terça-feira, 13 de dezembro de 2016

João Vicente Goulart lança livro sobre o pai, Jango. O foco é a vida de uma família que, nos anos 50 e 60, foi tema de centenas de matérias da Manchete e Fatos & Fotos

Foto de Jáder Neves
Na capa do livro, um detalhe da foto de Jáder Neves

No momento em que o Brasil sofre com a ilegitimidade de um governo trôpego, João Vicente Goulart lança o livro "Jango e Eu —Memórias de um exílio sem volta". O filho do ex-presidente derrubado pelo golpe que instituiu a ditadura militar relembra a trajetória da sua família antes e durante os anos de chumbo e sangue, até a morte de Jango, no exílio, em 1976.

Nas reminiscências, há históricos pontos de contato com a revista Manchete. A foto acima, que mostra a família Goulart na fazenda, em São Borja, no Rio Grande do Sul, é de Jáder Neves, fotógrafo que por longos anos atuou nas revistas da Bloch.

A Manchete acompanhava literalmente o dia a dia do presidente João Goulart. Não apenas os fatos políticos mas, especialmente, a intimidade da família, no estilo consagrado pela revista francesa Paris Match.

Foram centenas de reportagens que contaram a história ilustrada do período, não apenas em Manchete, mas em outra semanal da Bloch, a Fatos & Fotos.

Um memorável capa da revista mostra Jango em Washington, ao lado de John Kennedy.

Jango em visita aos Estados Unidos, em 1963.
Na Fatos & Fotos


Maria Tereza Goulart na capa em 1962.

João Vicente, Maria Tereza e Denise.

O presidente, que visitava os Estados Unidos, também foi recebido com um desfile em carro aberto em uma festiva Quinta Avenida, em Nova York. A Manchete mostrava tudo isso, mas nutria uma especial predileção por registrar o lado pessoal da vida do presidente Jango. A bela Maria Tereza Goulart, assim como seus filhos, João Vicente e Denise, foram focalizados mais de um vez em coloridas reportagens de capa.

No livro, João Vicente conta o drama de Jango, a saudade, os diálogos, o exílio, enfim, visto por quem estava bem ao lado. Desde o olhar da criança - ele tinha sete anos quando o pai foi obrigado a partir para o Uruguai - ao do jovem de menos de 20 anos que, em 1976, trouxe o pai de volta à sua terra, morto, após 12 anos de exílio. João Vicente diz que optou por focalizar o lado humano, já que a memória política do período está registrada em livros e documentários. Mas, ao longo dos capítulos, vê-se que a história da família está indissoluvelmente ligada à história do Brasil.
E, de certa forma, às páginas da Manchete.

Leda Nagle e Laerte Rímoli, que demitiu a jornalista da TV Brasil, trocam acusações em rede social...


O site do jornalista Sidney Rezende revela mais um capítulo da demissão da apresentadora Leda Nagle, da TV Brasil.

(do SRzd)
A demissão da apresentadora do programa “Sem Censura”, da TV Brasil, Leda Nagle, trouxe consequências desastrosas à gestão do presidente da EBC – Empresa Brasil de Comunicação, Laerte Rímoli. Em meio a uma crise política sem precedentes que coloca o presidente Michel Temer como acusado de receber propina de R$ 10 milhões, a forma como Rímoli está conduzindo a EBC está preocupando a área de Comunicação do Palácio do Planalto, que também foi criticada neste fim de semana por Temer. O presidente da República está visivelmente insatisfeito e já externou isso ao ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha.
A situação se deteriorou ainda mais quando a EBC tornou público, através da coluna Radar, da “Veja”, os ganhos de Leda Nagle e equipe para produzir o “Sem Censura”. A apresentadora contesta o valor e apresenta depósito com cifra mais baixa.
Reprodução Radar on Line

A resposta de Leda Nagle na sua rede social dirigida à coluna foi contundente:

“Veja como o Laerte mente. A nota fiscal de outubro de 2016 foi de R$ 86.495.97. Veja o depósito da EBC na Conta Leda Nagle: 23/11/2016 TED-TRANSF ELET DISPON
REMET.EMPRESA BRASIL DE CO 6805040 78.322,11 e ainda faltam descontar os 5% de ISS.
Radar on Line você publicaria a nota fiscal? A nota fiscal do novo contrato seria de R$ 93.064.64, lembrando que diminuidos os impostos a Leda Nagle Produções contrata 4 pessoas dentro deste salário. Ou o Laerte não sabe fazer conta ou nem sabe o que acontece na EBC. Pronto. Agora tudo escancarado. Bora lá ver quem fala a verdade. Considerando que faço um programa de uma hora e meia ao vivo todo dia que ainda é reprisado à noite. Ele paga isto por três horas diarias de produção…. não existe programa mais barato na televisão brasileira. Olha o depósito da EBC: R$ 78.322.11. Dia 23/11/2016.

Laerte Rímoli também se pronunciou através da sua rede social:

“O SHOW DA LEDA NAGLE:
Na quarta-feira, 07/12, as 11:30, na sala da presidência da EBC, no Rio de Janeiro, comunicamos à jornalista Leda Nagle que a empresa não poderia manter, em 2017, o contrato dela, da forma como estava. R$ 1,3 milhão ao ano, com o uso de estúdios e 4 produtores da empresa, na rubrica investimento, por tratar-se de co-produção. Nos meses de janeiro e fevereiro, os programas eram gravados e a profissional desfrutava de 60 dias de folga. Simples relato, já que o contrato vigente permitia essa lassidão. Os dados estão disponíveis pela lei de acesso à informação. Neste ano de 2017, uma novidade: Leda recebeu um generoso convite de um amigo (relato dela) e ficaria mais 2 semanas fora, em março, para conhecer Dubai. Presentes à reunião, o Superintendente da Tv Brasil, jornalista Caíque Novis, a Diretora de Produção, jornalista Cida Fontes e o assessor jurídico da EBC, Marcelo Nascimento. Ela entrou na sala, perguntou quem era o Caíque e disparou: o programa está ótimo, não precisa de mudanças. Quando eu disse o contrário, o mundo desabou. Você está me demitindo, gritou, furiosa. Cida tentou argumentar: seria uma prorrogação de 2 meses, até 5 de janeiro e um novo contrato, semelhante ao que temos com a jornalista Roseann Kennedy, seria discutido pelas partes. Aí Leda foi a Leda que todos conhecemos: “Não sou Roseann Kennedy, tenho 40 anos de profissão. Você sempre quis me demitir, Cida Fontes, não entende nada de televisão. Não vou brigar com você, Laerte, que é meu amigo (imagina se não fosse). Os concursados da EBC são incompetentes, desinformados, não gostam de trabalhar”. Levantou-se, parou em pose dramática na porta da sala e pespegou: “vou tornar isso público”. (...)

LEIA A MATÉRIA COMPLETA NO SITE SRzd. CLIQUE AQUI 


ATUALIZAÇÃO: O EX-PRESIDENTE DA EBC, RICARDO MELO, SE SENTIU OFENDIDO POR LAERTE RÍMOLI E TAMBÉM RESPONDEU ATRAVÉS DO SRzd. CLIQUE AQUI

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

PEC DA MORTE viola pactos internacionais: "Teto de 20 anos para o gasto público violará direitos humanos", alerta relator especial da ONU

A PEC 55, que será votada amanhã, virou uma espécie de boia de salvação dos integrantes do Executivo e do Legislativo apontados como suspeitos de corrupção. Os políticos na mira da Justiça certamente imaginam que ao aprová-la ganharão, no mínimo, a eterna gratidão dos apoiadores do governo Temer no meio financeiro, nas grandes corporações, na mídia de direita e entre os magistrados politizados. Não é pouca coisa pra quem está virtualmente encurralado. Dá pro gasto. 

Assim, a PEC da MORTE, uma espécie de plano plurianual da injustiça social e da concentração de renda entre os mais ricos da população, vai nascer, como se não bastasse a crueldade da proposta, com o estigma de algumas assinaturas nada ilustres. E ainda gerada por um governo sem voto, sem rumo, sem o apoio da maioria da população e sem vergonha. (do BQVManchete).

O relator especial da ONU para Extrema Pobreza e Direitos Humanos, distribuiu um contundente comunicado sobre o assunto. Leia, a seguir: 

(da ONU Br) 

"Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 55 foi considerada pelo relator especial da ONU para extrema pobreza e direitos humanos, Philip Alston, uma medida ‘radical’ e sem ‘compaixão’, que vai atar as mãos dos futuros governantes e que terá impactos severos sobre os brasileiros mais vulneráveis, além de constituir uma violação de obrigações internacionais do Brasil.

Para o especialista independente, debate sobre a PEC no Congresso Nacional foi conduzido apressadamente pelo novo governo e não contemplou de forma adequada os que serão mais afetados pelo congelamento dos gastos públicos. Alston lembrou que a medida vem de um governo que chegou ao poder após um impeachment e que, portanto, jamais apresentou seu programa a um eleitorado.

Os planos do governo de congelar o gasto social no Brasil por 20 anos são inteiramente incompatíveis com as obrigações de direitos humanos do Brasil, disse na sexta-feira (9) o relator especial da ONU para extrema pobreza e direitos humanos, Philip Alston.

Segundo o especialista independente, o efeito principal e inevitável da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 55, elaborada para forçar um congelamento orçamentário como demonstração de prudência fiscal, será o prejuízo aos mais pobres pelas próximas décadas. A emenda deverá ser votada pelo Senado no dia 13 de dezembro.

“Se adotada, essa emenda bloqueará gastos em níveis inadequados e rapidamente decrescentes na saúde, educação e segurança social, colocando, portanto, toda uma geração futura em risco de receber uma proteção social muito abaixo dos níveis atuais”, afirmou Alston.

O relator especial nomeado pelo Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas recomendou ao governo brasileiro que garanta um debate público apropriado sobre a PEC 55; que estime seu impacto sobre os segmentos mais pobres da sociedade; e que identifique outras alternativas para atingir os objetivos de austeridade.

“Uma coisa é certa”, acrescentou o especialista independente. “É completamente inapropriado congelar somente o gasto social e atar as mãos de todos os próximos governos por outras duas décadas. Se essa emenda for adotada, colocará o Brasil em uma categoria única em matéria de retrocesso social.”

O plano de mudar a Constituição para os próximos 20 anos vem de um governo que chegou ao poder depois de um impeachment e que, portanto, jamais apresentou seu programa a um eleitorado. Isso levanta preocupações ainda maiores sobre a proposta de amarrar as mãos de futuros governantes, afirmou Alston.

O Brasil é a maior economia da América Latina e sofre sua mais grave recessão em décadas, com níveis de desemprego que quase dobraram desde o início de 2015.

O governo alega que um congelamento de gastos estabelecido na Constituição deverá aumentar a confiança de investidores, reduzindo a dívida pública e a taxa de juros, e que isso, consequentemente, ajudará a tirar o país da recessão. A medida, porém, terá um impacto severo sobre os mais pobres, alerta o relator especial.

“Essa é uma medida radical, desprovida de toda nuance e compaixão”, disse. “Vai atingir com mais força os brasileiros mais pobres e mais vulneráveis, aumentando os níveis de desigualdade em uma sociedade já extremamente desigual e, definitivamente, assinala que para o Brasil os direitos sociais terão uma prioridade muito baixa nos próximos vinte anos.”

Alston lembrou que “isso evidentemente viola as obrigações do Brasil de acordo com o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, que o pais ratificou em 1992 e que veda a adoção de ‘medidas deliberadamente regressivas’ a não ser que não exista nenhuma outra alternativa e que uma profunda consideração tenha sido feita dada de modo a garantir que as medidas adotadas sejam necessárias e proporcionais”.

O especialista independente apontou que, ao longo das últimas décadas, o Brasil estabeleceu um impressionante sistema de proteção social voltado para a erradicação da pobreza e o reconhecimento dos direitos à educação, saúde, trabalho e segurança social.

“Essas políticas contribuíram substancialmente para reduzir os níveis de pobreza e desigualdade no país. Seria um erro histórico atrasar o relógio nesse momento,” disse.

O Plano Nacional de Educação no Brasil exige um aumento anual de 37 bilhões de reais para prover uma educação de qualidade para todos os estudantes, ao passo que a PEC reduzirá o gasto planejado em 47 bilhões de reais nos próximos oito anos. Com mais de 3,8 milhões de crianças fora da escola, o Brasil não pode ignorar o direito deles de ir à escola, nem o direito de todas as crianças a uma educação de qualidade, afirmou o relator.

O especialista afirmou que o debate sobre a PEC 55 foi conduzido apressadamente no Congresso Nacional pelo novo governo com a limitada participação dos grupos afetados e sem considerar seu impacto sobre os direitos humanos. Um estudo recente sugere que 43% dos brasileiros não conhecem a emenda e, entre aqueles que conhecem, a maioria se opõe a ela.

O relator especial, que está em contato com o governo brasileiro para entender melhor o processo e o conteúdo da emenda proposta, ressaltou ainda que “mostrar prudência econômica e fiscal e respeitar as normas internacionais de direitos humanos não são objetivos mutuamente excludentes, já que ambos focam na importância de medidas cuidadosamente concebidas para evitar ao máximo consequências negativas para as pessoas”.

“Efeitos diretamente negativos têm que ser equilibrados com potenciais ganhos a longo prazo, assim como esforços para proteger os mais vulneráveis, especialmente os mais pobres, na sociedade”, afirmou Alston.

“Estudos econômicos internacionais, incluindo pesquisas do Fundo Monetário internacional, mostram que a consolidação fiscal tipicamente tem efeitos de curto prazo como redução da renda, aumento do desemprego e da desigualdade de renda. E a longo prazo, não existe evidência empírica que sugira que essas medidas alcançarão os objetivos sugeridos pelo governo”, salientou o especialista independente."

Fonte: ONU Br. Nações Unidas no Brasil

ATUALIZAÇÃO DO BLOG EM 13/1

Atos contra a PEC 55 e proposta de reforma da Previdência

Brasília
17h – Congresso Nacional

São Paulo
18h – Praça do Ciclista (Avenida Paulista)

Rio de Janeiro
14h – Praça da Candelária

Belo Horizonte
16h – Praça Sete de Setembro

Porto Alegre
18h – Esquina Democrática

João Pessoa
14h – Liceu Paraibano

Aracaju
15h – Praça Camerino

Recife
7h30 – Avenida Agamenon Magalhães (em frente a Caixa Econômica Federal)

Florianópolis
16h – Largo da Alfândega




Londres formal e discreta? Esqueça. Bloco de papais e mamães Noéis toma todas e abala a corte. Foi cada um por si e a rainha por todos...

Reprodução Facebook

Reproduçõa Evening Standard

Reprodução Daily Star



Reprodução Standard

Reprodução Standard
por Ben T. Purchase

Um desfile natalino, no último sábado, em Londres, acabou em gandaia.

A notícia está no Daily Star e em outros veículos da Grã-Bretanha. Era o dia do SantaCon, uma comemoração anual que reúne milhares de pessoas fantasiadas de Papai Noel. A base da alegria é,  claro, muita bebida. Para simplificar, diria que é uma mistura de confraternização de fim de ano com uma "endurance" de cerveja.

Papais e mamães Noéis londrinos são barulhentos, eufóricos e fazem pit stop em todos os pubs que encontram pelo caminho.

Quem não entrou no espírito da coisa foi a mídia local. Os jornais de ontem e hoje, como o Evening Standard e o Daily Star  criticam o SantaCon e os "bad Santas", como eles chamam os integrantes dos blocos que se envolveram em brigas e urinaram nas ruas. Avaliam que a versão 2016 do evento saiu de linha. Reclamaram também que a horda de Noéis invadiu o "tube" e incomodou passageiros que não tinham a ver com a folia. Os desfiles aconteceram na City e em alguns bairros. Restou à polícia metropolitana usar as redes socais para tuitar para o pessoal: "Se você está participando do SantaCon, divirta-se, mas mantenha seus pertences seguros".

OK, uns e outros fizeram a rua de WC, mas veja no vídeo que o SantaCon em geral foi divertido.

Clique AQUI

Livro conta como a Kodak popularizou a fotografia e criou, na primeira metade do século passado, uma figura empolgada que está aí até hoje: o fotógrafo amador. Agora, com a "selfie" na cabeça e o celular na mão...

Reprodução Pinterest

por Niko Bolontrin

Foi lançado em São Paulo, no último sábado, o livro "Picture Ahead: a Kodak e a Construção do Turista-Fotógrafo”, vencedor do Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia.

Baseada na tese de doutorado da pesquisadora Lívia Aquino, a obra focaliza a Kodak como impulsionadora de um personagem marcante do século passado: o amador que foi incentivado a não apenas viajar, mas registrar as imagens dos seus passos, escalas e, principalmente, paisagens.

A autora analisa peças fotográficas da Kodak, como anúncios e cartazes promocionais e mostra como os viajantes foram impelidos a incluir a câmera como item indispensável da bagagem. A Kodak popularizou a fotografia e construiu metodicamente e ao longo de décadas a figura do fotógrafo amador. Esse que, hoje, em tempo de celulares e selfies, registra tudo, todos e a si próprio.

Use sua máscara contra odores. Tem brisa fecal no Planalto Central...






Essa deve uma das semanas mais emporcalhadas da história do país.

Só saia de casa com capa impermeável máscara contra fedor.

Durante o episódio Renan Calheiros e STF, forças nada ocultas agiram para manter o notório alagoano como presidente do Senado. Agora, com o listão da Odebrecht, que corre risco de lipoaspiração, há um esforço para baixar a marola.

A denúncia da Odebrecht já não é assunto tão destacado assim. As primeiras páginas exaltam hoje o esforço de Temer para virar o jogo no estilo "não tô nem aí", por parte do inquilino do Planalto, e em tom de "tâmo junto", por parte da mídia, FHC condenando "especulações". E uma pesquisa do Datafolha que mostra Lula derrotando Aécio, Serra e Alkmin em um hipotético primeiro turno e Marina vencendo Lula em um suposto segundo turno.

Vida que segue. Odebrecht? O que é isso? Por enquanto, abafa.

O Mercado sinalizou que Renan é peça importante. E se o Mercado diz e quer, sua vontade traduz, dizem os analistas, o melhor para a pátria-mãe-tão-distraída.

Depois da poderosa articulação do grupo #ficarenan, entra em cena a campanha #ficatemer.

O reverso da moeda de troca para a proteção de Renan foi a aprovação da PEC da Morte, - que deve se votada amanhã - e da redução dos mecanismos previdenciários, do desmonte da CLT e da fila de projetos assemelhados.

No caso do governo, a avaliação dos sistema político que chutou Dilma é que ainda há muito trabalho a fazer no campo das "reformas", no desmonte de políticas sociais e na transferência de renda e bens públicos para corporações.

Temer fica.

Haja máscara.

domingo, 11 de dezembro de 2016

Kirk Douglas, 100 anos, anteontem. Em 1963, ele veio ao Rio e foi capa da Manchete



Kirk Douglas na capa da Manchete, em 1963, com Anne Douglas. Eles estão casados até hoje.
O ator comemorou 100 anos na última sexta-feira. Anne tem 97 anos.

Kirk Douglas vestido de gladiador no Baile do Theatro Municipal.
Foto: Reprodução Fatos&Fotos. 

Na foto acima, reproduzida no Pinterest, Kirk e Anne Douglas posam durante a festa de 100 anos do ator,
cercados pela família: Michael Douglas, Catherine Zeta-Jones e os filhos Dylan e Carys.

por Ed Sá 

Kirk Douglas comemorou 100 anos, na última sexta-feira, dia 9, no Sunset Room do Beverly Hills Hotel.

Em 1963, ele veio ao Rio a convite de Harry Stone, representante da Motion Picture Association para a América Latina.

Naquele carnaval, Kirk Douglas se hospedou no Copacabana Palace, onde posou para a capa da Manchete ao lado de Annie Douglas, na piscina do hotel. À noite, foi ao Baile do Theatro Municipal e caiu na folia vestido de gladiador (ele estava lançando o filme "Spartacus")

Harry Stone contou que, no dia seguinte, Kirk Douglas lhe confidenciou: ``Harry, você não me alertou que as pessoas eram tão liberais. Eu nunca vi tantas mãos embaixo da minha túnica!"

Maioria dos brasileiros quer que Temer vá pra casa fazer poesia e cuidar da família

Pesquisa do Data Folha apurou que 63% da população brasileira quer que Temer peça o boné. Essa parcela pede eleições diretas já. O problema é que para isso acontecer Temer tem que renunciar até o dia 31 de dezembro. Depois dessa data, caso ele vá para casa cometer poesias, uma nova eleição será convocada em 90 dias, como determina a Constituição. Mas aí a eleição seria indireta, com votação de deputados e senadores. "Caju". "Missa", "Pino", "Botafogo", "Atleta", "Corredor" e demais colegas escolheriam o presidente.

Delação da Odebrecht pode ser anulada?

Segundo a Folha de São Paulo, o Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, decidiu "abrir investigação para apurar o vazamento do conteúdo de delações premiadas de ex-executivos da Odebrecht".

Janot precisa combinar com Moro.

O site alemão DW revela que o juiz da Lava Jato afirmou nas última sexta-feira, durante palestra em Heidelberg, que os brasileiros têm o direito de saber o que os governantes fazem. "Desde o início das investigações decidimos que não iríamos esconder nenhuma informação do público", disse Moro

O comunicado que a PGR distribuiu após a bomba da Odebrecht estourar os nervos do governo, tem detalhes preocupantes e se choca com a opinião do juiz.

A PGR diz, por exemplo, que o vazamento pode gerar a anulação da delação. Leia a seguir, no destaque, um trecho da nota oficial.

"O vazamento do documento que constituiria objeto de colaboração, além de ilegal, não auxilia os trabalhos sérios que são desenvolvidos e é causa de grave preocupação para o Ministério Público Federal, que segue com a determinação de apurar todos os fatos com responsabilidade e profissionalismo. O MPF volta a expressar que todo documento de colaboração, para que possa ser usado como prova e para que tenha cláusulas produzindo efeitos jurídicos para o colaborador, somente possui validade jurídica após regular homologação pelo Supremo Tribunal Federal."

O fato é que as delações vêm sendo rotineiramente vazadas há meses, desde o começo da Lava Jato.
A PGR já suspendeu em agosto último um acordo de delação, o do acusado Leo Pinheiro, da OAS, alegando vazamento de informações que também, por acaso, explodiram no Planalto.

A nota da PGR a bala perdida da Odebrecht é previsão, projeção, ameaça ou lamento?

Cláudio Melo Filho, ex-diretor de relações institucionais do grupo Odebrecht, é o primeiro dos 77 executivos da empresa que abre o ralo que deságua no governo.

A pergunta que não quer calar: tudo o que vazar ou vazou corre o risco de ser desconsiderado?

Ou só as estacas que são enfiadas no coração do Corcunda vão levar cartão vermelho?


Caranguejo, Índio, Primo, Bitelo e Piqui; Babel, Candomblé, Cacique e Colorido; Nervosinho e Pastor. Parece escalação de time da penitenciária mas é a cúpula da República Zumbi



Coxinhas já podem brindar ao "43":
o número de vezes que o nome de Temer
aparece em apenas uma delação.
por Omelete 

Temer já está sendo chamado de "43".

Esse é o número de vezes em que o nome dele aparece na denúncia de apenas um dos empresários entre as dezenas caguetas de uma única empreiteira que assinaram a delação natalina.

O governo acabou. Era ilegítimo e agora é  o nada. O que não quer dizer que vá cair. O mercado prefere o presidente "43", assim como, junto com Temer e os ex-presidentes FHC e Sarney, não quis a saída do "Atleta" (um dos apelidos de Renan Calheiros) da presidência do Senado. No dia em que o STF confirmou a permanência do "Atleta" o dólar caiu e a Bolsa agradeceu.

Temer fica, mas ele e seus amigos do Planalto vão vagar como zumbis. Mas serão mortos-vivos operantes, contudo. Com o forte apoio da grande mídia, os zumbis vão cobrar em sangue a aprovação dos projetos que os sustentam. A tropa de elite zumbi, a quem o golpe deu poderes absolutos, vai lutar pela aprovação da PEC da Morte, da reforma da Previdência, do fim da CLT, pela cada vez mais acelerada transferência de recursos públicos para corporações através de vendas e concessões a preço de sacolé de chuchu, pela manutenção de privilégios etc.

É para isso que foram levados até lá.

E cumprir esse papel lhes garantirá a admiração midiática e a permanência no olimpo mais sujo que a mitologia elitista já construiu. Aquele onde reinam "Caju", "Missa", "Gripado", "Botafogo", "Gremista", "Justiça", "Angorá", "Cerrado", Campari", "Ferrari", "Pólo", "Corredor", "Misericórdia", "Todo Feio" e Boca Mole".

Fica mais fácil de entender o espírito da coisa se você passar a tratar suas excelências pelos apelidos muito mais expressivos do que os nomes de batismo.

Devia virar norma de redação dos jornais: "Deputado Corredor afirmou hoje", "o presidente 43 viajou para a Argentina", "ministro Angorá lança o programa de privatização", "o senador Gripado desmente", "o senador Caju foi visto em Curitiba", "Deputado Todo Feio vista suas bases'...
 

sábado, 10 de dezembro de 2016

Grupo RBS cria núcleo de jornalismo investigativo. Se será investigativo e não fará rima com seletivo, você tem o direito de duvidar...



por Flávio Sépia
O Grupo RBS foi ao cinema, gostou do que viu em Spotlight, e anunciou em grande estilo o lançamento de um Grupo de Investigação nas suas redações. Tem até logotipo (aí ao lado).

O modelo de um núcleo de repórteres para apurar matérias investigativas é um prática consagrada em jornais americanos, como o Boston Globe. O filme, como se sabe, aborda a apuração de um escândalo de pedofilia pelo grupo especial de jornalistas do BG que enfrentou a poderosa igreja católica local.

Embora a expressão "jornalismo investigativo" não existisse na época, o exemplo mais que perfeito do método é o trabalho dos repórteres Carl Bernstein e Bob Woodward, do Washington Post, no célebre Caso Watergate, nos anos 1970.

O vice-presidente da RBS, Marcelo Rech, diz que "o jornalismo investigativo fundamental para a sociedade, especialmente em uma era em que as desinformações circulam em larga escala pelas redes sociais".

Não só nas redes sociais. Ele esqueceu de dizer que o jornalismo praticado pela grande mídia brasileira também leva, numerosas vezes, o carimbo da desinformação.

Em muitos casos, até uma desinformação consciente e pautada por interesses financeiros, políticos e partidários.

Qualquer jornalista experiente sabe que não é fácil, nesse ambiente fartamente conhecido e exemplificado, acreditar que um grupo de jornalistas terá independência e autonomia para apurar os fatos.

Por exemplo: uma investigação de sonegação continuada de impostos por parte de grandes corporações alinhadas seria uma pauta aprovada?

Diz o RBS que denúncias e sugestões de pautas podem ser enviadas para o email gdi@gruporbs.com.br

Ôba! Do "Helicoca" às contas secretas brasileiras dos Panama Papers, das pendências do CADE ao numerário verde-amarelo do HSBC na Suíça, do cartel dos trens em São Paulo à captação dos subterrâneos da Lei Rouanet, das fraudes no SUS aos "penduras" bilionários no BNDES. Apenas exemplos aleatórios...

O que não falta é pauta, isso fora as mutretas não catalogadas que devem estar em andamento por aí.

Inspirado pelo filme Spotlight, a RBS promete ligar holofotes sobre as sombras do jornalismo.

Que os refletores não sejam seletivos.

O comunicado de criação do Grupo de Investigação não informa se a cúpula da RBS viu mesmo Spotlight.

No filme, os repórteres enfrentam não apenas a poderosa igreja católica, mas sofrem enormes pressões da própria direção do Boston Globe.

Só foram em frente porque contaram com a integridade de um editor. E isso já não é tão comum na dura vida real da grande mídia idem...

E o designer nerd do governo Temer viajou... para a Alemanha dos anos 30. E conseguiu misturar Lego com "suástica"...


por O.V. Pochê

Apesar das políticas fascistas em andamento, a "suástica" da campanha do ministério do Planejamento no Facebook deve ter sido apenas uma infeliz coincidência estética.

Registre-se que a "suástica" é bem precisa. E também não esconde uma certa inspiração no Lego. Observe a perfeita assimetria dos braços das figuras - sempre o braço direito, claro - com ombros quadrados levemente recuados, tal qual a cruz gamada dos brâmanes apropriada pelo nazismo em seu logotipo de horrores.

Falei que o desenho pode preciso ao remeter à suástica mas não quer dizer que a peça é boa. Ao contrário, ô desenhozinho 'marromeno'!

Conceda-se ao autor do desenho que ele, talvez, não deve ter a menor ideia de tudo isso.

A peça publicitária faria parte do lançamento de um código de ética para uso das redes sociais por parte dos funcionários do planejamento. Mas a ilustração gerou reação negativa na internet, justificada, aliás, e o ministério do Planejamento pediu desculpas e retirou a campanha do ar.

Ainda não há nada que indique que foi "ato falho".

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

O “botão da tosse” da BBC - 50 anos antes do Brexit, um típico dilema britânico

Floriano Parreira, Roberto Muggiati e Nemércio Nogueira Santos no Serviço Brasileiro
da BBC em 1964: tossir ou não tossir, eis a questão. Foto Arquivo Pessoal

Por ROBERTO MUGGIATI

Em agosto de 1962, mudei-me de Curitiba para Londres com um contrato de três anos para trabalhar no Serviço Brasileiro da British Broadcasting Corporation. A Bush House, que abrigava os Serviços Externos da BBC, era um imponente bloco de edifícios plantado entre a região dos teatros e a região dos jornais — logo depois de Bush House começava a lendária Fleet Street.

O portal da Bush House dando para Aldwych. Era ali
a entrada do  Serviço Brasileiro, que ficava no primeiro
andar. A janela do primeiro andar à direita de quem olha, 
acima do semáforo, era onde ficava a nossa "redação".



O prédio, que ocupava o imenso quarteirão em forma de semicírculo entre o Aldwych e o Strand, era uma verdadeira Torre de Babel, com transmissões nas mais inusitadas línguas do mundo, e um labirinto de salas e corredores abrangendo os serviços estrangeiros, os estúdios de gravação, edição e transmissão, e o setor administrativo. Tinha ainda uma barbearia bem britânica e a cantina – na verdade um imenso refeitório self-service com um sofisticado cardápio que, na temporada de caça, dava-se ao luxo de servir “grouse”, aquele galináceo parrudinho da Escócia.

Na altura do primeiro andar, os prédios eram ligados por passarelas cobertas (lembravam-me a Ponte dos Suspiros de Veneza), pelas quais podíamos circular sem tomar chuva em nossas andanças de um estúdio para outro.

No Serviço Brasileiro, os redatores contratados – chamados de Programme Assistants – iam da casa dos vinte à dos quarenta, selecionados por concurso, e vinham das mais diversas regiões do país.

A BBC não fazia questão daquela voz empostada e possante típica dos radialistas pátrios. Bastava você não gaguejar e falar com naturalidade. Havia veteranos, alguns remanescentes do que chamávamos a “Legião Estrangeira do Éter” — tinham passado pela Voz da América (EUA), pela Rádio Canadá, pelas estatais da França, Holanda, Suécia, Itália e Alemanha. (Conheci dois brasileiros que, embora não tendo estado na BBC, trabalharam alguns anos no serviço brasileiro da Rádio do Cairo, experiência que descreviam como literalmente tórrida.)

Com a atriz Tonia Carrero, que 
visitava Londres. A BBC 
fazia questão de pagar 5 libras 
(aquela nota azul da Rainha) para 
cada entrevistado.
Surpreendi Mariinha molhando 
sua mão 
enluvada com um "fiver".
Foto: Reprodução O Globo
Havia também os freelancers, como Carlos Cotrim, galã de bigodinho dos filmes da Atlântida, que se parecia mais com Clark Gable do que o próprio Clark Gable; o ator de teatro Luís Tito, figura bizarra e engraçada; e Lucy Ward, uma velha senhora do Amazonas que se casou com um inglês do Bank of London and South America e foi morar em Londres para o resto da vida. Os preconceituosos vinham logo com a piadinha de que Lucy tinha “pegado o cipó das onze” para a Europa, mas a velhinha viúva — toda retorcida pela artrose, sem reclamar nunca das dores terríveis, gabando-se das “obsceeene phone-calls” que recebia — era uma criatura adorável, daquelas comadres dos romances de Jane Austen, sabendo tudo o que acontecia com a diminuta colônia brasileira em Londres (62 compareceram ao consulado de Londres em 1962 para justificar o voto) e jamais sonegando informação.

Para os mais jovens era uma verdadeira mãe, com todo tipo de conselhos, desde como tirar manchas de roupas a receitar remédios e, eventualmente, até emprestando um dinheirinho.

Solteiro, logo estabeleci um esquema de trabalho muito conveniente para mim: trabalhava no horário integral (ten to six) às quartas, quintas e sextas. Aos sábados e domingos, fazia a transmissão ao vivo, ouvida no Brasil das 20 às 21, que começava em Londres com as batidas da meia-noite pelo Big Ben.

Dois dos meus quadros favoritos de Londres; "Os jogadores de cartas"
(1892-95), do Paul Cézanne (Courtauld Institute)  e...



"O balanço" (1767), de Jean-Honoré Fragonard (Wallace Collection)


Aos sábados, como o transporte público em Londres não funcionava depois da meia-noite, a BBC nos reservava um tratamento de luxo: os carrões dos altos executivos nos aguardavam no portão de saída de Bush House, um motorista de libré nos abria elegantemente a porta e nos conduzia até em casa.
Com isso, eu tinha inteiramente livres as segundas e terças, para fazer da cidade de Londres o meu playground. Chás no Fortnum & Mason’s ou na sala da Twinings, que ficava perto da BBC, museus particulares como a Wallace Collection, com seu fabuloso acervo de pintura galante francesa (Watteu, Fragonrard, Boucher); ou visitar o Cortauld Institute só para apreciar Les Jouers de Cartes de Cézanne. Ou um cineminha no National Film Theatre, a cinemateca londrina, com sua sala maravilhosa debaixo da Ponte de Waterloo. Programas que eu fazia com minha namorada Gillian, que trabalhava como Studio Assistant em Bush House, até o dia em que o marido, um advogado chamado John, foi trabalhar em Hong Kong e ela o seguiu.

Vieram então os chás e as conversas sobre Proust com a mulher de um diplomata que trabalhava demais, uma relação intensa, mas sem malícia, talvez fosse até mais uma grande amizade. Meu confidente desse affair tornou-se um colaborador freelance da BBC, o saudoso Narceu de Almeida, grande amigo do Fernando Sabino, graças ao qual seria escolhido por Adolpho Bloch em 1965 para dirigir a Sucursal a Manchete em Paris, com o fotógrafo Alécio de Andrade.

Capa do livro Vozes de Londres -
Memórias Brasileiras da BBC. Desde
15 de março de 1938, a British
Broadcasting Corporation
transmite para o Brasil. Entre seus
primeiro redatores está o poeta
Vinicius de Moraes Seguiram-se outros
escritores: Antonio Callado, José J.
Veiga (ambos na época
da 2ª Guerra ), Caio de Freitas
(que depois foi redator da
Manchete), os jornalistas Ivan
Lessa, Telmo Martino, Jáder de
Oliveira, Jason Tércio, Nemércio
Nogueira Santos, Fernando
Pacheco Jordão e Vladimir Herzog, os
atores de teatro Sergio Viotti e
Madalena Nichols (brasileira casada com
um inglês que fez sucesso nos
palcos londrinos), enfim, uma imensa
legião de intelectuais brasileiros
que marcou a BBC e foi
marcada por ela em seus 78 anos
de vida ativa. 
Conheci o Narceu quando ele me levou uma resenha do filme Tom Jones para o Serviço Brasileiro da BBC. Quando veio ao Rio para o 1º FIC, em 1965, regiamente acompanhado pela Bond Girl Honor Blackman, Narceu me levou à redação de Frei Caneca, onde Jaquito e Arnaldo Niskier me convidaram para o que – não tinha a menor ideia – viriam a ser 35 anos de Bloch Editores.

A solidão cobrava seu tributo entre meus colegas da BBC.

Um garoto jovem e brilhante, homossexual assumido — não dava bandeira, que os tempos eram discretos — resolveu trazer do Brasil sua amiga poeta e casar com ela.

O casamento, de papel e tudo, no cartório das estrelas, em Victoria (Liz e Burton casaram lá), terminou duas semanas depois com o arremesso de um cinzeiro de cristal Lalique na testa de um dos cônjuges, não lembro qual. A noiva procurou abrigou no apartamento de outro colega da BBC e logo depois voltou ao Brasil. O noivo, jovem e brilhante, prosseguiu suas investigações sexuais e intelectuais em Londres e, no ano seguinte, de férias na Espanha, morreu afogado, ou se afogou, na costa da Andaluzia.

Quem cuidou das disposições funerárias foi nosso cônsul em Sevilha, o poeta João Cabral de Mello Neto.

O homossexual quarentão que deu abrigo à poeta (depois viúva) do cinzeiro Lalique também vivia seu drama. Tinha um caso havia anos com um inglês da aristocracia rural e morava no apartamento londrino do namorado. Mas a família pressionava o filho para se casar — com uma mulher, de preferência. Nosso colega, encerrado o expediente da BBC, recolhia-se ao apartamento com um litro de uísque e botava no toca–discos a ópera A coroação de Popéia — esvaziava a garrafa e viajava na música de Monteverdi, projetando-se na figura de Popéia, cujo amante, Nero, rompia com a mulher, Otávia, e a fazia coroar imperatriz.

Só mais uma nota de pé de página sobre os colegas brasileiros da BBC. Quando saí, em 1965, quem ocupou a minha vaga foi Vladimir Herzog, que, infelizmente, não cheguei a conhecer. Mas, nascido no mesmo ano, sempre me identifiquei muito com ele e, como jornalista de esquerda, podia ter sofrido um destino parecido. Trabalhei em São Paulo no início da revista Veja, de março de 1968 a setembro de 1969. Voltei para a Bloch em 1969 para dirigir a Fatos&Fotos. Soube depois que muitos colegas da Abril foram levados aos porões da tortura em São Paulo – escapei por ter voltado ao balneário da República, quem sabe?

Mas, voltando à radiofonia da BBC. Fazendo a locução ao vivo, você dispunha de um botão à sua frente, ao alcance da mão direita – o famoso e controvertido “cough button”, “botão da tosse”. Duas escolas de opinião viviam em guerra permanente – quase uma guerra teológica, sobre o botãozinho que se resumia no dilema “to cough or not to cough” – “tossir ou não tossir”.

Os adeptos da escola natural defendiam que era normal um locutor tossir de vez em quando, aquilo ajudava até a injetar descontração nos trabalhos e criar mais intimidade com o ouvinte. Já os adeptos do uso do botão, da locução “engessada”, não admitiam de forma alguma o menor resquício do indecente pigarro numa transmissão. Não consigo lembrar se eu tossi alguma vez, mas a simples existência de tal botão me traz lembrança do temperamento característico do britânico e dos falsos dilemas que ele sempre inventou para acobertar dilemas maiores e mais reais.

Mas aí prefiro passar a bola para o nosso bom e velho Shakespeare. . .


Ira Etz: musa dos verões do Arpoador lança livro de memórias. Hoje com 80 anos, ela foi capa da Manchete em 1959, ao lado de João Gilberto

Ira Etz e João Gilberto na capa da Manchete em 1959. 

Ira, hoje, no Arpoador. Foto Divulgação
No livro "Ela é carioca - Uma enciclopédia de Ipanema", Ruy Castro dedica um verbete a Ira Etz, mito e musa do Arpoador em 1959.

Segundo Ruy, Justino Martins, diretor da Manchete, mandou fazer uma reportagem de capa com João Gilberto no Arpoador. "Justino sabia que uma foto do pálido cantor dificilmente faria com que as grandes massas se digladiassem para comprar a revista. A solução era deixar João Gilberto num canto da capa e colori-la com uma garota que tivesse a ver com a história", escreveu Ruy, que trabalhou na Manchete e Fatos & Fotos.

E assim foi feito. O destaque na capa era Ira Etz, então com 22 anos.

Ontem, na Argumento do Leblon, Ira lançou um livro de memórias pela ID Cultural.

Em parceria com o jornalista Luiz Felipe Carneiro, Ira visita suas memórias às vésperas de comemorar 80 anos e compartilha com os leitores uma vida cosmopolita e marcadamente carioca.

O nome do livro não poderia ser outro: "Ira do Arpoador", que resume vida, vidas e verões de quem conviveu com personagens de Ipanema como Tom Jobim, Nara Leão, Rubem Braga e Marina Colassanti (de quem namorou o irmão, Arduíno) e Millôr Fernandes, além de João Gilberto.

O prefácio do livro é de outro jornalista ligado à antiga Manchete: João Luiz Albuquerque.

E na contracapa, Ruy Castro que, segundo ela, foi um incentivador da biografia, escreve: "Só Ira Etz poderia ter vivido a vida de Ira Etz. E como sabemos agora, só ela poderia contar sua história. O resultado é este livro, que nos remete aos grandes verões cariocas que Ira estrelou e às areias onde deixou sua marca para sempre”.


Crise faz marola nas ondas das rádios cariocas

Nervos à flor da pele.

No Sistema Globo, o passaralho está solto e, ao mesmo tempo, pousam nos microfones e ganham espaço pessoas sintonizadas com os canais que levam a Michel, o Temer. E a tensão, que não está apenas nos bastidores, entrou no ar ao vivo.

O comunicador Antonio Carlos desentendeu-se com o repórter Gélcio Cunha.

Aparentemente o âncora entrou em curto ao ouvir o repórter falar em crise.

Na rádio Tupi, o problema não é de ajustes políticos mas de conflito entre empregados e superiores por salários atrasados e do 13°, danos morais, falta de reajuste ticket refeições, FGTS descontado e não repassado para as contas bancárias etc. Na última quarta-feira, Washington Rodrigues, do ‘Show do Apolinho’, fez um comunicado aos ouvintes: “Estamos mantendo o nível de programação da melhor forma possível no ar, mas realmente está muito difícil para todos. Estou aqui há 17 anos, nunca tive problema, mas agora estamos enfrentando um momento difícil. A tensão é muito grande, as pessoas trabalham estressadas”, disse.

Ouça a discussão, no ar, entre Antonio Carlos e Gélcio Cunha. Clique AQUI

Fotojornalismo: o Caso Morécio na noite da "santa ceia" da Istoé ainda agita as redes sociais...

Em um primeiro momento, a mídia não destacou o flagrante feito por Diego Padgurschi.

Previsível, já que a foto candidata ao ranking do ano não era exatamente aquilo que jornalões queriam ver.

Em meio a uma cobertura formal, de um desses prêmios corporativos sem muito importância, a lente do fotojornalista captou uma cena marcante.

Enquanto a maioria dos profissionais registrava sonolentos cumprimentos e tapinhas das costas, trocas de elogios e abraços, Padgurschi percebeu que um momento político revelador, pleno de caras e bocas, olho no olho, sorrisos e cochichos, desenrolava-se em um subplano do regabofe.

O fotógrafo, fotojornalista em essência, percebeu que a notícia estava ali e não no desfile brega de homenagens a engravatados.

A imagem, claro, explodiu nas redes sociais, viralizou, gerou dezenas de memes.

A dupla unida nos pixels da câmera de Padgurschi até ganhou um apelido: Morécio.

Muito mais do que os editores da grande mídia, os internautas souberam selecionar o que era lixo promocional e o que era notícia autêntica.

E até distinguir o que é ironia: um deles escreveu sobre a já histórica foto das duas personalidades em conexão: "É a síntese do respeito entre o que poderia prender e o que poderia ser preso".

Entre centenas de memes que circulam nas redes sociais tem até um interpretação bíblica do encontro dos dois atores políticos (sim, no caso, a cena é política e os protagonistas aparecem em papel idem independentemente dos seus títulos) em uma ceia profana. Reprodução

Dilma na lista das mulheres do ano do Financial Times

por Jean-Paul Lagarride
Em um ridículo momento institucional em que Michel Temer vaga sem autoridade nem rumo e lidera um governo de trêfegos, o Financial Time aponta Dilma Rousseff como uma das dez mulheres que se destacaram no ano.
Quase no mesmo dia, Temer era apontado do "homem do ano" pela revista Istoé que, não sei bem porque, é apelidada nas redes sociais de "Quantoé". Não deixa de ser uma coincidência simbólica e precisa nas proporções abismais entre os veículos e seus respectivos homenageados.

A cada minuto, olhar para o retrovisor da campanha que afastou a presidente, mostra o cenário de terra arrasada que os usurpadores estão construindo para a maioria da população, que é quem está pagando a bilionária conta do golpe.

Dilma foi detalhe e pretexto. O objetivo das milícias políticas que ocupam Brasília está na mídia, claramente, todos os dias, em todos os espaços. Foi essencialmente econômico e financeiro, com um foco preciso na acelerada transferência de renda pública e privada (no caso, confisco de renda traduzido em arrocho salarial, cassação de direitos trabalhistas e previdenciários) para os detentores do capital financeiro.

A presidente legitimamente eleita e depois afastada por um golpe parlamentar-jurídico-midiático deu uma longa entrevista ao jornal britânico. O jornal destaca que Dilma - que foi lembrada ao lado da primeira-ministra britânica, Theresa May, a ex-candidata democrata à Casa Branca Hillary Clinton, a presidente sul-coreana Park Geun-hye, a parlamentar britânica Jo Cox, assassinada em junho, a cantora americana Beyoncé, a ginasta Simone Bailes, entre outras - não cometeu nenhum crime e não é acusada de corrupção. Leia alguns tópicos da entrevista ao FT:

- "Quando você é uma mulher no poder, eles dizem que você é dura, fria e insensível, enquanto um homem na mesma posição é forte, firme e encantador".
- "É um governo de homens brancos, velhos e ricos, ou que pelo menos querem ser ricos.
- "Durante uma recessão, uma política de austeridade é suicídio. No curto prazo, você tem que aumentar o investimento público".
- "Eu acho que a oligarquia tradicional brasileira ficou chateada com uma pequena redistribuição da riqueza após séculos de exclusão, este foi um esforço muito pequeno na inclusão. Não foi fantástico; Precisa ser muito mais do que o que fizemos ".
- "A crise financeira global está por trás dos problemas da economia".
- "O neoliberalismo está ruminando os fundamentos da democracia. A melhor maneira de enfrentar essa ameaça é usar instituições democráticas".
- "A melhor arma é a crítica, a conversa, o diálogo, o debate. A verdade é o oxigênio da democracia". - "Eu não pretendo concorrer a mandatos eleitorais, mas continuarei a ser politicamente ativa".
- "Vou deixar como legado para as mulheres minha trajetória. Eu digo que nós, mulheres, não somos pessoas que desistem, que se dobram sob adversidade. "

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Baywatch, o filme. The Rock liberou o trailer no seu twitter. Já viu?




No elenco, The Rock (Dwayne Johnson), Zac Efron, Priyanka Chopra, entre outros. O filme só estreia em maiko de 2017, nos Estados Unidos (Ed Sá).
PARA VER O TRAILER, CLIQUE AQUI

Leda Nagle explica em carta as circunstâncias da sua demissão da TV Brasil. "Fiquei perplexa com a falta de caráter...


Filmes clássicos serão reexibidos em circuitos de cinemas americanos...





por Ed Sá
Apesar da era do streaming, as salas de cinema resistem.
A Turner Classic Movies em parceria com a Fathom Events vai exibir em circuitos, entre janeiro e outubro de 2017, clássicos de décadas passadas.
A ideia é que novos públicos possam viver a experiência de assistir a grandes filmes fora da TV, dos tablets e computadores.
Entre os filmes do pacote-revival estão: Cantando na Chuva, A Primeira Noite de um Homem, Poderoso Chefão, Adivinhe Quem Vem para Jantar, Casablanca, Tarde Demais para Esquecer, A Malvada e Quanto Mais Quente Melhor.
A informação é do site Mashable.
Uma boa ideia. Não custa imitar. Alô produtores e distribuidores brasileiros.

Temer, FH e Sarney: as costas largas de Renan Calheiros

Reprodução

Taí o que você queria! Além da PEC da Morte, governo Temer acaba de criar a Bolsa Esqueleto da Previdência Social


Juliana Paes: revista Boa Forma liga o nome à pessoa

Reprodução Instagram

Juliana Paes, 37 anos, está na capa da Boa Forma, de novembro. O ensaio fotográfico assinado por André Nicolau mostra a exuberância da morena. Juliana está na minissérie "Dois Irmãos", que vai ao ar na TV Globo, em janeiro.
Uma foto que dispensa até o logotipo da revista.