segunda-feira, 3 de abril de 2017

Pete Souza, ex-fotógrafo oficial de Barack Obama, publica imagens inéditas no Instagram e mídia pergunta se ele está trolando Trump...



Reproduções do Instagram do fotógrafo Pete Souza.

O fotógrafo Pete Souza trabalhou para dois presidentes americanos: Ronald Reagan e Barack Obama. Há três meses, ele abriu uma conta no Instagram e passou a publicar cenas inéditas do ex-presidente na Casa Branca.
Pete Souza. Reprodução Wikepedia
A imprensa americana pergunta se Souza não estaria adotando um certo estilo irônico ao comparar sutilmente o comportamento de Obama com o de Trump, a partir de situações registradas em fotos. Por exemplo, no dia em que Trump anunciou mais medidas do seu pacote de caça a imigrantes, Peter Souza publicou no Instagram uma foto de Obama em Kuala Lumpur, em 2015, conversando com uma uma criança muçulmana refugiada. Quando Trump ligou para o presidente Peña Nieto e ameaçou mandar tropas para a fronteira entre Estados Unidos e México, Souza publicou uma foto de Obama tomando uma tequila amiga com o mexicano, como se vê em uma das fotos acima.
Mas além das cutucadas políticas, o fotógrafo - que usava o celular para fazer flagrantes menos oficiais - tem publicado fotos que caracterizam uma era mais descontraída na Casa Branca. Até uma imagem de Bo, o cachorro dos Obama, na cadeira presidencial. Pete Souza está perto de bater um milhão de seguidores.

domingo, 2 de abril de 2017

Faz-me rir: a Folha e a falha...

Nos anos 1960, a compositora Edith Veiga fez muito sucesso com uma canção chamada "Faz-me rir". "Faz-me rir o que andas dizendo/ Não te enganes dizendo mentiras" (...) "Essa cínica farsa de agora, faz-me rir, ai faz-me rir", dizem alguns versos. "Faz-me rir" também já foi apelido de um bandido carioca e, recentemente, de uma gangue presa na Bahia.

A Folha lança um novo projeto editorial. O jornalão costuma fazer isso após tempestades. É um mea culpa formal, geralmente sofrido e mais teórico do que prático.

Lendo-o, é conveniente  botar pra tocar Edith Veiga.

A Folha participou do golpe de 1964 e engajou-se na ditadura durante os anos 70, especialmente na primeira metade, não apenas nas páginas do jornal mas com o forte apoio corporativo do grupo à repressão. No começo dos anos 80, a Folha lançou as bases de uma mudança editorial. Foi o primeiro veículo conservador, a apoiar as Diretas-Já. Na Constituinte e ao longo dos anos 90, o jornal manteve o alinhamento com as posições liberais conservadoras e a economia de mercado, próprias da elite política brasileira. Não fez campanha para Collor, mas apoiou em editorial uma das suas mais desastradas medidas, o brutal confisco da poupança. Na sequência, aliou-se a FHC e deixou o "pluralismo" de lado a partir daí. Na era Lula, entrou de cabeça no "jornalismo de guerra". E, finalmente, atuou com ferocidade no processo do recente golpe que derrubou uma presidente eleita. 

Mas uma vez, para a Folha, o pêndulo "moral e ético" balançou e parece ter chegado a hora do "apaziguamento". Em textos que apresentam o novo projeto, o jornal fala em "fazer prevalecer os valores do jornalismo profissional na cacofonia própria do meio digital, em que informação e entretenimento, realidade e rumor, notícias e "notícias falsas" tendem a se confundir e quase tudo se expressa com igual estridência, reproduzido de forma desligada do contexto original". Falou. Mas faltou dizer, diante do quadro de lastimável manipulação da mídia dominante, incluir aí fake news e pós-verdades circulantes nos grandes meios impressos atolados em política partidária. 

O novo "dragão da maldade" da atualidade é, para as grandes corporações de mídia, a incômoda internet. Ao mesmo tempo em que avalia como inevitável entrar no bonde digital, os meios da direita tentam desvalorizar e caluniar a nova mídia independente e passar a ideia de que só a "mídia das famílias" é capaz de fazer jornalismo. Tentam confundir a opinião pública colocando no mesmo saco de fake news "correntes de email", inverdades difundidas em páginas pessoais, falsos vídeos e montagens grosseiras, e sites e portais de qualidade, com editores e repórteres investigativos capazes de trazer à tona o que ao coral da velha mídia interessaria deixar sob o tapete. 

Para se ter uma ideia, a Folha defende, na apresentação do seu projeto, ninguém menos do que Michel Temer e as bandeiras do polêmico e notório núcleo quer o cerca. Há muitos outros me-engana-que-gosto no documento. Confiram: "parcela significativa da pauta deve apontar problemas, questionar autoridades, investigar irregularidades no âmbito público ou privado e organizar a cobertura de processos judiciais relevantes. Deve fazê-lo, contudo, de modo criterioso e prudente, evitando incidir em prejulgamento e exposição indevida de pessoas e empresas. É obrigatório veicular a versão dos fatos conforme a parte acusada, sobretudo antes da sentença definitiva, e noticiar absolvições que sobrevierem"; "mesmo com as cautelas recomendadas e adotadas, um jornal comete erros e imprecisões; pode, em certas circunstâncias, prejudicar indevidamente a imagem pública de pessoas e organizações; "é preciso reforçar o sistema interno de freios e contrapesos –a obrigação de publicar contestações fundamentadas, a atividade do ombudsman (profissional dedicado a representar direitos do leitor, das fontes e dos personagens do noticiário) e a veiculação metódica de retificações de equívocos constatados"; "o jornalismo da Folha se desenvolve num registro crítico, apartidário e pluralista";  "manter atitude apartidária desatrelada de governo, oposições, doutrinas, conglomerados econômicos de grupos de pressão"; estabelecer distinção visível entre material noticioso, mesmo que permeado de interpretação analítica, e opinativo".

Para não ganhar o carimbo "faz-rir", a Folha só precisa colocar tudo isso em prática.

Como diria o "estadista" que ela celebra: fá-lo-á?  


sábado, 1 de abril de 2017

1° de abril - Edição falsa do Globo anuncia renúncia de Temer, eleições diretas e o fim da revista Veja






Bom demais para ser verdade? O ilegítimo faz as malas, volta pra casa e o Brasil ganha Diretas-Já para, mais uma vez, virar a página de um golpe. Deputados passam a receber salário mínimo. Foi o que anunciou, entre outras matérias, uma edição falsa do Globo em formato tabloide, com oito páginas, distribuída ontem, véspera de 1° de Abril, em algumas estações de metrô e esquinas de São Paulo.

Não se sabe ainda a motivação, se provocativa ou marqueteira, nem quem são os autores da edição falsa. Especulava-se desde que era obra de manifestantes contrários ao governo, de coxinhas que querem "criminalizar" métodos de movimentos sociais e até que o "jornal" faria parte de uma campanha contra fake news.

O fato é que o Globo se queixou à polícia pelo uso da sua marca e pediu abertura de inquérito para identificar os responsáveis.


Reproduções/Web

A edição falsa do Globo também publica "anúncios" da Odebrechet garantindo que vai entregar todo mundo e comunica aos leitores o "fim" da revista Veja.

Sem comparar objetivos ou intenções, publicar notícias falsas em clima de 1° de Abril já foi uma tradição em jornais europeus e norte-americanos. Até hoje, um ou outro jornal ainda publica "notícias" falsas, geralmente bem-humoradas, no Dia da Mentira.

Ontem, jornais escandinavos, entre eles os suecos Smålandsposten, Dalarnas Tidningar e Västerbottens-Kuriren, anunciaram em sites que este ano quebrariam a tradição e não publicariam notícias-piadas em função do novo e condenável fenômeno de propagação de fake news. Um dos argumentos é que a internet acaba reproduzindo a brincadeira em compartilhamentos que acabam se transformando em "verdades". Alguns jornais regionais, contudo, mantêm a tradição, que, aliás, vem de longe.

Mesmo sendo outra história, vale citar um caso onde o espírito foi o mesmo. Em 1938, Orson Welles apavorou os Estados Unidos com um programa de rádio que simulava um ataque extraterrestre. "A invasão dos marcianos" era uma peça de radioteatro mas os ouvintes da CBS não foram avisados da ficção.  No dia seguinte, o título do Daily News resumia o pânico: "Guerra falsa no rádio espalha terror pelos Estados Unidos". Mas aquela não foi uma brincadeira de primeiro de abril: a invasão fake de Welles foi ao ar em 30 de outubro de 1938.

Veja, abaixo, com informações e reproduções do hoaxes.org, algumas edições falsas e históricas de jornais que fizeram pegadinhas com seus leitores.

Thomas Edison inventava tanta coisa que o New York Graphic
noticiou que ele criou uma máquina capaz de transformar terra em cereal. 


Em 1923, o NYT revelou que os soviéticos haviam descoberto uma maneira
 de aproveitar a energia das tempestades e furacões e, com isso,
enviar objetos a longa distância, além de obter energia elétrica. 


O jornal Madison Capital Times simulou, em 1933, a destruição
do Capitólio de Wisconsin 

Em 1969, o Daily Journal, Illinois, publicou na primeira página a falsa aterrissagem
de uma cápsula soviética na cidade de Kankakee. 
Em 1986, Le  Parisien revelou que a Torre Eiffel seria levada para a Euro Disney.
Pior: que lá seria desmontada e as ferragens utilizadas na construção de um estádio. 


sexta-feira, 31 de março de 2017

Livro revisita os protagonistas do maior crime da imprensa brasileira

A mídia brasileira replica atualmente campanha dos jornais americanos e anuncia a montagem de núcleos editoriais para combater fake news, o que é louvável, mas comete três erros nos seus anunciados projetos de checagem de notícias. O primeiro, ao praticar fake news induz os leitores a considerar que as mentiras difundidas em mutas páginas de redes sociais e em "correntes" de emails são a mesma coisa que opiniões e matérias veiculadas em sites e blogs de jornalismo independente. O segundo, ao não incluir nas checagens as suas próprias fake news, omissões ou distorções motivadas por alinhamento político-partidário, ideologia, crenças ou "valores". O terceira, ao desvalorizar o meio digital independente, que, no Brasil, dá mostras de profissionalismo,produz importantes reportagens investigativas sobre temas que a imprensa conservadora evita e já tem o reconhecimento da audiência como uma alternativa saudável ao jogral dos grupos que dominam a mídia.


Nesse sentido, o lançamento de um livro-reportagem sobre o Caso Escola Base, que será será lançado dia 4 de abril, em São Paulo, é mais do que oportuno e é um dos exemplos históricos de antijornalismo. Um dos mais graves e cruéis erros da grande mídia, o Caso Escola Base nunca será suficientemente discutido. Capas de revistas, títulos em primeira páginas e cenas de telejornais da época deveriam estar permanentemente nos murais das redações como um exemplo do que não se deve fazer.
O livro regata a memória dos principais personagens do caso e conta o que aconteceu com eles depois do bombardeio midiático. Em 1994, os donos da Escola Infantil Base, em São Paulo, foram acusados de terem abusado sexualmente de alunos. A mídia explorou essa versão, sem sequer ouvir o outro lado, e provocou um clima de revolta na opinião pública. A escola foi depredada, os donos vítimas de torturas físicas e psicológicas, com rostos e perfis pessoais divulgados nacionalmente, antes de qualquer prova. Alguns meses depois, os acusados foram inocentados pela Justiça.
Para saber como viveram os personagens, se superaram ou não o trauma, o jornalista Emílio Coutinho dedicou meses de apuração e pesquisa.
O casal Shimada, vítima da crueldade, já faleceu. O livro conta como foram seus últimos dias. E não deixa de ouvir alguns dos seus algozes e contar como foram desmascarados.
O livro será lançado no dia 4, a partir das 18h30, na Livraria Martins Fontes, Av. Paulista, 509, próximo à Estação Brigadeiro do Metrô.
No dia seguinte, 5/4, haverá um debate no Auditório Nelson Carneiro, Avenida Liberdade, 899, das 18h às 19h15, com as presenças do autor do livro e do jornalista Florestan Fernandes Jr. que, na época,  desconfiou da versão oficial da grande imprensa, investigou o caso e mostrou que os proprietários da Escola Base estavam sendo injustamente acusados.
Houve ações reparatórias contra a Folha, TV Bandeirantes, jornal Estado de São Paulo e Editora Abril. Anos depois, o STJ condenou o governo paulista a pagar uma indenização ao casal. Até 2014, quando o caso completou 20 anos, tal indenização não havia sido paga.

Selfie no Face provoca suspensão de professora




por Jean-Paul Lagarride 

"Fuderam minha vida". Foi o desabafo da professora inglesa Lydia Ferguson, 30,  que foi suspensa da sua escola depois de postar uma foto no Facebook, reproduzida aí ao lado.

Facebook
A direção considerou a selfie "sensual demais" segundo o jornal Mirror.

"Nem meu avô se ofenderia com isso", reagiu ela, que é casada e tem três filhos.

Os alunos protestaram e lançaram uma petição nas redes sociais: "Get Miss Ferguson Back". "Ela é uma professora brilhante", elogiou um aluno, ao criticar o moralismo do colégio.

O caso esquenta uma polêmica:  postar informações, opiniões e comentários em perfil e grupos particulares pode resultar em punição por parte do empregador?

Ao contrário de outros casos conhecidos, que envolveram relacionamento sensual entre professoras e alunos, Lydia Ferguson argumenta que não compartilhou a foto com alunos nem a enviou para qualquer pessoa e a selfie mostra apenas "um pouco de pernas".

Eleições 2018: comece a escolher seu candidato

por Niko Bolontrin 
Dizem os comentaristas que o "quadro" das eleições de 2018 está "indefinido". Bom, quase toda eleição, antes da abertura das urnas, é teoricamente indefinida. Nos Estados Unidos e aqui, acharam que Hillary Clinton já havia "definido" Trump no canto do ringue e deu no que deu.

O que já dá para dizer é que o Brasil poderá ter clones de Donald Trump, expoentes da direita e celebridades das Justiça na corrida eleitoral do ano que vem. Com Lula no exílio em Curitiba a partir de maio, segundo power point que circula nas redações, é difícil apontar favorito, mas você já pode começar a pensar no seu voto. .

Políticos que têm suas notoriedades atreladas a elementos de fácil identificação para os eleitores costumam ir aos cartórios e acrescentar aos próprios nomes a circunstância ou o local que, imaginam, facilitará suas identificações na boca da urna. Alguns "famosos" são cogitados ou já se lançam como presidenciáveis. Certamente, vão incorporar aos nomes que aparecerão na maquininha de votação as referências que os tornaram conhecidos, tipo Dudu do Posto, Zezinho da Zona, Maria da Bíblia, Cazuza do Lixão, Vavá da Boca e Expedito da Rifa.

Em 2018, devem vir aí, no quesito "apresentador de televisão", tal qual o americano âncora do The Apprentice, João Doria e Luciano Huck. Provavelmente vão subir no palanque como João "Caça-Grafite" Doria" - e Luciano "Caldeirão" Huck, pode ser também Luciano "Tiazinha e Feiticeira" Huck ou Luciano "Vou de Táxi" Huck. E Doria, que imita o estilo Trump, poderá optar por João "Make Brazil Great Again" Doria.

Os dois terão terão como concorrentes Jair "Doi-Codi" Bolsonaro, Sérgio "Condução Coercitiva" Moro e Joaquim "Mensalão" Barbosa ou Joaquim "Domínio do Fato" Barbosa. Devem se apresentar também Eduardo "Ciclovia" Paes, Aécio "Cidade Administrativa" Neves, Geraldo "Metrô" Alkmin e Henrique "FMI" Meirelles.

Nome igualmente citado é o da Carmen Lúcia, do STF. Seria Carmen "Cala-boca já morreu" Lúcia. Disputaria com outra mulher, Marina "Cadê?" Silva ou Marina "Agora é Aécio" Silva em oposição a Ciro "Recebo a turma dele a bala" Gomes. De última hora, podem vir aí Edir "Lista da Forbes" Macedo e Kim "Irmãos Koch" Kataguiri. E não desprezem as articulações para a candidatura de Temer. Seus assessores estão na dúvida se ele dever vir identificado pelas suas maiores bandeiras - Michel "Terceirização" Temer ou Michel "Fim da Previdência" Temer. Há também quem ache que ele homenageará amigos: "Michel "Eduardo Cunha" Temer ou Michel "Eliseu Padilha" Temer.

Se eleito, Temer pretende terceirizar o cargo para Moreira Franco, é o que dizem.

Vai, Brasil! Vai pra...

quinta-feira, 30 de março de 2017

Netflix invade Hollywood: filme War Machine, com Brad Pitt, dá ao serviço de streaming status de grande produtora cinematográfica

por Ed Sá

A crítica americana diz que, com a contratação de Brad Pitt, a Netflix se torna verdadeiramente hollywoodiana. E o serviço de streaming já está divulgando o trailer de War Machine, seu primeiro filme com status de mega produção.

O filme, que estaria entre uma sátira à guerra do Afeganistão, toques de reality show e drama é sobre a ascensão e queda de um general da Otan. É sátira militar, mas, a julgar pelas primeiras impressões, não teria a intensidade de um M.A.S.H, o clássico sobre a Guerra do Coréia.

Dirigido pelo australiano David Michôd, tem no elenco, além de Brad Pitt, Ben Kingley, Tilda Swinton, Emory Cohen, Topher Grace, Anthony Michael Hall, Will Poulter e Meg Tilly. O filme será lançado na Netflix no dia 226 de maio.  Veja o trailer, clique AQUI. 

Correção: 26 de maio

Um drible na tradução...


Com a seleção brasileira classificada para a Copa de 2018, o Globo publica hoje uma matéria sobre o assunto e comenta os primeiros planos da CBF para a busca do Hexa em Moscou. O título é "Partiu Rússia", em corpo menor. Mas a mesma expressão supostamente em russo destacada na página ficou na boa intenção. O Google Tradutor não ajudou. As duas palavras, juntas, não têm o significado da expressão brasileira e não fazem sentido, segundo russos residentes no Rio. Alguns acharam o título confuso e até engraçado, dizem que a palavra "partiu" como foi traduzida tem o sentido de "dividiu".

O pequeno erro lembra uma falha da Manchete em uma edição em russo, sobre o Brasil, que foi distribuída na então União Soviética.

O livro "Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou" (Desiderata) relatou o episódio.

"O processo de transformação econômica e social da União Soviética, incentivado pela glasnost e a perestroika, em 1988, repercutiu no mundo ocidental e também no coração do velho Adolpho. Ele, que chegara ao Brasil em 1922, fugindo da Revolução Russa, exultava com a perspectiva de volta a sua terra natal, em grande estilo. Programou a viagem na qual levaria em mãos, para ser entregue ao líder soviético Mikhail Gorbachev, a revista Manchete. Número especial, escrito em russo, mostrando as riquezas do Brasil. Problemas decorrentes da língua e da tipologia marcaram a elaboração da edição. Foi necessário recorrer à embaixada da URSS. Adolpho Bloch só recebeu os exemplares da revista em Paris. Verificou-se, então, que havia um erro na terceira página, exatamente no título de uma mensagem do então presidente José Sarney, que faria visita oficial a Moscou.

Por uma  falha do funcionário da embaixada soviética encarregado da revisão final, havia um erro. Onde deveria estar escrito "Mensagem ao Povo Russo" foi impresso o título "Mensagem ao Povo Brasileiro". Um susto e um corre-corre. O erro acabou sanado artesanalmente, em um quarto de hotel de Paris. Parte do grupo que acompanhava Adolpho Bloch na viagem passou uma noite colando adesivos, com o título correto, sobre a falha russa.

ATUALIZAÇÃO - O Globo de hoje, 31/3/2017 -  publica Correções a propósito da matéria "Partiu Rússia", de ontem. Veja na reprodução abaixo:



Nota Oficial da FENAJ e Sindjornal contra a censura e em defesa da liberdade de imprensa

"O Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Alagoas – SINDJORNAL e a Federação Nacional dos Jornalistas – FENAJ vem a público manifestar seu total repúdio à decisão judicial proferida no último dia 8,  pela 3ª Vara Criminal de Maceió, que censura a atividade profissional do jornalista Davi Soares, bem como, imputa ao jornalista uma suposta conduta criminosa pelo devido exercício de sua profissão. O SINDJORNAL e a FENAJ consideram a decisão do magistrado Carlos Henrique Pita Duarte antidemocrática e um ataque violento à Constituição, que garante o exercício profissional do jornalista bem como sua liberdade de expressão. Também classificamos a decisão como arbitrária e digna dos momentos mais cruéis da ditadura militar e que proporciona um cenário perigoso para quem busca dentro do que está posto na lei, o dever de informar à população de forma imparcial e seguindo os preceitos do bom jornalismo.

A preocupante decisão em caráter liminar atende a um pedido do deputado estadual Antonio Albuquerque  que se sentiu ofendido pelo jornalista ao ter seu nome veiculado em três reportagens publicadas no portal Diário do Poder. O parlamentar alega que o jornalista e o portal “elaboraram e publicaram matérias inverídicas” contra ele, juntamente com fotos, causando prejuízos à sua honra.

O Deputado Antonio Albuquerque pediu a condenação do jornalista e do veículo pelos crimes de injúria, calúnia e difamação, e, ainda, a aplicação de medidas cautelares de afastamento do jornalista Davi Soares de suas funções jornalísticas; a suspensão do funcionamento do veiculo “Diário do Poder”; e que ambos se abstenham, de qualquer forma, de pronunciar, transcrever ou publicar fatos ligados ao parlamentar, bem como, a retirar do ar as matérias já publicadas, além de não mais publicar matéria que cite Antonio Albuquerque em qualquer outro assunto.

Numa decisão absurda proferida no dia 8 de março, que foi formalmente comunicada no início desta semana, o juiz informa que acatou em partes o pedido do deputado. Em sua decisão, o juiz Carlos Henrique Pita Duarte proibiu o jornalista e o veículo de publicar qualquer matéria que envolva o parlamentar, que não pode sequer ter o nome citado em futuras publicações e ainda determinou a retirada do ar de todas as matérias já publicadas, mesmo as referidas reportagens possuindo posicionamentos do próprio deputado sobre os assuntos abordados, provando assim que a função jornalística de informar e proporcionar espaço ao contraditório foi respeitada.

O caso não foi isolado. O mesmo parlamentar vem constantemente atacando o trabalho de companheiros jornalistas, judicializando várias ações contra diferentes profissionais e pedindo na justiça a condenação de jornalistas pelo fato de não gostar do conteúdo publicado quando envolve seu nome em denúncias. Entendemos que o objetivo nada mais é do que uma tentativa de intimidar os profissionais, prática essa comum dos antigos coronéis de Alagoas.

O Sindicato dos Jornalistas de Alagoas e a Fenaj informam que não vão permitir ataques ao exercício da profissão, bem como não irão se intimidar diante de tentativas absurdas de censura e desrespeito à Constituição.

O Sindjornal se solidariza com o jornalista Davi Soares, e coloca sua assessoria  jurídica à disposição por entender ser dever da instituição defender o jornalismo contra tentativas de ataque à liberdade de imprensa! Além disso, informa que irá adotar todas as medidas possíveis para reverter essa aberração jurídica de cercear um direito expressamente garantido na Constituição brasileira.

A tentativa de intimidação por quem detém o poder político não pode e não deve cercear o trabalho sério desempenhado pelo jornalismo de  Alagoas. E a justiça deve existir para coibir que os instrumentos jurídicos sejam usados como mecanismos de pressão a trabalhadores. O Sindjornal e a Federação reafirmam que são contrários a qualquer tipo de censura e a judicialização do jornalismo por entender que só com uma imprensa livre a sociedade pode ser mais justa!"

Federação Nacional dos Jornalistas – FENAJ
Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Alagoas – SINDJORNAL 

Tem jornal de hoje? Não, mas chegou um vinho maneiro, quer fazer uma assinatura?


por Ed Sá 

Parece um anúncio de supermercado, mas não é. É o jornal Estadão vendendo vinho por assinatura.

Pensa que está fácil a vida dos jornalões apesar da generosa grana de publicidade que recebem do governo Temer?

Executivos dos principais impressos buscam alternativas para sobreviver. E haja ideia importada de branded, big data, intelligence business etc. Nada contra. Mas na emergência da crise do mercado os tiros de marketing são como balas perdidas e estão visando qualquer alvo que reforce o caixa.


A Abril lançou há pouco tempo um serviço de assinatura de meias. O sujeito se inscreve e todo mês recebe em casa um par de meias. Beleza. Mas as meias são apenas um item entre os muitos que a editora oferece. Cervejas, café, fraldas, energéticos, salgadinhos, tudo você pode assinar.

Não quer mais ler a Veja? Tranquilo, pode trocar por uma assinatura de cerveja ou energético.

Agora o Estadão tenta ser mais sofisticado e lança o Clube Paladar. Você paga de 100 a 300 reais por mês e recebe em casa de duas a três garrafas, de acordo com o plano que assinar.

No novo modelo de negócios, as empresas de comunicação estão enxugando as redações e, principalmente, unificando e integrando funções. São as centrais multimídias. onde todos produzem para todas as plataformas, o impresso, tablet, celular, computador, canais de TV digitais, podcast.

Daí, com tanta diversificação dos negócios, jornalistas já temem os chefes peçam para que alternem saídas para matérias com uma entrega rápida de uma caixa de vinhos. Ou façam uma entrevista com o prefeito e, no caminho, e deixem um pacote de fraldas na casa de uma assinante. Exagero?

A barra está pesada, não duvide.

A bola "Fora" de Temer...


por O.V. Pochê

Temer reconhece que é impopular. E não podia ser diferente já que chegou lá pelas vias tortuosas do golpe e é tão ruim de voto que quase não se elegeu deputado em 2006.
Cerca de 89% das referências ao sujeito nas redes sociais são negativas, segundo recente levantamento digital da Veto.
Daí, a comunicação oficial tenta neutralizar o "Fora Temer", mas não dá uma dentro. A última investida foi tentar entrar no vácuo do time de Tite, após a vitória sobre o Paraguai. O ditador Médici tentava faturar prestígio com radinho de pilha colado ao ouvido, o ilegítimo Temer posou para uma foto produzida diante de um telão, no Jaburu, sua residência oficial. A figura não tem cara de levar a a menor intimidade com futebol. Olha só o clima "descontraído" com que ele "vê" o jogo. Paletó, gravata, sapato social e sozinho. Na verdade, o que é mais estranho ainda, aparece á direita, no fundo, alguém com pinta de segurança. Em casa? Eu, hein...
Não parece, mas vai ver que Temer está comemorando o terceiro gol do Brasil. Quase dá para ouvir o Eba!.
Internautas perguntam cadê a família, um amigo, um vizinho, um entregador de pizza, uma testemunha de Jeová, o cara da Net... Nenhuma mísera companhia? Podia ter pedido uma condução coercitiva para chamar Geddel, Renan, Moreira, Eliseu, Cunha, Odebrecht, Maia, Picciani e demais aliados...
Tem gente dizendo que a imagem de Neymar que aparece no telão é um VT, ou melhor um streaming, do jogo contra o Uruguai  e não da partida contra o Paraguai.
Vai ver que não, mas tudo aí é tão artificial que provoca a dúvida.
As redes sociais caíram de pau em mais essa bola "Fora (Temer)".



Manchete, 65 anos - Fotomemória da redação: um dia qualquer no estúdio fotográfico

Estúdios de Fotografia da Bloch. Reprodução

por José Esmeraldo Gonçalves

A foto é da virada da década de 70 para 80. Era uma tarde de rotina do estúdio de Fotografia do Edifício Manchete, na Rua do Russell. Ali eram produzidas capas, editoriais de moda e fotos de abertura de matérias temáticas para as diversas revistas da Bloch, além de anúncios e rótulos.

O complexo dispunha de baias que recebiam simultaneamente várias equipes. Se em uma delas um bebê era fotografado para a Pais & Filhos, outra recebia modelos para ensaios da Desfile ou atores e atrizes da Globo para capas e matérias da Amiga ou, ainda, um cesto de abóboras de DNA japonês para a Manchete Rural.

Foto; Reprodução O Cruzeiro
O estúdio era quase sempre movimentado. Mas nunca se agitou tanto quando, certa vez, uma famosa modelo cruzou as baias completamente nua, entre uma e outra troca de figurino. Dizem que o estúdio estava cheio de câmeras, mas ninguém teve coragem de fotografar o show de espontaneidade e o profissionalismo prevaleceu. Não havia celular, na época, nem redes sociais: a cena ficou gravada apenas na imaginação de quem viu aquele monumento que caminhava.  

Acima, no centro da foto, de roupa escura, vê-se Indalécio Wanderley, um dos maiores repórteres fotográficos da revista O Cruzeiro e, que, depois, transferiu-se para a Manchete. Ele está na foto aí ao lado, em 1955, ainda na revista de Assis Chateaubriand, empunhando a sua Leica, da qual não se separava,

Indalécio fez inúmeras capas para as revistas da Bloch e coordenou ensaios internacionais de moda numa época (coisa quase inimaginável até para as publicações brasileiras atuais) em que a Desfile levava para a Europa repórteres, fotógrafos e modelos que produziam memoráveis edições.

Como o tempo, esse filme foi rebobinado.

As fotos abaixo, de setembro de 2009, mostram o estúdio abandonado nove anos após a falência da Bloch.

Em setembro de 2009, uma das baias do estúdio ainda com um fundo infinito montado. Com destaque para uma garrafa vazia de  Johnny Walker, que o ar condicionado era forte e ninguém era de ferro. 

Caixas de filmes abandonados às pressas quando oficiais de justiça cumprindo mandato
de falência da Bloch lacraram o prédio, de surpresa, em agosto de 2000. Fotos. J.E.Gonçalves

 

quarta-feira, 29 de março de 2017

Publicidade expõe intolerância e deformação cultural de governantes...


Quem disse que a publicidade de grandes marcas tem que obrigatoriamente ser conservadora, não se posicionar politicamente e ficar em cima do muro?
Esse trem já partiu.
No Brasil, já há anunciantes que desafiam o conservadorismo e incorporam à imagem das empresas temas como diversidade, meio ambiente, cidadania, homofobia, racismo e preconceitos em geral, responsabilidade social, enfim.
As políticas de Donald Trump, nos Estados Unidos, já motivaram peças publicitárias "de oposição" até da Coca Cola. Na Europa e na Inglaterra, várias marcas associaram seus produtos a críticas ao Brexit.
Se o dirigente é retrógrado, autoritário, se sua política privilegia elites e despreza segmentos sociais e manifestações culturais que considera "diferenciadas", merece se criticado.
No último Super Bowl, a Coca Cola mandou recado a Donald Trump ao compor um verdadeiro hino sobre integração, respeito, diversidade. Outra anunciantes, como Airbnb e Budweiser também se posicionaram,
Aqui, nos últimos dias, coube à Amazon condenar em anúncio de substancial apelo - o tipo de mensagem que estava engasgada na cidade - o cinza institucional do regime Doriano que escurece a cidade de São Paulo.
Lá o alvo foi Trump. Aqui, uma caricatura que tenta clonar o DNA do atual presidente dos Estados Unidos.

VEJA O ANÚNCIO DA AMAZON, CLIQUE AQUI 

PARA VER O ANÚNCIO DA COCA COLA, CLIQUE AQUI 
 


"Vamos a bailar" - Médicas e enfermeiras são demitidas porque dançaram na sala de cirurgia em volta de uma paciente anestesiada...


por Omelete
Talvez fosse a última paciente da noite de sexta-feira, a galera já esperando no boteco da esquina para uma rodada de cervezas Reed's, a Antarctica local.

Talvez fosse apenas o fim do plantão.

De qualquer forma, para médicas e enfermeiras de uma clínica de Santa Cruz de Bocagrande em Bolivar, Colômbia, era hora de dançar. E foi o que fizeram. Só que em torno de uma paciente já anestesiada, deitada de costas, pronta para uma cirurgia. A coreografia acabou mal. O vídeo gravado por um funcionário foi parar no You Tube e  os cinco "dançarinos" foram demitidos.
VEJA O VÍDEO, CLIQUE AQUI

Modelo carioca ganha concurso da revista Sports Illustrated

Fotos Josephine Clough/SI

por Clara S. Britto
A carioca Anne de Paula, 22, modelo desde os 14, acaba de ganhar o concurso Sports Illustrated's Model Search, da badalada revista americana SI. Ela teve fotos publicadas no estilo body paint, foi eleita por leitores e é, agora, forte candidata a capa da edição do próximo verão da Sports Illustrated's Swimsuit Issue. Ser capa da SI costuma impulsionar carreiras. Modelos como Kate Upton, Cheryl Tiegs, a brasileira Maria João, a atriz Paulina Porizkova, Ellen Macplherson, entre outras, pularam da capa da SI para a fama internacional.

Jornalista leva pernada na rede social...


por Jean-Paul Lagarride
Não parece, mas houve uma época em que jornais podiam operar em mão única. Críticas sobre coberturas, parcialidade e omissões não os atingiam de volta. Cartas dos leitores não valiam porque das milhares recebidas eram selecionadas algumas e não exatamente as mais contundentes. As redes sociais viraram o jogo. Para o que faz sentido e para o exagero. Não importa. Agora é bateu, levou.

Mas ainda é melhor o exagero da crítica do que a passividade do silêncio.

O Daily Mail publicou, ontem, na capa, foto das primeiras-ministras da Inglaterra e da Escócia, Theresa May e Nicola Sturgeon, ao lado de um título provocante. Digamos que é algo como "esqueçam o Brexit e vejam quem ganhou no jogo de pernas" explorando na frase um simples trocadilho com o "legs-it".

A abordagem do DM foi acusada de ser "sexista", "idiota", "imbecil". Alguns leitores curtiram o bom humor, políticos do governo e da oposição acharam a edição ofensiva e o jornal e a repórter foram bombardeados na web.

Ontem, o Daily Mail não perdeu muito tempo em explicações. Apenas tuitou:"Pelo amor de Deus, vão arrumar o que fazer!". Hoje, a jornalista Sarah Vine escreveu um artigo sobre a polêmica. "De vez em quando, como se diz no jornalismo, uma matéria ganhas pernas. No meu caso, literalmente", escreveu ela.  Vine conta que durante o dia inteiro foi assediada para dar declaração à BBC, The Guardian, programas Today, Sky etc. "A década de 1950 ligou e pediu sua manchete de volta", tuitou um político trabalhista. "Uma rápida varredura da internet confirmou meu status como oficialmente na casa de cachorro", concluiu Vine, sobre o fato de ter virado saco de pancadas.
A jornalista defende o título da página como apenas "um trocadilho engraçado" ao lado de uma foto que mostra as duas mulheres mais poderosas na Grã-Bretanha com pose e escolha de vestido semelhantes em um encontro importantíssimo para ambas. "Não é só um pouco divertido?", pergunta a jornalista.
Sem falar que as duas donas das pernocas são, nesse momento, antagonistas (a Escócia planeja encaminhar novo plebiscito para se separar do Reino Unido e elas divergem em relação ao Brexit), devem se odiar e fingem na foto que se amam.
"Como eu poderia não mencionar aquelas pernas? As pernas são a primeira coisa que se vê na foto. As duas poderiam ter escolhido algo mais banal para vestir. Mas não o fizeram. E isso é significativo. Eu vivo a política de perto. Eu sei como funciona esse jogo. Essas escolhas não foram acidentais. Os saltos, as saias acima dos joelhos e as jóias cuidadosamente selecionadas. Tudo isso foi planejado meticulosamente. Qualquer imagem que a fotografia projetasse, serias 100% intencional. Salientando que elas estavam aproveitando ao máximo seus melhores recursos físicos - em ambos os casos, suas pernas - e isso não é sexismo, é observação".

terça-feira, 28 de março de 2017

Manchete 65 anos: os arquivos desaparecidos da MPB e as fotos infinitas enquanto durem


Reproduções da edição especial Manchete 45 anos

No dia 23 de abril de 1952, Manchete N° 1 chegou às bancas. Em agosto de 2000, a Bloch foi à falência e a revista deixou de circular com periodicidade semanal. Ainda voltou às bancas através da Nova Bloch, uma heroica mas difícil iniciativa de um grupo de funcionários que em regime de cooperativa tentou recriá-la por um período.

Depois, quando o empresário Marcos Dvoskin adquiriu o título em leilão realizado pela Massa Falida da Bloch Editores, foram produzidas, ao longo da década de 2000, edições especiais de Carnaval realizadas por equipes experientes formadas na antiga Manchete.

A partir de hoje e nas próximas semanas, este blog se inspira nos 65 anos que a revista faria em abril e destacará, sem lei e sem ordem, apenas com o que vier à memória da ex-redação, alguns fatos e especialmente fotos que marcaram a trajetória da Manchete.

As duas fotos acima são históricas e exclusivas. São dois momentos da MPB. Infelizmente, os originais dessas imagens estariam em lugar incerto, arquivados ou destruídos em algum galpão não sabido desde que o acervo de milhões de fotos que pertenceram à Bloch foi leiloado. A lenda urbana especula que o arquivo teria sido revendido secreta e discretamente para um grupo de mídia.

Mas essa é apenas a lenda que estimula o mistério da importante memória fotográfica desaparecida.

Voltando às duas reproduções acima: a foto do alto, colorida, é menos conhecida. Manchete reuniu as principais estrelas da MPB, em 1967, em São Paulo, em pleno clima do Festival da Canção daquele ano. Estão aí reunidos Gil, Caetano, Nara, Roberto Carlos, Vandré, Nana Caymmi, MPB-4, Sidney Miller, Os Mutantes Rita Lee, Sérgio e Arnaldo Batista, Marília Medalha, Chico Buarque e Sérgio Ricardo. Infelizmente, não foi possível identificar o autor dessa bela cena então creditada à "equipe".

Já a foto em preto e branco é famosa. Foi reproduzida em livros e documentários. Foi feita em agosto do mesmo ano, 1967, pelo fotógrafo da Manchete Paulo Scheuenstuhl no terraço da casa de Vinicius de Morais, no Jardim Botânico, Rio. Grandes nomes da MPB então se reuniam para organizar um movimento de revalorização do Carnaval, especialmente das marchinhas. Aí aparecem, entre outros, Edu Lobo, Tom Jobim, Caetano, Capinam, Paulinho da Viola, Zé Keti, Francis Hime, Chico Buarque, Braguinha, Vinicius, Dircinha Batista, Torquato Neto, Eumir Deodato.

Manchete foi o único veículo cobrir aquela reunião que resultou na foto histórica.

Imagem infinita enquanto dure, como Manchete escreveu parodiando Vinicius.

Sapabonde do vôlei faz "ace" contra o preconceito...


por Clara S. Britto
Repercute na rede social postagem da jogadora de vôlei Naiane Rios. Ela protesta com humor contra o preconceito da "família tradicional brasileira". A atleta publicou uma foto ao lado da namorada Ana Antonine e do casal Carol Gattaz e Ariele, também jogadoras. "Vem pro sapabonde" é o chamado. Um saque certeiro a favor da diversidade.

Documentário exibido na França mostra o que o sexo no cinema brasileiro dos anos 70 tinha a ver com a ditadura explícita


A pornochanchada chega à academia. Depois do recente lançamento livro "Pornochanchando em nome da moral, do deboche e do prazer", de Claudio Bertolli Filho e Muriel Emídio P. do Amaral e noticiado aqui, a cineasta Fernanda Pessoa levou ao Cinelatino, festival que aconteceu em Toulouse, na França, neste final de março, o documentário "Histórias que nosso cinema (não) contava" ("Des histoires que notre cinéma racontait (jamais)", no título que o letreiro do cinema ABC-Salle 1 exibia).

A sinopse distribuída ao público francês explicava que, "em plena ditadura militar, um gênero popular toma direções inesperadas e a "pornochanchada" torna-se um canal crítico do terror político e econômico que se instalou no Brasil". Através de comédias eróticas que escaparam à censura - diz a sinopse - relações cruéis de trabalho, a misoginia, o racismo e a violência política são filtrados pela irreverência.
Em entrevista, a diretora Fernanda Pessoa (foto menor) esclarece: "o tema do meu filme não é a pornochanchada. A pornochanchada é o meio para chegar em outro lugar. O filme é sobre o Brasil dos anos setenta e a ditadura militar. Assim, os temas são a cultura industrial, o milagre econômico, a tortura, a violência".
Em breve, o documentário será exibido no Brasil.

VÁ AO SITE DE FERNANDA PESSOA, VEJA MAIS INFORMAÇÕES E O TRAILER DO FILME "HISTÓRIAS QUE NOSSO CINEMA (NÃO) CONTAVA, CLIQUE AQUI

segunda-feira, 27 de março de 2017

Viu isso? Rio em vídeo hyperlapse global


por Jean-Paul Lagarride

Com pouco mais de três mil imagens do Google Maps, o designer gráfico italiano Matteo Archondis montou uma viagem intercontinental de dois minutos e meio através das mais relevantes cidades do mundo. O Rio representa o Brasil. Como você sabe, hyperlapse é o aplicativo que pode reduzir um vídeo de duas horas de duração para apenas alguns minutos. Não é indicado para quem sofre de vertigens ou labirintite. Clique AQUI

"Não corra, papai": é o novo regulamento do Fórmula 1


por Niko Bolontrin

Sim, eu sei: tem muito velório mais animado do que a atual Fórmula 1. Mesmo assim, acordei de madrugada para ver a corrida de Melbourne.

Cartolas da categoria disseram que novo regulamento favoreceria disputas e pegas na pista.

A primeira prova do ano mostrou que não.
As câmeras até evitaram focalizar os painéis dos carros para evitar exibir os adesivos do tipo "não corra, papai", "drive carefully, dad".

Para ver duelos como os de Piquet e Mansell, Senna e Prost, James Hunt e Niki Lauda, só buscando no You Tube.

Uma coisa, pelo menos, é positiva; os atuais pilotos vão morrer de velhice e se aposentar por tempo de serviço antes de qualquer brasileiro inscrito na Previdência Social pós-reforma.

Manifestantes revelam que querem a volta da ditadura, a remasterização de Don e Ravel, o programa de Flávio Cavalcanti, o Aero Willys e o sarapatel de frango







por O.V. Pochê
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Não tô inteindendo". No ano passado, o planeta coxinha levou ao poder uma legião de políticos que mais parecia um quilométrica lista vazada de corruptos. Ontem, voltou às ruas para pedir as cabeças de alguns desses políticos. Só alguns. A maioria aparentemente eles ainda apoiam já que não foram citados nos protestos.

Segundo a mídia, as passeatas foram insucesso de público. Uma das razões é que algumas militantes que marcaram presença nas ruas e nas redes sociais tiveram seus nomes ligados a lavagem de dinheiro, propinas etc, segundo delações amplamente divulgadas, e tiraram a égua da chuva.

Por uma questão de imparcialidade, deve ser registrado que apenas as alas que pedem "intervenção militar já" mantiveram a coerência. Embora não sejam chegados a uma democracia, os nostálgicos da ditadura são os únicos que têm um candidato a presidente declarado e embalado. Ninguém me contou, estive na Avenida Paulista e vi de perto

A novidade nos protestos de ontem é que esses saudosistas empolgadas com a visibilidade conquistada nesse domingo avisam que vão marcar outros protestos detalhando suas bandeiras. Não exigem apenas a volta da ditadura, querem o pacote completo de reminiscências. Pelo menos, essa é a estratégia a ser descrita em um manifesto da alta direção paneleira.


Por exemplo, reivindicam a volta de Don e Ravel, nem que sejam remasterizados. Será lançada uma campanha pedindo que o programa Escola sem Partido inclua no currículo obrigatório as letras da dupla.

O mesmo documento pedirá que a ABL nomeie os dois para uma cadeira especial. Pedem um memorial para Simonal, que ele seja declarado herói nacional. Pensam em tornar as marchas da família um acontecimento mensal e levar as novelas de Regina Duarte para exibição permanente no Museu de Belas Artes.

Os manifestantes não admitem mais viver sem o televisor de tubo de imagem porque sonham em rever Amaral Neto e Flavio Cavalcanti em clima de época.

No rádio, é inadmissível para eles não ouvir mais Cesar de Alencar. Queixam-se de que se não fossem O Globo, TV Globo, Globo News, CBN, Estadão, Folha, Veja  e Isto é, os adeptos da volta dos militares seriam um povo sem mídia contaminados por jornalistas comunistas. As campanhas "Prá Frente Brasil", "Ame-o ou Deixe-o", "Povo Limpo é Povo Desenvolvido" devem voltar imediatamente. Pensam em chamar Marcelo Madureira para criar novos slogans.
Pedem mais produção de cinema patriótico. Dizem que não há nada para ver. "Só lixo vermelho como 'Aquarius'". Contam que estão esperando ansiosamente filmes redentores sobre forças-tarefa, o impeachment, a caça a carne podre, a saga da reforma da Previdência e a aprovação épica da Terceirização e outras epopeias.

"A câmera fotográfica com filmes deverá ser resgatada, é mais confiável do que as digitais que abastecem de mentiras as redes sociais", lembrou outra.  "Bota aí, quero a volta da maionese, o maionese sumiu, e o salpicão de frango? A comida era mais patriótica. Os comunistas proibiram?" Os chineses tomaram conta, tudo agora é pastel subversivo e frango xadrez de agitador".

"O Aero Willys e, depois o Galaxie, tenho saudade da Veraneio, onde estão? Eram carros que mostravam o talento brasileiro", interrompeu o marido da manifestante, que se identificou como "diretor da divisão de transporte e eletrochoque" do Dops.  E os intervencionistas alertam que é preciso construir outra Itaipu, dessa vez na Amazônia, duplicar a Transamazônica "e mudar a capital de Brasília para Presidente Médici, em Rondônia", completou uma tiazinha de verde e amarelo que empurrava um carrinho de bebê com dois poodles: o "Moral" e o "Bons Costumes".