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sábado, 14 de maio de 2022

Carlinhos (de) Oliveira, na aparente simplicidade...

Carlinhos [de] Oliveira - Rio, 1978 - Foto: Guina Araújo Ramos

por Guina Araújo Ramos (do blog Bonecos da História) 

Há algum tempo eu queria publicar esta foto nos Bonecos da História, não só porque a considero interessante, mesmo não sendo tão especial assim, mas principalmente porque retrata a transcendente e complexa simplicidade de quem, com tanta sutileza quanto acidez, observava a vida da cidade do Rio de Janeiro e do Brasil em meados do século passado.

Trata-se da foto do capixaba José Carlos Oliveira. Sugerindo a tal simplicidade, ele era mais conhecido (embora também o registrassem, talvez para dar ao nome uma sonoridade que correspondesse a seus textos, como Carlinhos de Oliveira) por, simplesmente, Carlinhos Oliveira.

Quer posso dizer sobre Carlinhos [de] Oliveira?... Não sou, de maneira alguma, conhecedor, ao menos razoável, de obra, mas mero leitor antigo e ralo, apenas do final dos seus 22 anos como cronista do Jornal do Brasil (de 1961 a 1983).

É evidente que sua obra precisa (e merece) forte ressurgência, que até parece começar a acontecer em espaços da Internet (que não sei o quanto são lidos): no Portal da Crônica Brasileira (do IMS), na cobrança de Ricardo Soares, no incômodo de Álvaro Costa e Silva na Folha, a resenha existencialista da revista digital Rubem e também em textos acadêmicos, especialmente sobre o livro Diário da Patetocracia, que reúne crônicas do ano de 1968 publicadas no JB.   

Ainda antes de ser meu “colega” no JB, fiz eu esta foto (à época, com o crédito Aguinaldo Ramos), que foi inserida dentro da entrevista, parte de uma muito sensível série da revista Fatos & Fotos assinada pelo jornalista Renato Sérgio, outro grande jornalista/cronista carioca.

A conversa aconteceu no apartamento de Carlinhos, no Leblon, em rua bem afastada da praia, em frente ao então quartel da PM. Os dois (e eu também) sentados na varanda apertada, em uma conversa tão descontraída (para mim, sentado no chão, algo desconfortável...) quanto a imagem que a ilustra.

Fatos & Fotos Nº 885, 07/08/1978 - Foto: Guina Araújo Ramos

Por valorizar ainda mais a foto, louve-se o trabalho da redação, que a Fatos & Fotos produzia edições gráficas altamente criativas (por exemplo, outra de que gosto muito, o uso de três fotos de Chico Anysio, em show no Canecão, que dá movimento quase cinematográfico à página impressa). 

Não por acaso, Fatos & Fotos foi dos lugares mais prazerosos em que trabalhei como fotojornalista.

O problema é que, estando “sumido” o arquivo fotográfico de Bloch Editores e ainda não digitalizada e disponível a coleção da revista (como já acontece com a revista Manchete na BN), a minha única fonte de recuperação da imagem foi o recorte da publicação original, guardada por mais de 40 anos, de onde “retirei” a imagem através do imprescindível Photoshop, coisa trabalhosa e de resultado certamente apenas razoável.

sábado, 16 de abril de 2016

Pequena declaração ​de princípios (e de continuidades) [Aos amigos que não encontro no Facebook]

por Aguinaldo Ramos 
Quando o golpe de 1964 ocorreu eu tinha 13 anos, morava perto da refinaria da Petrobras, em Duque de Caxias e, de diferente, notei apenas as tropas do Exército pelas redondezas.

Em junho de 1968, quando da "passeata dos 100 mil" e outras, eu, aos 17 anos, morava em Olaria, nos subúrbios do Rio, e acompanhei pelos jornais.

A partir daí, convivendo com a turma de jovens da igreja local, fui me inteirando da situação. Vieram o AI-5 e o governo Médici e, de repente, eu trocava a pretensão de ser engenheiro pela curiosidade das Ciências Sociais e entrava, em 1971, para o IFCS/UFRJ.

Em 1973, com ainda mais curiosidade sobre a sociedade humana e depois de uns 15 colegas serem presos durante as férias, saltei fora da universidade e tentei, com parceira e amigo, ir de carona até o Chile de Allende. Por falta de dinheiro e, talvez, premonição dos perigos, voltamos de Mendoza, a 100 km da fronteira chilena...

A partir de 1977, fui fotojornalista na Manchete (e outras revistas da Bloch) e no Jornal do Brasil, freelancer na imprensa após 1986 e para empresas no correr dos anos 1990. Em todo esse tempo a minha postura diante de protestos ou arranjos, de lutas ou acordos, sempre foi a da maior "neutralidade" possível: dava atenção à imagem e não às ideias.

Da virada dos anos 2000 para cá, à medida que ressurgia em mim a necessidade de refletir (e de escrever) sobre a convivência humana, fui me envolvendo com (e opinando sobre) temas próximos, até ficarem evidentes os princípios que buscava desde o início:  SOMOS TODOS IGUAIS NESSA TERRA E É ASSIM QUE DEVEMOS CONVIVER.

Nos últimos anos, as condições sociais e políticas do Brasil me apontaram que a nossa desigualdade social é não só injusta, mas também praticamente insuportável, tanto para quem a sofre quanto para quem tenha consciência disso. E também me indicaram que só a superação dessa desigualdade social trará paz, desenvolvimento, soberania e, em última instância, felicidade ao povo brasileiro.

Então, hoje, me percebo (e me sinto contente de ser) um cada vez mais intenso ativista político (e social, e cultural etc), entendendo cada vez mais a necessidade de, na medida do possível, estar presente nos atos que constituem a luta por avanços sociais, desde a paciente atuação cotidiana até a emocionante presença em momentos coletivos.

Se a luta é árdua, se há quem não a entenda ou se há os que apenas defendem o seu pequeno mundo, paciência... Importante é que aprendi que essa perspectiva é justa, é construtiva, é libertadora. E, melhor ainda, é que nesta caminhada tenho encontrado companheiros que enquanto me trazem fé e alegria, vão se tornando queridos.

Sobre a foto: A selfie foi feita no Largo da Carioca, em 31/03/2016, durante manifestação contra a ameaça de golpe político-jurídico-midiático em curso no Brasil. A camisa azul, além de indicar que a democracia tem todas as cores, é uma homenagem à comunidade de Vila Autódromo, por sua resistência contra o poder econômico da especulação imobiliária, que lhes é imposta pela Prefeitura do Rio. A camisa vermelha, levada como alternativa, foi improvisada sobre a cabeça, como proteção por conta de uma gripe insistente. Os cabelos brancos são uma espécie de registro desta trajetória. As bandeiras ao fundo dão a localização dessa luta: o povo do Brasil é a referência.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

"A outra face das fotos": no livro do fotógrafo Aguinaldo Ramos, que trabalhou na Manchete e no JB, a vida por trás das imagens...


O autor de "A outra face das fotos", revela a história surpreendente dessa foto que foi publicada na revista Fatos & Fotos. Foto de Aguinaldo Ramos reproduzida do livro "A outra face das fotos"

Foto de Aguinaldo Ramos reproduzida do livro "A outra face das fotos"

Brizola, 1982. Foto de Aguinaldo Ramos reproduzida do livro "A outra face das fotos" 
por José Esmeraldo Gonçalves
A fotógrafo Aguinaldo Ramos lançou recentemente o livro “A Outra Face das Fotos – Reminiscências e elucubrações sobre a arte e a prática do fotojornalismo”. No texto de apresentação, o autor define o livro como “uma recuperação afetiva” do tempo em que trabalhou como fotojornalista na imprensa carioca. Aguinaldo conta que, depois de fazer os cursos básicos do Senac e de um período como assistente do fotógrafo Marcelo Ribeiro, em Niterói, encarou o “vestibular” que era o processo de seleção de candidatos ao Curso Bloch de Fotografia. A comparação não tem nada de exagerada: eram cerca de 850 postulantes a 30 vagas e, destes, apenas dez eram convidados a um estágio de três meses na editora. Aguinaldo acabou trabalhando por quase uma ano para as revistas Fatos&Fotos, Manchete, Amiga, Manchete Esportiva, Desfile, entre outras publicações da Bloch. “Foi uma experiência marcante”, diz. “Estava cercado por expoentes da Fotografia, a começar pelo chefe, Gervásio Batista, hoje o decano do fotojornalismo brasileiro, e mais Indalécio Wanderley, Antonio Rudge, Gil Pinheiro, Sérgio de Souza e os mais novos e já prestigiados Frederico Mendes e Carlos Humberto TDC, entre muitos outros, e lamento não citar cada um”, completa.  
O passo seguinte, após a temporada nas redações do Russell, foi o Jornal do Brasil, onde trabalhou durantes seis anos, até 1986, quando deixou o jornal para abrir uma agência de fotografia, a Fotossíntese, através da qual prestou serviços ao Estadão, Folha, IstoÉ, Veja e outros veículos, antes de se fixar no mercado corporativo. Atualmente, Aguinaldo volta-se para os interesses acadêmicos e literários, “que ajudaram a resultar neste livro”, explica. Em um dos capítulos, Aguinaldo revela um dilema relativamente comum entre os fotógrafos: interferir ou não no objeto ou situação fotografada.  Mas não é apenas uma questão de fotógrafos. Há casos folclóricos de repórteres que fantasiaram excessivamente suas narrativas. 
Enquanto lia “A outra face das fotos”, lembrei-me de um caso que o tempo tornou mais engraçado do que criticável.  

Folclore de redação: uma questão de ética ou de etílico?

Certa vez, um repórter de muita imaginação e teor alcoólico eventualmente acima do resto da humanidade viajou para a Amazônia e o Centro-Oeste. Sua pauta era a vida nos garimpos ilegais. O parceiro era um fotógrafo brilhante que sofria de surdez quase total mas se recusava a usar aparelho auditivo. A dupla ficou fora por mais de duas semanas, o que era normal, mas inteiramente fora de contato, o que era preocupante. Quando finalmente eles voltaram e entregaram texto e fotos, o editor ficou intrigado: estavam lá as cenas do garimpo, alguns depoimentos, imagens das bombas hidráulicas que reviravam o fundo dos rios, barracos, garimpeiros preparando o rango, mas especialmente nos trechos mais dramáticos (garimpos ilegais costumam ser ambientes extremamente violentos e precários) as fotos não combinavam em nada com a reportagem. Como o repórter alegou que estava com uma perna machucada e pediu dois dias de folga, o editor recorreu ao fotógrafo em busca de explicações. Este, relutante, disse que nada vira e, claro, nada ouvira. Não quis “entregar” o colega, mas deu a entender que algo não tinha corrido muito bem. Normalmente, em matérias nessas regiões de difícil acesso, a equipe solicitava algum apoio logístico a órgãos federais ou estaduais, além de entrevistar autoridades responsáveis pelo problema ou tema focalizados. Uns dois dias depois da volta da dupla, um secretário de governo liga para a redação preocupado porque o repórter que o entrevistou lhe pareceu extremamente “alegre”, além de não ter anotado nada. O fato de o tal secretário ter ligado apenas para o editor da revista, e não para um dos diretores, somado à boa imagem do repórter (sóbrio, era um excelente profissional) contribuiu para aliviar a situação, ninguém foi demitido, mas a reportagem não foi publicada. O jornalismo perdeu, então, um eletrizante relato do repórter, com tons de Hemingway,  contando como esteve encurralado no meio de uma ponte de madeira pelo tiroteio entre grupos rivais de garimpeiro. Segundo ele, os garimpeiros usavam fuzis M-16, não por acaso as armas adotadas pelos marines na guerra do Vietnã. O repórter, segundo o texto, ainda foi sequestrado e mantido em um cativeiro, na verdade um buraco cavado na floresta, onde passou três dias comendo apenas tapioca. Havia na matéria uma personagem, uma “prostituta linda”, que seria uma americana procurada pela Interpol e que havia se apaixonado por um garimpeiro que, por sua vez, era ex-guerrilheiro do Sendero Luminoso. A "matéria" era ótima, dava um filme, prendia o leitor desde a primeira linha. Infelizmente, não havia câmera capaz de captar as cenas tão imperdíveis quanto imaginárias. Além disso, onde estaria o fotógrafo? Segundo a versão que se espalhou depois pelos corredores, tentando convencer o repórter a deixar a “marvada” de lado e apurar o mínimo que fosse da “vida no garimpo”.  
Era conhecida também a tática de um outro fotógrafo que costumava ser escalado para cobrir consequências de enchentes e desabamentos e levava na mochila uma boneca meio desgrenhada,  já previamente enlameada. No local, assim como quem não queria nada (apenas uma foto de abertura) deixava a boneca cair na ribanceira. Depois, era só enquadrá-la em primeiro plano, com a devastação ao fundo. Em graves acidentes, uma ligeira mexida na cena ajudava a dramatizar a imagem: um par de sapatos, um pé caído, o outro improvavelmente pousado no asfalto à frente do carro, ônibus ou trem destruído garantiam a composição e a profundidade da foto. São “causos” que viraram “lendas urbanas” contadas e recontadas no Lamas, no Capela, no Planalto e outros bares frequentados pela rapaziada que trabalhou na Manchete.

O 'morto' muito vivo na foto de abertura 

No livro, Aguinaldo Ramos dá sua contribuição ao chamado folclore de redação. Ele conta que ao fazer uma reportagem sobre criminalidade para a Fatos & Fotos percorreu a Baixada Fluminense e o subúrbio do Rio durante dois ou três dias sem conseguir uma cena impactante. “No dia do fechamento,” – relata – “mais uma vez, saímos em direção a Nova Iguaçu. Chegando à Avenida Brasil, o repórter (e vamos deixá-lo incógnito...) indicou ao motorista: ‘Vira aí, vamos para a Quinta da Boa Vista’. (...)  “Sim, mas eu preciso de uma foto de abertura”.  ‘Deixa comigo”, disse o repórter. Na Quinta, deu-se a “armação”. O repórter pediu ao motorista que posasse teatralmente, sem camisa, largado na grama, mãos amarradas, como se fosse mais uma vítima fatal da violência urbana. “No correr dos preparativos”, narra o fotógrafo, “vieram chegando uns garotos curiosos, um deles de bicicleta, e pararam ao fundo”. Com todos os elementos em foco, Aguinaldo registrou a cena.  “Nem perguntei que história o repórter  contou ao editor. Saiu publicada em página dupla, para orgulho do motorista, que vivia (ainda bem) mostrando a todos. O repórter teve que dar muitas explicações aos “coleguinhas”, repórteres concorrentes, que não tinham registro daquele “presunto” tão elegante”.
Além desse fato que daria um vídeo do “Porta dos Fundos”, Aguinaldo reúne no livro fotos marcantes da sua carreira, como uma famosa imagem de Luiz Carlos Prestes, embarcando em um táxi em frente à Polícia Federal; Fernando Gabeira diante do consulado americano, ao voltar do exílio, em 1979; e Brizola pulando uma fogueira, em 1982. 
O autor revela, de cada foto,  as circunstâncias por trás das imagens. A memória do jornalismo carioca agradece.





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domingo, 23 de fevereiro de 2014

Fotógrafo Aguinaldo Ramos lança livro de contos "Rio Só de Amores"

(Da redação)
O fotógrafo Aguinaldo Ramos, que trabalhou na Manchete e no JB, entre outros veículo, lança nesta 2ª-feira, 24/02, o livro "Rio Só de Amores". Será na Ecco Pizzaria, na rua São Clemente, 164, Botafogo, quase em frente à 19 de Fevereiro. Nas palavras do próprio autor, "são roteiros da cidade e também do amor, disfarçados em dramas, comédias ou qualquer classificação que o leitor lhes queira dar... Neles estão, entre explícitos e disfarçados, os gostos, as artes, os parques, as ruas, as vias, as mídias etc do Rio de Janeiro de antes das interferências urbanistas dos anos 2010. Seria um mapeamento do amor no Rio, tivesse tal esforço suficiente sentido...."

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domingo, 6 de fevereiro de 2011

sábado, 30 de outubro de 2010

A Foto Histórica: o blog de Aguinaldo Ramos

por José Esmeraldo Gonçalves
Fotógrafo que trabalhou na Manchete e no Jornal do Brasil, entre outras publicações, Aguinaldo Ramos teve o seu projeto A Foto Histórica (e suas histórias) no Brasil contemplado com o Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia 2010. Como parte do projeto, Aguinaldo criou um blog que divulga e preserva a memória fotográfica do país. Para quem, como nós, por gosto e por profissão, acompanha a história que o jornalismo escreve diariamente, vale frequentá-lo. Uma bela viagem cultural. Clique AQUI

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Lançamento: O Jogo do Resta Um, Guina Ramos


O Jogo do Resta Um, Editora Letra Azul, romance sócio-antropológico quase histórico, pouco político, meio filosófico, muito econômico (de Guina Ramos, o mesmo autor de Rio de Amores, livro de contos sobre o amor e o Rio de Janeiro). O lançamento acontece no dia 12 de Dezembro de 2009, sábado, das 13 às 19h, no Bar do Belmiro, rua Conde de Irajá, 503 - Botafogo - Rio de Janeiro - RJ,
Saiba tudo (ou quase) em
http://ojogodoresta1.blogspot.com/
Veja o vídeo, leia o blog... e compre o livro!
Para quem não está ligando o nome à pessoa, Guina é Aguinaldo Ramos, o fotógrafo que atuou em vários veículos e fez parte do time de grandes profissionais da revista Manchete.