A torre inacabada, parte de um projeto que lesou centenas de pessoas, recebe a exposição "Permanências e Destruições. Foto: Cristina Lacerda/Divulgação |
Vista do interior de um dos aprtamentos. Foto Cristina Lacerda/Divulgação |
Uma das intervenções artísticas de Daniel Albuquerque transforma uma coluna em um "cigarro''. Foto Cristina Lacerda/Divulgação |
A oca de Anton Steenbock. Foto de Cristina Lacerda/Divulgação |
O anúncio do lançamento das torres nos anos 70 iludiu compradores. |
O governo da Guanabara apoiava o projeto que se transformou em um grande escândalo imobiliário. No anúncio, o slogan "Brasil Grande", da ditadura. |
por Flávio Sépia
Durante as Olimpíadas, a Barra da Tijuca vai receber milhares de turistas. Muitos destes que virão ao Rio talvez tenham interesse em arquitetura e incluam nos seus roteiros obras de Oscar Niemeyer na cidade e em Niterói conhecidas internacionalmente.
Mas só um guia muito senior vai lembrar de indicar uma obra do famoso arquiteto plantada bem no caminho da Cidade Olímpica.
Os cariocas estão cansados de ver aquelas torres que, há mais de 40 anos, fazem parte do cenário da Avenida das Américas. Muitos nem nascidos eram quando Mucio Athayde, político mineiro, deputado que passou pela UDN, PTB e PMDB, contratou o projeto urbanístico de Lúcio Costa e a prancheta de Niemeyer para erguer 70 imensas torres redondas de apartamentos. Apenas três saíram do papel, duas ficaram prontas, depois de anos e anos, e uma é ainda pouco mais do que um esqueleto.
Ao longo de décadas, o que o empresário construiu foi um dos maiores escândalos imobiliários do país. Muitas pessoas que compararam unidades na planta foram lesadas, tiveram prejuízo irrecuperáveis e a maior parte do terreno que abrigaria o conjunto Athaydeville que, no lançamento chamava-se Centro da Barra, foi vendida.
Quem tiver curiosidade em conhecer o projeto de Niemeyer que já era sem nunca ter sido pode ir lá, até domingo, 19, conferir a exposição "Permanências e Destruições" (Projeto de Arte Pública da Oi Futuro, com trabalhos de Daniel Albuquerque, Anton Steenbock, Igor Vidor, Angelo Venosa, Janaina Wagner, entre outros), que reúne obras de artistas plásticos que reinterpretam o espaço.
Em 37 andares, pinturas, inscrições, túneis de pano, oca, cama elástica no terraço, projeção de vídeo ocupam a torre. O caos da construção inacabada faz parte do exercício artístico.
O grandioso "Centro da Barra" virou um incômoda lembrança urbana.
Um comentário:
Quem sonhou com casa próprio ficou com zero. Deve ter sido mais um escandalo impune no Brasil e pra variar com politico no meio
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