Março de 1959: a capa da primeira edição. |
Nahum Sirotski deixou a Manchete para editar a Senhor |
Jorge Andrade entrevistado por Flávio Rangel. |
Ray Bradbury traduzido por Ivo Barroso |
Ira Etz, a então musa de Ipanema |
Miguel de Carvalho alerta sobre os perigos da água. |
A edição de aniversário. |
por José Esmeraldo Gonçalves
A agitação cultural do Brasil na segunda metade dos anos 1950 só podia acabar em revista.
No embalo da modernização do país, artistas e intelectuais refaziam o cinema, o teatro, as artes plásticas e a música popular. O jornalismo não podia ficar de fora e surgiram os cadernos culturais dos jornais. Faltava uma revista.
Nahum Sirotski ainda era diretor do Manchete, em 1958, quando em parceria com Alberto Dines pensou em criar uma publicação semanal na linha do U.S New World Report ou Esquire. A ideia só foi para o papel quando ganhou o apoio de Abraão Koogan e Simon Waissman, que publicavam a Delta Larousse no Brasil.
Em março de 1959, há exatos 60 anos, Senhor chegou às bancas com um time de peso: Nahum como editor, Paulo Francis era o editor-assistente, Carlos Scliar assinava a Arte da revista e tinha como assistentes Glauco Rodrigues e Jaguar. Entre os colaboradores do primeiro número, Otto Maria Carpeaux, Anísio Teixeira, Carlos Lacerda, Reinaldo Jardim, Flávio Rangel, Clarice Lispector e Fernando Sabino.
A fase original original da Senhor durou menos de cinco anos, entre 1959 e 1964. Os tempos já eram sombrios quando o último número foi impresso.
Um ano antes do fim, ainda otimista e teimosa, Senhor comemorou os quatro anos. O clima no país não tinha a ver com aquele 1959 que parecia luminoso. A intolerância, que logo virou perseguição, estava nas ruas. A conspiração saía das sombras e a cultura seria uma vítima preferencial.
A Senhor agradeceu a preferência, pediu licença e deixou as bancas.
Fez bem. Foi melhor do que virar "sim, Senhor".