por Ed Sá
A polêmica que envolve o mega produtor de Hollywood Harvey Weinstein, 65, é capa da Time dessa semana.
A rumorosa sequência de "testes do sofá" forçados que se concretizaram ou ameaçaram atrizes ao longo de anos é teme que domina a imprensa e os meios digitais americanos.
Um incêndio midiático que supera até o fogo destruidor em curso na Califórnia.
Tanto o sofá quanto o silêncio guardado em torno desse tipo de assédio em Hollywood, e em todos os lugares, são uma tradição machista. Titãs de Hollywood, como Howard Hughes, Darryl F. Zanuck, Alfred Hitchcock etc já foram acusados de obter benefícios sexuais em troca de papeis em filmes ou, em sentido oposto, de ameaçar carreiras de estrelas caso não se submetessem aos seus vestibulares de sacanagens. A novidade é que, de uns tempos para cá, o silêncio virou barulho. Mas é surpreendente que o cala-boca tenha protegido Weinstein por décadas. Angelina Jolie, Gwyneth Paltrow, Cara Delevigne, Rose McGowan, Ashley Judd, Rosana Arquette, Heather Graham, Mira Sorvino, Jennifer Lawrence... é longa a lista e envolve estrelas da várias gerações. Gwyneth Paltrow, hoje com 45 anos, foi assediada aos 17 anos. Kate Beckinsale, 44, também era adolescente quando foi atacada pelo produtor. Cara Delevigne e Jennifer Lawrence são da nova geração de Hollywood e já entraram na mira telescópica de Weinstein. As acusações vão de cantadas insistentes a pedidos de massagem, exibicionismo, bolinação, sexo oral e estupro.
Ashley Judd revelou há dois anos, em entrevista à revista Variety, que Weinstein a assediou nos anos 90. Curiosamente, essa primeira denúncia não se propagou. Agora, depois que New Yorker publicou há três dias acusação feita pela atriz italiana Asia Argento, dezenas de atrizes tornaram públicas suas experiências com o produtor. Ele nega ter forçado situações, diz que foi sexo consentido e alega que não sabe se aproximar de mulheres de "outro jeito". O site TMZ revelou que constava no contrato de trabalho do produtor uma cláusula inusitada que lhe dava uma certa imunidade para praticar assédio sexual. Segundo a norma, ele não poderia ser demitido em função de acusações do tipo desde que pagasse uma indenização para a vítima, caso fosse considerado culpado.
Mesmo assim. Harvey Weinstein, que a Time chama de "predador", foi demitido.
ATUALIZAÇÃO EM 14/10/2017 - Segundo o Huffpost Brasil, o repórter freelancer Ronan Farrow ofereceu a matéria sobre a prática em cascata de assédio sexual por parte de Harvey Weinstein à NBC News. Executivos da emissora boicotaram a reportagem. Farrow, então, levou o assunto à New Yorker, que detonou a bomba.
Jornalismo, mídia social, TV, streaming, opinião, humor, variedades, publicidade, fotografia, cultura e memórias da imprensa. ANO XVI. E, desde junho de 2009, um espaço coletivo para opiniões diversas e expansão on line do livro "Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou", com casos e fotos dos bastidores das redações. Opiniões veiculadas e assinadas são de responsabilidade dos seus autores. Este blog não veicula material jornalístico gerado por inteligência artificial.
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sexta-feira, 13 de outubro de 2017
quinta-feira, 30 de março de 2017
Netflix invade Hollywood: filme War Machine, com Brad Pitt, dá ao serviço de streaming status de grande produtora cinematográfica
por Ed Sá
A crítica americana diz que, com a contratação de Brad Pitt, a Netflix se torna verdadeiramente hollywoodiana. E o serviço de streaming já está divulgando o trailer de War Machine, seu primeiro filme com status de mega produção.
O filme, que estaria entre uma sátira à guerra do Afeganistão, toques de reality show e drama é sobre a ascensão e queda de um general da Otan. É sátira militar, mas, a julgar pelas primeiras impressões, não teria a intensidade de um M.A.S.H, o clássico sobre a Guerra do Coréia.
Dirigido pelo australiano David Michôd, tem no elenco, além de Brad Pitt, Ben Kingley, Tilda Swinton, Emory Cohen, Topher Grace, Anthony Michael Hall, Will Poulter e Meg Tilly. O filme será lançado na Netflix no dia 226 de maio. Veja o trailer, clique AQUI.
Correção: 26 de maio
A crítica americana diz que, com a contratação de Brad Pitt, a Netflix se torna verdadeiramente hollywoodiana. E o serviço de streaming já está divulgando o trailer de War Machine, seu primeiro filme com status de mega produção.
O filme, que estaria entre uma sátira à guerra do Afeganistão, toques de reality show e drama é sobre a ascensão e queda de um general da Otan. É sátira militar, mas, a julgar pelas primeiras impressões, não teria a intensidade de um M.A.S.H, o clássico sobre a Guerra do Coréia.
Dirigido pelo australiano David Michôd, tem no elenco, além de Brad Pitt, Ben Kingley, Tilda Swinton, Emory Cohen, Topher Grace, Anthony Michael Hall, Will Poulter e Meg Tilly. O filme será lançado na Netflix no dia 226 de maio. Veja o trailer, clique AQUI.
Correção: 26 de maio
segunda-feira, 9 de janeiro de 2017
Trump interrompe a montagem do seu governo e vai ao twitter responder a críticas de Meryl Streep no Globo de Ouro. Primeiro disse que ela é "superestimada", depois, que é "Hillary lover"
por Ed Sá
Durante a premiação do Globo de Ouro, Meryl Streep fez um pequeno discurso no qual não citou Donald Trump mas se referiu à expulsão de imigrantes, uma das políticas anunciadas do presidente eleito.
Criticou a retórica de desunião, "que convida ao desrespeito e incita à violência".
No palco do Globo de Ouro - prêmio que é dado pelos jornalistas estrangeiros que atuam em Hollywood - ela perguntou: "O que é Hollywood"? E emendou a resposta: "Um monte de pessoas de outros países. Hollywood está cheia de forasteiros”. E ainda brincou: "Se expulsarmos os estrangeiros você não terão nada para ver, só futebol e MMA".
Donald Trump logo foi ao twitter para rebater a atriz. Tuitou que ela é "superestimada", não o conhece e o criticou. Mais tarde, ele a chamou de "Hillary lover".
Internautas brasileiros criticaram Trump, mesma atitude de milhares outros em vários países.
Trump, como ex-apresentador de reality show, é leitor de revistas de celebridades - com certeza sabe mais da People, OK!, Us Weekly, In Touch e Star and Life & Style do que da Constituição -, gosta de zapear na TV e adora programas de fofocas. A dúvida é se ele vai permanecer conectado a isso tudo quando estiver na Casa Branca.
segunda-feira, 28 de dezembro de 2015
Há 65 anos, o macartismo dava as caras. Parece que foi ontem... E o que Chico Buarque tem a ver com isso?
McCarthy na capa da Time. |
Em 1950, o Congresso norte-americano aprovou a Lei MacCarran-Nixon. A norma exigia que instituições, sindicatos, empresas e quaisquer outras entidades simpatizantes do ideário comunista se registrassem em órgãos de controle. Podia ser vista como um dispositivo de alcance alegadamente burocrático, mas seus dramáticos efeitos marcariam para sempre um período crítico da liberdade individual na história norte-americana.
Nos anos que se seguiram ao fim da Segunda Guerra, uma forte campanha anticomunista havia sido posta em curso na mídia local, especialmente no rádio, veículo de grande penetração no interior do país. Nas serpentinas da política internacional já começava a circular, no pós-guerra, o gás que, pouco depois, serviria ao mundo uma Guerra Fria estupidamente gelada.
Em agosto de 1949, a União Soviética detonava sua primeira bomba atômica. Os efeitos daquela explosão em Semipalatinsk, no Casaquistão, abalariam, simbolicamente, as paredes de Washington. A Bomba A soviética acabava com a hegemonia atômica do cogumelo norte-americano. Pouco mais de dois meses depois, Mao Tse Tung proclamava a República Popular da China, após a vitória da revolução que ganhou forma na sua Longa Marcha. Em junho de 1950, a Guerra da Coréia abria sua temporada. O resultado imediato foi a exacerbação do sentimento anticomunista na terra de John Wayne. A nova síndrome alcançou rapidamente a potência de alguns megatons ideológicos. O americano médio passou a ver comunista embaixo da cama, no banheiro, no closet da patroa, no hamburger, na camisa vermelha do quarter-back e na coca-cola. O Senado abriu Comissões de Investigação, mais ou menos como as nossas CPIs, talvez menos vulgarizadas e imponderáveis. Uma dessas subcomissões (havia outras instâncias de investigação conduzidas por deputados na Câmara dos Representantes) foi entregue ao senador Joseph McCarthy, um advogado nascido em uma fazenda, da bancada ruralista, típico "red neck", cujos horizontes mal ultrapassavam o celeiro da propriedade.
Pouco meses antes da instalação das comissões, McCarthy já se destacara na mídia ao denunciar uma rede de espionagem comunista dentro do Departamento de Estado e apontar a atuação de simpatizantes em vários níveis do governo. Menos de um ano depois da aprovação da Lei MacCarran-Nixon, a intensa atuação de Mc Carthy levou à criação de um tribunal especial denominado "Comitê de Atividades Antiamericanas". Foi aí que a cruzada de McCarthy, apoiado pelo diretor do FBI J. Edgar Hoover e pela mídia conservadora, ganhou uma grife - o macartismo - e instaurou um clima de terror em vários setores do pais.
Personificando o anticomunismo, o senador passou a comandar o enquadramento de cientistas, escritores, funcionários públicos, atores e diretores de cinema, roteiristas, funcionários públicos, cientistas, professores e diplomatas. Mas o braço policial do Comitê podia alcançar qualquer outra categoria de cidadão, mesmo aquele sem vida pública. Para isso, bastava a denúncia de um vizinho, colega ou superior. Uma simples suspeita já seria capaz de tornar um inferno a vida de um acusado. Eram os "Culpados por Suspeita", título, aliás, de filme em que Roberto de Niro vive um diretor de cinema que se recusa a denunciar colegas, tem sua carreira interrompida e é abandonado pelos amigos.
McCarthy, endeusado como paladino, talvez tenha se empolgado demais na sua "cruzada patriótica". Ele radicalizou tanto a caça às bruxas que, sentindo-se poderoso e paparicado, passou a desprezar direitos individuais, denunciar militares que eram heróis de guerra e ameaçar enquadrar até advogados das vítimas. O fato de ser a "estrela" anticomunista também incomodou políticos conservadores que ambicionavam o mesmo papel, de alto rendimento eleitoral. Resultado: o "carrasco" foi afastado da subcomissão, cedendo lugar a Richard Nixon.
O criador foi contido mas a criatura, o chamado macartismo, prosseguiria na ativa por vários anos. Coube a Nixon tornar mais atuante a tropa de elite policial das operações que caçavam "espiões". Ironicamente, duas décadas depois, Nixon viria a ser desbancado da presidência por promover espionagem na sede do Partido Democrata.
A lista dos "comunistas" não era muito diferente dos créditos dos filmes que rolavam nas telas dos cinemas do país. Entre os indiciados estavam nomes como o do roteirista Dalton Trumbo, do maestro Leonard Bernstein, dos atores José Ferrer, Burgess Meredith, Zero Mostel, Edward G. Robinson, dos escritores Dashiell Hammett e Irving Shaw, dos dramaturgos Arthur Miller e Lillian Hellman, do músico Artie Shaw. dos diretores Orson Welles, Luis Buñuel e Richard Attenborough.
Alguns da lista de suspeitos hollywoodianos, como o diretor Elia Kazan, preferiram fazer acordos de delação premiada e, com isso, escaparam de penas. Muitas da vítimas do macartismo cumpriram um ano ou dois de cadeia. Outros, como Charles Chaplin, partiram para o exílio. Houve, ainda, casos de pessoas que se suicidaram por terem as carreiras implodidas. Posteriormente, a Justiça revisou processos e os anulou por inconsistências, faltas de provas ou simples invenções.
McCarthy morreu em 1957, aos 48 anos, vítima de hepatite de origem alcoólica. Não se sabe se movido a birita ou não, ele costumava fazer longos discursos na tribuna do Comitê, às vezes falava durante horas. Nos dias em que estava mais exaltado ou calibrado gostava de humilhar os depoentes. No auge da caça às bruxas, atores e atrizes, compositores e diretores não apenas perderam contratos como foram interpelados nas ruas por antigos fãs insuflados por reportagens que apontavam artistas da "lista negra" como uma ameaça ambulante ao "way of life" da "América", que vivia uma era de prosperidade colorida, de conversíveis, eletrodomésticos, consumo, com a televisão se popularizando e mostrando a vida das celebridades. As trombetas do macartismo anunciavam que aquela realidade hollywoodiana da poderosa "América" poderia ruir. E os artistas da "lista negra" eram os tripulantes do cavalo-de-tróia que tentava invadir a fortaleza da família e da moral vigentes. Por isso, foram perseguidos e assediados. Mas não há registro de que alguém os tenha chamado de "merdas" nas calçadas da Dias Ferreira, no Leblon.
Quero dizer, na Rodeo Drive, em Beverly Hills.
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
Acredite: ela sofreu preconceito em Hollywood
A americana-cubana Eva Mendes, de 35 anos, em entrevista à revista alemã TV Movie dessa semana, diz que não se acha sexy. A atriz gostaria de fazer o papel de um freira mas se prepara, na verdade, para interpretar uma prostituta de luxo. Para isso, fez "laboratório" com garotas de programas que recebem seus clientes em flats de luxo. Com toda essa beleza, Eva se queixa de que teve que brigar muito para conseguir bons papéis no cinema já que é forte e persistente a discriminação racial em Hollywood. Sei não, há alguma coisa errada na cabeça ou nas extremidades dos produtores da meca do cinema. (Foto de divulgação)
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