Depois de algumas tentativas frustradas, consegui comprar uma passagem aérea para São Paulo. Com 15 dias de antecedência e muita insistência no computador, só consegui a de ida. A de volta, tive de comprar pelo processo normal e pagar mais caro, quer dizer, bem mais caro, quase 300 reais. De qualquer maneira iria economizar um bom dinheiro.
Chegou o dia da viagem. Teria de chegar uma hora antes do vôo. Levantei às 5 horas da manhã. Na hora marcada, 6h45, o taxista chegou e lá fomos rumo ao Galeão, temendo pegar engarrafamento na Ponte. O tráfego estava lento mas não dava para assustar. Entramos na Linha Vermelha. Agora o medo era ser assaltado, parado por alguma blitz ou ser atingido por balas perdidas. Nada aconteceu e chegamos ao aeroporto, inteiros. O táxi e eu.
No primeiro balcão de uma empresa aérea, procurei me informar onde faria o “check in” da passagem com uma linda moça, que mesmo debaixo do uniforme parecia ser dona de um belo corpo. Muito gentil e sorridente, me informou que deveria seguir em frente até o final do corredor, dobrar à direita e continuar até chegar às esteiras automáticas e ao balcão da companhia.
Comecei a caminhar. Cheguei no ponto indicado, dobrei à direita e iniciei uma longa caminhada até chegar nas tais esteiras, que estavam desativadas. Devo ter andado quase três quilômetros. Meio cansado, mas suando, cheguei no “check in”.
Tudo bem, aprovado embarquei no Boeing 737-800. Às 9h, o avião começou a se preparar para levantar voo. Como o pátio das aeronaves do Galeão é muito grande o avião levou uns 30 minutos para entrar na cabeceira da pista.
Às 9h40, levantou voo. Às 10h30, aterrissou. Em Congonhas? Não, em Guarulhos, e mais, era um voo internacional com destino a Caracas, Venezuela. Ainda bem que fazia escala em São Paulo. Àquela hora da manhã, eu não estava com a menor vontade de encontrar o Hugo Chávez. Tudo bem? Não, nada estava muito bem. Descobri que, em Guarulhos, teria que pegar um ônibus para Congonhas, São Paulo.
Me dirigi para a saída e andei quase um quilômetro até o ponto indicado pela companhia. O ônibus estava lá? Claro que não. Esperamos uns 40 minutos. Chegou a viatura, mas foram mais uns quinze minutos esperando não sei o que até vir a ordem de embarcar. O ônibus saiu, finalmente. Bem, pensei, agora vai ser fácil. Logo chegaremos em Congonhas. Não foi bem assim. Entramos em São Paulo, via Marginal Tietê, direto para um engarrafamento-gigante... lá se vai mais uma hora até chegar ao aeroporto de Congonhas.
Cansado, estressado, impaciente, irritado, pensei no que faltava para chegar na casa do meu filho em Pinheiros. Pegar um táxi, o não que foi difícil. Difícil foi chegar ao meu destino. Novamente, um engarrafamento-monstro me levava à loucura. Fomos passando pelos bairros da Moema, Ipiranga, Jardins e outros mais que não me lembro até conseguir, depois de 45 minutos, chegar, enfim, ao edifício onde meu filho mora. O relógio marcava 13h. Levei exatamente cinco horas e 45 minutos para chegar ao apartamento do Guilherme, meu filho. Foram quase seis horas viajando, pagando um preço promocional, bem barato, é verdade, de 50 reais, quase o preço de uma passagem de ônibus Rio – São Paulo, mas que me deixou com uma dúvida. Para voar cerca de 50 minutos entre o Galeão e Guarulhos andei de táxi e ônibus durante quase cinco horas. Se alguém me perguntar, o que digo: fui para São Paulo de avião, de táxi, de ônibus? Participei de uma gincana? Sou fiscal de transportes e, por isso, tenho que testar todos esses veículos? Como moro em Niteroi, da próxima vez vou incluir a barca nessa odisséia. E dizer que vou à São Paulo por terra, mar e ar.
3 comentários:
O barato às vezes são muuuuuito caro...
Eu vou para Jundiaí pela primeira com a Azul, daqui a alguns dias. O voo é Santos Dumont/Campinas. Em Viracopos tem um ônibus para Jundiaí. Depois conto a experiência...
parece kafka, a ligação entre duas das maiores cidades do país e do mundo é caótica e burra. Se você contar aí fora que leva cinco horas de viagem teoricamente aérea para cobrir uma distância de 400 e poucos quilômetros ninguém vai acreditar
o trem-bala vem aí...
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