Mostrando postagens com marcador João Goulart. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador João Goulart. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 19 de março de 2019

Visita de um presidente aos Estados Unidos. Não é quem você está pensando...

Washington: Jango discursa ao lado de Kennedy. Roberto Campos, à esq., observa. 

Nova York: o presidente brasileiro desfila em carro aberto 

Jango e Kennedy.
Jango saúda operários em Nova York.




Em abril de 1962, o presidente João Goulart visitou os Estados Unidos. Foi recebido com pompa e circunstância, desfilou em carro aberto em Nova York, com direito a chuva de papel picado, discursou na ONU. 

Em Washington, hospedou-se na Blair House, discursou no Congresso, reuniu-se mais de uma vez com John Kennedy, recebeu na embaixada brasileira autoridades americanas, diplomatas, empresários e figuras da sociedade local. 

Mas não foi à CIA

Murilo Mello Filho e o fotógrafo Jáder Neves fizeram uma extensa cobertura para Manchete (reproduções acima). Adolpho Bloch acompanhou a comitiva como convidado. Ibrahim Sued cuidou do relato dos eventos sociais. 

Os repórteres brasileiros tiveram acesso praticamente irrestrito à agenda do presidente João Goulart. Nas fotos ao lado, Murilo Mello Filho e Jáder Neves cumprimentam John Kennedy. 

Jango e equipe - Walther Moreira Salles era o ministro da Fazenda, San Tiago Dantas o do Exterior, Roberto Campos o embaixador em Washington -, defenderam interesses brasileiros, principalmente tentaram renegociar dívida externa. Não tiveram muito sucesso, até obtiveram alguma ajuda financeira, mas Kennedy queria que o Brasil se submetesse ao FMI e decretasse medidas fiscais rigorosas com forte impacto social, o que não foi aceito. 

Os Estados Unidos insistiam para que o Jango indenizasse as subsidiárias das empresas americanas Bond & Share e ITT, encampadas pelo governador do Rio Grande do Sul Leonel Brizola. O presidente não condenou Brizola. Jango defendeu a não intervenção em Cuba, mas criticou em regimes marxistas. Em discurso no Congresso norte-americano, o presidente brasileiro falou sobre a situação na América Latina e alertou sobre as graves consequências das relações comerciais desiguais entre os sul-americanos e os Estados Unidos. 

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

João Vicente Goulart lança livro sobre o pai, Jango. O foco é a vida de uma família que, nos anos 50 e 60, foi tema de centenas de matérias da Manchete e Fatos & Fotos

Foto de Jáder Neves
Na capa do livro, um detalhe da foto de Jáder Neves

No momento em que o Brasil sofre com a ilegitimidade de um governo trôpego, João Vicente Goulart lança o livro "Jango e Eu —Memórias de um exílio sem volta". O filho do ex-presidente derrubado pelo golpe que instituiu a ditadura militar relembra a trajetória da sua família antes e durante os anos de chumbo e sangue, até a morte de Jango, no exílio, em 1976.

Nas reminiscências, há históricos pontos de contato com a revista Manchete. A foto acima, que mostra a família Goulart na fazenda, em São Borja, no Rio Grande do Sul, é de Jáder Neves, fotógrafo que por longos anos atuou nas revistas da Bloch.

A Manchete acompanhava literalmente o dia a dia do presidente João Goulart. Não apenas os fatos políticos mas, especialmente, a intimidade da família, no estilo consagrado pela revista francesa Paris Match.

Foram centenas de reportagens que contaram a história ilustrada do período, não apenas em Manchete, mas em outra semanal da Bloch, a Fatos & Fotos.

Um memorável capa da revista mostra Jango em Washington, ao lado de John Kennedy.

Jango em visita aos Estados Unidos, em 1963.
Na Fatos & Fotos


Maria Tereza Goulart na capa em 1962.

João Vicente, Maria Tereza e Denise.

O presidente, que visitava os Estados Unidos, também foi recebido com um desfile em carro aberto em uma festiva Quinta Avenida, em Nova York. A Manchete mostrava tudo isso, mas nutria uma especial predileção por registrar o lado pessoal da vida do presidente Jango. A bela Maria Tereza Goulart, assim como seus filhos, João Vicente e Denise, foram focalizados mais de um vez em coloridas reportagens de capa.

No livro, João Vicente conta o drama de Jango, a saudade, os diálogos, o exílio, enfim, visto por quem estava bem ao lado. Desde o olhar da criança - ele tinha sete anos quando o pai foi obrigado a partir para o Uruguai - ao do jovem de menos de 20 anos que, em 1976, trouxe o pai de volta à sua terra, morto, após 12 anos de exílio. João Vicente diz que optou por focalizar o lado humano, já que a memória política do período está registrada em livros e documentários. Mas, ao longo dos capítulos, vê-se que a história da família está indissoluvelmente ligada à história do Brasil.
E, de certa forma, às páginas da Manchete.