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quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Memórias da redação: Bastidores de uma entrevista de Pelé para a Ele/Ela. Por Osvaldo Salomão (*)

A MEMÓRIA SEMPRE PRESENTE DE SUA MAJESTADE, O REI PELÉ !

Osvaldo Salomão entrevista Pelé em 1986. No alto,
o autógrafo do Rei em uma lauda da EleEla. Foto: Arquivo pessoal OS


por Osvaldo Salomão

Comecinho da noite dessa segunda-feira, 23 de outubro, o Facebook veio me fazer um convite, de que seria interessante dar um bis em uma de minhas postagens, de quando o fato em foco foi o rei do futebol, o genial Pelé. Convite de pronto aceito, nessa data em que Pelé estaria comemorando 83 anos. Portanto, a seguir, a minha publicação de três anos atrás, numa data festiva para Pelé, ocasião que aproveito para contar um dos meus encontros com o craque brasileiro, um talento raro de habilidade e técnica, que mudou a história e a própria dinâmica do futebol. 

"O DIFÍCIL, O EXTRAORDINÁRIO, NÃO É FAZER MIL GOLS COMO PELÉ. É FAZER UM GOL COMO PELÉ"

(Carlos Drummond de Andrade) 

O fato em foco do momento no mundo esportivo era o aniversário de 80 anos de Pelé, em uma sexta-feira, 23 de outubro, o genial futebolista, mineiro de Três Corações, o Atleta do Século. 

Ao longo de minha carreira de jornalista, Pelé me concedeu a honra e o privilégio de três entrevistas exclusivas, sendo sempre recebido pelo craque com gentileza, simplicidade e com todo o tempo do mundo para falar sobre qualquer assunto.

A entrevista da foto aconteceu às vésperas da Copa do Mundo do México de 1986, aquela vencida pela seleção argentina de Maradona, matéria publicada em abril daquele ano nas primeiras páginas de ELE ELA, do Grupo Bloch/Manchete, no Rio de Janeiro, revista na qual trabalhei (feliz demais da conta, sô!) por muitos verões de 40 graus.

Nesse encontro, estamos no apartamento de Alfredo Saad, amigo particular de Pelé, imóvel de fino trato, amplo e confortável, com direito a uma original tenda árabe na varanda, fotos de celebridades amigas por todos os cantos, cobertura localizada no Edifício Chopin, na capital carioca, coladinha ao Hotel Copacabana Palace. Ex-presidente do Esporte Clube Bahia, há anos radicado no Rio de Janeiro, Alfredo Saad atuava, na ocasião, intermediando a transferência de técnicos e jogadores para o futebol do Oriente Médio. Telê Santana, por exemplo, foi um dos primeiros treinadores brasileiros a fazer parte desta lista de exportados. 

Se derretendo de alegria e descontração em seu momento de anfitrião, Saad gostava de contar histórias. Me disse que foi ele quem impulsionou a carreira de Marta Rocha, de modelo a Miss Bahia - e, depois, Miss Brasil. A amizade entre os dois, Saad e Marta Rocha, vinha desde a adolescência, comecinho dos anos 1950, quando moravam em Salvador, Bahia.

Outra recordação que contou "morrendo de rir", aconteceu em Jeddah, na Arábia Saudita, envolvendo ele próprio, Saad, e Telê Santana, que chegava à cidade saudita para treinar o Al-Ahli. Isso em 1983. A cena aconteceu em uma joalheria de luxo, onde estavam Saad e Telê. De repente, ficam absolutamente sozinhos na loja, cercados de ouro, pedras e peças preciosas por todos os lados. Os sauditas tinham se retirado do estabelecimento quando convocados para rezar à Meca em algum ponto daquela região da cidade. 

Outro momento de certa curiosidade da entrevista se deu na pausa para um cafezinho feitinho na hora, quando Pelé, de quebra, aproveitou para atender a um telefonema. Talvez, uma ligação a partir do bairro carioca do Grajau, onde morava a Xuxa, sua namorada na época. Sempre lembrando que foi Pelé quem apostou no potencial da loura para fazer carreira na televisão. Sucesso é o que essa gaúcha de Santa Rosa tinha de sobra como modelo fotográfico. Pelé fez o cartaz de Xuxa junto à direção da recém-inaugurada Rede Manchete. Dito e feito. Em 1983, aos 20 anos, Xuxa ganha o comando do programa "Clube da Criança", a convite de Maurício Sherman, diretor artístico da emissora. Dessa tabelinha do Rei do Futebol nasce a Rainha dos Baixinhos. 

Nessas bem traçadas linhas fica a minha homenagem a Pelé, cujo talento muitas vezes apreciei de pertinho, nos estádios, ou em glorioso preto e branco, na tela da tevê. Agradeço a sua atenção. Uma feliz terça-feira para todos nós. Um abraço. Salomão.

(*) Texto publicado originalmente no Facebook, remetido pelo atento colaborador do blog Nilton Muniz) 

sábado, 26 de novembro de 2022

Fotomemória: as novas "bancas" de revistas

Eva Christian, o comediante Canarinho e Francisco di Franco na novela Jerônimo,
Heroi do Sertão, na TV Tupi, nos anos 1970. Foto: Manchete/Reprodução

Muitas revistas impressas encerraram suas trajetórias nos últimos 15, 20 anos. Um grande número delas permancem ativas no Facebook, em blogs, no You Tube, no Instagram e em sites não-oficiais. Todos todos construídos por leitores. Revistas como Manchete, Manchete Esportiva, O Cruzeiro e outras têm suas coleções doigitalizadas pela Biblioteca Nacional. Os principais jornais também disponibilizam suas coleções na internet. Fotos do Correio da Manhã pode ser acessadas no Arquivo Nacional. O acervo do Última Hora é visto e lido no Arquivo Estado, do governo de São Paulo. 

Muitas publicações de várias áreas, contudo, ainda não estão catalogadas digitalmente na internet. É aí onde entram muitos leitores que valorizam a memória do jornalismo. A página Revistas Antigas, no Facebook, neste link, se dedica a postar fotos pesquisadas na própria web e a republicá-las na "banca" da esquina especializada em fotómemória do jornalismo. 
Política, esporte, meio-ambiente, crimes famosos, carreiras de grandes nomes da música, da literatura, política, as mudanças de comportamento da sociedade, todas estas rubricas estão retratadas em coleções de publicações que os leitores recuperam para as novas gerações interessadas nas páginas da história. Atualmente, portais de streaming como Globo Play, Prime e outros lançam documentários ou podcasts pesquisados, em parte, em imagens de revistas antigas, casos de Nara Leão, Leila Cravo, Daniella Perez, Tim Maia, entre ourtros.    

O face Revista Antigas (link) publicou recentemente a foto acima (o colaborador do paniscumovum, Nilton Muniz, colega na extinta Bloch, nos enviou o post de Marco Antonio Amaral) e fez um referência merecida ao jornalista, escritor e quadrinista Moysés Weltman. Em 1957, há 65 anos, Weltman lançava a publicação em quadrinho Jerônimo, Herói do Sertão, que nos anos 1970 virou novela no TV Tupi e, no anos 1980 foi exibida no SBT. Originalmente, a novela fez enorme sucesso quando foi ao nos anos dourados da poderosa Rádio Nacional, o primeiro veículo a alcançar todo o Brasil. 


Em revista,  Jerônimo era desenhado por Edmundo Rodrigues, que durante anos chefiou o departamento de histórias em quadrinhos da Bloch Editores. 

Também na Bloch, Moyses Weltman teve longa trajetória. Dirigiu a revista Amiga nos anos 1970, e fez uma passagem como editor da Fatos & Fotos. Com grande vivência em televisão, Weltman foi um dos profissionais que trabalhou ao lado de Adolpho Bloch para lançar a Rede Manchete.           

sábado, 17 de julho de 2021

Publimemória: quando a Varig era top, passageiro não passava fome e a Manchete pegava carona...

 


Anos 1960. O Boeing 707 da Varig voava absoluto para os principais destinos do mundo. O passageiro da empresa brasileira, que tinha à disposição o "diner a la carte", jamais imaginou que um dia empresas aéreas ofereceriam jejum a bordo ou amendoim ressecado como primeiro "prato" seguido de barra de cereal. 

No tempo das fotos analógicas em que o material dos fotógrafos era despachado por avião, a Varig era grande parceira da Manchete. Solícitos, pilotos e tripulantes traziam os envelopes com filmes para fechamento do material internacional das edições. Quando não era possível alcançar a tripulação antes do embarque, a solução era apelar para um passageiro. Com base na descrição que chegava por telex ou telefone - "homem alto, de óculos, cabelo reco" ou "mulher loura, magra, de blusa verde e minissaia", alguém da equipe dos Serviços Editoriais, da redação carioca, recebia o portador no velho Galeão. O jargão interno para despachar e receber fotos era "fazer um passageiro".

Hoje, com tanta segurança, seria bem difícil um passageiro abordado no aeroporto topar carregar um envelope entregue por um desconhecido. 

Outra resultante da parceria Manchete-Varig era a disponibilidade da edição semanal da revista para os passageiros de todos os voos da companhia. No anúncio reproduzido acima uma aeromoça - atualmente o correto é comissária de bordo - no seu beliche de descanso lê uma revista. 

A ilustração acima foi enviada ao blog pelo colega Nilton Muniz que trabalhou nos Serviços Editoriais da Bloch, precisamente o setor que durante décadas, até a chegada do digital, era encarregado de resgatar nos aeroportos filmes e fotos que a Varig transportava por cortesia e as redações das revistas aguardavam com ansiedade para fechar páginas abertas. Sem atrasar a happy hour no Novo Mundo. (José Esmeraldo Gonçalves)

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Memórias da redação: o time de futebol que fez história no Torneio Manchete


O time - Técnico: França, da Expedição. Em pé: Goleiro: Nilton, da Arte Final, 7º andar; Renato, do Dep. de Fotonovelas; Bahia, da redação da Manchete; Fernando Nentes, da Expedição; Augusto, programador da Rádio Manchete FM; Robertinho, da Revista Geográfica. Agachados: Carlinhos, Expedição; Luis, do Mário Baldo, 9º andar; Nilton Muniz, da sala do Zevi, no 11º; e Lilica, da redação da Fatos&Fotos. Foto: Arquivo Pessoal Nilton Muniz


Ao revirar o baú, achei também essa carteirinha
da Suderj, que nos proporcionou assistir "a serviço"
muitos clássicos no Maracanã. O detalhe é a função
de "teletipista", que nem existe mais.
por Nilton Muniz 
Dia desses dando uma viajada no blog Panis, através  da leitura de algumas boas memórias - põe boa nisso! - da redação, me deparei com um texto sobre o prof. Arnaldo Niskier e suas façanhas enquanto jogador de futebol ("Deu no Globo; Arnaldo Niskier e o time de peladeiros da Manchete", datada de 05 /07/2011)). Naquela ocasião, falava-se de alguns "escretes" que foram formados na redação, inclusive o time da revista Manchete, do qual Ney Bianchi fez parte. Tudo muito bom. Aí, visitando o meu baú - sim, não só Gonça, Sr. Olho e Arnaldo têm - achei esta preciosidade: um time, em sua essência de contínuos - que publico aqui e tenho certeza de que muitos desconhecem a existência -, e que deu muitas alegrias (sem nenhuma modéstia) a quem acompanhou seus jogos. Foram dezenas.
Nesta oportunidade, cabe fazer essa reparação histórica, pois o time existiu, foi batizado de "Os Meninos da Expedição" e jogava por música. A formação surgiu assim: o Soares, chefe dos Transportes, sempre que tomava umas e outras  -  e isso era constante - dizia para quem quisesse ouvir que o time do Transporte não tinha adversário na empresa e que já estava cansado de assistir seus motoristas golearem o pessoal  da Arte Final, da Frei Caneca (encabeçado pelo Nilton Rechtman, da Assinatura, e até um combinado da gráfica de Parada de Lucas com Água Grande, do time do Arquivo Fotográfico e da Pesquisa, além de uns adversários meio mequetrefes ali mesmo do Aterro.  E, não sei foi coincidência ou não, no mesmo momento de um desses desabafos, foi divulgado no prédio que seria realizado uma competição que se chamaria Torneio Manchete. Isto foi em 80, portanto, o primeiro torneio. Como o França e o Horácio, da Expedição, já estavam de saco cheio da ladainha do Soares, resolveram montar um time de contínuos, os populares "siris". Foi reunido o pessoal  lá no subsolo, mas nem todos os contínuos quiseram participar. Aí nós convidamos o Renato (Fotonovela), o Nilton (goleiro) que tinha sido contínuo do Mário Baldo e estava na Arte Final, no 7º andar, e o Augusto, da Rádio Manchete FM. Os demais trabalhavam pagando contas e levando e trazendo correspondências.
A formação foi feita a toque de caixa, em menos de uma semana. Para se ter uma ideia, esse uniforme da foto (a camisa era verde) conseguimos emprestado em cima da hora. Ninguém se conhecia de ter jogado antes. Pois bem, nos inscrevemos. Junto com o time do dep. de Assinaturas, Nilton - Frei Caneca; Transportes Russell e da Arte Final (jogou, inclusive, o glorioso Charuto, lembram), da revista Desfile. Tudo aconteceu em um sábado escaldante. Fizeram o sorteio e nós pegamos o pessoal da Arte logo no jogo de abertura. Até então éramos considerados "pangarés". Um jogo meio truncado e cheio de firulas, cera, bicos na bola em direção as pistas do Aterro (principalmente quando perdíamos por 1 a 0 no primeiro tempo e não tinha bola substituta), queda em campo, amarração prolongada de cadarços e o escambau, tudo isso por conta do nosso adversário. Mesmo assim vencemos de 3x1, e fomos para a final com o "temido" time dos Transportes. Resumo da ópera:  3 x 0 para os contínuos.
Por muito tempo, o troféu ficou exposto na Expedição, sobre a mesa do França, e a zoação comeu solta no ouvido do "timaço" do Transporte.
Depois disso, ficamos invictos por quase seis meses ali mesmo no Aterro, e participamos de um torneio que a gravadora do cantor Bebeto realizou lá no Lespam, na Penha, junto com outros veículos de comunicação: O Dia, Rádio Globo e Jornal do Brasil.  Fomos sorteados para enfrentar o time do Bebeto, que trouxe todo o time profissional do Mesquita. Perdemos de 1 x 0.
O time era tão afinado que o saudoso Severino Dias resolveu apadrinhar e bancar cerveja e salgadinhos vindos da cozinha da Bloch a cada vitória. Até o Marechal aparecia vez ou outra para dar um incentivo. Bebemos muito na conta do "maitre" oficial. Na euforia, Severino às vezes emprestava a chave da 'suíte' que tinha reservada no Hotel Presidente, que ficava na mesma rua do Praia Bar,  caso precisássemos desovar alguém ali pelas imediações. Só recomendava não esvaziar o frigobar. Afinal, tínhamos vinte anos e nenhum dinheiro no bolso.
Depois, o time foi se dispersando. Alguns contínuos sairam da empresa e outros foram trabalhar em outras funções e os que chegaram não possibilitaram dar sequência. Mas foi um período mágico. Espero que exista ainda alguém que possa dar seu testemunho sobre a existência deste time. Quem sabe o Vicentinho?  Ou o Macarrão, também contínuo da redação e fiel escudeiro do Cony,  que depois foi para o JB e muito tempo atrás o encontrei no Jornal O Dia e que nos acompanhava em todo jogo. Tempo bom!