sábado, 5 de janeiro de 2013

A chuva e a seca carregam tudo. Só não levam a esperança


por Eli Halfoun
A chuva é nova, mas a história é antiga: todo ano se repete com o temporal que desaba em janeiro. Todo mundo sabe que mais dia menos dia a tragédia virá porque nada se faz para impedir que ruas alaguem, casas caiam, pessoas que nada tem fiquem com menos ainda. É impressionante como a natureza é mais cruel justamente com os mais indefesos: a mesma chuva que mata e provoca estragos quase sempre irrecuperáveis em locais que parecem esquecidos pelas autoridades e até por Deus é a que o ano inteiro faz falta no nordeste e também mata deixando um rastro de miséria que, como a tragédia das enchentes, leva qualquer um às lágrimas. Não se tem feito muito (na verdade quase nada) para impedir que a história se repita no sul, no sudeste, no norte ou no nordeste. Ninguém pode impedir a ação da natureza, mas é perfeitamente possível pelo menos tentar impedir que essa mesma natureza que nos alimenta também nos mate. Se entra ano sai ano a história é sempre a mesma e se todos sabem disso deveriam saber também que um trabalho de proteção e de prevenção deveria ser realizado o ano inteiro (acelerado em dezembro) para impedir que vidas já sacrificadas sejam carregadas morro abaixo e se transformem apenas em um amontoado de lixo, que é, aliás, como essa pobre e grande parcela da população é tratada há anos. Seja no excesso de água ou na tragédia da seca a única coisa que ainda resiste é a esperança de pessoas que no peito e na raça aprenderam a recomeçar e a jamais perder a esperança. Esperança ajuda, mas não é solução. (Eli Halfoun)

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