terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Fotomemória da redação: em torno da mesa de luz... alguém sabe o que é isso?

1977, fechamento de uma edição da Fatos & Fotos: de olho na mesa de luz, o redator
Eduardo Lacombe, o editor Esmeraldo, o produtor Claudio Segtowich e, ao fundo,a repórter Heloísa Marra.

por José Esmeraldo Gonçalves 

E... no sétimo dia dava-se o fechamento. Se redação de revista fosse igreja e a conclusão de cada edição da semana fosse um culto, a mesa de luz seria o altar da pajelança final.

É preciso explicar à geração dos millennials digitais que raios era isso de mesa de luz.

Os fotógrafos de revistas como Manchete e Fatos & Fotos trabalhavam principalmente com filmes Ektachrome. As redações recebiam centenas de cartelas de plástico que acondicionavam slides de 35mm ou 6x6. Esse material era selecionado pelos editores em uma grande mesa em "L", cujo tampo, em um dos lados, era uma peça de acrílico montada sobre backlights fluorescentes. Aquilo esquentava e, depois de algum tempo, cansava vistas tal a brancura da luz projetada. Ali se decidia o fracasso ou o sucesso de uma edição.

A foto acima é de um desses fechamentos. Mais precisamente, a seleção de cromos para a capa da semana. Em seguida, o material era projetado em uma cabine, de onde saía a foto vencedora. Um curioso recurso artesanal dava maior precisão à escolha da capa: a foto era projetada sobre um caixote de madeira marcado com o logotipo da revista. Era uma espécie de "tela" branca que se destacava do fundo. Nunca se soube quem inventou aquele macete. O caixote criava um tosco mas eficiente "efeito 3D" que ajudava na avaliação do impacto da foto quando impressa ou exposta em bancas.

Impossível lembrar que capa era essa que a equipe examina. Mas a cena reflete o ritual de cada semana em torno da mítica mesa de luz de onde saíam tanto edições que quebravam as bancas quanto encalhes memoráveis.

No primeiro caso, tudo era festa; no segundo, sobrava para a mãe do editor que provavelmente era mais xingada na surdina do que genitora de juiz de futebol.

4 comentários:

Unknown disse...

Que delícia ler cada um dos textos aqui. Dá uma saudade incrível.

Administrador disse...

Reproduzimos as mensagens abaixo encaminhadas por email a José Carlos Jesus, presidente da Comissão de Ex-Empregados da Bloch Editores e repassadas ao blog:

"Muito legal!
Esta ferramenta, me serviu de inspiração para verificar transparência de cartas bombas, que na época tínhamos esta ameaça.
Gde abraço amigo!"
Jfsantos

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"Saudações meu nobre amigo, recordar é viver. É maravilhoso este momento quando chegava no setor que eu trabalhava, para imprimir"
gilmar barbosa melo

Administrador disse...

Reproduzimos as mensagens abaixo encaminhadas por email a José Carlos Jesus, presidente da Comissão de Ex-Empregados da Bloch Editores e repassadas ao blog:

"E', eu tinha uma mesa de luz na Sucursal de Nova York onde selecionava os cromos que mandava pelo malote diario para as revistas da casa: Manchete, F&F, Ele Ela etc. Isto nao existe mais...Boas lembrancas."
Sergio Alberto

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"Isto remete à inúmeras lembranças, de toda vez que a capa mensal da revista Desfile era decidida desta forma.

Roberto Barreira, muito tenso, convocava algumas pessoas para comentar e votar qual dos cromos seria a próxima capa da Desfile. Todos aglomeravam-se na minúscula "cabine"de projeção, os sucessivos slides eram projetados, para frente, para trás, até que finalmente, Barreira dava seu veredicto.

Surgia a próxima capa. Com certeza a torcida declarava: "É a mais bonita que já houve".

Tudo regado a todos falando ao mesmo tempo, agitação contagiante!

(uma de tantas lembranças de um tempo do século passado)

beijo a todos

Bia Cony







Prof. Honor disse...

O jornalismo feito em máquina de escrever era completamente diferente do que é praticado agora digitalmente. As ferramentas interferem na mensagem. A famosa frase e título de livro de McLuhan - o meio é a mensagem - ganha novo ângulo: a tecnologia é a mensagem.