terça-feira, 18 de dezembro de 2018

El País Brasil mostra que jornalismo não morreu. Alguns veículos tradicionais é que parecem estar em coma



O site de notícias El País Brasil informa que, segundo a plataforma Chartbeat, que afere audiência global na internet, a entrevista exclusiva com o traficante Antônio Bonfim Lopes, o Nem da Rocinha, assinada pelo repórter Gil Alessi e publicada no El País em março deste ano foi uma das que mais gerou engajamento nas redes sociais em todo o mundo. Cerca de 60 milhões de textos foram analisados e a citada entrevista ficou entre as 100 reportagens mais lidas no mundo.

Ainda segundo o Chartbeat, a notícia da morte do chef Anthony Bourdain, publicada no site da CNN, foi a que mais mobilizou as redes, seguida por um artigo anônimo no The New York Times sobre a administração do presidente Donald Trump. Em terceiro colocado ficou o blog da BBC sobre o Brexit.

Outros sites em língua portuguesa foram citados, mas não classificados, por notícias - e não por matérias exclusivas - sobre as últimas eleições brasileiras

Isso diz alguma coisa sobre a nossa velha mídia. Dançou nessa. E os motivos são os mais variados: em função de demissões em massa, comprometimento político, partidarismo, "reformulações" mal sucedidas e em série ou simples apatia jornalística, como em um caso desses, o do Nem, muitos veículos acabam comento pratos de moscas al dente.

A boa notícia é que, além do El País Brasil e de portais de notícias como BBC Brasil, DW Brasil, The Intercept Brasil, entre outros, com redações brasileiras de peso que produzem alternativas indispensáveis, a Agência Pública, especializada em fast checking, amplia sua equipe para produzir mais reportagens investigativas de interesse público e, principalmente, sobre temas mais sensíveis e menos presentes na grande mídia, que tem lá seus fortes interesses empresariais, partidários e ideológicos a influenciar pautas.

2019 é um ano crucial para o Brasil. O jornalismo não pode faltar à democracia. 

Um comentário:

J.A.Barros disse...

A reformulação mal sucedida do jornal O Globo, aumentou a sua queda de venda nas bancas de jornais. O público leitor não entendeu, ou não gostou, das mudanças editorais do jornal. Esse jornal que era farto em notícias passou a publicar reportagens frias em página inteira, parecendo mais revista. Não mais se dedicou a reportagens vivas e esqueceu do noticiário do dia–a–dia. A sua procura pelo leitor caiu muito forte até porque seus tradicionais leitores também abandonaram a compra do jornal. Agora é a volta de uma nova reformulação editorial dando ênfase às noticias do dia–a–dia.