por Eli Halfoun
A chuva é nova, mas a história é
antiga: todo ano se repete com o temporal que desaba em janeiro. Todo mundo sabe
que mais dia menos dia a tragédia virá porque nada se faz
para impedir que ruas alaguem, casas caiam, pessoas que nada tem fiquem com
menos ainda. É impressionante como a natureza é mais cruel justamente com os
mais indefesos: a mesma chuva que mata e provoca estragos quase sempre irrecuperáveis
em locais que parecem esquecidos pelas autoridades e até por Deus é a que o ano
inteiro faz falta no nordeste e também mata deixando um rastro de miséria que, como a tragédia das enchentes, leva qualquer um às lágrimas. Não se tem feito
muito (na verdade quase nada) para impedir que a história se repita no sul, no
sudeste, no norte ou no nordeste. Ninguém pode impedir a ação da natureza, mas
é perfeitamente possível pelo menos tentar impedir que essa mesma natureza que
nos alimenta também nos mate. Se entra ano sai ano a história é sempre a mesma
e se todos sabem disso deveriam saber também que um trabalho de proteção e de prevenção
deveria ser realizado o ano inteiro (acelerado em dezembro) para impedir que
vidas já sacrificadas sejam carregadas morro abaixo e se transformem apenas em
um amontoado de lixo, que é, aliás, como essa pobre e grande parcela da
população é tratada há anos. Seja no excesso de água ou na tragédia da seca a
única coisa que ainda resiste é a esperança de pessoas que no peito e na raça
aprenderam a recomeçar e a jamais perder a esperança. Esperança ajuda, mas não
é solução. (Eli Halfoun)
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