segunda-feira, 27 de outubro de 2014

A desqualificação preconceituosa do conceito democrático de "cada pessoa, um voto"

Paulo Pinto-Fotos Públicas
As demonstrações de ódio e preconceito na avaliação dos votos nos estados não chegam a causar surpresa. Quando Collor foi bombado pela mídia, a todo custo, como se sabe, e eleito com boa votação no Nordeste e expressivo apoio no Sudeste e no Sul, nenhuma voz contestou os votos lá de cima. As análises, ontem à noite, foram um rosário de preconceitos e de, aparentemente, vontade de que o Brasil providencie um tipo de apartheid eleitoral que evite a ousadia, imagine, de o Nordeste atrapalhar os planos dos conservadores. É um desrespeito aos eleitores de todo o Brasil. Os analistas usavam para embasar seu argumentos os percentuais. Evitavam nessas análises apontar os números absolutos. Por exemplo, no Paraná, alardeavam que Aécio teve um percentual de 61% dos votos e Dilma, 39%. Impressiona a diferença, não? Mas confira o número de votos no mesmo estado; Aécio, 3.769.054; Dilma, 2.409.677. Ou seja, quase 2 milhões e meio de nordestinos embarcaram em um pau-de-arara e foram poluir os votos dos paranaenses. Ou será que os milhões de paranaenses são paranaenses mesmo e acharam que Dilma é melhor opção do que Aécio? Vamos para Santa Catarina: quase 1 milhão e meio cravaram Dilma. Rio Grande do Sul, quase 3 milhões de nordestinos "infiltrados" votaram em Dilma. Minas, quase 6 milhões foram no 13; Rio, cerca de 4 milhões e meio (Aécio teve pouco mais de 3 milhões e 600; Espirito Santo, Aécio teve 1 milhão, Dilma perto disso, 912 mil. E, o mais absurdo, 8 milhões e meio de paulistas, com duas décadas de tucanos nas costas, fizeram a besteira de votar em Dilma. Bom, talvez tenham sido os porteiros, pedreiros e garçons importados do Nordeste. Vamos desconsiderar. Veja agora, a contrapartida: Aécio recebeu quase 1 milhão e meio de votos em Pernambuco. De acordo com o raciocínio dos analistas na TV ontem, provavelmente foram paranaenses que se mandaram para o sertão pernambucano apenas para votar em Aécio. Mesma coisa na Bahia onde Aécio teve mais de 2 milhões de votos, só que lá foram catarinenses e paulistas que se infiltraram entre a galera do Bolsa Família para votar em Aécio só de sacanagem.
É isso, caros, O Brasil elegeu Dilma, apesar da poderosa campanha midiática. Melhor parar de destilar bílis e torcer para que ela faça um segundo governo melhor, bem melhor do que o primeiro, corrija os erros, não perca o foco social, faça o país crescer e não governe apenas para o The Economist e seus garotos do mercado, não descuide do emprego, da infraestrutura, da educação e da saúde. Que lute contra a corrupção no âmbito federal e torça para que governadores do PSDB, PMDB, PSB, PROS, PSD, PCdoB e todos os partidos façam o mesmo com a roubalheira nos seus terreiros estaduais. Que a mídia ajude a combater isso de forma não seletiva, porque ao escolher que ladrão vai denunciar ela abraça o gatuno que prefere esconder.
E para aqueles que vão preferir deixar o Brasil, não façam isso. Fiquem para ajudar. Mas até dá para entender: a cidade em que Aécio teve o maior percentual de votos não fica no Brasil. É Miami, onde o tucan bird teve 91,79% dos votos válidos (e votos legítimos, de brasileiros que devem ser respeitados) contra 8,21% de Dilma.
Aos que partem, se for inevitável a diáspora - e estes também devem ser respeitados na sua decisão,  boa viagem. Até um dia, quem sabe. Como deve estar dizendo, hoje, um eleitor de Dilma citando Paulinho da Viola, "me perdõe a festa, é a alma do nosso negócio..."
Paulo Pinto-Fotos Públicas

Paulo Pinto-Fotos Públicas

Paulo Pinto-Fotos Públicas

4 comentários:

J.A.Barros disse...

Sabe qual era o medo dos que votaram em Dilma? Não sabe, não é? Era a mentira, a desonestidade da campanha que botou na cabeça desses que votaram no atual presidente de que o adversário iria acabar com o Bolsa Família. Ora, por aí pode-se entender porque a candidata à reeleição ganhou. A falta de educação do brasileiro médio e em especial os que recebem o Bolsa Família não sabem que esse benefício é lei votada e aprovada no Congresso. Essa é uma das razões que o governo não investe em educação primária e média. Manter o brasileiro analfabeto e burro é a sua grande chave.

Wilson disse...

Mentiroso é você que fica repetindo mentiras. Aprenda: até alguns da imprensa falaram isso. Não é boato, o fim do Bolsa Família ou a mudança do programa. Arminio Fraga tem a mesma política antisocial do governo FHC. Falou tudo isso. Falou também que acabava com Banco do Brasil, Cauixa Economica e BNDES, ninguém inventou isso, está na política dele

Wilson disse...

Quen está investindo no ódio quase nazista são os jornais e seus colunistas o tempo todo e continuam depois da eleição.

J.A.Barros disse...

É difícil tentar dialogar com idiotas e com a mente fechada pela burrice.