quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

#PartiuTerra. Primeira chamada rumo a Trappist. Fui!








por Flávio Sépia

O mundo tem preocupações diferentes como os títulos dos jornais impressos demonstram. Mas, hoje, os veículos em todas as latitudes parecem expressar um desejo: que apareça urgentemente uma alternativa para o planeta Terra.

Algo que permita começar de novo.

Segundo revelação da revista Nature, pesquisadores da Universidade de Liége, na Bélgica, em parceria com cientistas do Reino Unido e a partir do Observatório Europeu do Sul instalado no Chile, descobriram sete planetas parecidos com o nosso.

Batizado de Trappist, o sistema orbita uma estrela-anã que emite energia similar à do nosso Sol, embora menos potente. Os estudos ainda avançam, mas os cientistas detectaram condições e temperaturas que podem permitir a ocorrência de água em estado líquido, o que é essencial para a existência de vida. Os sete planetas estão fora do nosso sistema solar, ficam 39 anos-luz de distância e têm tamanhos equivalentes ao da Terra.

Quase todos os jornais dedicaram à descoberta uma espaço considerado nobre no meio impresso: a metade superior da primeira página. Os editores não tiveram muito tempo para criatividade e a opção quase unânime foi pela ilustração horizontal e design idem que mostram os sete planetas em linha a partir da estrela-anã, o sol que os alimenta.

Mas não há dúvida de que os veículos se alinharam aos interesse dos seus leitores: todos são terráqueos que buscam uma saída. Motivos não faltam para dar um reset na humanidade: terrorismo, pobreza, destruição do meio ambiente, concentração da riqueza na mão de meia dúzia, guerras, fanatismo religioso, corrupção, racismo, Trump, Marine Le Pen, Temer, Brexit, muro mexicano, crise, zika vírus, avanço da direita xenófoba, música sertaneja, Moreira Franco, Aécio, Bolosonaro, arrocho fiscal, coxinhada paneleira, extermínio de imigrantes do Mediterrâneo, neonazismo crescendo na Europa...

Difícil de aturar...

Entre na fila para pegar seu vale-transporte rumo a Trappist.

Fotografia, garotas e chuva: teu cenário é uma beleza...

Foto de Werther Santana. Reprodução Estadão.

Quem está na chuva ou no meio do alagamento talvez não concorde. Mas, temporal e garotas ao vento costumam render boas fotos.

A imagem acima é do Estadão, foi captada pelo fotógrafo Werther Santana, na imediações do Minhocão, em São Paulo, na última quarta-feira. Uma ótima cena.

Resta esperar que elas não tenham ficado ilhadas ou que o prefeito "SuperDória" tenha chegado no seu "dóriamóvel" e resgatado suas munícipes após o fotógrafo registrar a deselegância discreta - como define Caetano carinhosamente - das duas charmosas paulistas

Essa conjunção de elementos já foi explorada por muitos fotógrafos. Há até um site que dedica uma página ao tema, a Art Umbrella Rain Girl. O Pinterest tem milhares de pins catalogados só com essa composição.

E um fotógrafo de Cingapura, Danny Santos II, abriu no seu site uma galeria chamada Bad Weather, que flagra a parceria plástica entre os  guardas-chuvas e suas belas e ocasionais usuárias.

Foto Danny Santos II/Reprodução Bad Weather (link abaixo)

Foto Danny Santos II/Reprodução Bad Weather

Foto Danny Santos II/Reprodução Bad Weather
Foto Danny Santos II/Reprodução Bad Weather

Foto Danny Santos II/Reprodução Bad Weather

 VEJA MAIS NO BAD WEATHER, CLIQUE AQUI

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

O Senado devia cobrar couvert artístico. A Sabatina é um espetáculo de terrir!

Estou enganado ou o Estadão fez a foto da semana?
Alexandre de Moraes e Edison Lobão,
presidente da Comissão de Constituição e Justiça,
que articulou a aprovação do indicado de Michel Temer ao STF.
Eram muitos os fotógrafos na sala da CCJ, mas coube a Dida Sampaio
 levar à capa do Estadão a imagem que traduziu o fato.

por Omelete
O Senado devia se registrar no Ministério do Trabalho como produtor artístico. A Sabatina é um espetáculo, devia prolongar a temporada e fazer uma turnê pelo país.
O Brasil ia se conhecer um pouco mais.
Originalmente, a palavra sabatina indicava a recapitulação das matérias da semana que os estudantes faziam antigamente, aos sábados.
Agora, Sabatina é show.
O indicado a ministro do STF passou doze horas respondendo a perguntas das suas excelências da Comissão de Constituição e Justiça. No dia seguinte, sua indicação foi ao plenário. "Surprise"! - diria o correspondente da Gazeta de Honolulu. Alexandre de Moraes, o indicado por Temer, tornou-se o novo integrante do STF.
Há várias semanas, o Brasil inteiro sabia disso. Mas os atores republicanos foram pro picadeiro,  cumpriram sua missão e fizeram cara de surpresa. Mesmo que indicados e senadores tenham se perguntado o que diabos faziam alí em plena véspera de Carnaval com os blocos já nas ruas.
O Brasil não tem casas de apostas como as de Londres, que abrem jogo até sobre atos e fatos e não apenas sobre disputas esportivas. Mas, se tivesse, em quanto estaria cotada a rejeição do nome do escolhido? Seria a maior zebra da História da civilização, a mais espetacular.
Vamos chutar: o louco que apostasse um real na reprovação do indicado de Temer - e o Senado realmente desse nota zero para Alexandre de Moraes -, levaria quanto? A casa de apostas pagaria 1 bilhão e meio de reais? Um trilhão?
Não ia ficar longe disso.
Apenas uma vez na sua história, o Senado rejeitou ministros indicados. E faz tempo pra caramba, foi em 1894. E todas as seis bolas pretas daquela época foram para os indicados do Marechal Floriano Peixoto.
Durante a recente ditadura militar, o governo fez o que quis com o Senado e com o STF. No caso da Alta Corte, aumentou o número de ministros, aposentou outros e indicou um lote de sumidades que o Senado aplaudia e o STF enfiava a toga feliz, embora o espetáculo em cartaz fosse um drama.
A Sabatina não, a Sabatina é um sensacional reality show de terrir. Que, como você sabe, é o gênero de filmes que conjuga humor com terror.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Folha adota a "pós-verdade" e o "fato alternativo" de Trump



A reprodução acima é do site Nocaute. O comentário que se segue é no bqvMANCHETE.

A matéria registra que a Folha de São Paulo noticiou o caso da fábrica do Butantan mas "esqueceu" de fazer contar a autoria do problema.

Esse "jornalismo de omissão" lembra um "ensinamento" do ex-ministro da Fazenda Rubens Ricúpero no famoso vazamento de áudio da parabólica. Sem saber que o microfone estava ligado, Ricúpero anunciou em rede nacional a sua máxima: "o que é bom a gente fatura, o que é ruim a gente esconde".

Vai ver essa frase deve estar emoldurada na redação da Folha.

Viu isso? Acessório para você fazer imagens de ação e selfies aéreas com a GoPro. E não é um drone...



VEJA  O VÍDEO DEMONSTRATIVO, CLIQUE AQUI

Carnaval da Ilha da Madeira tem escola de samba "Os cariocas". E uma brincadeira que o Rio devia importar: os "assaltos"








Fotos do Carnaval de 2016. Madeira Islands e Madeira-web/Divulgação

Belíssimo destino de férias, a Ilha da Madeira tem um animado carnaval com toques cariocas. Mas não apenas isso. A programação em Funchal inclui cortejos tradicionais, trupes fantasiadas e a Festa dos Compadres, que é também uma espécie de ritual de passagem local do inverno para a primavera, com bonecos que lembram os de Olinda, crítica social e bom humor.
Mas o que o Rio deve importar é a tradição dos "assaltos" na folia de Funchal. Antigamente, grupos de mascarados "assaltavam" as casas em busca de iguarias (sonhos e malassadas, os bolinhos fritos feitos com mel de cana-de açúcar, ovos e farinha)) e bebidas. A tradição se mantém, mas foi substituída por"assaltos" combinados e são os mascarados que agora levam comida e bebida para as casas dos amigos.
Por aqui, os roubos nos blocos pela pivetada impune já são uma tradição, mas têm nada de amistosos.

Trump cita ataque terrorista inexistente a as redes sociais perguntam o que ele anda fumando...


Rio é a cidade mais desejada por turistas no Carnaval. Salvador caiu de segundo para sétimo lugar. São Paulo assumiu a segunda posição.

Maior carnaval do Brasil desde que os blocos voltaram às ruas e se somaram ao megaespetáculo das escolas de samba, o Rio é, pelo segundo ano, a cidade que mais desejada pelos brasileiros durante o Carnaval. No ano passado, o Rio também liderou o ranking. A pesquisa acima foi realizada pela Booking. O mesmo fenômeno - a popularização dos blocos sem cordinhas e abadás - levou São Paulo à segunda posição. Natal e Florianópolis (que faz uma variedade de carnaval com música eletrônica) estão em ascensão na lista dos destinos desejados.
Já Salvador que em 2016 ficou em segundo lugar caiu para a sétima posição.

A força espontânea dos blocos no cenário carioca e...

... os ensaios técnicos da escolas que lotam o Sambódromo nos fins de semana anteriores ao
Carnaval propriamente dito destacam a preferência dos turistas pelo Rio
e prologam a permanência dos visitantes.
Fotos de Alexandre Macieira/Riotur

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Caindo pelas tabelas... mas com apoio entre os "formadores de opinião"







O Instituto Ipsos fez uma pesquisa entre "formadores de opinião" da América Latina para saber como jornalistas e articulistas veem seus respectivos presidentes. No ranking geral, no alto, Michel Temer amarga um novo lugar, estaria no G4 do rebaixamento se fosse uma tabela de campeonato de futebol.

Ouvidos os "formadores de opinião" da AL, a nossa ilegítima figura tem 64% de desaprovação e 30% de rejeição.

No segundo quadro, Temer se sai um pouco melhor.  Explica-se: o item Brasil se refere apenas a entrevistados brasileiros. Entre estes, Temer 41% de aprovação e 59% de rejeição.

Tais números mostram que os nossos controvertidos "formadores de opinião" estão em certo descompasso com o povo. Preferem ficar mais próximos do poder. Recentes pesquisas de opinião pública mostram que, no Brasil real, apenas pouco mais de 10% das entrevistados aprovam o presidente pós-golpe. Já entre os responsáveis pela "opinião publicada" esse número sobe para 41%.

A pergunta que fica: nossos "formadores de opinião" preferem falar e escrever o que a mídia dominante quer ler e ouvir?

VEJA A PESQUISA COMPLETA, CLIQUE AQUI

Deu no Portal Imprensa: a volta da edição impressa do jornal do Brasil. Publicação quer contratar 30 jornalistas

(do Portal Imprensa)

Com novo controlador, “Jornal do Brasil” volta às bancas do Rio de Janeiro
Segundo a Folha de S.Paulo, o empresário Omar Peres fechou neste mês negócio com Nelson Tanure, antigo controlador da empresa. O objetivo é vender diariamente cerca de 30 mil exemplares do "novo JB". Segundo Peres, o "JB" será vendido apenas nas bancas cariocas. Não haverá assinaturas. A primeira edição sairá em maio.
A princípio, a publicação terá dois cadernos, um com 16 páginas e outro com seis, e aos domingos ganhará uma edição ampliada com 24 páginas no primeiro caderno.

LEIA A MATÉRIA COMPLETA NO PORTAL IMPRENSA,. CLIQUE AQUI

Federação Paranaense de Futebol impede transmissão pelo You Tube do jogo Atlético-PR x Coritiba.

Mais do que simbólica, a suspensão do clássico entre Atlético-PR e Coritiba, ontem, é histórica.

Os dois clubes, exercendo prerrogativa que a lei lhes dá, optaram por não vender à Rede Globo os direitos de transmissão do jogo. Por uma questão puramente comercial: os donos do espetáculo, os clubes, consideraram "merreca" o valor oferecido para a exibição da partida.

Os dirigentes de Atlético-PR e Coritiba decidiram, então, exibir o jogo nos seus canais do You Tube, sem nada cobrar, apenas para não privar seus torcedores.

A poucos minutos de a bola rolar na Arena da Baixada, a Federação Paranaense de Futebol (FPF) impediu a transmissão. sob a alegação de falta de credenciamento da equipe técnica. Impedidos de levar o jogo ao You Tube, Atlético-PR e Coritiba se negaram a jogar. Os jogadores dos dois times, de mãos dadas, saudaram as torcidas. As arquibancadas apoiaram o gesto e protestaram com a Federação e a Rede Globo, aos gritos de "vergonha".

A Rede Globo divulgou nota no Fantástico negando interferência e  citando o mesmo argumento da Federação Paranaense: a falta de credenciamento dos profissionais.

Caso de Curitiba à parte, essa questão de venda de direitos de transmissão, no Brasil, gera polêmicas e nem sempre é transparente. Uma das vertentes da agora praticamente esquecida investigação do FBI sobre os porões do futebol, e que alcançou a América do Sul, é precisamente esse quesito.

A guerra é de foice nesse campo. Resta torcer para que Coritiba e Atlético-PR tenham sinalizado um novo e inevitável caminho e que não sofram represálias de cartolas e que tais. Alguns clubes brasileiros já passaram um perrengue por se rebelar contra isso. Perguntem ao Vasco.

Mas os tempos são outros. Não só o You Tube é a ferramenta. Com a introdução do Facebook Live, o aplicativo que alcança milhões de pessoas já faz transmissão de jogos de futebol ao vivo e negocia a ampliação do serviço com as grandes ligas mundiais.

Não vai ser fácil para o passado continuar resistindo ao futuro

VEJA A REAÇÃO DOS TORCEDORES PARANAENSES, CLIQUE AQUI






NO SITE OFICIAL DO ATLÉTICO-PR, UM VÍDEO MOSTRA UM RESUMO DOS ACONTECIMENTOS. CLIQUE AQUI



E VEJA A POSIÇÃO OFICIAL DO CORITIBA, CLIQUE AQUI


Atualização em 21/2/2017 - A Federação Paranaense de Futebol marcou um novo Atletiba para a Quarta-Feira de Cinzas, 1° de março, na Arena da Baixada. 
Os clubes, até o dia de hoje, mantêm a decisão de transmitir a partida pelo You Tube. 
Sobre a proibição da transmissão pela web no último domingo, há versões contraditórias. Enquanto o presidente da FPF diz que o motivo foi a falta de credenciamento da equipe (segundo os clubes, eram apenas duas pessoas e o problema poderia ter sido contornado com o deslocamento delas para outro local), um dos árbitros afirmou que a ordem que recebeu da FPF foi de que não haveria jogo enquanto a transmissão pelo You Tube (que estava começando e alcançava quase 150 mil pessoas) não fosse interrompida. 
O Tribunal de Justiça Desportiva ainda não recebeu a súmula da arbitragem para analisar a questão. 
A Rede Globo reafirma em nota oficial que "em nenhuma hipótese, teve qualquer ligação com o episódio".

Barraco de Roberto Freire durante entrega do Prêmio Camões a Raduan Nassar repercute em Portugal.



O ministro sumirá da história e a obra do premiado fica, enquanto houver alguma forma de livro no planeta.


por Alexandra Lucas Coelho (para o Público, de Portugal)

1. A cerimónia de entrega do Prémio Camões, o maior da língua portuguesa, sexta-feira passada, em São Paulo, foi um retrato do que está em curso no Brasil, mas não só. Revelou a que ponto um ministro não distingue Estado e governo, confundindo-se a si mesmo com um prémio. E como querer separar cultura e política leva a uma política sem cultura.

2. O premiado desta edição era o brasileiro Raduan Nassar. A decisão, unânime, foi tomada em Maio de 2016 por um júri composto por críticos e escritores de vários países de língua portuguesa. O anúncio coincidiu com o início do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Mas não era esse governo, ou um seu sucessor, que atribuía o prémio a Raduan Nassar, e sim um júri independente. Aos governos de Portugal e Brasil que na altura da entrega estivessem em funções competiria cumprir, em nome dos Estados, o compromisso que existe desde que o prémio foi instituído, assegurando o montante em dinheiro. Os premiados do Camões não são escolhas de nenhum governo. Qualquer confusão em relação a isto será um insulto à ideia do prémio, aos júris que já o atribuíram, a cada nome que o recebe, e a quem acredita na sua independência.

3. A obra de Raduan Nassar é daquelas que muda a língua e os leitores, e mantém-se tão breve quanto única. Foi publicada sobretudo nos anos 1960 e 1970, depois o autor largou a literatura, tornou-se fazendeiro, desapareceu do espaço público. Durante décadas esse silêncio tornou-se lendário. Mas em 2016, no início do impeachment, Raduan mandou a lenda às urtigas por achar que o impeachment era um golpe. Falou, foi a Brasília ter com Dilma, protestou na imprensa. Fez isso num Brasil dividido ao extremo, o que lhe valeu ser insultado aos 80 anos pelos que acima de tudo odiavam Lula, Dilma e o PT. Não se tratava apenas de discordar de Raduan, mas de o diminuir como anacrónico. Ele, que ao fim de décadas voltara para fazer o mais difícil, aparecer. E como teria sido tentador continuar fora da mortal turba humana. Mas Raduan deixou o olimpo para os livros e arregaçou as mangas.

4. O governo que ocupou o poder pós-impeachment já vai na sua segunda tentativa de ministro da Cultura. Seja por isso, seja porque Michel Temer & Cia receavam o que Raduan pudesse dizer, a entrega do Prémio Camões só aconteceu agora. Dado que Raduan quebrara várias vezes o silêncio em 2016 era de prever que aproveitasse para um discurso político. E foi o que aconteceu. Um breve discurso contundente em relação ao actual governo brasileiro, e ao sistema que o favorece. Depois de um par de frases para o outro lado do Atlântico (“Estive em Portugal em 1976, fascinado pelo país, resplandecente desde a Revolução dos Cravos no ano anterior. Além de amigos portugueses, fui sempre carinhosamente acolhido”), Raduan estabeleceu o contraponto com o Brasil de 2017: “Vivemos tempos sombrios, muito sombrios”. Deu exemplos de invasões em sedes do PT e em escolas de vários estados; de prisões de membros dos movimentos sociais, de “violência contra a oposição democrática ao manifestar-se na rua”, da responsabilidade governamental nas “tragédias nos presídios de Manaus e Roraima”, de um “governo repressor”: “contra o trabalhador, contra aposentadorias criteriosas, contra universidades federais de ensino gratuito, contra a diplomacia ativa e altiva”. Um “governo atrelado, por sinal, ao neoliberalismo com sua escandalosa concentração da riqueza”, “amparado pelo Ministério Público e, de resto, pelo Supremo Tribunal Federal”. Um Supremo coerente “com seu passado à época do regime militar”, que “propiciou a reversão da nossa democracia: não impediu que Eduardo Cunha, então presidente da Câmara dos Deputados e réu na Corte, instaurasse o processo de impeachment de Dilma Rousseff.” Aqui Raduan concluiu: “Íntegra, eleita pelo voto popular, Dilma foi afastada definitivamente no Senado. O golpe estava consumado. Não há como ficar calado.”

5. A plateia, em pé, aplaudiu. Os três anfitriões da cerimónia permaneceram quietos: embaixador de Portugal, Jorge Cabral, directora da Biblioteca Nacional, Helena Severo, e ministro brasileiro da Cultura, Roberto Freire, que então se levantou para ir ao púlpito. Com Raduan já sentado, Freire decidiu responder-lhe de improviso, numa longa intervenção gesticulante, que foi subindo de tom. “Lamentavelmente, o Brasil de hoje assiste perplexo a algumas pessoas da nossa geração, que têm o privilégio de dar exemplos e que viveram um efetivo golpe nos anos 60 do século passado, e que dão o inverso”, disse. “Que os jovens façam isso já seria preocupante, mas não causaria esta perplexidade”. Quando falou no “momento democrático que o Brasil vive” ouviram-se as primeiras gargalhadas e vaias da plateia. A partir daí foi uma escalada, com o ministro a levantar a voz para se impôr ao bruá, martelando palavras. Este prémio, afirmou, “é dado pelo governo democrático brasileiro e não foi rejeitado”. Adiante insistiu: “É um adversário recebendo um prémio de um governo que ele considera ilegítimo, mas não é ilegítimo para o prémio que ele recebeu.” Ou: “Quem dá prémios a adversário político não é a ditadura.” Ou: “É fácil fazer protesto em momentos de governo democrático como o actual.” Ignorou quando alguém da plateia o alertou para o óbvio: “Hoje é dia do Raduan!” Quando alguém pediu “Respeito a Raduan!”, devolveu: “Ele desrespeitou todos nós!” Respondeu sarcasticamente a autores na plateia. A dada altura, o professor da USP Augusto Massi disse: “Acho que você não está à altura do evento.” Massi disse à “Folha de S. Paulo” que Freire lhe chamou idiota depois, na saída. À “Folha, Freire disse que fizera aquele discurso dada a “deselegância” de Raduan: “Se ele viesse dizer que não aceitava o prémio, a crítica que ele fez até podia ser justa.” Mais tarde declarou: “Quem assinou, convidou e pagou o prémio foi este governo.” E ainda: “Tinha tantos que não foram ali para aplaudir um escritor, foram para [me] agredir, acho que até fui brando.”

6. Ou seja, para o ministro a) este prémio é dado por este governo b) quem critica este governo dá mau exemplo c) jovens críticos já é mau mas velhos ainda é pior d) se Raduan queria criticar não aceitava o prémio e) quem vaiara o ministro tinha vindo não por Raduan mas para o agredir a ele, ministro. E com tudo isto o ministro suplantou as críticas de Raduan na repercussão mediática. Em suma, não é de espantar que o megalómano ministro venha a dizer: o prémio, fui eu.

7. Claro que o ministro sumirá da história e a obra do premiado fica, enquanto houver alguma forma de livro no planeta. Para os livros de Raduan Nassar é indiferente o que passou na sexta. Mas a nós, contemporâneos, importa, sim, que um membro do poder político abuse do cargo, confundindo, distorcendo e agredindo um criador como Raduan, protagonista único da cerimónia, que lhe devia merecer, no mínimo, silêncio. Não cabe ao ministro aprovar ou reprovar o discurso do premiado, não lhe cabe responder. Tal como não é preciso alguém estar de acordo com Raduan politicamente para entender como foi absurdo o que se passou. O prémio não é deste governo, é patrocinado por dois Estados, e atribuído por um júri. A sua aceitação nunca deverá implicar um discurso bem-agradecido. Um ministro da Cultura que veja os criadores como estando ao serviço não entendeu nada. Idem para quem sugere que se pode tirar a política da cultura, e vice-versa. De resto, o que o actual governo brasileiro está a fazer na Cultura é um desmonte do muito que veio sendo construído. Se há áreas em que os anos de Lula deram frutos fortes, a Cultura é certamente uma delas.

LEIA NO PÚBLICO, CLIQUE AQUI

Manchete no Carnaval 2017: cenas cariocas 2

Suvaco de Cristo. Foto Fernando Maia/Riotur

Tamborim no Suvaco. Foto Fernando Maia/Riotur

No Suvaco. Foto Fernando Maia/ Riotur

Solto no Suvaco. Foto de Fernando Maia/Riotur

Aula grátis no Suvaco. Foto de Fernando Maia/Riotur

Banda da Barra. Foto de Alexandre Vidal/ Riotur

Cordão do Boitatá. Foto Agência Brasil
No Boitatá. Foto de Gabriel Monteiro/Riotur



Chora Me Liga. Foto de Alexandre Macieira/Riotur

Escravos da Mauá. Foto de Gabriel Monteiro/Riotur
Escravos da Mauá, Foto de Gabriel monteiro/Riotur

Gigantes da Lira. Foto Agência Brasil

No Gigantes de Lira, agenda de blocos a cumprir. Foto de Alexandre Macieira/Riotur 

Alô, Simpatia. Foto de Fernando Maia/Riotur 

Simpatia na Vieira Souto. Foto de Fernando Maia/Riotur
No Simpatia. Foto de Fernando Maia/Riotur

Revezamento de facções organizadas nos estádios: o futebol é a vítima, não o problema

A Justiça acaba de determinar que os clássicos envolvendo Botafogo, Vasco, Fluminense e Flamengo serão realizados no modo torcida única. Apenas os torcedores do clube mandante serão admitidos nos estádios.

É uma pena.

O futebol brasileiro já sofre com a exportação de seus melhores craques. Os clubes não resistem à força do euro e, já há alguns anos, estão nas mãos de empresários que vendem não apenas os jogadores formados como as promessas que se destacam nas divisões de base, até nas sub-sub 17.

A ausência de nomes identificados com as torcidas enfraquece o espetáculo.

Não por acaso, as crianças estão dando preferência a camisas de clubes europeus, assim como a audiência na TV dos jogos das ligas da Alemanha, Inglaterra e Espanha é crescente.

Mas o maior problema dos estádios são as torcidas organizadas.  Especialmente aquelas que nem merecem mais o nome de torcidas: são facções organizadas. Muitos daqueles adeptos dessas facções que se envolvem em assassinatos e brigas violentas estão ligados a organizações de traficantes, mesmo que por tabela. A polícia está careca de saber disso. O fato de a torcida de apenas um clube ter permissão para ir ao estádio não necessariamente acabará com a violência. Torcedores violentos de um mesmo clube mas moradores de comunidades pertencentes - a palavra é essa, eles são donos - a facções criminosas diferentes vão continuar se enfrentando, provocando mortes entre os beligerantes ou entre inocentes que ainda se arriscam a ir aos estádios.

Para eles, o que menos importa é o jogo e a bola rolando. Provavelmente muitos não sabem sequer a escalação dos jogadores dos seus time. Passam o jogo olhando para o "inimigo", não para o gramado. Estão ali para demonstrar força, como "soldados" que representam territórios e seus chefes.

Anos atrás, foi rejeitada e sofreu críticas uma iniciativa do governo federal para cadastrar os integrantes das facções de torcedores. A identificação permitiria não só investigação em casos de crimes como levaria aos grupos de bandidos infiltrados.A Inglaterra consegui reduzir a ação dos seus hooligans implantando controles semelhantes e investigando a bandidagem. Mas aqui apenas planejar algo assim foi considerado uma ameaça aos direitos desses elementos.

Ao condenar qualquer limitação aos criminosos, as críticas só ajudaram a acelerar a contabilidade de vítimas fatais e a afastar dos estádios os verdadeiros torcedores.



 

"Fato alternativo": a velha mídia cai de boca na pós-verdade...

Reprodução

domingo, 19 de fevereiro de 2017

Viu isso? Flashmob recria obra de Rembrant. E tudo ao som de Beethoven


Ao som de Beethoven, o Rijksmuseum, em Amsterdam, deu vida em animada flashmob ao quadro "A Ronda Noturna", de Rembrandt.

O filme foi gravado em um shopping.

O quadro foi pintado em 1642 e retrata arcabuzeiros da Holanda.

O vídeo faz parte de uma campanha para atrair visitantes e comemorar a reabertura do museu, em abril, após 10 anos de reformas.
VEJA AQUI

Memória do carnaval carioca: como o Rio sambava e brincava em 1965

Um filme em Super 8 postado no You Tube e replicado em páginas do Facebook já foi visto por milhares de pessoas. São imagens raras feitas por amador, praticamente não editadas. 
O filme ganha mais importância diante do fato de os arquivos de televisões da época guardarem pouquíssimo material dos anos 60. 
Alguma coisa é possível rever nos acervos dos cinejornais. Mas a filmagem que você pode ver aqui (link abaixo) tem uma valiosa marca de autenticidade. 
Não é um "filme de diretor", mas de um apaixonado pela folia popular a focalizar os tipos e ritos do carnaval carioca em 1965, ano do Quarto Centenário da cidade, 
VEJA AQUI