sexta-feira, 30 de setembro de 2022

Mídia - Se os debates vão continuar assim, é melhor o Porta dos Fundos passar a organizá-los

Os debates presidenciais pouca ajudaram o eleitor a decidir seu voto. Perderam o sentido jornalísticoe assumiram um formato inútil de um tosco reality show.  As regras mal feitas (e aí a culpa é mais das assessorias dos candidatos do que das emissoras) permitem a formação de consórcios de candidatos contra um deles .No debate do Band as regras permitiram que Lula fosse pouco acionado pelos outros candidatos para responder a perguntas. Como resultado, foi o candidato que teve menos oportunidade para falar. No debate da Globo, sobrou tempo para confronto e faltou para discussão de propostas. O pior foi a presença imposta pela legislação de um candidato "laranja", o falso padre que atuou como "aviao" para o tráfico de perguntas de Bolsonaro.

As redes de TV precisam decidir se fazem dos debates um programa informativo e jornalístico ou se deixam como estão:  uma ridícula disputa ginasiana digna de Sicupira, sem o mérito de um roteiro escrito pelo genial Dias Gomes.

Uma solução é parar de discutir as regras do debate com os comitês de campanha dos presidenciáveis. Outra seria dividir os debates por temas. Emprego, saúde, educação, meio ambiente, energia, infraestrutura, segurança, indústria, novas tecnologias, transporte urbano, casa própria, agricultura, saneamento etc.

Cada candidato teria um tempo para falar dos seu programas de governo para as áreas referidas. Poderá optar por não falar, mas, se aceitar, não será permitido que discorra sobre outro assunto que não o tema proposto. Se o assunto for inflação e o sujeito preferir fala do kit gay, do jejum obrigatório ou de armas para as milícias terá o microfone desligado. Poderá haver um bloco livre para denúncias, críticas aos programas, casos de corrupção próprios ou de aliados, por exemplo.   O número de participantes é outro problema, mas aí cabe à legislação eleitoral criar critérios mais racionais ou pelo menos permitir que dois do blocos reunam apenas ou dois ou três com melhor colocação nas pesquisas.

O fato é que o formato atual é ruim, pode agradar aos marqueteiros e aos comentaristas políticos que gastam horas para "analisar" a mediocridade, mas, para os eleitores, é inútil e nem para entretenimento serve. O Porta dos Fundos faria melhor. 


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