sábado, 8 de fevereiro de 2014

Fazer justiça com as próprias mãos é uma violência tão cruel tão cruel quanto a violência que sofremos

por Eli Halfoun
Há anos os moradores de Copacabana viveram uma estranha e desaprovada experiência: um grupo de jovens (todos lutadores de artes marciais) decidiu criar uma patrulha de vigilantes para acabar com os constantes roubos que aconteciam nas ruas bairro. Os tais vigilantes andavam em grupo pelas ruas do bairro, especialmente a Avenida Atlântica, não para executar um ilegal trabalho policial, mas para preservar o bairro e evidentemente seus familiares que ali habitavam. Não lembro de ter visto (eu morava em Copa e já era repórter) nenhum cruel ato de violência contra qualquer ladrão que era apanhado em ação. A intenção não parecia ser a de agredir ninguém, mas apenas de trazer paz ao bairro, o que o grupo de vigilância conseguiu afugentando os ladrões do pedaço assustados como o que lhes poderia acontecer caso fossem apanhados em flagrante.
A violência da época era menos cruel do que a atual (os bandidos ainda não matavam inocentes sem dó nem piedade). Talvez por isso os ladrões de ontem tenham saído do caminho da vigilância em Copacabana. Não sei se isso aconteceria nesse momento. Agora os ladrões se acham (e são) mais poderosos do que a polícia: a bandidagem está mais e melhor organizada e armada do que a polícia que deveria nos defender.
O fato é que o gritante aumento da violência está deixando a população desnorteada sem saber exatamente o que fazer para se defender, já que não acredita mais no sistema de segurança que o estado insiste em dizer que funciona bem. Naquela época o grupo de Copacabana foi desfeito rapidamente porque os moradores do bairro não toparam a tal da “justiça pelas próprias mãos”: fazer justiça pelas próprias mãos é cometer um ato tão criminoso quanto aqueles dos quais somos vítimas. Pode ser que alguém ainda acredite que é preciso acabar com os bandidos de qualquer maneira e até torça por execuções sumárias no meio da rua que pode até parecer, mas ainda não é uma aberta praça de guerra.
A população não quer de jeito nenhum que se formem grupos de justiceiros que acabam sendo tão bandidos quanto s bandidos que querem eliminar.
É inevitável que o pensamento de fazer justiça para defender-se esteja presente muitas vezes e ele só acontece porque a população se sente totalmente desamparada e desprotegida, mas nem por isso aceita execuções sumárias como atos de segurança.
A apresentadora Rachel Sheherazade exagerou em sua opinião, mas acabou refletindo de forma errada a opinião de muita gente que não aguenta mais ser vítima de violência e do medo. A apresentadora falou demais, ou seja, não pensou duas vezes para fazer sem hipocrisia um desabafo que no fundo é o desabafo da população - mesmo da maioria que não aceita a justiça pelas próprias mãos simplesmente porque ela também é uma violência muito grave e desumana. A opinião da apresentadora do Jornal do SBT não é o que pensa a emissora que fez questão de em nota oficial deixar clara suas posição contra qualquer tipo de reação popular violenta. Todos repudiamos atos de covardia mesmo no combate sãos que vivem cometendo atos covardes contra pessoas que só querem amor e paz. 

Não há dúvidas de que apesar de seu exagerado desabafo a apresentadora Rachel Sheherazade só quer como todos nós amor e paz. Só que ainda não sabe como dizer isso. De qualquer maneira sua maneira sua agressiva opinião acabou nos fazendo refletir sobre a necessidade de jamais permitir que a violência se apodere de nós de em nome de uma suposta justiça. Violência é violência mesmo quando acreditamos que é justiça. Nunca foi e nunca será. Justiça é paz e amor. (Eli Halfoun)

Um comentário:

Ludmila disse...

Essa mulher sabe bem o que falou, não é inocente, pregou a violência e incitou muitas pessoas a agirem como ela falou. Não acredito que a população pensa assim, pelo menos não a grande maioria do povo brasileiro que pede mais segurança, sofre com a violência, mas não é uma leva de assassinos. Essa senhora é uma irresponsável.