson Arantes do Nascimento. Um desses sonhos é cantar. Até já fez isso ao lado de Elis Regina (não poderia haver parceira melhor) quando gravou em 1980 o compacto Tabelinha. O menino Edson, que também experimentou ser ator (foi um desastre) não desistiu do sonho de soltar a voz: está decidido a transformar esse sonho em realidade – uma realidade que, convenhamos, pode ser um pesadelo para os nossos ouvidos – se bem que tem tanto profissional cantando mal por aí que até e infelizmente nos acostumamos com essa também terrível poluição sonora. Pelé, ou melhor, Edson acaba de compor uma música sobre a cidade de São Paulo. Até passava se fosse apenas isso, mas ele quer mais e ameaça gravar um CD inteirinho no ano que vem. Tudo bem que continue perseguindo o velho sonho de ser cantor, mas corre o sério risco der permitir que o cantor Edson acabe manchando a irretocável imagem do atleta Pelé.

A vida está no lixo

por Eli Halfoun
A vida é um lixo. É isso o que literalmente podem dizer 40 mil catadores que sobrevivem buscando em verdadeiras montanhas de sujeira o fundamental básico pão nosso de cada dia. Os catadores, que na verdade nem lixeiros são, se espalham pelas ruas, que também andam um lixo, e pelos 42 postos do serviço de coleta seletiva implantado no total de nossos 160 bairros, o que significa que estão deixando 116 bairros sem esse importante trabalho. Ninguém vai ser catador de lixo por prazer: a escolha é imposta pela absoluta falta de empregos que o país tanto necessita. É um risco diário conviver diariamente com todo tipo de imundice e, portanto, expostos a todo tipo de doenças infecciosas, o que acaba aumentando a demanda nos hospitais públicos que, convenhamos, também andam um lixo.

Podemos dizer ainda que a vida de todas as classes sociais está no lixo. É através de tudo o que é jogado fora que pode ser traçado um de perfil econômico dos habitantes da cidade: é possível saber como uma pessoa vive quando se conhece o que ela joga fora, no lixo. Jogamos na lixeira muitas coisas que ainda podem úteis para os que nada tem para jogar fora. É material que pode perfeitamente ser recuperado de alguma forma. reciclagem é importante porque reciclagem é renovação e renovação é fundamental para que a vida não fique estagnada e se transforme em uma sempre chatíssima rotina. Aliás, esse é um trabalho social que Estado e Município fazer criando galpões de, por exemplo, eletrodomésticos, roupas enfim, tudo o que ainda possa perfeitamente atender a chamada classe menos favorecida.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Brevê presidencial

por Eli Halfoun
Os críticos do presidente Lula (e ele tem muitos apesar de sua imensa popularidade) estão implicando agora com as viagens presidenciais e dizem que Lula já pode tirar brevê: até o final do ano totalizará 81 dias fora do Brasil período, escalonado, é verdade, em que visitou 30 países, quatro a mais das visitas contabilizadas no ano passado quando ficou 70 dias fora do Brasil. Nos próximos dias 15 e 16 o presidente viaja outra vez para participar do encontro Programa das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, que será realizado em Roma, Itália. Em dezembro outra viagem dessa vez para Estoril, Portugal, onde acontecerá a Cúpula Ibero-Americana. O que não se pode negar é que Lula só viaja muito porque fez o Brasil ser respeitado e admirado no mundo.
* Como esse país nunca foi

A vida não é um eterno fim de semana: o pôr do sol da Voluntários, com todo o respeito, visto da janela do escritório


Dinheiro, pra que dinheiro?

por Eli Halfoun
A idéia é a de que o dinheirão de impostos que o trabalhador brasileiro paga exageradamente seja aplicado em saúde,educação e outras prioridades, mas não é exatamente o que acontece. Tem, como sempre, muito dinheiro sendo gasto inutilmente. Anote aí: a Presidência da República investiu R$ 73 mil na compra de 1.782 sapatos masculinos pretos em couro legítimo, com forro interno e palmilha antitranspirante, que evita chulé, mas não evita o fedor da sujeira política. Mais R$ 4,3 mil foram utilizados na compra de 18 coturnos pretos de couro. A farra com o nosso suado dinheirinho não se limita a Presidência da República: o Senado também entrou na dança gastando R$7,3 mil na compra de coroas de flores nobres, além de R$ 281 mil com a empresa responsável por serviços de condução e de manutenção de veículos da casa. A Câmara não poderia, é claro, ficar fora dessa festa e aplicou R$ 3,2 mil em serviços de lavagem de cortinas, forros e carpetes de seus imóveis funcionais, além de R$ 2,3 mil na compra de 30 carrinhos de mão. Deve ser para carregar o salário e o por fora...

terça-feira, 3 de novembro de 2009

A vez da Praia do Diabo/Arpoador

Título e foto: Gonça

Dia de folga, mais Ipanema no Paniscumovum

Título e foto: Gonça.

Memória do paniscumovum: há um ano, nesta data, era lançado o livro Aconteceu na Manchete - As histórias que ninguém contou - editora Desiderata




Aconteceu na Manchete: a capa, o concorrido lançamento na noite de 3 de novembro de 2008, na Livraria da Travessa, Shopping Leblon, e alguns dos 16 autores da coletâneas (fotos Alex Ferro); O grupo, de volta ao prédio da rua do Russell, onde funcionou a Bloch Editores (foto de J.Egberto); e Carlos Heitor Cony, um dos autores, revê, através da porta principal, o hall da extinta Bloch Editores (foto de Jussara Razzé)

Deu no Globo: Caetano chama Woody Allen de "careta" e provoca polêmica. Roberto Muggiati responde

Matéria de Arnaldo Bloch e Rodrigo Fonseca no Segundo Caderno de hoje joga lenha na fogueira das  polêmicas opiniões de Cateno Veloso sobre Woody Allen. Segundo o baiano, o diretor é "um cineasta pequeno", "chegado a uma decoração creme por trás de roupa bege"(!!!), "muito hetero" (será esta a nova definição de machista?). O Globo ouviu, entre outros, Roberto Muggiati (tema de post logo abaixo sobre o curso 100 Anos de Jazz). "Woody pequeno? Sim, é baixinho, como muita gente boa. Careta? Não pode haver coisa mais careta do que esta polêmica arretada. Allen não perderia tempo com uma besteira destas: deve estar muito ocupado fazendo um novo filme ou tocando jazz em sua clarineta", diz Muggiati.

A propósito, para quem prefere tirar a dúvida na tela, o CCBB abre hoje, no Rio, mostra dos filmes de Woody Allen com a estréia do inédito "Tudo pode dar certo" ("Whatever works").

As novas cores do turismo

Por Eli Halfoun
Demorou, mas finalmente o Rio está abrindo os olhos para a importância do turismo gay, que já é uma realidade em vários países. Na recente parada gay (a 14ª) que coloriu a praia de Copacabana com as cores do arco-íris o prefeito Eduardo Paes anunciou a criação de uma coordenadoria de governo só para tratar das causas homossexuais a fim de garantir direitos e combater preconceitos e violência. “O Rio – diz o prefeito – é uma cidade aberta à diversidade. Economicamente o turismo gay é muito importante”. Torcendo o nariz os mais preconceituosos certamente dirão que a Prefeitura tem mais o que fazer. Tem sim, e por isso mesmo não pode se dar ao luxo de abrir mão da arrecadação que o turismo gay pode proporcionar a essa cidade maravilhosa que como diz o empresário Gilles Lascar (dono da boate gay Le Boy) “tem um clima perfeito, uma noite superinteressante, homens bonitos.” Incentivar o turismo GLS (Gays, Lésbicas e Simpatizantes) também é uma das preocupações da Associação Brasileira de Turismo. Não é para menos já que como diz o ministro do Meio Ambiente Carlos Minc “as duas causas que mais avançam no mundo são a ambiental e a dos direitos civis e nós não seremos um planeta saudável com poluição e com preconceito”.
O Brasil da próxima Copa do Mundo e da Olimpíada não pode abrir mão de seu potencial turístico para atrair o público gay que mete a mão no bolso para gastar – e gastar bem. Não é obrigatório simpatizar, mas é obrigatório não desprezar as pessoas por sua opção sexual e afetiva. Economicamente o mercado não pode mais dispensar esse grande público consumidor, que se hoje é mais aceito e compreendido, em um passado não muito distante era obrigado a viver em guetos e marginalizado. Historicamente o Rio é uma cidade gay e o grande ponto de encontro era o antigo Largo do Rocio, hoje Praça da República. Nos anos 50 criou-se a bolsa de Copacabana em frente ao Copacabana Palace. Por conta das absurdas perseguições os grupos gays eram itinerantes: nos anos 60 e 70 fizeram da galeria Alaska, em Copacabana, seu ponto de encontro e foram caminhando até criar a bolsa de Ipanema (também conhecida como penteadeira) em volta da Rua Farme de Amoedo. Ainda vistos e recebidos com preconceito os gays conquistam cada vez mais espaço e são em todos os segmentos profissionais de grande talento e um público que não se pode simplesmente desconhecer desprezar. Principalmente quando se fala em turismo.
P.S – O Globo de hoje noticia que o Rio foi eleito o Melhor Destino Gay em eleição promovida pelo Logo, um canal da MTV destinado ao público homossexual.

Curso sobre 100 anos de Jazz, por Roberto Muggiati


Início: dia 9 de novembro Inscrições pelo tel. (21) 2286-3299 ou pelo site
http://www.polodepensamento.com.br/
O objetivo do curso é apresentar o nascimento do jazz, o panorama de seus estilos, sua evolução e sua ligação com a cultura do século 20, mostrando a influência que vem exercendo sobre artistas e intelectuais ao longo dos seus 100 anos de história.
- 4 aulas às segundas-feiras, das 19h30 às 21h30
9 de novembro
O que é jazz? Blue note: a célula-mater. A matéria-prima do jazz: standards, blues etc. (Ilustração musical do cd What‘s Jazz - uma aula magistral do maestro Leonard Bernstein).
16 de novembro
A história do jazz: como e onde surgiu. Componentes sociais e geopolíticos que deram início ao gênero musical. As primeiras manifestações do jazz e suas características.
23 de novembro
Um panorama de estilos: o jazz tradicional e suas primeiras gravações. As Big Bands; a revolução do bebop; os anos 1950/ 1960/ 1970; a Bossa Nova; a ascensão da fusion; a volta de Miles Davis; as novas divas e os novos Sinatras.
30 de novembro
O erudito descobre o jazz: Ernest Ansermet e Sidney Bechet. O jungle sound de Duke Ellington e a arte africana. Jazz e dança: do Cotton Club a Hollywood. Anos 1960: a Igreja de St. John Coltrane. A imagem do jazz no século 21.

Roberto Muggiati é jornalista e escritor. Autor dos livros O que é jazz, Blues: da lama à fama e Improvisando Soluções: O Jazz como exemplo para alcançar o sucesso, entre outros. Trabalhou na BBC em Londres, período em que viu e ouviu de perto gigantes como Duke Ellington, Thelonious Monk, Miles Davis, Chet Baker, Bud Powell, Bill Evans, Gerry Mulligan e Dexter Gordon.
POP-Pólo de Pensamento Contemporâneo
Rua Conde Afonso Celso, 103 - Jardim Botânico - CEP 22461-060
Tel. (21) 2286-3299 e 2286-3682
O POP - Polo de Pensamento Contemporâneo é um espaço de estudos, discussão e convívio, onde se realizam cursos, oficinas, palestras e eventos culturais. 

Televisão é uma piada



por Eli Halfoun Assistir televisão não é a melhor opção para uma tarde de domingo, mas é sem dúvida a mais procurada por um grande público que por falta de condições financeiras não tem como sair de casa. As opções de programação oferecidas pela televisão não são das melhores. Ainda assim não se pode negar que O Domingão do Faustão cumpre direitinho o objetivo de ser não mais do que apenas um passatempo dominical. O programa até tem aberto oportunidades para jovens talentos musicais geralmente condenados a tocar (ou fazer barulho) em uma garagem que é, aliás, o título do quadro. Outra proposta de Fausto Silva é a de revelar o novo humor do Brasil (o velho é sem dúvida o de Brasília) através do quadro “Quem chega lá”. Só pode ser humor a maneira de apresentar os candidatos: Faustão solta a voz e apresenta o concorrente do novo humor do Brasil dizendo que fulano tem muitos anos de carreira e se apresenta no teatro em clubes e em casas noturnas. É a primeira piada: como é que alguém pode ser novo depois de tantos anos de carreira nas costa?

(Foto: reprodução TV Globo)

Lata nova, vinho velho

Por Eli Halfoun
Quem experimenta, estuda e pesquisa vinho (todo mundo acha que entende do assunto, mas são poucos os que realmente sabem das coisas) não deve andar nada entusiasmado com essa idéia de desengarrafar o vinho e transferi-lo para umas frias latinhas de alumínio como já fizeram (e descaracterizaram) com a cerveja. O bom vinho, que sempre teve nos variados tipos de garrafas e nos rótulos dois de seus muitos prazeres está sendo enlatado, como se fosse uma sardinha ou salsicha qualquer. O primeiro (tomara que seja o único) é o tinto frisante Vino & Fashion (não poderia haver nome mais inapropriado para um vinho) que começou a ser comercializado inicialmente na Itália e está desembarcando por aqui importado pela Solex Brasil. A novidade foi “criada” pela Pico Maccario uma das mais renomadas vinícolas italianas. O Vino & Fashion é feito com a uvavitinifera lambrusco cultivada somente no interior da Itália. Os primeiros enlatados são tintos, mas os irmãos Vitalino e Pico Maccario, proprietários da vinícola, prometem lançar também latas de vinho branco. Os franceses devem estar com ódio.

Um dia, uma gata (que não queria papo)

Do livro Aconteceu na Manchete - As histórias que ninguém contou (Desiderata)
Em setembro de 1995, para marcar os 50 anos da Segunda Guerra Mundial, o escritor e repórter Joel Silveira, na flor dos seus 77 anos de vida e do alto dos seus sessenta anos de atividade jornalística, publicou um livro inspirado na série de reportagens sobre o tema realizada para a Manchete, de Munique 1938 a Nuremberg 1948, além de Hiroshima, claro, e Nagasaki também. E, como prêmio conferido a ele por ele mesmo, foi-se de mala e cuia em um pulinho até a Europa ver como a "Velha Senhora" estava. Ia rever Paris, Milão, Florença, Veneza e adjacências, inclusive os Harry's e todos os bares de sua intensa carreira etílica. E foi em uma mesa de bar que bateu uma saudade, essa dor tropical, no peito do velho escritor. E Joel quis falar com sua gata de estimação, por telefone. Uma gata gorda e devassa, pelo menos na ótica do seu amigo Carlos Heitor Cony. Pois do outro lado da linha tinham respondido que a gata não queria papo. "Então aperta a barriga dela, quero ouvir pelo menos o miado!" Apertaram um pouquinho, ela miou. Pronto. Então ele pediu mais um para o moço do bar. Sem gelo. Cowboy. "Duplo."

Qual é mesmo a cor do talento?

por Eli Halfoun
Existe preconceito racial no Brasil? – essa é uma pergunta feita constantemente e para a qual a resposta é da boca pra fora um sonoro e hipócrita não. Mas não é o que o dia a dia nos mostra: estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada revela que o perfil do empregado que as empresas procuram é de homens (63%) e brancos (58%), números que descartam friamente os negros. Se não é preconceito é o que? Outra manifestação preconceituosa é a que destina cotas para estudantes negros nas universidades. Não estão, como se finge acreditar, beneficiando os negros: estão passando a mão na cabeça deles para disfarçar as restrições que enfrentam diariamente. Vejamos: o branco é mais bem colocado socialmente, mas isso não o faz um aluno mais preparado do que um estudante negro que mete a cara nos livros porque sabe que para poder continuar estudando é obrigado a ser um aluno exemplar. Assim mesmo enfrenta, como também mostra a pesquisa, maiores dificuldades para conquistar uma vaga no mercado de trabalho.
O estudo do Ipea revela que embora 9,134 milhões de pessoas tenham procurado (em 2007) emprego no país apenas 1,673 milhões estão aptas para ocupar as vagas disponíveis, mas o estudo não especifica a cor da pele dos que estão ou não estão aptos. Não é exatamente a aptidão que pesa mais na hora da escolha final. A cor da pele tranca com cadeados de preconceito as portas do mercado de trabalho aos negros.
Assim uma enorme fatia do povo é empurrada para trabalhos informais, que são “atividades de sobrevivência de populações marginalizadas no mercado de trabalho” gerando assim maior número de ambulantes e de “quebra galhos”, ou seja, de milhões de trabalhadores movimentando a economia informal.
O número de empregos formais gerados no Brasil precisaria ser 473% maior do que as 1.592 milhões ofertas. A conta simples: faltam mais de oito milhões de empregos para o sonho de criar 10 milhões de novas frentes de trabalho. Resumindo: a falta de empregos afeta os brancos e os negros, mas as poucas vagas limitam ainda mais a possibilidade do negro trabalhar com carteira e direitos trabalhistas. Estão tirando dos negros (e dos pobres) todos os direitos. Com preconceito enrustido fica pior. As coisas precisam ficar claras para todas as raças. Todas as pessoas.

Cachaça especial

por Eli Halfoun
É dia disso, dia daquilo. Tem dia pra tudo no Brasil que ganhará mais uma, digamos, data festiva: 13 de setembro passará a ser o Dia Nacional da Cachaça, data aprovada pela Comissão de Educação e Cultura da Câmara. A escolha do dia 13 do dia 13 de setembro é histórica: foi em 13 de setembro de 1661 que aconteceu uma revolta popular contra a colônia portuguesa que proibiu a comercialização do produto. O Brasil quer que a cachaça seja reconhecida internacionalmente como uma bebida autenticamente brasileira até porque é uma das preferências nacionais, o que leva a crer que não demora muito será criado também o Dia Nacional da Bunda que como se sabe é outra das preferências nacionais.

* Nesse quesito as brasileiras são imbatíveis

domingo, 1 de novembro de 2009

Proibido dirigir

Do livro Aconteceu na Manchete - As histórias que ninguém contou (Desiderata)
Um competente redator da Manchete não abria mão de passar no bar do Hotel Novo Mundo ao fim do expediente para alguns drinques de happy hour. Só que não eram apenas dois, três ou quatro uísques... Bem mais tarde, algumas doses acima do resto da humanidade, ele deixava o bar e ia pegar o carro estacionado na frente do hotel. No caminho, cruzava com o guarda de trânsito que ficava na esquina. O guarda, gente boa que deu plantão ali por décadas, já conhecia a turma e logo percebia suspeitos passos trocados. Imediatamente, impedia que o redator dirigisse e embarcava o rapaz em um táxi. "Pega o carro amanhã", recomendava. No dia seguinte, repetia-se a cena. O redator tomava alguns uísques a mais e o carro ficava mais uma noite ao relento. Essa rotina, às vezes, durava uma semana. A solução era mulher do redador vir resgatar o Fusca antes que a maresia - bons tempos em que o Rio não tinha tantos e tão ativos ladrões - corroesse o carango.

Todo cuidado é pouco

por Eli Halfoun
É inacreditável e inconcebível, mas está na primeira página da edição do Jornal do Brasil de domingo 1/11: os acidentes domésticos já são a principal causa de morte entre as crianças e a mais constante é o afogamento, responsável pela maioria dos casos registrados na faixa de 0 a 4 anos. Acidentes são acidentes e embora aconteçam alheios à nossa vontade podem ser perfeitamente evitados, o que significa dizer que todo cuidado é pouco, especialmente com as indefesas crianças. A mortalidade na infância teve uma grande queda, o que permitirá ao Brasil alcançar (até que enfim) em quatro anos uma das metas do Milênio da ONU. Ainda assim as mortes provocadas pelas chamadas causas externas, entre as quais está a violência, cresceram (ta na cara) e afetam faixas etárias cada vez mais precoces. A morte de crianças não deve ser um recorde do qual o Brasil possa orgulhar-se, ainda mais quando muitas delas ocorrem por afogamentos em simples bacias domésticas, como ocorreu há dias com uma menina de 4 anos, em Ribeirão Preto, São Paulo. Fica claro e na superfície que é preciso estar mais atento com nossas crianças. E isso começa dentro de casa.

Levanta, sacode a poeira

por Eli Halfoun
Certamente foi com um misto de decepção e tristeza que a torcida brasileira recebeu a notícia de que a atleta Daiane dos Santos foi flagrada no teste antidoping. Mesmo que consiga provar (o que certamente acontecerá) sua inocência a carreira de Daiane, que encantou o mundo com seus saltos e nossa música (emocionante ouvir “Brasileirinho” ao final de cada salto) ficará com uma cicatriz definitiva, que a partir de agora inclui a descrença da torcida e sem dúvida enfraquece o mérito de suas conquistas e esforço. Daiane não estava competindo, portanto, não visava obter qualquer vantagem quando utilizou o medicamento que a reprovou no teste antidoping. Ainda assim haverá em torno dela e por muito tempo uma mistura de orgulho e desconfiança.
Não há dúvidas de que Daiane não utilizou o medicamento “dedo-duro” por conta própria, embora a perigosa auto-medicação seja comum no Brasil. Uma atleta do porte de Daiane não correria o risco de automedicar-se: foi orientada por um médico. Nesse caso se faz necessário orientar os médicos, todos os médicos, sobre medicamentos que podem funcionar com um paciente qualquer, mas são prejudiciais para um atleta. Daiane superará o drama (sim,é um drama para uma atleta ver, mesmo que apenas temporariamente, sua dedicação condenada). Com saltos e movimentos precisos Daiane dos Santos terá de mostrar que é uma atleta acima de qualquer suspeita. E mostrará.

Um grito coletivo

por Eli Halfoun
Socorro - essa foi a única palavra (ou teria sido um grito) que a bonita e talentosa atriz Bia Seidl usou em recente entrevista (dessas rapidinhas que tentam mostrar o perfil de uma celebridade através de gostos e comportamento) para definir o Rio de Janeiro. Não poderia ser mais apropriado e definitivo. O Rio continua lindo, mas anda precisando com urgência de uma cirurgia plástica (não basta maquiagem) reparadora nos buracos que passaram a fazer parte da paisagem, nos hospitais ineficientes, nas escolas incompetentes, no transporte insuficiente. Em tudo. Bia Seidl não exagerou quando pediu socorro. Seu grito não precisa ser ouvido apenas pelas autoridades, mas também por toda a população: estamos destruindo as belezas naturais com as quais fomos generosamente brindados. O Cristo Redentor, uma das maravilhas do mundo, ainda está lá de braços abertos para nos abraçar; visto de longe o mar continua sorrindo um azul quer nos enche os olhos e o coração, como acontece também o verde de nossas matas. Essa é só e ainda uma paisagem de cartão postal. É linda vista de longe, mas começa a ficar assustadora, muito assustadora, de perto: por falta de amor (um amor que não podemos perder) estamos fazendo de tudo para acabar com as belezas que ainda são o nosso (e talvez único) melhor cartão de visitas.
É verdade que é responsabilidade das autoridades botar ordem na casa e dar um fim às nossas mazelas, incluindo a violência. A população também precisa fazer a sua parte preservando – e cada vez mais - o que recebemos de mão beijada. O grito de Bia Seidl (socorro) não é solitário. É o grito de todos que amam essa “cidade maravilhosa, cheia de encantos mil”. (foto de divulgação/TV globo)

Vídeo-memória

Você quer ver o comercial da edição especial da Manchete no Réveillon de 2000, com a cobertura da última virada do ano da revista. A Bloch Editores pediria falência em agosto daquele ano. A revista Manchete ainda ganharia uma sobrevida editada por uma cooperativa formada por ex-funcionários. Posteriormente, o título foi leiloado. O empresário e editor Marcos Dvoskin, detentor dos direitos, lançou mais algumas edições especiais de Carnaval pela Editora Manchete. Neste comercial, a locução é de Roberto Canázio, cuja voz virou uma marca das campanhas da revista. Veja no link Comercial da revista Manchete