Reprodução/O Globo |
Foto Alexandre Macieira/Riotur |
Foto Alexandre Macieira/Riotur |
A missão da Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha (DPHDM) é “preservar e divulgar o patrimônio histórico e cultural da Marinha, contribuindo para a conservação de sua memória e para o desenvolvimento da consciência marítima brasileira”.
Por isso, o projeto divulgado hoje na coluna de Ancelmo Gois, no Globo, é surpreendente. Trata-se de um museu a ser construído no Espaço Cultural da Marinha.
Um legado da Olimpíada amplamente aprovado por cariocas e visitantes foi a reintegração ao Rio do trecho da orla entre a Praça XV e a Praça Mauá que há mais de 200 anos era interditado a civis. A Marinha - que mantém na região, há alguns anos, o seu Espaço Cultural, iniciativa também elogiada, que atrai muitos visitantes -, colaborou com a Prefeitura e tornou possível a abertura total da via, o que fez o Centro da cidade reencontrar o mar.
O Complexo Cultural da Marinha é um circuito de enorme valor para a memória nacional. A Ilha Fiscal, o Museu Naval, documentos e peças históricas, navio, helicóptero, submarino, a galeota de D. João VI estão entre as atrações. Em todo aquele entorno que o público pode apreciar, hoje, respira-se história.
Na imagem, em segundo plano, as Docas da Alfândega. Reprodução |
Na reprodução da nota do Globo e nas fotos, vê-se que o futuro museu será construído no pier das antigas Docas da Alfândega, aterradas no século 19. As docas foram construídas em 1871 por ordem do Imperador D. Pedro II para atender ao até então precário porto do Rio.
É isso mesmo? Os antigos prédios, como mostra a ilustração do jornal, serão destruídos?
O projeto do futuro museu não está muito claro. Visualmente lembra um tapume. Melhor seria se o fosse. Assim, sinalizaria a restauração e não a destruição de um valioso patrimônio histórico.
É algo que merece urgente discussão do Instituto do Patrimônio Artístico e Histórico Nacional, da própria DPHDM, do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade e dos cariocas a quem, de resto, pertence a cidade..
ATUALIZAÇÃO EM 22/03/2017
A mesma coluna publica hoje uma explicação motivada, segundo a nota abaixo, pela manifestação de leitores preocupados com a construção do futuro Museu Marítimo do Brasil. A Marinha informou ao Globo que as construções em estilo colonial são de 1996 e que não são tombadas.
A título de informação, milhares de construções foram demolidas na Europa durante a Segunda Guerra Mundial, inclusive igrejas, mosteiros e palácios milenares. Muitas foram reconstruídas nas décadas de 1960 e 1970 e nem por isso são consideradas de menor valor e nem se permitiu que fossem erguidos no local espigões ou prédios de escritórios. A foto antiga reproduzida acima mostra, de qualquer forma, construções no local. Pode haver controvérsias, como diz um personagem da Escolinha do Professor Raimundo. O argumento oficial não anula, contudo, o absurdo de se erguer um paredão que interfere em todo aquele ambiente histórico..
Além disso, não fará mal uma transparência e abertura de mais detalhes sobre o futuro museu. A nota original diz que o projeto será apresentado no dia 5 de abril. Aguarde-se informações sobre verbas, custos, apoio e participação de grupos privados, demais parcerias, acompanhamento de instituições culturais federais, quem vai operar o Museu, prioridade etc.
Há esperanças de um voz sensata se erguer na tropa. Destaque-se que muito do patrimônio histórico e cultural do Brasil, como fortes e quarteis, por exemplo, não foi destruído por estar sob guarda das três Forças. Há áreas ambientais, como a belíssima Restinga de Marambaia, no Rio, que já não existiria se não fosse administrada pela Marinha e Exército. Há muito resorts já teria ocupado a região. Até o Geddel já teria um apê no pedaço. Duvida?
Reprodução |
10 comentários:
Não acredito que vão permitir isso. O tal museu lembra uma garagem de Zepellin
Essa Galeota, que transportou Dom João VI quando chegou no Brasil, é uma obra de arte. É uma beleza e nela se vê a técnica e a arte de nossos artesãos marítimos da época. É muito bonita e posso afirmar isso porque a vi quando visitei esse museu cultural fa Marinha.
Será que vão por abaixo esse monumento da nossa historia? Isso é muito típico deste nosso país: não preservar nosso monumentos históricos ao mesmo tempo destruindo tradições ricas de nossa história. Já disse aqui, em uma ocasião, que em Anchieta, município do Espírito Santo, terra em que este missionário viveu e escreveu o seu poema nas areias da praia e nessa mesma praia cavou um poço que jorrava água doce, a casa em que ele morou e morreu foi transformada em cadeia algumas centenas de anos depois, por algum político qualquer, que deve ter sido prefeito deste município. O altar-mor da Igreja que construiu não está mais no seu lugar, porque foi corroído pelo cupim e jogaram o que restou nos fundos da Igreja. Parece que nós brasileiros temos medo ou vergonha de nossas tradições.
Presta atenção na primeira foto em cima. Em primeiro plano o museu galpão em estilo colonial – muito bonito – e logo atrás uma bola amarela de publicidade de uma cerveja, tirando toda beleza e harmonia do conjunto da foto, que tem no seu fundo o contraste com o perfil dos prédios modernos recortado no céu de uma tarde de sol na baía da Guanabara.
Além do crime de destruir obra colonial, o projeto é horrendo é ultrapassado, cria um paredão em uma área linda dá cidade. Ali perto o aamudeu do Futuro tem linha leves e não agride a paisagem. Isso aí é uma ignorância de quem não respeita a cultura e a história.
Aliás, peço desculpas porque a tarde não era "uma bela tarde sol " era na verdade uma tarde de muitas nuvens cobrindo a baía.
Sei que o Brasil passa por uma fase terrível mas acho que não vai descer a esse ponto de desfaçatez com o patrimonio historico.
Repararam no final da nota? O jornal diz que é Maravilha! eu, hein!
Velharia cheia de rato, deve meter a picareta.
Na mesma região tem prédios e áreas ainda degradadas em direção ao no porto que poderiam receber novo espaço cultural. É preciso apurar bem essa história, a quem interessar, quem são os promotores do projeto quem pretende administrar. No Brasil, todo cuidado é pouco e é preciso transparência.
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