quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Silvio de Abreu: uma inteligente parceria com a mídia

por Eli Halfoun
O mistério criado na imprensa e alimentado pelo próprio autor em torno da morte de um dos personagens da novela “Passione” ficou tão grande quanto aquele que Silvio de Abreu deixa rolar na trama da novela. Autor experiente, Silvio de Abreu dever ter buscado em muitos filmes (é apaixonado por cinema) não exatamente como, digamos, inspiração para o assassinato envolver uma dezena de personagens na teia que tirará um de cena. O autor não adianta nada, o que aumenta as especulações e alimenta o mistério na mídia atraindo mais interesse e curiosidade do público. O telespectador está motivado e envolvido por um jogo de adivinhação para saber quem será o morto e quem será o assassino, mistério que ao que tudo indica se estenderá até o final da novela. A trama, especialmente na mídia, não poderia ter sido mais bem construída: hoje ninguém aposta todas as fichas em um único assassinado que pode ser Saulo, Fred, Clara, Diana, Mauro, Stela, Antero e Bete. Tiro duplo e certeiro: quem não morrer certamente será suspeito. Em vez de brigar com a imprensa como costumam fazer os autores, Silvio de Abreu teve a inteligência de buscar a mídia para uma parceria que tem dado o melhor dos resultados: a imprensa alimenta o mistério, mas não pode resolvê-lo. O autor abastece a imprensa como farta munição de hipóteses e só ele pode acabar com a duvida de “quem morrerá?”. Um quebra cabeça bem montado a mostrar que o autor que tiver inteligência suficiente para unir-se com a mídia só sairá ganhando, assim como a novela e o público que,convenhamos, adora esse joguinho de adivinhação que o transforma também em “autor” e é assunto para muito papo. Portanto, quanto mais confusão, melhor.

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