quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Caso Profumo visto pelo jornalista Roberto Muggiati, que morava em Londres nos dias em que uma showgirl derrubou um ministro e abalou a Corte

Roberto Muggiati, que estava em Londres na época em que estourou o Caso Profumo, publicou na revista The Presidente N° 14, set/out/nov 2013, da Custom Editora
a matéria que reproduzimos abaixo, em sequência à notícia da morte de Christine Keller, ontem, em Londres. A modelo e showgirl foi pivô do escândalo e musa da Guerra Fria nos anos1960.
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Clique nas imagens para ampliar ou leia o texto a seguir:




HISTÓRIA

POR ROBERTO MUGGIATI

ILUSTRAÇÃO GUILHERME FREITAS

1963

O CASO PROFUMO

Sexo, drogas e espionagem: 

havia algo de podre no Reino (des) Unido 

No Brasil, tudo acaba em pizza. Na Inglaterra, os 
criminosos são punidos. Mas, às vezes, acabam 
em espetáculo (lembram o superladrão Ronald 
Biggs, que virou superstar e veio morar no Brasil?). 
É o caso agora de Stephen Ward, pivô do 
Escândalo Profumo. Há 50 anos, ele escapou à 
punição suicidando-se. Hoje, com aura de mártir, volta aos refletores 
em Stephen Ward The Musical, assinado por Andrew Lloyd Weber, o 
criador de Jesus Cristo Superstar, Evita e O Fantasma da Ópera.

Resumo da história: em julho de 1961, numa festa na casa de 
campo de um lorde, o ministro da guerra britânico, John Profumo, foi 
apresentado à dançarina Christine Keeler, de 19 anos. Casado com 
a atriz de cinema Valerie Hobson, Profumo, 46 
anos, era um político em ascensão no partido 
conservador. O famoso osteopata e pintor Stephen 
Ward (retratou o Duque de Edimburgo 
e o Duque e a Duquesa de Kent), 48 anos, foi 
quem apresentou Christine a Profumo. Ward 
também apresentou Christine, sua amiga, a 
Eugene Ivanov, adido naval da URSS em Londres. 
Na verdade, Christine era uma garota 
de programa; Stephen Ward, um proxeneta; 
Ivanov, um espião da KGB – e Profumo, um 
grande otário. O ministro em poucas semanas 
se deu conta do risco da situação e rompeu com 
Christine, mas o estrago já havia sido feito. 

Quase dois anos depois, um problema de 
Christine com a justiça trouxe o caso à tona. E 
estourou nos jornais. "WAR MINISTER SHOCK" foi uma das primeiras 
manchetes. O escândalo – em que um ministro britânico (justo 
o da guerra) e um espião soviético dividiam a cama com a mesma 
mulher – acontecia num momento nevrálgico da Guerra Fria, pouco 
depois da Crise dos Mísseis de Cuba, em que Kennedy e Kruschev 
quase desencadearam o holocausto nuclear. (No imaginário popular, 
ocorria o boom de James Bond, com o primeiro filme da série em 
cartaz, O Satânico Dr. No) Em março de 1963, Profumo declarou reservadamente 
à Câmara dos Comuns que “não houve nenhuma impropriedade” 
em suas relações com Christine Keeler. Em 5 de junho, ele 
voltou atrás e admitiu que havia mentido. Renunciou ao ministério, 
à cadeira no Parlamento e ao seu posto no Conselho Privado. Graças 
ao Caso Profumo, os conservadores perderam o gabinete para 
os trabalhistas nas eleições do ano seguinte e entrou em cena, como 
primeiro-ministro, Harold Wilson, aquele cinquentão sorridente 
que tirava fotos de cachimbo na boca com os Beatles.

RELATÓRIO BEST-SELLER

Publicado em 25 de setembro de 1963 pela imprensa oficial de 
Sua Majestade, o relatório oficial de Lord Denning tornou-se um 
best-seller: vendeu mais de 100.000 exemplares, sendo 4.000 na primeira 
hora. Saiu na íntegra como suplemento do Daily Telegraph e foi 
descrito pela BBC, em 1999, como “o mais picante e deleitável relatório 
oficial já publicado.” Eu morava em Londres na época (veja box) e 
também engrossei a imensa fila diante de Her Majesty’s Stationery 
Office para comprar o meu. Está meio desbotado, 
com a lombada um pouco avariada e as folhas 
amareladas, mas ainda rende ótima leitura. Vou 
compactar alguns trechos. Lorde Denning descreve 
admiravelmente os personagens:

• “A história tem de começar com Stephen 
Ward, 50 anos. Filho de um clérigo, era osteopata 
com consultórios em 38, Devonshire Street, W1. 
Muito competente, tinha pacientes famosos. Era 
também um talentoso pintor de retratos e pessoas 
importantes posaram para ele. Sua conversa rápida 
e fácil atraia muita gente, mas repelia outros. Gostava 
de conhecer ocupantes de altos postos. Era, ao 
mesmo tempo, extremamente imoral. Costumava 
atrair garotas bonitas de 16 ou 17 anos, geralmente 
de boates – seduziu muitas delas – e as fazia amantes 
de seus amigos influentes. Atendia também a amigos com gostos 
pervertidos, promovendo açoitamentos e outras cenas de sadismo. 
Participava de festas com orgias sexuais revoltantes. Finalmente, 
admirava o regime soviético e simpatizava com os comunistas. Ficou 
muito amigo de um russo, Eugene Ivanov.”

• “O capitão Eugene Ivanov era adido naval assistente na embaixada 
da Rússia em Londres, um posto apenas diplomático. Chegou 
ao país em 27 de março de 1960, mas o Serviço de Segurança descobriu 
que era também um oficial da inteligência russa. Seu inglês era 
razoável e podia conversar com facilidade. Mas bebia bastante e era 
mulherengo. Impressionava-se com pessoas da aristocracia. Não 
perdia tempo em defender o lado russo. Avisava logo seus interlocutores: 
'Tudo o que vocês disserem vai direto para Moscou. Meçam 
suas palavras.' Stephen Ward e o capitão Ivanov se tornaram grandes 
amigos. Iam a restaurantes, jogavam bridge, encontravam amigos e 
garotas. Ivanov preenchia um novo papel na técnica russa: dividir o 
Reino Unido dos Estados Unidos, desmoralizando ministros ou altos 
funcionários para que o serviço secreto britânico parecesse incompetente. 
Se esse era o alvo do capitão Ivanov, tendo Stephen Ward como 
seu instrumento, ele foi muito bem sucedido.”

• “Christine Keeler, com 21 anos, saiu de casa aos 16 e logo se 
empregou num cabaré de Londres onde seu trabalho era caminhar 
pelo palco sem roupas. Stephen Ward a conheceu e a convidou para 
morar em sua casa. Ele a apresentava a homens influentes com os 
quais ela mantinha relações sexuais. Christine tinha indubitáveis 
atrativos físicos.”

• “O Sr. Profumo foi ministro da guerra de julho de 1960 a junho 
de 1963. Aos 48 anos, tem uma inestimável folha de serviços ao país. 
Quaisquer indiscrições que tenha cometido e quaisquer falsidades que 
tenha contado, nenhum depoente que ouvi deu provas de duvidar da 
sua lealdade. O Sr. Profumo casou-se em 1954 com a Srta. Valerie Hobson, 
atriz talentosa, e o apoio que ela lhe deu em seus dias difíceis é um 
dos aspectos mais redentores nos acontecimentos que vou descrever.”

• “Lorde Astor conheceu Stephen Ward em 1950 quando o procurou 
como paciente depois de um tombo durante uma caçada. Em 
1956 Lorde Astor alugou a Ward um chalé na sua propriedade de Cliveden.” 
(No fim de semana de 8 e 9 de julho de 1961 os convidados 
de Lorde Astor se encontraram com as convidadas de Stephen Ward 
na piscina da propriedade. Foi quando Profumo conheceu Christine 
Keeler.) “Todos estavam em roupas de banho, mas nada indecente 
aconteceu. O capitão Ivanov deixou Cliveden no começo da noite de 
domingo e deu carona para Christine. Foram para a casa de Stephen 
Ward e lá beberam bastante e houve algum tipo de relação sexual. 
Mas o capitão Ivanov nunca se tornou amante de Christine. Aparentemente, 
durante aquele fim de semana o Sr. Profumo se sentiu muito 
atraído por Christine Keeler. Nos dias seguintes, marcou encontros 
com ela, visitou-a na casa de Stephen Ward e teve relação com ela 
lá. Certa vez, a levou a passear em um carro do ministério. Em agosto, 
quando sua mulher estava na Ilha de Wight, ele levou Christine para 
sua própria casa, em Regent’s Park. Um dos pontos mais críticos da 
minha investigação é este: teria Stephen Ward pedido a Christine 
Keeler para obter do Sr. Profumo informação sobre quando os norte-
americanos forneceriam a bomba atômica para a Alemanha? Ninguém 
em sã consciência teria pedido a alguém como Christine Keeler 
que obtivesse esse tipo de informação do Sr. Profumo.”

A inteligência britânica acompanhava os passos do ministro da 
guerra e sabia de tudo. O secretário do gabinete aconselhou Profumo 
a terminar a relação e ele o fez numa carta para Christine em 9 de 
agosto de 1961. Tudo teria ficado em silêncio não fosse um traficante, 
amante de Christine, ter arrombado sua porta a tiros e levado a call girl 
para os tribunais e as manchetes.

CHRISTINE FALA

Passados 50 anos, a própria Christine desmente o Relatório Denning. 
Em entrevista ao Daily Mirror (9 de junho de 2013), ela admite 
que foi manipulada pelo médico para trair seu país. Disse que Ward 
usou o primeiro encontro na sua casa entre ela e “Jack” para roubar 
documentos secretos da pasta do ministro detalhando a entrega de 
armas nucleares à Alemanha. “Profumo nunca revelou que teve cartas 
secretas roubadas, por arrogância, incompetência ou para esconder 
sua negligência.” Christine contou ainda ao Mirror: “Não lembro 
bem como era fazer sexo com Jack, a não ser que foi furtivo no começo, 
depois se tornou cada vez mais prazeroso e subitamente acabou. 
Parece incrível que nossa relação tenha resultado em tanta tragédia 
e tanto dano.” Ela se diz uma inocente útil, enganada por Ward. “Fui 
recrutada por um homem esperto e carismático, mas perigoso.” Conta 
que foi a encontros com espiões infiltrados no próprio establishment, 
como Sir Anthony Blunt (curador dos museus reais), Sir Roger Hollis 
(chefe do MI5) e outros: “Podem imaginar como era chato para mim 
ficar ouvindo toda aquela conversa sobre Moscou, Washington e 
bombas nucleares?”

No rastro do escândalo, o michê de Christine Keeler subiu astronomicamente. 
Ela foi para a cama com bonitões do cinema como 
Warren Beatty, George Peppard, Maximilian Schell e os veteranos 
Robert Mitchum e Douglas Fairbanks Jr. Costumava circular na noite 
com sua amiga Mandy Rice-Davis, 19 anos, que também se envolveu 
no escândalo. Ficou famosa por uma frase, no tribunal, quando 
lhe disseram que Lorde Astor negara qualquer relação com ela: “He 
would, wouldn’t he?” (“Ele falou, não foi?”) A frase entrou na 3ª edição 
do Oxford Dictionary of Quotations (1979). Em 1983, Christine 
publicou uma autobiografia, Nothing But. Na época vendia telefones 
em Fulham, depois gerenciou uma lavanderia em Battersea. Na década 
de 1990, foi morar no litoral sul da Inglaterra e trabalhou como 
cozinheira numa escola de moças. Em 2001 ainda tinha o que contar 
e lançou uma segunda autobiografia, The Truth at Last. 

Peter Wright, agente da contrainteligência britânica MI5, interrogou 
longamente Christine sobre o Caso Profumo. Em sua autobiografia, 
Spycatcher (Caçador de espiões, Bertrand-Brasil, 1988), 
ele disse que se surpreendeu ao ver uma garota de programa inculta 
usar o termo nuclear payload (carga útil nuclear) referindo-se 
a mísseis. Christine foi imortalizada pela foto icônica do australiano 
Lewis Morley, feita em maio de 1963, em que aparece nua, 
escanchada numa cadeira do designer dinamarquês Arne Jacobsen. 
Tanto a cadeira como a foto entraram para o acervo do Victoria 
& Albert Museum de Londres. Uma frase atribuída a Christine 
também ficou célebre: “Eu assumi os pecados de todo mundo, de 
toda uma geração, na verdade.”

PSICODRAMA

Um filme britânico sobre o Caso Profumo foi lançado em 1989, 
Scandal, dirigido por Michael Caton-Jones e estrelado por Joanne 
Whalley (Christine Keeler), John Hurt (Stephen Ward), Ian McKellen 
(John Profumo), Britt Ekland (Mariella Novotny) e Bridget Fonda 
(Mandy Rice-Davies). Um destaque do filme foi a canção Nothing Has 
Been Proved, composta e produzida pelos Pet Shop Boys e cantada por 
Dusty Springfield. John Dennis Profumo, o 5º Barão 
Profumo do Reino da Sardenha, depois da 
renúncia prestou serviços voluntários limpando 
latrinas em Toynbee Hall, uma instituição 
de caridade no East End, a zona mais pobre 
de Londres. (Lembra o fim de Jeremy Irons 
em Perdas e danos). Com o tempo, 
tornou-se o principal angariador de fundos da instituição e conseguiu restaurar em parte sua reputação. 
Trabalhou lá até morrer em 2006, aos 91 anos. Sua mulher, 
Valerie Hobson, interrompeu uma brilhante carreira de atriz em 1954 
ao casar com Profumo. Seu último filme, o 45º, foi Um Amante Sob Medida, 
dirigido por René Clément e estrelado pelo galã Gérard Phillipe. 

Morreu em 1998 aos 81 anos. 

A vida de Stephen Ward tem tudo para dar um belo musical. Foi 
médico, entre outros, de Winston Churchill, Frank Sinatra e Elizabeth 
Taylor. Na Segunda Guerra, na Índia, o capitão Ward tratou o 
Mahatma Gandhi de dores de cabeça e da coluna cervical. Aos 17 
anos rompeu com a família e foi para Londres. Vendeu tapetes, baús 
de chá indianos, assinaturas da revista The Spectator e foi tradutor da 
Shell em Hamburgo. Em 1934, aos 22 anos, a mãe o persuadiu a estudar 
medicina. Formou-se no Kirksville College of Ostheopathy and 
Surgery no Missouri, nos Estados Unidos. Segundo o jornalista Philip 
Knightley, “Ward ajudou a dar à luz bebês em fazendas remotas, 
praticou cirurgias em mesas de cozinha, cuidou de ossos quebrados 
em tornados e ministrou injeções contra a febre tifoide durante as 
enchentes que devastaram a junção dos rios Ohio e Mississipi.” 

Stephen Ward não resistiu às pressões do Caso Profumo e 
envenenou-se com barbitúricos. Estava em coma quando recebeu 
o veredicto de culpado da acusação de viver de “ganhos imorais” 
ao prostituir suas amigas Christine Keeler e Mandy Rice-Davies. 
Morreu três dias depois da sentença, em 3 de agosto de 1963. O Caso 
Profumo foi o divisor-de-águas entre a velha e a nova Inglaterra. 
Como registrou em março de 1963 a revista Time: “Na ilha onde o 
tema era há muito tempo tabu entre a sociedade educada, o sexo explodiu 
na consciência nacional e nas manchetes. ‘Estamos virando 
maníacos sexuais?’ pergunta o Daily Herald. ‘A castidade está fora de 
moda?’ pergunta uma revista escolar para adolescentes. ‘As virgens 
ficaram obsoletas?’ é a pergunta feita pelo solene New Statesman. As 
respostas variam, mas uma coisa é clara: a Grã-Bretanha está sendo 
bombardeada por uma barragem de franqueza em relação ao sexo.” 

O Caso Profumo foi também o grande psicodrama da Guerra 
Fria, uma tragédia que Shakespeare teria escrito se vivesse nos anos 
1960. A partir do dia 3 de dezembro, esta história será revivida todas 
as noites no palco do Aldwych Theatre, em Londres. E – quem sabe 
no ano que vem? – nos melhores teatros de Rio e São Paulo.

MEMENTO

Embalos de sábado à noite em Londres, 3 de agosto de 1963,
morei em Londres de agosto de 1962 a junho de 1965, trabalhando 
no Serviço Brasileiro da BBC). Eu bebia num pub de Chelsea bem 
próximo ao hospital St. Stephen’s, onde o médico Stephen Ward, o 
agente catártico do Caso Profumo, estava em coma depois de uma 
tentativa de suicídio. O escândalo ocupava todo dia as manchetes. 
Lembro bem daquela noite por causa de uma quadrinha rabiscada na 
parede do banheiro do pub, que nunca mais esqueci: “L’ha detto Dante/ 
lo confermó Petrarca/ la fica di una donna/ ha la forma di uma barca.”(Já 
disse Dante/ e confirmou Petrarca/ a xota de uma dona/ tem a forma de 
uma barca.) No domingo, acordei de ressaca. Ao sair às ruas aturdido, 
vi os cartazes das bancas de jornais berrando: Stephen Ward tinha 
morrido naquela noite. 



A "guerra fria" esquenta na mídia...

Em resposta aos Estados Unidos, que retiraram as credenciais do canal de TV russo RT, declarando-o como "agente estrangeiro", a Rússia enquadrou nove meios de comunicação dos EUA  igualmente como "órgãos que exercem funções de um agente estrangeiro". Ambas as medidas não impedem mas limitam a atuação dos repórteres. A Rússia considerou a cassação de credenciais como um ato hostil e contrário à liberdade de expressão. As novas regras foram impostas pelo Congresso americano onde republicanos, muitos deles 'falcões", são ampla maioria.

Vandalismo...

Foto de Alexandre Macieira/Riotur

Por que não botam lentes de contato no Drummond?

Christine Keller: a musa da Guerra Fria morre em Londres e deixa uma foto e uma cadeira que entraram para a história dos escândalos políticos...

Foto do site oficial de Lewis Morley. (link abaixo)

por Jean-Paul Lagarride 

Christine Keller morreu ontem, em Locksbottom, perto de Londres, aos 75. Antes de três gerações clicarem no Google, segue um who's who: a moça foi a musa da Guerra Fria.

Para usar uma expressão atual a modelo e showgirl ganhou status de protagonista do primeiro escândalo político-sexual a 'viralizar" como um raio na mídia mundial.

No fim dos anos 1950, o videotape já globalizava programas das TVs dos grandes centros, mas em 1962 o satélite Telstar transmitiu pela primeira vez imagens ao vivo dos Estados Unidos para a Europa. A nova tecnologia, somada ao avanço das redes terrestres de microondas, criou os primeiros links da aldeia global.

Em 1961, Christine Keller foi a uma balada sem lei em uma mansão com piscina e lá conheceu John Profumo, ministro da Guerra do governo de Harold McMillan, com quem passou a ter um caso.

Simultaneamente , Keller se envolveu com o adido da marinha soviética em Londres,Yevgeny Ivanov. Assim, em plena Guerra Fria, a garota passou a ter na sua cama duas potências, pelo menos no sentido geopolítico, no tempo em que a espionagem ainda guardava certo romantismo. A showgirl tornou-se o elo desejado entre o comunismo e o capitalismo.

Quando o triângulo foi descoberto, já em 1963, Profumo negou inicialmente qualquer envolvimento com Keller. Depois, pressionado, Profumo confessou, renunciou ao cargo - embora não se tenha provado que na hora do vamos-ver o ministro tenha trocado segredos de Estado com Keller e esta tenha repassado informações para Ivanov - e abandonou a política. O político morreu em 2006, depois de trabalhar durante anos em uma estação de tratamento de esgotos.

No Daily Express e...

...no Correio da Manhã
Christine tornou-se "celebridade" e, se não virou uma Kim Kardashian por falta de redes sociais,  aproveitou bem a fama. Suas fotos mais famosas não são selfies, mas um belo ensaio assinado pelo fotógrafo Lewis Morley.

Christine Keller posou nua, fez uma série de poses, mas a cena que entrou para a história mostra a musa da Guerra Fria sentada em uma cadeira. E essa foi a foto de Morley que percorreu o mundo e virou o logotipo do escândalo. Christine ficou conhecida de Xangai a Madureira e, por tabela, até a cadeira - criada pela designer Arne Jacobsen virou um must e está hoje no Victoria &Albert Museum.

A Guerra Fria, em nova versão, voltou ao noticiário, mas ainda não tem uma Christine Keller para chamar de sua.


Conheça o site e o trabalho do Lewis Morley, falecido em 2013, na Austrália. Ele foi o autor das fotos que globalizaram a jovem que abalou Londres nos anos 1960.

Clique AQUI



Duas mulheres entre a casa grande e a senzala.

A Advocacia Geral da União enviou parecer ao STF defendendo a "flexibilização" da fiscalização do trabalho escravo no Brasil. O documento é assinado por  Grace Mendonça que, assim, encarna uma espécie de princesa Isabel ao contrário. Do outro lado está a ministra Rose Weber, que suspendeu há um mês a medida imposta pelo governo. Temer não tem limites ao tentar agradar a empresários fichas-suja - muitos são reincidentes -  de setores como agronegócio, confecções e construção civil, recordistas na exploração de mão de obra escrava. Daí, insiste nessa portaria do "cipó de aroeira".

Segura essa: colunista diz que o Brasil saiu da crise, o povo é que não percebe

A culpa é do povo. O colunismo engajado no governo Temer garante que o Brasil voltou a crescer, já seria uma espécie de tigre, ou melhor, onça sul-americana da economia. O problema que resta agora é que o povo, esse ingrato, se recusa - dizem os escribas -  a ter a "percepção" de que voltamos a bombar. Um dos últimos números alardeados pela mídia chega a ser hilário se não fosse trágico. A claque comemorou a criação de cerca de 80 mil emprego em um universo de mais de 12 milhões de desempregados. Discretamente, ao pé da página, revelava-se que esses empregos criados eram "informais". O Rio já sabia disso. O prefeito Crivella encheu ruas e praças de camelôs... todos informais.

O "Rosebud" do filme "O Paciente" poderia ser uma mala de dinheiro...

por Ed Sá

Sérgio  Rezende vai dirigir o filme "O Paciente" sobre os últimos dias de Tancredo Neves, o que foi presidente sem nunca ter sido. Um ator fará o papel de Aécio Neves.

Não se sabe ainda quem fará o papel da mala de dinheiro que, segundo as gravações de Joesley Batista, teria sido entregue a um atravessador de propina a serviço do neto de Tancredo.

A mala caberia bem em um flash foward misterioso, algo como o trenó Rosebud de "Cidadão Kane".

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

A rede social como ela é...

por O.V. Pochê
* A primeira-dama dos Estados Unidos, Melania Trump, nasceu na Eslovênia, no Leste Europeu. a menos de mil quilômetros da Transilvânia, que fica a dez horas de carro ou quatro dias de carruagem. Só isso explica a decoração que Melanija Knav, nome original da mulher de Trump, bolou o Natal da Casa Branca. As redes sociais se divertiram. Houve quem comparasse o corredor da Casa Branca aos castelos tenebrosos de Harry Potter; alguém perguntou se Drácula já havia sido convidado; se haveria homenagem a Charles Manson; se ia rolar uma encenação de "Macbeth” com os assassinatos e bruxas da peça de Shakespeare etc.

* Piadinha Cadeia Velha postada e digitada em Botafogo: "Para o Gilmar Mendes, o Barata sai caro - e vice-versa".

Reprodução Facebook
* A proprietária de uma casa, em Macapá, reformou a calçada e se preocupou com a acessibilidade para pessoas com deficiência visual. Mérito dela? Será? Mais ou menos: a dona instalou um piso tátil para orientar os transeuntes, só que a linha leva direto a um desnível da calçada e, consequentemente, a um tombo espetacular da pessoa com deficiência visual ou baixa visão que seguir a sinalização. Um internauta comentou que  Macapá é a primeira cidade do mundo a oferecer pista para a prática de corrida de parkout para cegos. A proprietária foi notificada e botou a culpa no pedreiro.

* A defesa de Marcelo Odebrecht prepara o jatinho para o empresário sair da prisão em Curitiba, no dia 19 de dezembro, a tempo de passar o Natal em Salvador, onde começará a cumprir prisão domiciliar. Odebrecht vai se juntar ao bloco dos empresários que deixam para trás o sufoco maior da Lava Jato.. Condenado há 10 anos, o dono da construtora usará tornozeleira nos próximos dois anos e meio e não poderá sair de sua mansão; nos dois anos e meio seguintes, poderá sair de casa durante o dia para prestar serviços à comunidade; finalmente, após essa etapa, cumprirá o resto da pena em regime aberto. Foi bom pra você?

A dura missão do repórter-setorista de Kim Jong Un. Foto KCNA
* Para a maioria dos jornalistas brasileiros - a turma do andar de baixo, no caso - não está fácil levar a vida e pagar as contas. Mas, se servir de alívio, há veículos e "editorias" mais difíceis de encarar. Trabalhar como setorista de Kim Jong Un, por exemplo. Por maior que seja o sufoco, você não gostaria de estar no lugar do repórter da agência oficial da Coréia do Norte encarregado de acompanhar a agenda do "homem-foguete", como Trump o chama. Na foto, Kim Jong Un visita uma fábrica de caminhões. De bloquinho na mão, no modo analógico, o repórter anota tudo e mais alguma coisa. Tem rugas de tensão no rosto e tenta não perder uma frase do seu líder.
E se errar uma palavra? Na mídia da Coréia do Norte não existe a seção Erramos. Nem correção. Só corretivo.

* Perdeu, playboy. O britânico James Howell estava feliz investindo em bitcoins. Com a tremenda valorização da moeda virtual nos últimos meses, ele ficou milionário. Seus 7.500 bitcoins estavam registrados em um HD. Uma noite,não se sabe se após dar uma passadinha no pub da esquina, Howell jogou fora o HD. Estima-se que os seus bitcoins, em valores atuais, estejam cotados em cerca de 100 milhões de dólares, uma espetacular valorização em cima dos 750 mil dólares que investiu.
O investidor agora está se virando para conseguir das autoridades permissão para escavar um aterro sanitário onde o caminhão que levou seu lixo depositou o HD.

Amigos da Manchete: Confraternização no Graça da Vila, Catete


Mensagem do colega Nilton Rechtman confirma para o próximo sábado, dia 9/12, a partir das 13h, o encontro de fim de ano dos Amigos da Manchete
Local: Restaurante Graça da Vila - Rua do Catete, 133 

Livro "1973, o ano que reinventou a MPB" será relançado no auditório do Sindicato dos Jornalistas

A Sonora Editora relança o livro "1973, o ano que reinventou a MPB - A história por trás dos discos que transformaram a nossa clutura", coletânea essencial organizada por Célio Albuquerque, que reúne em torno do tema 50 jornalistas especializados, entre os quais vários colegas que atuaram na Manchete, como o próprio Célio Albuquerque,  Roberto Muggiati, Antonio Carlos Miguel,  Regina Zappa, Álvaro Costa e Silva,Vicente Datolli e Silvio Essinger.

Para marcar essa revisita documental àqueles doze meses da primeira metade dos Anos 70, um período incomum de lançamentos de discos que entraram para a história da MPB, acontecerá no Auditório João Saldanha, do Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio de Janeiro, a partir das 19 horas do próximo dia 14 de dezembro, um encontro entre autores, aberto ao público. O Sindicato dos Jornalista fica na Evaristo da Veiga, 16, 17° andar, Centro, Rio de Janeiro.

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Há 50 anos – O dia em que (não) entrevistei o Dr. Barnard na Cidade do Cabo


Por Roberto Muggiati

Era uma vez na Manchete. O Dr. Christiaan Barnard tinha conseguido o feito médico do século: o primeiro transplante do coração na Cidade do Cabo, África do Sul.

Foi no domingo, 3 de dezembro de 1967.

Eu trabalhava há um ano como repórter especial do carro-chefe da Bloch. A revista demorou um pouco a assimilar a novidade e avaliar sua importância jornalística. Acho que estávamos meio distantes do mundo, naquele velho prédio da Frei Caneca, onde tínhamos de percorrer quase um quilômetro atravancado por máquinas gráficas sucateadas até chegar ao imenso elevador de carga que nos levava às redações. A penitenciária ficava ao lado: era frequente detentos escaparem atravessando as dependências da Bloch. A atmosfera conspirava para que nos sentíssemos um pouco também como prisioneiros.

Tudo mudou na manhã de sexta-feira, 5 de janeiro. Alguém devia ter feito um contato muito importante na África do Sul para nos garantir uma entrevista exclusiva com o Dr. Barnard. Ao chegar à redação, encontrei a saudosa maloca de Frei Caneca à beira de um ataque de nervos. O chefe de reportagem em exercício, Raul Giudiccelli, investiu esbaforido para cima de mim. “Vai correndo ao Itamaraty tirar um passaporte especial, você viaja ainda hoje à Cidade do Cabo para entrevistar o Dr. Barnard!”


Eu tinha um contato excelente no Palácio dos Cisnes, onde reinava o velho Magalhães Pinto como Ministro das Relações Exteriores. Seu chefe de gabinete, o jovem e brilhante diplomata paranaense Orlando Soares Carbonar, ex-jornalista, era meu companheiro das noitadas de fechamento na redação do jornal Gazeta do Povo de Curitiba, onde vivi as emoções da minha primeira edição extra na morte de Getúlio Vargas, em agosto de 1954.

Duas horas foram suficientes para que eu saísse do palacete da Rua Larga com o passaporte azul na mão e pegasse um táxi para Frei Caneca. Cheguei entusiasmado, mas foi como se trombasse com um muro de concreto.

Cara de tacho, Giudiccelli falou, numa voz deprimida: “A viagem michou, Muggiati. Pode voltar à cobertura do lançamento do filme do Tarzã...”




Eu havia acompanhado a filmagem de Tarzã e o grande Rio e agora o filme estreava em grande estilo. Pífio consolo: não ia mais à África entrevistar o Dr. Barnard, mas teria um gostinho da África via Tarzã, o Rei da Selva.

Dr. Barnard visitou a Manchete em 1978
e deu uma canja no piano da casa. Foto: Lúcio Macedo

Essa viagem abortada foi uma das grandes frustrações dos meus 64 anos de jornalismo. Mas a gente logo fica vacinado. Guardo como prova do crime o passaporte azul novinho em folha que nunca usei. Quanto ao Dr. Barnard, não resistiu à fama. Deixou as cirurgias, virou celebridade, largou a mulher para namorar a Gina Lollobrigida, e um belo dia apareceu no Palácio de Cristal do Russell para desfrutar da hospitalidade de Adolpho Bloch e da cuisine do chef Severino Ananias Dias.

Era 1978, só havia o primeiro prédio, Rua do Russell 804, nos salões do décimo andar Barnard deu uma canja no piano Steinway. Editor da Manchete, eu estava lá, mas nem eu nem ninguém lembra o que ele tocou.

Na Manchete era assim. Muitas vezes grandes ímpetos jornalísticos eram sufocados no nascedouro, como minha viagem à Cidade do Cabo. Mas, no correr do tempo, o que contava era o consistente trabalho de formiguinha da legião de jornalistas que batalhava por lá. Para fechar com um exemplo na área dos transplantes: seis meses depois do feito pioneiro na Cidade do Cabo – com a seriedade profissional que acabou abandonando o brilhante Barnard – o doutor Euryclides de Jesus Zerbini fez o primeiro transplante cardíaco, no Hospital das Clínicas de São Paulo, e se firmou como um dos maiores especialistas mundiais nessa área. Nosso repórter Celso Arnaldo Araújo, Prêmio Esso de Informação Científica, não só acompanhou o Dr. Zerbini na sua gloriosa jornada, como escreveu a biografia definitiva, Dr. Zerbini: o operário do coração.

Operários do jornalismo éramos, somos nós.

Carmen Mayrink Veiga: a última dama do society

Carmen na capa: 1960
Carmen Mayrink Veiga morreu ontem, ao 88 anos, no seu apartamento no Flamengo, Rio.

A socialite que foi simbolo de um Rio que passou, era casada com o empresário Tony Mayrink Veiga, falecido no ano passado.


Nos últimos anos, um doença degenerativa - paraparesia tropical - a levou à cadeira de rodas.


Com problemas financeiros e dívidas com bancos, o casal teve bens leiloados.



Em 1997, Carmen Mayrink Veiga foi entrevista para a Manchete pela repórter Cristiane Ramalho. Foi a última matéria sobre a socialite publicada na revista, que encerrou sua circulação regular, semanal, em 2000, após a falência da Bloch Editores (*).






 (*) Manchete ainda foi às bancas editada pela Nova Bloch, uma cooperativa formada por ex-funcionários. Posteriormente, com o leilão do título, adquirido pelo empresário Marcos Dvoski, foram lançadas várias edições de Carnaval durante a década 2000. 

domingo, 3 de dezembro de 2017

Fake news, quem vai querer?



(de Sabrina Brito, para o Observatório da Imprensa)

Fake news é um tema que tem sido cada vez mais debatido, especialmente no mundo do jornalismo. De acordo com o jornal britânico The Telegraph, fake news são notícias falsas que podem existir por cinco motivos: com o intuito de enganar o leitor; como uma tomada acidental de partido que leva a uma mentira; com algum objetivo escondido do público, motivado por interesses; com a propagação acidental de fatos enganosos; ou com a intenção de fazer piada e gerar humor.

Embora alguns especialistas, como o jornalista Sérgio Dávila, afirmem que notícias falsas sempre tenham existido, é certo que sua disseminação nunca foi tão intensa quanto é hoje, com as redes sociais.

De acordo com Diego Iraheta, redator-chefe do Huffington Post no Brasil, as redes sociais e o universo informacional do século XXI facilitam o escoamento das notícias enganosas de uma maneira extremamente rápida e eficiente. Assim, com a propagação de reportagens tendenciosas e mentirosas crescendo cada vez mais, a democracia é ameaçada, uma vez que o acesso à informação é um direito do cidadão.

Fábio Zanini, editor da seção “Poder” da Folha de S.Paulo comenta o porquê das fake news terem ganhado importância nos últimos tempos. “Isso foi exacerbado, na minha avaliação, por dois motivos que, na verdade, caminham juntos: primeiro, as redes sociais, que democratizaram muito a geração de informação, o que é uma coisa positiva até certo ponto; e o segundo motivo é uma crescente polarização política em todo o mundo”, disse.

Com isso, o jornalista expressou sua opinião de que as notícias falsas são mais facilmente espalhadas através do Facebook e Twitter, por exemplo, e de que os interesses motivados por posições políticas podem intensificar a criação de fake news, com o objetivo de divulgar informações incorretas para convencer mais pessoas a adotarem um determinado ponto de vista.

LEIA A MATÉRIA COMPLETA NO OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA, CLIQUE AQUI

Fotomemória da redação: Fatos & Fotos, 1976...


Redação das Fatos & Fotos, 1976, no 7° andar do prédio da Rua do Russell. Pedrosa Filho, chefe de reportagem, Hugo de Góes, fotógrafo, e o repórter José Esmeraldo. Atenção: o que o Hugo maneja não é um celular, era o último modelo de uma calculadora eletrônica. Celular só existia em ficção científica e no sapato do Agente 86, seriado que a Record e, depois, a Bandeirantes exibiram no Brasil. Atrás da divisória de vidro, ficava nessa época a redação da Amiga.
Foto: Acervo J.E.


Fique ligado no twitter de Donald Trump. Se o apocalipse nuclear vier será anunciado em 240 caracteres


Donald Trump tem mais de 40 milhões de seguidores no Twitter. Kim Jong-un tem mísseis capazes de alcançar alguns estados americanos. Esses dois fatores são atualmente os que mais causam stress coletivo nos Estados Unidos.

A revista New York publica uma matéria identificando a atuação de Trump na rede social como geradores de crises.

O twitter do empresário-presidente é uma granada sem pino. Ele veicula opiniões pessoais que, obviamente, têm grande impacto e consequências políticas. Como qualquer adolescente, Trump compartilha muito do que recebe, incluindo vídeos comprovadamente falsos, e já repassou até material de recrutamento de neonazis estrangeiros.

A New York diz que o twitter de Donald Trump é um microfone gigante sem controle

O @realDonaldTrump dá a cada manhã um choque elétrico nos nervos do Departamento de Estado americano e na política interna dos Estados Unidos, geralmente com fortes reflexos mundias.

Se algum dia Trump se cansar de Kim Jong-un e apertar o botão vermelho do apocalipse nuclear, o mundo vai saber disso em uma mensagem de 240 caracteres.

Provavelmente alguns minutos ou segundos (dependendo do lugar onde você morar) antes de virar pó.



Reforma trabalhista em ação...

Cerca de 60 jornalistas do portal R7, da Rede Record, paralisaram suas atividades em protesto contra  alteração unilateral na escala de plantão nos fins de semana.
Sem dialogar com os jornalistas, a empresa enviou e-mail determinando que a escala de 3 x 1, ou seja, um final de semana trabalhado para três de folga, passará a ser de 2 x 1 a partir de janeiro. O aumento da sobrecarga de trabalho não implica em maior maior remuneração. A informação é do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo.

Assédio fotográfico: ator português chama atenção para "retaguarda" de jovem carioca e é criticado na web...

Reprodução
por Clara S. Britto

Uma foto rende polêmica na web. Tudo por causa de uma legenda.

Todo cuidado é pouco.

O ator português Ângelo Rodrigues veio ao Rio e compartilhou nas redes sociais a foto acima, quando visitou a Escadaria Selarón, na Lapa, atração muito procurada por turistas.

O problema é que Rodrigues deu uma viajada na legenda: "Reparem na proeminência da retaguarda da jovem lá em cima à esquerda, que roubou as atenções de quem estava a ver esta foto por minha causa. Sim, eu vi que fizeste zoom agora".

Algumas mulheres viram assédio e machismo no post. Uma delas devolveu: "Reparem também na proeminência no meio das tuas pernas, Ângelo!". A informação é da reivista VIP portguesa.


sábado, 2 de dezembro de 2017

Revista Istoé divulga a lista de Brasileiros do Ano. Astrólogo prova que para alguns escolhidos essa homenagem dá um azar danado...

por Allan Richard Way II (colunista convidado)

A revista Istoé promove a cada dezembro a premiação Brasileiros do Ano. Como astrólogo, faço aqui um breve retrospecto do listão de ilustres da revista - apenas de 2013 pra cá. O estudo mostra que para muitos do laureados entrar na relação dá um tremendo azar, pra dizer o mínimo.

Em defesa da Istoé, diga-se que a revista Time escolheu Hitler como Homem do Ano em 1938. No caso, o azar foi do mundo. No ano seguinte, a Time indicou Stálin, quer urucubaca maior? Nixon foi Homem do Ano duas vezes antes de ser abatido pelo escândalo Watergate. Clinton também, antes da sessão de sexo oral no Salão apropriadamente chamado de Oval. Trump foi a personalidade do ano passado. Com no caso do líder nazista, azar do mundo.

Voltando ao Brasileiros do Ano da Istoé, há algo de errado na conjunção astral estabelecida no momento em que a redação da revista aponta seus ídolos e faz desandar a vida e a obra de muitos dos escolhidos. Inegavelmente, alguns nomes depois de homenageados entram em inferno astral.

O conceito de inferno astral é complicado para explicar a leigos, mas vou tentar. No momento em que a escolha é feita, o Sol está passando por determinado ponto do Zodíaco. Esse ponto, para o bem ou para o mal, passa a determinar muito do que os astros reservam para a vida do eleito. É como se fosse um aniversário. Dependendo da casa em que o planeta estiver percorrendo durante situações cruciais na vida de um determinado Brasileiro do Ano - e da posição do Sol sobre as questões dessa casa - o caos pode se instalar na vida da pessoa. Não vou ocupa-los com teorias. Tudo isso pode ser previsto por um astrólogo competente e de boa linhagem como este que vos fala.

Vamos aos fatos: quer ver alguns exemplos de zica recolhidos das "elites" que a Istoé apontou nos últimos anos?

Brasileiros do Ano 2013

Luís Felipe Scolari, o Felipão - Saiu na lista em dezembro e poucos meses depois liderou o maior fiasco da história do futebol brasileiro: a Copa de 2014, com o vexame inenarrável diante da Alemanha.

Eduardo Campos - o político morreu em acidente no ano seguinte.


Aécio Neves - Foi candidato a presidente, perdeu, ajudou a derrubar Dilma Rousseff, mas acabou denunciado e envolvido em propinas, malas de dinheiro e corrupção galopante.

Joesley Batista - A Istoé o escolheu "empreendedor do ano". Descobriu-se depois que o que Joesley empreendia era uma distribuição de propinas para políticos de vários partidos.

Flávio Rocha - O dono da Riachuelo foi depois acusado de utilizar mão de obra escrava.

Aldemir Bendine - O então presidente do Banco do Brasil foi preso sob a acusação de receber propina da Odebrecht.

Sérgio Rodrigues - o designer faleceu no ano seguinte.

Roberta Sudbrack - a chef festejada envolveu-se no Rock'n Rio em rumoroso caso de apreensão de alimentos sem selos de qualidade, com danos à sua imagem.

Dilma Rousseff - A ex-presidente foi escolhida Brasileira do Ano em Gestão. Isso foi espantoso. Na solenidade de entrega do troféu, Dilma foi representada por Guido Mantega (ele foi Brasileiro do Ano da Istoé em 2012). Dilma acabou derrubada da Presidência e o próprio Mantega levou a sobra da azarenta promoção da Istoé: hoje é acusado por delator de ter montado esquema de corrupção no Carf

Brasileiros do Ano 2014

Luiz Fernando Pezão - O homenageado (do grupo de Sérgio Cabral, que foi Brasileiro do Ano em 2011) tornou-se, em pouco tempo, o piloto do caos no governo fluminense. O atual governador do RJ responde a inquérito do STJ acusado de receber cerca de R$ 20 milhões em caixa 2.

Brasileiros do Ano 2015 

Michel Temer - O então vice de Dilma encurralou a parceira de chapa e se deu bem. Mas não escapou da sina do Brasileiros do Ano. Enrolou-se em malas recheadas de dinheiro de propina.

Carmen Lúcia - foi Brasileira do Ano pela postura firme, segundo a Istoé. Não deu sorte em votações recentes, como as do ensino religioso em escola pública e a coordenação da destrambelhada sessão que devolveu Aécio Neves à liberdade e ao Senado, ambas com seu voto de minerva.

Brasileiros do Ano 2016

Michel Temer foi novamente o destaque. Pode-se dizer que apesar de obrigado a fazer de tudo para se defender de acusações de corrupção, o suspeito Temer está conseguido driblar o azar com a ajuda do Congresso, do TSE, do STF, de nomeações e de verbas de emendas parlamentares. Mantém-se poderoso e fora do alcance da força-tarefa. Tem patuá com bom prazo de validade. É candidato a ser o Brasileiro do Ano da Istoé em 2018.

Eduardo Paes - o ex-prefeito do Rio também foi homenageado no ano passado. Não fez o sucessor. Foi citado em delação e, de Nova York, onde mora atualmente, emite notas de defesa. É alvo de investigação autorizada pelo STF.


Brasileiros do Ano 2017 

A lista desse ano acaba de sair. A conferir se alguns homenageados escaparão da urucubaca que tem atingido alguns nomes da elite eleita pela Istoé.

Sergio Moro - O juiz da Lava Jato também foi homenageado no ano passado. Ganhou notoriedade, recebe aplausos, mas se avolumam críticas a ele no meio jurídico. Nos últimos dias, os jornais têm noticiado o depoimento de Rodrigo Tacla Duran, ex-advogado da Odebrecht, que denunciou em CPI negociações paralelas de denúncias premiadas intermediadas por um amigo de Moro, o advogado Carlos Zucolotto Junior. Moro desmentiu a acusação em nota, mas a questão tende a se prolongar.

Henrique Meireles - Em 2018 estarão em julgamento a política econômica do ministro, as reformas que defende e, principalmente, seus projetos políticos, incluindo uma candidatura a presidente.

Luciano Huck - A apresentador tentou se lançar como presidenciável. Não decolou. Apesar da popularidade que a TV lhe confere, desistiu alegando questões de família. Promete participar das eleições como cidadão influente. Não deixou claro o que vai fazer.

ACM Neto - Embora citado em delação da Odebrecht e investigado pelo Ministério Público, o neto do Toninho Malvadeza é bem avaliado em pesquisas em relação à administração da prefeitura de Salvador. Tem mantido estudada distância das polêmicas nacionais. Deve se candidatar a governador da Bahia ano que vem.

Vai uma tabela da Copa da Rússia, freguês?

Tabela que a BBC Brasil disponibiliza para download. bbc.in/2AjZs1Z
Clique para ampliar

"Trêfego e peralta": Ruy Castro lança livro "deliciosamente incorreto"


Na próxima quinta-feira, 7, a Livraria da Travessa, em Ipanema, receberá o escritor Ruy Castro para lançamento do livro "Trêfego e peralta - 50 textos deliciosamente incorretos" (Companhia das Letras), uma seleção de reportagens, artigos e entrevistas do escritor e jornalista em 50 anos de trajetória profissional. Ruy começou sua carreira de jornalista no Correio da Manhã, em 1967. Nos anos 1970, trabalhou em Fatos & Fotos e Manchete.

sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Fato & Foto: a Fifa tuitou...

Em Moscou, ao lado de Putin, Pelé chega ao local do sorteio dos grupos e jogos da primeira fase da Copa da Rússia.
O brasileiro ganha carinho e reverência do argentino Diego Maradona. Foto: Twitter Fifa

Memória da publicidade: é um computador, é uma churrasqueira, é um pássaro, é um avião?

Em tempos de notebooks e smartphones, conheça uma antepassada
da 'machina' de escrever. Dizem que ao ver pela primeira vez uma
das sucessoras do modelo acima, talvez em um museu, um jovem nerd se espantou com o dispositivo
capaz de gravar e imprimir o texto ao mesmo tempo. O anúncio acima é provavelmente
da década de 1920, um tempo em que o consumidor era chamado de Vossa Senhoria.
A reprodução foi enviada pela jornalista Dalva Ventura




Veja a Filarmônica em: "A Máquina de Escrever" de Leroy Anderson.

Clique AQUI

Jerry Lewis na famosa sequência da máquina de escrever no filme
Errado pra Cachorro. Clique AQUI

Copa da Rússia 2018: saiu o mapa do caminho do hepta. A voz do povo é o seguinte: se o Brasil perder a Copa Tite e Neymar podem pedir cidadania ao Putin...


A Fifa realizou hoje o sorteio que formou os grupos e indicou os primeiros jogos da Copa. Brasil pega Suíça, Costa Rica e Sérvia. É bom que o time de Tite garanta o primeiro lugar do Grupo E. Caso fique em segundo pode enfrentar uma pedreira logo no quarto jogo: a Alemanha.

A Argentina pegou moleza no Grupo D e a Rússia abre a Copa jogando contra a Arábia Saudita, que de bola sabe tanto quanto um devoto do Padim Ciço entende do Corão. Não existe um "grupo da morte" que mereça esse nome. Enfrentamento entre países campeões do mundo só a partir das oitavas.

Vamos chutar. Claro que a "zebra" sempre aparece em Copas do Mundo - e é bom que apareça -, mas em cada grupo há dois claros favoritos. Normalmente, se classificam para a segunda fase: Rússia e Uruguai; Portugal e Espanha; França e Peru (ou, vá lá, Dinamarca); Argentina e Croácia (a alegre Islândia pode chegar lá); Brasil e Sérvia; Alemanha e México; Inglaterra e Bélgica; Colômbia e Polônia.
Foto AFP/www.fifa.com

Durante a Cerimônia, Tite foi fotografado ao lado da taça. Espera-se que ele traga a própria em metal e ouro, em carne e osso. Trazer só a fotografia não vale. Selfie com medalha de vice também não.

Caderno ELA acaba e Revista ELA renova paginação e conteúdo

A Infoglobo, que passa por reestruturação em todos os setores, com integração das redações de todos os seus veículos, anunciou ao mercado que o tradicional Caderno ELA deixará de circular.

No dia 10 de dezembro será lançada a nova revista ELA repaginada, com nova linha editorial, ênfase em gastronomia, moda, decoração, arte, arquitetura e turismo como parte do Planeta Ela, que reunirá a revista, o on line e eventos. Bruno Astuto, colunista da Época comanda a nova plataforma.


O ELA circulou pela primeira vez em 4 de janeiro de 1964.

Curiosamente, no momento em que Brasil fervia, com a mídia engajada na conspiração que levou ao golpe e à ditadura,

O Globo lançava um caderno que, em tempo de pesadas editorias políticas, era visto como de amenidades. Jacqueline Kennedy, Grace Kelly, Brigitte Bardot e Sophia Loren eram as personagens destacadas naqueles dias de agitação.

Nos anos 1980, o ELA deixou de ser parte do Segundo Caderno e virou suplemento.

Em mais de 50 anos, construiu uma inegável história de sucesso.


A Toyota deve achar que Ipanema é a praia da Mãe Joana

Reprodução

Assim como se fosse um xogunato, a Toyota ocupa área pública em Ipanema para uma ação publicitária. E a Prefeitura de Marcelo Crivella, atuante na promoção da desordem urbana (basta ver a invasão de camelôs em todos os bairros da cidade), deu OK à instalação da montadora. Só que a Prefeitura não manda sozinha na praia.

O mafuá da Toyota foi instalado pela Magic Comunicação, que seria um empresa paulista, e não tem autorização do Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac). "A realização de eventos na orla tem que passar pelo Patrimônio. E nós não autorizamos uma loja na praia que não oferece nenhuma contrapartida à população", disse o presidente do Inepac, Marcus Monteiro, ao Globo, hoje. Cariocas e turistas reclamaram da "casa", no estilo de quiosques de imobiliárias que vendem empreendimentos.

O risco de aceitar esse tipo de invasão é virar moda e as praias se transformarem em mercadão no verão que vem aí..

Digamos que um mafuá desses obtenha todas as autorizações legais, com contrapartidas à população e limites estéticos etc, ainda assim vai restar uma pergunta: se a Prefeitura está precisando de dinheiro, quanto cobra para autorizar essas promoções que ocupam espaço público em uma das áreas mais valorizadas e de maior visibilidade do mundo?

Vai a Toyota instalar um quiosque desses na Time Square, em Nova York, sem se coçar em alguns milhares de dólares... 

ATUALIZAÇÃO em 3/12/2017- A "casa" da Toyota já foi demolida por imposição do Inepac, que avalia se aquele trecho da praia e do calçadão de Ipanema, que é tombado, sofreu danos. Além do abuso privado, é inacreditável é a incompetência e falta de informação da prefeitura, que afirmou em nota que a construção cumpriu todos os requisitos e recebeu alvará. Quer dizer, a depender da prefeitura, a qualquer hora os cariocas podem ter esse tipo de surpresa desagradável em áreas. É bom o Inepac permaneça atento aos eventuais interesses  políticos que, aliás, já jogaram o Rio em um buraco monumental. 

quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Romero Jucá, envolvido na Lava Jato, é escrachado por passageira: "Safou seus amigos canalhas?"




Romero Jucá, de mão fechada, pouco antes de tentar agredir a passageira que o interpelou. 
Rúbia: a voz do povo.
O senador Romero Jucá (PMDB-RN), presidente do PMDB nacional, tem na sua ficha nada higiênica pelo menos cinco pedidos de investigação policiais a partir de denúncias da Lava Jato. Mas está livre, leve e solto por aí. Mas não imune à tática de esculacho acionada pela voz do povo. O controvertido Jucá foi hostilizado por uma passageira  Rúbia Sagaz durante um voo São Paulo-Brasília. A cidadã brasileira indignada com muita razão questiona o dito elemento sobre áudio vazado em que ele fala em pacto para barrar a Lava Jato. Dois vídeos, um feito por Rúbia (que o divulgou na sua página no Facebook e já recebeu mais de 500 mil visualizações) e outro por um passageiro mostram que Romero tenta derrubar o celular da jovem com um tapa, usa argumentos de palanque, mas não escapa de uma vaia nas alturas.
"E aí, senador, conseguiu estancar a sangria?"; "Vai acabar o seu sossego. Quer viajar? Vai ter que viajar de jatinho particular"; "O senhor deveria ter vergonha, o senhor protege corruptos. Safou seus amigos canalhas. O senhor não tem vergonha", disse a jovem em nome de milhões de brasileiros.
VEJA O VÍDEO FEITO POR RÚBIA SAGAZ, QUE MOSTRA A TENTATIVA DE AGRESSÃO, CLIQUE AQUI 
VEJA O VÍDEO DE OUTRO ÂNGULO FEITO POR UM PASSAGEIRO, CLIQUE AQUI

Jornal Última Hora é tema de romance premiado...


por Ed Sá 

Redações são panelas de pressão de notícias. Mas não apenas de notícias. A vida também ferve naquelas salas e corredores.

O escritor e advogado potiguar José Almeida Júnior viu no jornal Última Hora uma fonte de inspiração para mixar ficção e realidade. O romance que resultou da incursão ao passado de um dos mais importantes diários dos anos 1950/1960 foi lançado pela Record e acaba de ganhar o Prêmio Sesc de Literatura 2017. O personagem central de "Última Hora" é Marcos, um jornalista mal pago que troca um subemprego em um jornal comunista para trabalhar no Última hora de Samuel Wainer. Carlos Lacerda, Getúlio Vargas, Nelson Rodrigues e o próprio Wainer, em meio a crises políticas, tortura, delações e assassinatos cruzam os caminho do protagonista.

O escritor contou em entrevista publicada no Blog da Editora Record que escreveu as cenas da tensa batalha institucional vivida por Getúlio Vargas no mesmo momento em que tramitava o processo de impeachment de Dilma Rousseff.

- "Alguns comparam o que aconteceu no Brasil em 2016 ao golpe de 1964. Mas acho que 2016 se assemelha mais a 1954. Em 1964, o principal discurso foi o do combate ao comunismo, embora também se falasse em corrupção. Em 1954, o discurso anticorrupção foi o eixo principal para a derrubada de Getúlio Vargas. Após o atentado contra Carlos Lacerda na rua Tonelero, a crise se aprofundou e um sistema de justiça foi montado pela Aeronáutica para apurar os crimes. Com o apoio da grande imprensa, a investigação começou a atropelar procedimentos legais, o que ficou conhecido como República do Galeão. Não à toa, em 2016, falou-se em República de Curitiba", conclui o autor.

Jornalismo e direitos: um debate em pauta...


Na próxima terça-feira, 5, acontecerá no Parque das Ruínas, das 10h às 17h, em Santa Teresa, no Rio de Janeiro, o evento “Diálogos Gênero e Número – dados, jornalismo e arte para falar sobre direitos”. Participam dos debates Cecília Oliveira, do The Intercept Brasil, Flávia Oliveira, do jornal O Globo,
Andrea Dip, da Agência Pública e Ana Paula Pellegrino, especialista em política antidrogas.

A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) lançará na ocasião as conclusões da pesquisa “Mulheres na mídia”, feita em parceria com a Gênero e Número (GN).
A participação é gratuita.

Diálogos Gênero e Número
Centro Cultural Municipal Parque das Ruínas
Rua Murtinho Nobre, 169, Santa Teresa – Rio de Janeiro, RJ
5 de dezembro, das 10h às 17h
PARA MAIS INFORMAÇÕES ACESSE FACEBOOK, AQUI

Jornal faz perfil "leve" de neonazista e leitores protestam...

Um neonazista "normal".
Reprodução Facebook
por Flávio Sépia
Nas redes sociais, pau no The New York Times.
O jornal publicou um artigo fofo sobre um nazista. Ao perfilar um ativista da direita radical e mostrar como vive um mentecapto que pode até ser seu vizinho de porta, o repórter Richard Fausset listou facetas "positivas" do elemento, de suavidade a simpatia, de hábitos "normais" à romântica vida amorosa, à educação, à discrição.

O problema é que isso tudo junto transformou o neonazista Tony Hovater no genro que mamãe queria ter. A matéria é tão "leve" que, ao falar de Hitler tem frases como essa: "a maioria dos americanos ficaria desgostosa e desconcertada por suas declarações de aprovação casual sobre Hitler". Leitores lembraram que os Aliados foram à guerra por motivos bem mais profundos do que sensações "desgostosas" ou "desconcertadas".

O jornal pediu desculpas a quem se sentiu ofendido, mas defendeu a pauta. Explicou que a intenção era desvendar um personagem que havia participado da manifestação de supremacista brancos em Charlottesville. "Estou chocado enojado com esse artigo", disse um internauta; "Tentando " normalizar "os grupos supremacistas brancos - nunca deveria ter sido impresso!", tuitou outro.

Houve quem criticasse a matéria por incluir um link para uma página da internet que vende braceletes de suástica. O NYT removeu o link e argumentou que "é necessário lançar mais luz, e não menos, nos cantos mais extremos da vida americana e nas pessoas que as habitam. Foi o que a história, por mais imperfeita que fosse, tentou fazer".

Involutariamente ou não, a matéria de Richard Fausset serve à chamada atl-right, movimento da direita alternativa em voga nos Estados Unidos. O termo surgiu na Suécia e na França para denominar grupos direitistas que rejeitam o conservadorismo radical. Bolsões neonazistas americanos se apropriaram do rótulo para passar uma imagem "mais leve" das suas milicias e torná-las mais "digeríveis" pela opinião pública.

De resto, algo parecido com o que acontece atualmente no Brasil com grupos neonazistas gourmetizados pela mídia e por políticos conservadores.