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Promenade des Anglais: de símbolo da arte de viver a palco de tragédia. Foto Nice Tourisme |
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Cidade cosmopolita, Istambul recebe turistas do mundo inteiro. O fundamentalismo religioso pode poluir o cartão-postal. Foto: Arquivo Panis |
por Jean-Paul Lagarride
Religiões proselitistas quando se impõem a um país e corrompem suas leis são fatores de desagregação. Minam relações pessoais, subjugam comunidades e dinamitam democracias.
O fanatismo e o fundamentalismo, nem se fala.
Essa semana dois trágicos exemplos fizeram jorrar sangue como consequência. O ato terrorista em Nice, França, e os conflitos na Turquia. O primeiro visa destruir um estilo de vida, uma cultura; o segundo é um embate entre a secularização e a islamização da Turquia.
Ambos fazem de vítima a liberdade.
Nice é um porto de lazer e prazer desde o século 18. Atraiu aristocratas, escritores e artistas e hoje é destino para milhões de turistas.
A cosmopolita Istambul, plantada em dois continentes, tinha, já na segunda metade do século 19, trens diários que a ligavam às principais capitais da Europa, e não apenas o luxuoso e lendário Expresso do Oriente que levava ricaços de Paris.
Nos últimos anos, Istambul tornou-se um dos principais destinos turísticos do mundo. A maioria da população é muçulmana. Há estudos que apontam em 66% o índice de praticantes, aqueles que vão às mesquitas pelo menos às sexta-feiras e rezam todos os dias. E há igrejas cristãs e sinagogas no país, que não tem religião oficial inscrita na Constituição. Desde a proclamação da República, em 1923, com o fim do sultanato, a Turquia é um Estado laico. E assim se manteve até o começo dos anos 2000, quando começou a ascensão de um partido islâmico, o AKP. A partir de então, antes como primeiro-ministro e agora como presidente, Recep Tayyip Erdoğan introduziu leis que começam a comprometer o Estado laico. Em pouco mais de 15 anos, as forças fundamentalistas conseguiram dividir a Turquia. O atual conflito armado, com a tentativa de uma parcela do exército para derrubar Erdogan, é parte de jogo.
Aparentemente, a investida do pequeno grupo de militares foi violentamente contida, mas as divergências estarão apenas reprimidas ou recolhidas. Há censura no país, perseguição a jornalistas, presos políticos, além de fortes denúncias de corrupção. Para cada civil que foi ontem às ruas impedir a quartelada, havia milhares em casa que, se não apoiaram a tentativa de golpe, veem com preocupação a democracia se esfacelar a partir do autoritarismo do atual presidente e temem a implantação de leis religiosas. O Exército já foi tido como uma espécie de guardião dos princípios laicos da República. aparentemente, não o é mais. Ao mesmo tempo, o AKP cresce eleitoralmente. As águas não estão calmas no Bósforo e não há previsão de tempo bom na Turquia. O país participa de organizações ocidentais, como a Otan. Tinha pretensões de entrar para a União Europeia. A configuração política e as perspectivas internas tornam esse objetivo mais distante.
Erdogan já pode ser considerado um ditador, só que é desses como da Arabia Saudita, Catar, etc, apoiado pelo Ocidente. A Turquia caminha para sharia, fim da liberdade etc etc
ResponderExcluirQuando as potência ocidentais vão fazer uma Tempestade no Estado Islâmico?
ResponderExcluirA Turquia vai em um caminho radical. Acho que vai em seguida se afastar do Ocidente.
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