quinta-feira, 18 de junho de 2009

Inglaterra -Um algo mais que faz a diferença


Para quem não está acostumado, estranha. Diferente do Brasil, na Inglaterra, as leis pegam. E como pegam! No Reino Unido, além do volante do carro no lado direito do painel e a mão de trânsito invertida, existem muitas outras diferenças que fazem com que forasteiros enfrentem situações incõmodas. É bom conhecer algumas regrinhas básicas.Saber um pouco desse país de costumes bastante curiosos.

Não tente apelar para o "jeitinho" tão nosso pois estará colocando em risco o bom conceito que eles, por ventura, possam ter por você. Faz parte da cultura britânica, confiar à priori nas pessoas. Até prova em contrário...

Você poderá deparar-se com situações inéditas nas quais pensará que está sendo alvo de uma "pegadinha". Não se espante se ao chegar a um Caixa de supermercado encontrar o seguinte aviso: "Este funcionário é menor de 18 anos e não poderá registrar bebidas alcóolicas. Dirija-se a outro Caixa ou solicite a presença do gerente". Ponto final, estamos conversados e ninguém transgride. Já que a lei proíbe a venda de bebidas para menores de idade, não seria lógico deixá-los vender...

O Código de Trânsito, que age em plena consonãncia com o Penal, não leva em conta intenções, por melhores que estas sejam. Justificar que deixou de usar o cinto de segurança porque "a distãncia era curta", "estava dirigindo devagar", etc., etc. são alegações fúteis que, para eles, se toleradas, redundam em uma ameaça a segurança pública. Cometer infração grave e alegar desconhecimento das regras, é imperdoável. A multa será aplicada com mais rigor pois, "se você não conhece o código de trânsito local, não deve dirigir". Pela ótica das leis inglesas, quanto mais "inocente" você for ao praticar uma infração, mais perigoso você é.

Se é uma coisa que os mantenedores da Lei na Inglaterra gostam de fazer é demonstrar que lá ,ela, a Lei, existe para todos. Não importa o grau de nobreza, fama, notoriedade que o infrator tenha. Quanto mais famoso, aí mesmo é que o 'bicho pega". Mesmo que as penalidades sejam rigorosas e, muitas vezes, exageradas. Há que cumprí-las. Muitos famosos já foram pegos pela "malha fina" da Lei e tiveram que responder por atos considerados banais. Nem a famosa Elizabeth Taylor escapou. Ao ser convidada para a entrega de um prêmio de cinema em Londres, em 2000, resolveu trazer com ela dos Estados Unidos, os seus dois cães. Esqueceu, ou se fez de esquecida, que a quarentena para cães na Inglaterra, acredite se quiser, é de seis meses. Não deu outra! Deram voz de prisão aos caninos. A famosa atriz, que apesar de morar nos Estados Unidos, é inglesa de nascimento, protestou, ameaçando nunca mais botar os seus pezinhos lá. Mas não adiantou. Os bichinhos foram in jail e só liberados no dia em que Mrs. Taylor voltou para os Estados Unidos, literalmente soltando os '"cachorros". Foi um prato cheio para os tablóides!
O inglês tem arraigado aos seus costumes, noção de cidadania e esta é exercida full time. Para ter os seus direitos respeitados não transgridem e, tão pouco, admitem que pessoas ,com as quais convivem. o façam. O cumprimento a ordem vigente é condição básica para que eles possam cobrar do governo os seus direitos. É como se falassem: eu estou fazendo a minha parte, você tem que fazer a sua. O resto são purpurinas que os tablóides insistem em colocar nas manchetes, para delicia dos usuários dos trens. Não tem quem não compre o Daily Express, The Sun, para ler no trem e saber das "ultimas" das celebridades.
Lá, não existe a "famosa" indústria da marginalidade. Formação de quadrilha, nem pensar. Os marginais, que lá também existem, trabalham por conta própria ou estão ligados à organizações terroristas. Caso como o de Ronald Biggs, que integrou uma quadrilha que assaltou o trem postal em Buckinghamshire, 1963, é considerado uma exceção nos anais da Scotland Yard. Morrerá na prisão sem conseguir o tão desejado perdão pois, no Reino Unido, crime não prescreve.
Economizar é uso corrente e demonstra o grau de lucidez da pessoa. É feio esbanjar, é feio não controlar as finanças e inconcebível não pensar no futuro. E nesse futuro, cujo planejamento consome a maior parte da vida da classe média inglesa, não está incluído nenhuma preocupação com as peripécias de integrantes da família real. Essa, é reverenciada e continua intocável, independente de todo o processo de modernização pelo qual a Inglaterra está passando.
Excuse me! Sorry! -são expressões corriqueiras, ouvidas frequentemente. Seja na rua, nas lojas, no tube/underground é bom aderir à delicadeza para não ter problemas. O inglês, em geral, não costuma discriminar raças ou credos mas não tolera conviver com características peculiares de outras culturas. Falar alto, é coisa que o inglês, mesmo estando bêbado, faz. Detestam barulho e em alguns bairros o silêncio é tanto que as casas parecem desabitadas.
O inglês não é dado a grandes efusões. Beijo na face, ao cumprimentar, nem pensar. O shake hand é o máximo permitido, assim mesmo mantendo o braço bem esticado para lembrar que deve existir uma distãncia regulamentar. Nada justifica o excesso de intimidade quando as pessoas mal se conhecem. Motivo pelo qual eles consideram o brasileiro, o francês e o italiano bastante diferentes. Diferença essa que, percebe-se, eles gostariam de assimilar mas o medo de parecerem ridículos os impedem...
Nunca peça a um inglês que faça algo de improviso. Detestam o costume, tão nosso de chegar de surpresa em qualquer lugar, seja em restaurante seja em casa de amigos. Programam férias com dois anos de antecedência.Três meses, também é o prazo requerido para se agendar mesa em um restaurante famoso.
Bater papo ao telefone, para eles, significa perda dupla: de tempo e de dinheiro. Preferem mandar cartões. As papelarias não economizam criatividade e chegam a bolar cartões para "o namorado da mamãe" e para "a namorada do papai". Caso eles sejam divorciados, é claro.
O inglês tem incorporado aos seus costumes, às suas leis e ao próprio sistema de governo, dualidades que exigem sempre uma segunda leitura. Nada é simples e ninguém pode afirmar que o conhece o país por esporádicas viagens turísticas. Com o tempo, muita atenção e boa vontade para se interar dos usos e costumes, vai entender os caminhos do verdadeiro quebra-cabeças que eles adotam "para facilitar a vida dos seus súditos". Aí, de certo, vai curtir e gostar


Um comentário:

Edição disse...

O pior é que, no Brasil, o estranho "fenômeno" das "leis que não pegam" parece que pegou a justiça. Para se ter uma idéia, é um tal de liminar, interpretaçoes e tão confusas jurisprudências que decretos de prefeitos eleitos pelo povo ou leis aprovadas por vereadores idem não necessariamente "pegam". Liminares em cascata derrubam até decretos presidenciais como o que proibe a venda de bebidas alcoólicas em estradas, bingos e caça-níqueis, ou desmoralizam leis que tentam disciplinar carga e descarga de caminhões na hora do rush ou conter a venda de combustível adulterado. Os exemplos são muitos. E mostram que "lei que não pega" não é mais um modo de dizer. O nome ainda é "jeitinho" mas também pode chamar de "liminar". Embora a Inglaterra também tenha seus escândalos, corrupção no governo e esteja em campanha contra privilégios para parlamentares - coisa que conhecemos bem - respeito à lei é bom e eles gostam.