quarta-feira, 1 de março de 2017

Rio dividido: turista argentina é baleada ao entrar por engano em área governada por traficantes.

Berlim: alerta explícito. Reprodução

Em Berlim, quando cidade dividida, placas em vários idiomas alertavam os locais e os visitantes sobre os limites das zonas ocidental e oriental. Eram chamativas, com um "ATENÇÃO" que não deixava dúvidas.

No Rio, o guerra não é fria, é quentíssima. Os cariocas já se acostumaram com as "áreas proibidas". Os moradores honestos das comunidades não têm alternativa a não ser aprender e obedecer aos códigos impostos pelos traficantes. Vivem em territórios ocupados, submetidos às duras "leis" locais.

A placa indica, ao mesmo tempo, uma ponto turístico
e uma comunidade dominada por traficantes. 

Já os visitantes, apesar dos alertas, estão naturalmente expostos a maior risco ao entrar inadvertidamente em acessos a comunidades dominadas pelo tráfico.Lá, a ordem dos "chefes" é fuzilar veículos desconhecidos, que eles têm como ameaça de invasão por parte de bandos rivais.

Nos últimos anos, foram várias tragédias, com vítimas fatais entre turistas estrangeiros e visitantes de outros estados, geralmente.

Um dos problemas é a indicação de fornecida por aplicativos que ignoram o risco ao sugerir rotas mais curtas, apesar de cruzarem territórios que pertencem ao tráfico de drogas. No ano passado, por ocasião das Olimpíadas, um desses aplicativos mapeou perigos e incluiu o alerta sobre as "zonas de perigo" da cidade. A prefeitura instalou, há tempos, placas nos acessos críticos. Mas são, digamos, discretas para não ferir suscetibilidades ou gerar ainda mais preconceito contra os moradores e trabalhadores honestos forçados a viver nas favelas.

Isso significa que, por omissão das autoridades, tais tragédias tendem a se repetir. Em dezembro passado, um turista italiano foi morto ao entrar por engano em um dos acessos ao Morro dos Prazeres, em Santa Teresa. Agora, no dia 27 último, uma turista argentina foi baleada em uma rua do mesmo morro quando tentava ir ao Corcovado.

Reprodução
Coincidentemente, no mesmo dia, um comandante militar escreveu um artigo no Globo criticando o eventual uso das Forças Armadas em operações de segurança pública.

Em um trecho, ele argumenta que às FFAA cabem "a preservação da soberania nacional, a integridade territorial e a proteção do país contra quaisquer ameaças externas".

Para os muitos brasileiros - que podem não conhecer as minúcias da lei mas sabem bem da realidade e infelizmente não param de contar seus mortos pelo tráfico -, fica difícil entender.

O Rio tem áreas onde o poder público não entra e não manda. A "integridade territorial" parece fantasia, nesses casos. Não estamos em guerra contra ameaças externas? Certamente não por parte de nações, mas por parte de contrabandistas de armas de combate e de drogas, sim. O inimigo está aqui, organizado em facções nas ruas, nos morros, nas cadeias, nas médias e grandes cidades. Esse inimigo tem leis, tem tribunais, tem hierarquia, setores financeiros e logísticos. E tem territórios.

Até onde o crime organizado vai sem que seja efetivamente combatido, só perguntando aos "chefes". Alguns estão em presídios, mas não fora de área dos celulares.

5 comentários:

Hector disse...

Tráfico é um problema nacional que não está sendo levando em conta. Nem legalizam as drogas, o que devia ser feito,. nem combatem com eficiência.
As forças Armadas não querem ser "polícia" no caso de combater os traficantes mas bem que foram "polícia" na ditadura. E foram "polícia" durante mais de 20 anos

Rick disse...

É isso, os traficantes são governo nas favelas que ocupam e pelo jeito ninguém tem culhão pra tirar eles de lá essa é a verdade

Bia disse...

O turista vê uma placa dessas e pensa claro que por ali vai pro corcovado

J.A.Barros disse...

Os bandidos perderam o medo da polícia.Hoje, a policia é que tem medos dos bandidos. Policiais mal treinados, até em tiros, porque não praticam tiro ao alvo por medida de economia, se tornam mal atiradores, errando sempre o alvo. Quanto aos bandidos eles se tornaram excelente atiradores porque vivem treinando nos morros. Não erram quando atiram, Infelizmente essa é a realidade. Atualmente, um advogado recém formado, após dois anos presta concurso para delegado, passa nas provas e temos um delegado sem nenhuma experiência desse exercício comando delegacias e detetives civis tendo que obedecer ordens de um delgado inexperiente no assunto.

J.A.Barros disse...

Foi uma boa lembrança. E naqueles idos as balas eram de fuzis automáticos de AK 47. Uma arma de guerra de tiro mortal.