por Eli Halfoun
Há anos os moradores de Copacabana viveram
uma estranha e desaprovada experiência: um grupo de jovens (todos lutadores de
artes marciais) decidiu criar uma patrulha de vigilantes para acabar com os constantes
roubos que aconteciam nas ruas bairro. Os tais vigilantes andavam em grupo
pelas ruas do bairro, especialmente a Avenida Atlântica, não para executar um ilegal
trabalho policial, mas para preservar o bairro e evidentemente seus familiares
que ali habitavam. Não lembro de ter visto (eu morava em Copa e já era
repórter) nenhum cruel ato de violência contra qualquer ladrão que era apanhado em ação. A
intenção não parecia ser a de agredir ninguém, mas apenas de trazer paz ao
bairro, o que o grupo de vigilância conseguiu afugentando os ladrões do pedaço
assustados como o que lhes poderia acontecer caso fossem apanhados em flagrante.
A violência da época era menos cruel
do que a atual (os bandidos ainda não matavam inocentes sem dó nem piedade). Talvez
por isso os ladrões de ontem tenham saído do caminho da vigilância em Copacabana. Não sei
se isso aconteceria nesse momento. Agora os ladrões se acham (e são) mais
poderosos do que a polícia: a bandidagem está mais e melhor organizada e armada
do que a polícia que deveria nos defender.
O fato é que o gritante aumento da
violência está deixando a população desnorteada sem saber exatamente o que fazer
para se defender, já que não acredita mais no sistema de segurança que o estado
insiste em dizer que funciona bem. Naquela época o grupo de Copacabana foi
desfeito rapidamente porque os moradores do bairro não toparam a tal da “justiça
pelas próprias mãos”: fazer justiça pelas próprias mãos é cometer um ato tão
criminoso quanto aqueles dos quais somos vítimas. Pode ser que alguém ainda
acredite que é preciso acabar com os bandidos de qualquer maneira e até torça
por execuções sumárias no meio da rua que pode até parecer, mas ainda não é uma
aberta praça de guerra.
A população não quer de jeito nenhum
que se formem grupos de justiceiros que acabam sendo tão bandidos quanto s
bandidos que querem eliminar.
É inevitável que o pensamento de
fazer justiça para defender-se esteja presente muitas vezes e ele só acontece
porque a população se sente totalmente desamparada e desprotegida, mas nem por
isso aceita execuções sumárias como atos de segurança.
A apresentadora Rachel Sheherazade
exagerou em sua opinião, mas acabou refletindo de forma errada a opinião de
muita gente que não aguenta mais ser vítima de violência e do medo. A
apresentadora falou demais, ou seja, não pensou duas vezes para fazer sem
hipocrisia um desabafo que no fundo é o desabafo da população - mesmo da maioria
que não aceita a justiça pelas próprias mãos simplesmente porque ela também é
uma violência muito grave e desumana. A opinião da apresentadora do Jornal do
SBT não é o que pensa a emissora que fez questão de em nota oficial deixar clara
suas posição contra qualquer tipo de reação popular violenta. Todos repudiamos
atos de covardia mesmo no combate sãos que vivem cometendo atos covardes contra
pessoas que só querem amor e paz.
Não há dúvidas de que apesar de seu
exagerado desabafo a apresentadora Rachel Sheherazade só quer como todos nós
amor e paz. Só que ainda não sabe como dizer isso. De qualquer maneira sua maneira
sua agressiva opinião acabou nos fazendo refletir sobre a necessidade de jamais
permitir que a violência se apodere de nós de em nome de uma suposta justiça.
Violência é violência mesmo quando acreditamos que é justiça. Nunca foi e nunca
será. Justiça é paz e amor. (Eli Halfoun)
Um comentário:
Essa mulher sabe bem o que falou, não é inocente, pregou a violência e incitou muitas pessoas a agirem como ela falou. Não acredito que a população pensa assim, pelo menos não a grande maioria do povo brasileiro que pede mais segurança, sofre com a violência, mas não é uma leva de assassinos. Essa senhora é uma irresponsável.
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