terça-feira, 6 de julho de 2010

Seleção 2014, a missão

por Gonça
O comentário de Eli Halfoun, logo aí abaixo, e as citações de Tostão, são oportunas. Mudam os técnicos, formam-se equipes mais ou menos motivadas, alguns erros são corrigidos, outros cometidos, mas a seleção permanece submissa a alguns conhecidos fatores externos que atrapalham os treinadores, qualquer que seja ele. Patrocinadores que impõem amistosos sem qualquer importância; influência de empresários de jogadores; calendário de treinamento exíguo; ausência de competições importantes e por aí vai. São problemas, a bem da verdade, que atingiram Dunga, Parreira, Felipão e outros no passado recente.
A qualidade do jogador brasileiro e a capacidade de repor peças ainda compensam e, de certa forma, podem fazer diferença. Mas as seleções da Europa, por exemplo, chegam à Copa muito mais testadas e treinadas. Primeiro, as eliminatórias são equilibradas e disputadissimas. Segundo, a Eurocopa é o torneio que, hoje, em termos de competição e técnica, mas se aproxima da importância de uma Copa do Mundo. São etapas importantes de preparação. Já a América do Sul tem a Copa América, de nível técnico inferior, com seleções geralmente prejudicadas por ausências de jogadores que atuam nos times europeus; e a Copa das Confederações. No mais, amistosos ou exibições. É pouco.
Se o Ricardo Teixeira quer mudar alguma coisa - e o homem é ele, já que toma as decisões e não é demissível a cada fracasso - devia pensar por exemplo em uma fórmula para segurar no Brasil jogadores como Ganso, Felipe Coutinho, Neymar e outros. Talvez, usar o fabuloso caixa da entidade e pedir apoio dos patrocinadores bilionários da seleção. Afinal, um bom time é sinônimo de bom marketing. Ricardo Teixeira, que é influente na Fifa, também poderia em nome do bom futebol mundial, tentar para limitar o excesso de jogadores estrangeiros nos times europeus. Já escrevi aqui que essa "invasão" prejudica os países exportadores e os importadores. Os daqui perdem os craques; os de lá não desenvolvem e nem dão experiência adequada aos seus talentos, já que a maioria é reserva nos grandes times.
Como diz o Eli, há muito o que mudar.
Trocar o treinador é a atitude mais fácil. Formar uma equipe jovem para 2014, com peças experientes em uma ou outra posição, é boa providência. Mas tem que começar logo. E é preciso segurar os talentos aqui no Brasil. Quando o empresário leva um Ganso para a Europa, ou um Felipe Coutinho, pelos menos dois prejuízos ocorrem em curto prazo:
- um jogador jovem, como o ex-promissor Pato, por exemplo, entra em um novo ambiente, perde o seu "jogo", é forçado a adaptar-se às instruções dos treinadores europeus. E começa a mudar, geralmente para pior, seu jeito de jogar. Aos poucos, vai deixando de lado suas características de jogador brasileiro.
- Quando um time revela craques, o Santos, por exemplo, os treinos, as competições disputadas e a convivência dos demais jogadores com os fora-de-série costumam levantar o nível técnico do elenco. Todos crescem juntos. Quando os tais craques vão embora precocemente, todos perdem: o fora-de-série, que poderia desenvolver seu futebol no melhor ambiente para suas características, e os seus alas.
Renovar é preciso. Mas que a CBF e o novo treinador saibam resistir às pressões de sempre. Tem sempre alguém querendo Ronaldo Fenômeno, Ronaldinho, Adriano, Kaká...
Em duas recentes Copas, a de 1998 e a de 2006, o direção da seleção caminhou para o abismo "fechada" com convulsão e obesidade, mas não barrou os superastros. Dessa vez, parece evidente que o Kaká - de quem se diz que estaria precisando fazer uma cirurgia delicada, nos quadris, semelhante à do Guga - não tinha condições de jogar seu futebol plenamente. Se for verdade, foi um erro e o time pagou por isso também.
Curiosamente, a mídia parece se contentar com coletivas e jamais desvenda esses mistérios. E não importa muito se o treinador é acessível ou não. Com Zagalo, até hoje não apurou a verdade sobre a tal convulsão do Ronaldo Fenômeno; com Parreira e toda a abertura, não denunciou os mais de 100 quilos do mesmo Fenômeno e o excesso de peso de alguns outros nome. Muito menos, publicou a farra em boates ainda no treinamento na Suiça (foi preciso uma agência estrangeira divulgar fotos); Com Dunga, fica devendo informações sobre a real situação de Kaká, se ele tinha ou não condições de ir à Copa.   

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