Nunca antes neste país...

por deBarros
A CBF, ao que parece, deixou de ser uma instituição puramente civil, privada, voltada somente para o esporte a que se dedica, que é o futebol, o qual normaliza e direciona administrativamente. De acordo com a informação de Monica Bergamo, na sua página no jornal Folha de São Paulo, a CBF passa a ter, visivelmente, a partir de um jantar com o ex-presidente, ingerência política. E nesse jantar seria decidida a permanência do senhor Mano Menezes como técnico da Seleção Brasileira. Desde quando a escolha de um técnico da Seleção Brasileira é decidida em um jantar? E por um político? João Saldanha se demitiu de técnico da Seleção que conquistaria o tri campeonato do Mundo, em 1970, em campos mexicanos, com um time convocado por ele, porque o então presidente do Brasil, sob o regime militar, o general Garrastazu Médici, escalou Dario –aliás, um grande jogador – para ser o centro avante da Seleção. Como João Saldanha não admitia intervenção politica em futebol, muito menos em um time em que era o técnico, pegou o seu boné e o .38 – como bom gaúcho que era – com que certa vez atirou no Manga, goleiro do Botafogo e caiu fora.

Mas os tempos mudaram. Hoje, a CBF janta com líderes políticos em um encontro cujo tema é o técnico da Seleção, técnico esse que acaba de perder a Medalha de Ouro, contra o México, nos jogos da Olimpíada em Londres. Técnico que está sendo mantido mas não soube convocar os jogadores para a Seleção, não soube formar um time, não soube armar jogadas para ganhar e não soube fazer a troca de jogadores durante os jogos. Aliás, o senhor Mano Menezes foi na história da Seleção Brasileira o único técnico que nunca foi criticado, chamado a atenção, pressionado, cobrado nas entrevistas, enfim, como profissional, pela mídia brasileira. Essa condescendência é um fato inédito no jornalismo do futebol brasileiro. Agora então, sob as bênçãos de ex-presidente, vai ficar eternamente deitado no berço esplêndido do cargo. (deBarros)