quinta-feira, 18 de junho de 2009

Senhor, 50 anos: memória de revista


Para lembrar: há 50 anos, chegava às bancas, por módicos CR$70,00, a revista Senhor. O ano era 1959, tempos de bossa nova, Brasília, cinema novo despontando, o Brasil sonhando com democracia sem imaginar o pesadelo que aguardava logo ali na esquina 64. Nahum Sirotsky era o redator-chefe, Paulo Francis editor-assistente, Carlos Scliar diretor de arte. O número 1 (olha a capa aí ao lado) tinha artigos de Otto Maria Carpeaux (Whodunit, os prazeres do crime), Carlos Lacerda (Uma rosa é uma rosa é uma rosa), Reynaldo Jardim (Como matar um escritor), um conto de Clarice Lispector (A menor mulher do mundo), outro de Ray Bradbury (La noche) e duas páginas assinadas pelo cartunista Jaguar (Welcome to Rio). Impossível deixar de folhear com prazer uma matéria intitulada Arte de Hoje, ilustrada com reproduções bem impressas de obras de Djanira, Tarsila, Milton da Costa, Ivan Serpa, Portinari e Krajcberg. O número 1 tinha poucos anúncios: o Super Constellation da Real Aerovias fazia a rota Rio-NY, o DKW Vemag era o carro do momento. Ao apresentar a revista, Nahum fez uma curiosa carta de princípios. "Em primeiro lugar" - escreveu -, "devo dizer que não fiz uma revista feminina por três motivos: porque já há muitas; porque as mulheres não gostam de revistas femininas; porque as mulheres estão querendo cada vez mais saber exatamente o que os homens andam querendo saber". Senhor inovava em conteúdo e forma. Ficou como uma bela referência jornalística e inspirou muitas publicações nos anos seguintes. Tim-tim!

Um comentário:

Jussara disse...

Só conheci a revista anos depois. Quando ela foi lançada eu, infelizmente, ainda não sabia ler...
:-)