quinta-feira, 13 de outubro de 2016

33 ANOS ANTES DO NOBEL, MANCHETE JÁ RECONHECIA E EXALTAVA O VALOR LITERÁRIO DE BOB DYLAN

Por ROBERTO MUGGIATI


Em 1983, Justino Martins, editor da Manchete, me encomendou uma série. Na gíria “joia” e “chuchu-beleza” da época (jóia com acento e xuxu-beleza com xis) ela se chamaria “Os jovens que balançaram o coreto”.

(Bagunçaram já seria exagero e balançaram tinha mais suingue...)

Escolha óbvia para abrir a série, Bob Dylan era o poeta pop profeta dos novos tempos, anunciando coisas terríveis em suas letras líricas e cáusticas.

Intitulada BOB DYLAN/O TROVADOR DO PROTESTO, a matéria abria assim: “No meio da década de 60, um jovem cantor colocava contra a parede a classe média americana: ‘Alguma coisa está acontecendo, mas você não sabe o que é, sabe, Mr. Jones?’ Claro, os Mr. Jones da América nada sabiam do que estava acontecendo. Quem sabia eram seus filhos, os próprios agentes silenciosos daquela revolução. Na verdade, não tão silenciosos, porque suas armas eram a voz e o violão.”

Sempre antenado nas artes (duplo sentido) da juventude, Justino tinha começado a se interessar por rock para “entender” a filha adolescente (Maria) Valéria. Lembro uma noite de sábado no Maracanã, nós assistindo ao show do Kiss – aquela banda escabrosa de heavy metal que estava no auge. VIPs, ficamos no gramado do Maraca. A certa altura, vi o Justino, no meio de toda aquela barulheira, cochilando apoiado numa grade de proteção. A doença já havia tomado conta e ele se foi em agosto – uma morte que costumo chamar de simbólica, porque a TV Manchete tinha ido ao ar em junho e começara seu lento, mas firme, trabalho de sepultar a editora com todas as suas revistas.

Da série “Os jovens que balançaram o coreto” separei alguns perfis dos roqueiros, escrevi outros, e publiquei em 1984, em forma de livro, pela L&PM com o título de Rock: do sonho ao pesadelo.

(Ainda Dylan: numa de suas primeiras turnês pelo Brasil, minha sobrinha Anna Muggiati – que também trabalhou na Manchete – serviu de intérprete para ele. Dylan fez questão de fazer o trajeto São Paulo-Rio de ônibus e parou no meio da viagem para ver a paisagem mais de perto.) Aliás, o roqueiro ainda continua na sua Never Ending Tour, iniciada em 1988, fazendo uma média de cem shows por ano, quase um a cada três dias.

Finalmente, 115 anos depois de instituído o prêmio, a Academia Sueca resolveu conceder o Nobel de Literatura a um poeta pop. Nos corredores da Manchete, o (Carlos Heitor) Cony costumava gozar meu entusiasmo pelo rock e aquilo que ele chamou de “o legado cultural de John Lennon”.

Está vendo aí, Cony? Academia e contracultura não estão mais tão distantes e/ou opostas como naqueles tempos. . .





A SEGUIR, NA ÍNTEGRA, REPRODUÇÃO DO TEXTO DE ROBERTO MUGGIATI SOBRE BOB DYLAN PUBLICADO NA MANCHETE E, POSTERIORMENTE, NO LIVRO "ROCK: DO SONHO AO PESADELO"
(Clique nas imagens para ampliar)









Bob Dylan ganha o Prêmio Nobel de Literatura

por Jean-Paul Lagarride
O cantor e compositor Bob Dylan foi agraciado hoje com o Prêmio Nobel de Literatura por ter criado "novas expressões poéticas dentro da grande tradição musical americana", nas palavras da Academia Sueca.
A noticia foi publicada no New York Times e logo replicada pela imprensa mundial.
Veja a matéria do NYT e o vídeo em que a Academia Sueca anuncia o prêmio, clique AQUI

Empresa "flexibiliza" lei trabalhista e baixa medida provisória obrigando funcionárias a formarem fila para beijar o patrão. Todo dia...

por Omelete

Um exemplo de "flexibilização" das normas trabalhistas.

Um patrão estabelecido em Pequim resolveu se dar bem logo de manhã bem cedo. Ele baixou uma medida provisória logo aprovada pela sua base aliada por larga margem de votos determinando que, "em nome da melhoria da convivência e da harmonia no ambiente de trabalho",  suas funcionárias deveriam bater o ponto e logo em seguida entraram na fila do beijo.

O patrão também achou que o beijaço podia melhorar a comunicação e valia como uma DR (discussão da relação) entre ele e as funcionárias.

Isso mesmo: a mulherada tinha que pegar senha para dar um chupaço na boca do patrão.

O patrão é tão malandro que dispensou a ala masculina de cumprir o ritual. Diz ele que os homens não têm problema de convivência.

Com medo de perder o emprego, as meninas sapecavam uma bitoca no chefe antes do expediente.

Era isso ou liberar o fundo de garantia.

A medida faz parte de um pacote para "modernizar" a CLT" local.

VEJA A FILA DO BEIJO OBRIGATÓRIO NO RH DA FIRMA, CLIQUE AQUI


É mentira, Terta? Campanha oficial do governo pós-golpe é desmascarada


Na tentativa de manipular a população e forçar a cassação de direitos trabalhistas, o governo golpista lança campanhas baseada em dados falsos.

A Agência Lupa, especializada em checar a veracidade de informações veiculadas nas mídias, analisou campanha publicitária do governo que tentava mostrar, em comparação com dados errados de outros países, que o trabalhador brasileiro tem férias demais. E para isso deturpou informações sobre leis internacionais

Curiosamente, como parte da estratégia de desmonte de direitos, o governo evitou comparar outros itens do operariado brasileiro com os semelhantes de outros países, como salários, condições de trabalho, segurança, saúde, estabilidade, repressão a trabalho escravo etc etc.

Curiosamente também o Conar não parece disposto a contestar, como faz inúmeras vezes com anunciantes privados, campanhas oficiais mentirosas.
Leia na Lupa como foi desmascarada a publicidade oficial do governo Temer. Clique AQUI

Jornalismo Empreendedor: curso online gratuito em espanhol sobre como rentabilizar e gerenciar mídia digital

(do Knight Center) 

Confrontados com a crise na indústria de jornalismo tradicional e graças às facilidades oferecidas pelas tecnologias digitais, novos meios de comunicação proliferam na Internet. No entanto, jornalistas empreendedores enfrentam muitas dificuldades em seus esforços para alcançar a sustentabilidade financeira dos seus meios digitais.

Precisamente, com o objetivo de ajudar todos os empresários da região a resolver este problema, o Centro Knight para o Jornalismo nas Américas e a SembraMedia oferecem o curso online em espanhol " Jornalismo Empreendedor: como rentabilizar, promover e gerenciar mídia digital".



Clique aqui para saber mais sobre o curso e se registrar.

Este MOOC será ministrado em espanhol (Curso Online Massivo e Aberto, por sua sigla em Inglês), e terá a duração de quatro semanas, não tendo atividades ao vivo. Cada estudante pode acessar os materiais nos dias e horas mais convenientes, dentro do período de duração do curso. O curso "Jornalismo Empresarial: como rentabilizar, promover e gerenciar mídia digital" será ministrado por Janine Warner, James Breiner e Mijal Iastrebner de 17 de outubro a 13 de novembro de 2016.

O programa é projetado para ensinar habilidades práticas para pessoas que estão criando, pensando em criar ou já lançaram projetos de jornalismo digital. O curso dará ênfase especial aos seguintes pontos:

Como desenvolver diferentes fontes de renda que incluem vários níveis de publicidade, patrocínio, filiação, e muito mais.
A importância da diversificação das fontes de renda.
Como criar, medir e estudar tanto o público como a concorrência.
Como inovar em suas métricas.
Como criar e gerir uma equipe.
Como preparar um orçamento e gerenciar o fluxo de caixa de uma empresa.
E como promover a sua ideia.

Fonte; Knight Center

LEIA MAIS, CLIQUE AQUI

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Auvers-sur-oise: o último olhar de Van Gogh

A igreja Notre-Dame d'Auvers hoje e...

...no célebre quadro de Van Gogh.


A escadaria na igreja: nos passos de Van Gogh.

Crianças em aula de pintura 

Local onde Van Gogh pintou "Le champ de blé aux corbeaux"


O jardim de Daubigny na arte de Van Gogh e...

...no ângulo atual. 

Na casa do Dr. Gachet: o jardim que inspirou quadro (no painel de vidro). 

Auberge Ravaux, onde Van Gogh viveu seus últimos dias.

Em 1890, no térreo do albergue, o restaurante frequentado pelo pintor. Foto:Reprodução

Acesso ao quarto de Van Gogh no sótão do albergue. Foto; Reprodução
Cemitério de Auvers: túmulos de Van Gogh e seu irmão Theo

Fotos de J.Esmeraldo Gonçalves

Auvers-sur-oise, a menos de 40 km de Paris, ainda é uma tela viva de Van Gogh.

Há 126 anos, o pintor chegou à cidade. Recém-saído de um hospital psiquiátrico, ele buscava a paz já impossível e faria uma consulta a um médico local, o Dr. Gachet.

O doutor - do qual fez o famoso retrato e em cuja casa pintou vários quadros - não acalmou o seu espírito, àquela altura já indomável, mas a luz e as cores da pequena cidade e dos seus arredores impulsionaram sua inspiração e redobraram sua força criadora.

Van Gogh viveu apenas 70 dias em Auvers e, durante esse curto período – de maio a julho de 1890 –, pintou 78 quadros.

Do Auberge Ravoux  - desde 1926 conhecido como “a casa de Van Gogh – à igreja de Auvers, aos campos de trigo, a Maison do Dr. Gachet  ao cemitério onde o pintor está enterrado ao lado do irmão, Theo, é possível refazer os passos e o olhar  do artista.

O quarto número 5 do albergue, cenário dos últimos dias e da morte de Van Gogh - após o pintor entrar em mais uma crise depressiva e atirar na própria barriga - está vazio.

Apenas três ou quatro visitantes são admitidos, por vez, no minúsculo espaço, fotos são proibidas.

É curioso observar que os turistas se demoram, em silêncio, diante de um vazio paradoxalmente pleno de lembranças da agonia do pintor.

O quarto é quase claustrofóbico de tão pequeno e pouco iluminado.

Bem ao contrário das ruelas, campos e construções que Van Gogh eternizou em seu último sol da primavera-verão de 1890. (J.E.Gonçalves)

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Como diria Chico Buarque, "devolva o Neruda que você me tomou e nunca leu". Grupo Abril retoma revistas que haviam sido repassadas à Editora Caras...

A Editora Abril, conforme antecipado há algumas semanas, anuncia a retomada de cinco revistas que haviam sido transferidas para a Editora Caras.

Simples assim, ao estilo "devolva o Neruda".

Placar, Você RH, Minha Casa, Você SA e Arquitetura e Construção voltam para os Civita.

Segundo o presidente do Grupo Abril,Walter Longo, a iniciativa resulta do novo posicionamento da empresa ao valorizar a produção de conteúdo.

"A volta dessas publicações, além de reforçar nossa crença em revistas, aumenta as opções de exploração dessas marcas em outras plataformas e oportunidades de sinergia entre nossos negócios. Com elas, passamos, a partir de agora, a ter mais opções de segmentação para nosso consumidor e todos os mercados em que atuamos”, justificou Longo.

Há pouco tempo, a estratégia da Abril apontava para rumo oposto. Uma certa falta de crença em algumas revistas. De 2014 para cá, em duas ocasiões, a editora repassou à Caras títulos como "Contigo", "Aventuras da História", "Bons Fluidos", "Manequim", "Máxima", "Minha Casa", "Minha Novela", "Placar", "Recreio', "Sou+Eu", "Vida Simples", "Ana Maria", "Tititi" e "Viva Mais".

Como parte do "reposicionamento" no mercado, "Capricho, e "Guia Quatro Rodas" passaram a ter apenas versões digitais, enquanto as edições brasileiras de "Playboy", Men's Health" e "Women's Health foram encerradas.

A empresa alegava que iria se concentrar apenas nas marcas rentáveis como "Veja", "Exame" e "Cláudia".

Desde 2013, a Abril tem sido abalado por sucessivas mudanças de estratégia, às vezes contraditórias, como no caso do vai-e-volta das revistas.

O que não muda aparentemente é a política de corte de custos e enxugamento de equipes, que já custou perto de 500 postos jornalísticos. Mesmo em tempo de "valorização de conteúdo", os empregos continuam em risco.

Em fins de setembro, na mesma semana em que era lançada a biografia "Roberto Civita, o dono da banca", escrita pelo jornalista Carlos Maranhão, a Abril demitiu os editores André Seligman e Denis Russo, respectivamente de "Vip" e "Superinteressante". Há também casos de editores levados a acumular funções.

Nos corredores do prédio da Marginal Pinheiros, sede da editora, a "nova reestruturação de negócios" não é vista como capaz de interromper uma "estratégia: a dos voos do insaciável passaralho dos "donos da banca'.

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Justiça fixa data do leilão da marca "Jornal do Brasil". Objetivo é cobrir pagamento de dívidas trabalhistas da empresa



(do site do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro)

A marca ‘Jornal do Brasil’ vai a leilão no dia 25 de outubro, às 10h, no Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (TRT-1), para cobrir o pagamento de R$ 619.954,35 em dívidas trabalhistas da empresa, de acordo com determinação da Justiça do Trabalho. O lance mínimo no pregão é de R$ 3,5 milhões.

O leilão contempla cerca de 70 ações que já foram julgadas em favor de ex-trabalhadores do JB em varas do Trabalho e Cível do Rio, do Espírito Santo e de Brasília. Para saber se o seu processo está entre eles, acesse o edital do leilão aqui.

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro – SJPMRJ – está atento às movimentações e sempre à disposição dos colegas do extinto jornal, inclusive para lutar pelos direitos dos profissionais, dentro das nossas possibilidades judiciais.

A decisão da Justiça de leiloar a marca ‘Jornal do Brasil’ divide opiniões entre os jornalistas que moveram – e ganharam – ações trabalhistas contra a empresa nos últimos anos.

Alexandre Coelho, que foi redator e editor dos cadernos Barra e Niterói do JB, venceu, em 2012, ação na Justiça contra a empresa – que, ao demiti-lo, não pagou as verbas rescisórias. O pagamento da indenização, no entanto, foi efetuado somente em janeiro deste ano, de acordo com o jornalista. Ele diz ser favorável à realização do leilão em benefício dos trabalhadores que ainda não receberam.

“Sou a favor de qualquer medida que permita aos ex-funcionários do jornal receberem o que lhes é devido”, afirmou Coelho.

Já a jornalista Aimée Louchard, que lutou por dez anos até receber sua indenização do ‘JB’, acredita que, antes do leilão, a Justiça deveria ir atrás de todo o patrimônio pessoal do último dono do jornal, Nelson Tanure, para pagar as dívidas trabalhistas.

“Ele é o campeão de comprar empresas, demitir gente e fechá-las. E continua a fazê-lo como se não houvesse amanhã. É um crime de lesa-sociedade leiloar a marca Jornal do Brasil”, disse Louchard.

Em 2013, a Justiça do Rio reteve R$ 110 milhões de contas de Nelson Tanure e, no ano seguinte, destinou R$ 60 milhões do montante para o pagamento de dívidas trabalhistas. O restante foi usado para cobrir débitos do empresário com o Citibank. O dinheiro, no entanto, não foi o suficiente para cobrir todas as indenizações dos ex-funcionários.

Manchete e Bloch já foram leiloadas

O ‘Jornal do Brasil’ não é a primeira empresa de mídia do Rio a ter sua marca leiloada para o pagamento de dívidas trabalhistas. A Justiça já levou à leilão a marca Manchete e os títulos publicados pela Bloch Editores – empresa que faliu na década de 1990. De acordo com José Carlos Jesus, presidente da Comissão de ex-Empregados da Bloch Editores, o dinheiro foi usado para pagar indenizações de 2.500 trabalhadores.

“Já foram pagos os valores principais e o rateio de três parcelas da correção monetária. Atualmente estamos aguardando o pagamento do quarto rateio da correção monetária”, explicou.

LEIA NO SITE DO SJPMRJ, CLIQUE AQUI

Deu no Observatório da Imprensa: montanha russa de notícias reduz capacidade de reflexão



por Carlos Castilho (para o Observatório da Imprensa)

Ao renunciar esta semana ( 3/10)  à direção do sistema de rádio da emissora britânica BBC, Helen Boaden ressuscitou a expressão “jornalismo lento” (slow journalism) reabrindo um debate que foi atropelado pelo ritmo vertiginoso da corrida deflagrada pela maioria dos órgãos da imprensa em ser o primeiro a dar uma notícia.

A instantaneidade informativa foi de tal maneira incorporada à rotina jornalística que a surpresa ou espanto só se manifestam quando alguém decide propor algo diferente. Se a obsessão com a primazia já era grande na era analógica do jornalismo, ela se tornou ainda maior com a chegada da computação e da internet. Tão intensa que a maioria dos profissionais simplesmente não sentem que pode haver outras alternativas.

A priorização da velocidade ganhou ainda mais força com a multiplicação dos canais 24 horas de notícias na TV, onde além da urgência, a massificação informativa passou a ser a marca registrada deste tipo de programação. Uma mesma notícia é retransmitida várias vezes no mesmo dia, com raras atualizações, levando o espectador a achar que a repetição é sinônimo de relevância. Para as redações, a repetição é um recurso para encher espaços na transmissão e não ficar atrás dos concorrentes, o que acaba padronizando quase todos os noticiários, independente da emissora.

LEIA A MATÉRIA COMPLETA NO OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA, CLIQUE AQUI

Mais uma para o folclore das redações: recadinho a jornalista no "Liberal' era para ser privê e acaba impresso na primeira página do jornal...


por Ed Sá
Um certo clima de descontração nas redações equilibra o stress dos fechamentos e da apuração de notícias na reta final da conclusão dos trabalho em jornais e revistas.

Desde os tempos da lauda e da composição a quente e a frio redatores mais irreverentes ou que gostam de viver perigosamente inserirem brincadeiras no material final.

Em uma grande editoria do Rio houve registros de uma gozação no chefe, um pedido de aumento e até uma cantada em uma diagramadora.

A maioria desses enxertos costuma ser retirada antes de o editor dar o ok final nas páginas, títulos, textos e legendas. Mas há uma alta taxa de risco e não raro a piada escapa e acaba impressa.

Foi o que aconteceu na chamada de capa do jornal Liberal, de Belém do Pará, na semana passada.

O título da matéria estampava: "Brasil pega Bolívia, mas o safado do Bruno não fez essa chamada".

Supõe-se que o redator encarregado saiu para um rápido cafezinho, ou para dar uma olhadinha no jogo Brasil X Bolívia, e esqueceu de fazer o título. O colega, ou o próprio editor, resolveu dar um recado-cobrança talvez com a intenção de o Bruno ver na tela do terminal o seu vacilo.

O que era uma mensagem interna driblou a revisão e chegou aos leitores do Liberal.

Restou ao jornal publicar no Facebook um sincero pedido de desculpas.





domingo, 9 de outubro de 2016

"Jornalismo de guerra" e tropas de choque da direita espalham calúnias, criam perfis falsos e mentem sobre Marcelo Freixo. Conheça o site que desmente a campanha ilegal...


INFORME-SE ANTES DE CAIR EM GOLPE ELEITORAL VISITE O SITE QUE DESMENTE CALÚNIAS QUE CIRCULAM NA WEB. CLIQUE AQUI 

Jornalistas concorrem a prêmio de literatura



por Niko Bolontrin
Amanhã acontecerá a cerimônia de entrega do Prêmio São Paulo de Literatura 2016.
Entre os 20 finalistas (autores de obras lançadas em 2015) estão vários jornalistas.
Há escritores como Julian Fuks, que foi repórter da Folha, Marcelo Rubens Paiva, colunista do Estadão, Noemi Jaffe, crítica da Folha, Paula Fábrio,  Raimundo Carrero, que trabalhou no Diário de Pernambuco, Alex Sens, que atuou em jornalismo cultural, Isabela Norinho, Julia Dantas e o moçambicano Mia Couto, do jornal notícia.
Em tempo de crise do mercado de jornalismo, não deixa de ser um alternativa a troca dos fatos pela ficção.
O Prêmio São Paulo oferece um total de R$ 400 mil aos vencedores das três categorias (Melhor Livro de Romance do Ano de 2015, Melhor Livro do Ano de Romance - Autor Estreante + 40 anos e Melhor Livro do Ano de Romance - 40 anos).

ATUALIZAÇÃO EM 11/10/2016 -
O Prêmio São Paulo de Literatura 2016 anunciou os vencedores de Melhor Romance (Beatriz Bracher, com "Anatomia do Paraíso"). Entre os estreantes, Rafael Gallo, autor de "Rebentar", venceu na categoria de escritores com menos de 40 anos, e Marcelo Maluf, com "A imensidão íntima dos carneiros", foi o premiado entre os autores acima de  40 anos.

Bike power em Paris: poder feminino sobre duas rodas.









Fotos J.Esmeraldo Gonçalves

Nas cidades brasileiras, desafiar o trânsito sobre bikes é prova de coragem. Tanto que, especialmente nas grandes capitais, bicicletas são usadas menos como meio de transporte do que como veículo de lazer na segurança das ciclovias.
Nesse item, a mudança de mentalidade enfrenta reações conservadoras daqueles que defendem o eterno privilégio para carros ou exercitam a patologia da má educação ou da incivilidade.
São Paulo é um exemplo: o prefeito eleito já demonstra publicamente incompreensão pela função das ciclovias. E já é conhecido, pois viralizou na internet, o vídeo em que coxinhas motorizados da Pauliceia agridem um ciclista, que lá são por eles considerados "indivíduos de alta periculosidade" social.
Em Paris, cidade que é dotada de um sistema metroviário de amplo alcance, mas, apesar disso, registra alguns engarramentos em várias e importantes avenidas, condutores de carros, ônibus e caminhões são bem mais amigáveis com ciclistas (e pedestres). Tanto que a bicicleta é um meio de transporte natural para muitas mulheres.
As fotos acima (com mais informação do que propriamente foco)  foram feitas em ruas e avenidas sem ciclovias.
As ciclistas disputavam espaço com carros, ônibus, máquinas e caminhões.
Nem por isso foram alvo de manobras agressivas ou viraram estatística de acidentes.

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Folha: delação contra jornalistas

por Luis Nassif  (do GGN)

Passo 1 - a matéria sem gancho da Folha

Na quinta-feira, a Folha de S Paulo publicou uma não-matéria.

A não-notícia é que o governo Temer resolveu proibir toda publicidade de empresas públicas nos blogs críticos a ele. Ora, esse fato ocorreu no primeiro dia em que Temer assumiu o cargo. Qual a novidade para justificar a matéria? Nenhuma.

O gancho da matéria é o não-fato de que, desde que Temer anunciou a proibição de publicidade de empresas públicas nos blogs, nenhum órgão público anunciou mais nos blogs. Cadê a notícia?

A reportagem usou a não-notícia como álibi para falar dos valores aplicados nos blogs no ano passado, recusando-se a comparar com os valores investidos na velha mídia, tanto antes como depois dos vetos políticos aos blogs.

Tem lógica? Do ponto de vista jornalístico, não. Do ponto de vista político, sim.

Entende-se a reportagem juntando outras peças do jogo:

1. A PGR (Procuradoria Geral da República) insiste na tese da organização criminosa nacional, infiltrada em todos os poros da República, submetida a um comando central. A Lava Jato reitera essa versão.

2. O TRF4 (Tribunal Regional Eleitoral da 4a Região) autoriza o Estado de Exceção e consequentemente a aplicação do direito penal do inimigo.

Com base nesses dois pontos, qualquer crítica à Lava Jato pode ser enquadrada como articulação da organização criminosa.

Todos os sinais são  de que se arma  uma ofensiva contra todos os pontos críticos à Lava Jato e ao golpe. O próximo passo será investir contra os blogs, que a Folha trata como se fosse uma organização vinculada ao comando central.

Até agora, esse estímulo à barbárie se dava de forma diluída, com colunistas endossando as arbitrariedades, colocando lenha na fogueira, mas sem nominar os "inimigos" a serem alvejados.

Com Otávio Frias Filho, a Folha abre mão dos pruridos e torna-se o primeiro veículo a partir para a delação explícita, sendo secundada por blogueiros especializados em deduragem.

O que está por trás disso?

Passo 2 - a incompatibilidade do golpe com a liberdade de expressão

Como alertei em vários capítulos da série Xadrez, os passos iniciais do golpe permitiam o exercício da hipocrisia. Para Fulano A apoiar o golpe, sem afetar sua imagem, as pessoas têm que acreditar que ele acredita que o golpe foi feito para combater a corrupção. Para Fulano B apoiar, as pessoas precisam crer que ele acredita que a Lava Jato é politicamente isenta. Para apoiar o governo Temer, o Fulano C tem que esquecer as denúncias que já saíram contra Eliseu Padilha, Geddel Vieira Lima e o próprio Michel Temer e fingir que acredita que eles sào verdadeiros varões de Plutarco.

Por mais que seja difícil acreditar, a sociedade brasileira ainda está submetida a algumas formas de restrição de consciência, mesmo com a velha mídia tratando-a como fraqueza moral em sua linha editorial. Grandes atos de canalhice, falta de isonomia, delação, posições arbitrárias, injustiças ainda têm o condão de despertar sentimentos de indignação.

Ainda há algumas linhas morais que não podem ser ultrapassadas, sob risco de manchar indelevelmente a reputação de quem o fizer.

Com a liberdade de expressão da Internet e das redes sociais, esse jogo da hipocrisia, de fingir que não se sabe, torna-se inviável.

Dia desses, um post sobre a delação de Eike Baptista -mostrando como os procuradores da Lava Jato fugiam de qualquer menção ao PSDB - rendeu mais de 420 mil visualizações apenas no GGN, sem contar a reprodução em vários outros sites independentes e blogs. A série do Xadrez tem conseguido de 60 a 100 mil visualizações únicas no GGN, também sem contar a republicação por outros sítios. O mesmo acontece com artigos de outros blogs.

Com o avanço do Estado de Exceção, esse jogo de delações praticado pela Folha cria a possibilidade concreta de mandar blogueiros para a cadeia, submetê-los a processos, ou intimidá-los ante o risco de serem alvo de arbitrariedades. Vivem-se tempos de exceção.

Mesmo sabendo disso, a Folha não vacilou. Aparentemente, Otávio decidiu atravessar a tal linha moral.

Hoje em dia, os blogs independentes são a última cidadela contra a escalada do arbítrio. É nesses blogs que as consciências individuais, nas diversas áreas profissionais, vêm buscar ânimo para romper com a cultura do medo que se instalou no seu meio e no país

Se conseguirem nos calar - como pretende Otavinho - os próximos alvos serão os próprios jornais, assim que ousarem se colocar minimamente no caminho do arbítrio. Não existe arbitrariedade que se esgote em si. Cada ato desses cria jurisprudência, abrindo espaço para sua reiteração.

Passo 3 - a bolsa mídia e o pacto com Temer

A segunda razão dessa armação contra os blogs tem a ver com a bolsa-mídia, em preparação no governo Temer. Seu preparo já foi suficiente para segurar as denúncias contra o Ministro-Chefe da Casa Civil Eliseu Padilha. De uma das grandes capivaras do meio político, Padilha tornou-se um douto senhor, pontificando sobre temas complexos e sendo tratado com respeito reverencial.

Como expliquei em outros lances do Xadrez, provavelmente a bolsa-mídia consistirá nas seguintes etapas:

1. Financiamento do BNDES.

2. Publicidade oficial maciça, com campanhas e cadernos especiais bancados pelos Ministérios.

3. Operação fisco. Na crise, a primeira conta a não ser paga é com o fisco. Em outros tempos, grupos de mídia conseguiram se safar de multas bilionárias através de diversos expedientes, como advogados da União perdendo prazo, redução retroativa de alíquotas de impostos, desaparecimento de processos na Receita.

Com liberdade de expressão, esses caminhos tornam-se complexos. Por isso mesmo, a agressão contra os blogs não irá parar na reportagem de hoje.

Lembro que foi uma firme posição moral que, nos idos dos 80 e 90 transformou a Folha no maior jornal do país.

Nos tempos em que havia um comercial lembrando:

“É possível contar um monte de mentiras, dizendo só a verdade. Cuidado com a informação do jornal que você recebe. Folha de São Paulo: o jornal que mais se compra. E que nunca se vende”.

Agora, uma frouxidão moral inesculpável poderá ser o seu epitáfio.

PS – Meus respeitos ao repórter desconhecido, que se recusou a assinar a matéria na Folha, sabendo que seria utilizada como instrumento de delação de colegas.

A demissão de Trajano da ESPN é um prenúncio da caça às bruxas nas grandes corporações jornalísticas brasileiras

por Paulo Nogueira Batista (do DCM).

Esquerdistas como Trajano estão sob a mira da plutocracia.

Me veio à cabeça um episódio narrado num documento por Armando Falcão, ministro de Geisel, no começo do fim da ditadura.

O Jornal do Brasil, então o diário mais influente do país, contratara como colunista Carlos Lacerda, então já um inimigo mortal do regime.

Falcão marcou uma conversa com o dono do jornal. Disse a ele que caso Lacerda fosse mesmo efetivado como colunista acabariam as mamatas: dinheiro fácil de publicidade, perdões fiscais, financiamentos em bancos públicos a juros maternais, isenção de impostos na compra do papel.

Temos muitas armas para controlar a imprensa, disse Falcão a Geisel.

Bem, Lacerda sumiu do JB.

Imagine a ESPN pleiteando anúncio no governo Temer. É fácil pensar em algum burocrata que diz: “Sim, mas sem o Trajano”.

Quanto tempo vão durar os raros jornalistas de esquerda que sobreviveram na mídia plutocrática?

Trajano, arrisco dizer, é o primeiro de uma série.

A diferença hoje, em relação aos tempos de Geisel e seu ministro Falcão, é que há um refúgio para os perseguidos: os sites de esquerda.

Seria uma honra enorme para o DCM, por exemplo, ter Trajano em seus quadros.

Quem sabe?

A internet cresce a despeito das corporações plutocráticas. Se elas pudessem, liquidavam não apenas os sites de esquerda mas a internet como um todo, que acabou com seu monopólio de opinião e de escolha do que é ou não notícia.

Mas não podem.

Isso é um grande avanço para a sociedade.

Em breve, Trajano veiculará seus vídeos na internet — onde audência, e isso ele tem de sobra, significa também dinheiro.

Há uma coisa chamada “publicidade programática” que cresce explosivamente no mundo. Nela, os anunciantes vão em busca simplesmente de público. Na Inglaterra, metade da propaganda digital é programática.

É péssimo para as agências tradicionais e para as empresas de midia tradicionais — mas uma beleza para a democracia.

O DCM já se sustenta virtualmente com a publicidade programática.

Para Trajano, com a marca que construiu, vai ser, como ele gosta de dizer, mamão com açúcar.

sábado, 1 de outubro de 2016

Em crise...

(do site do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro)

"Companheiros jornalistas,

A grave situação financeira do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro foi motivo de debate durante a campanha eleitoral deste ano. Todos já sabiam, com base em informações da própria gestão que encerrava seu mandato, que nossa entidade sindical estava literalmente quebrada. Mas o quadro enfrentado pela nova Diretoria em seu primeiro mês de atuação mostrou-se bem mais sério – dramático mesmo.

Assumimos a direção do Sindicato em 26 de agosto. Nesse mesmo dia foram pagos, ainda pela gestão que terminava o mandato, os salários dos funcionários referentes à segunda quinzena do mês – algo em torno de R$ 9.200,00. A partir desse pagamento começamos a viver o drama de uma entidade em situação pré-falimentar, pois as contas bancárias ficaram praticamente zeradas.

A situação é tão crítica, que não houve recursos em caixa para o envio, pelo Correio, dos boletos das mensalidades com vencimento em 15 de setembro. A entidade solicitou – e permanece solicitando – que os colegas jornalistas fizessem um esforço para que esse pagamento seja realizado nas dependências do Sindicato, através de depósito em caixa eletrônico ou por meio de transferência entre contas."
LEIA NO SITE DO SJPMRJ, CLIQUE AQUI

Livros condenados?

(do jornal Floripa) 
Se o anúncio do fechamento da Cosac Naify, no fim do ano passado, pegou os autores da casa de surpresa, a notícia de que as sobras de seu estoque podem ser destruídas até 31 de dezembro trouxe um sentimento geral de desolação — mas também uma pressa redobrada. , diretor financeiro da editora, a informação fez os escritores acelerarem a busca para reaver os últimos exemplares de suas obras e salvá-los da “fogueira”. Paralelamente à venda pela Amazon de todo o estoque da Cosac a preços reduzidos — a partir de um acordo fechado recentemente —, alguns escritores aproveitam os descontos previstos em seus contratos (que chegam a 70%) para comprar seus próprios títulos com a editora. Outros esperam dela uma proposta de doação. Há, ainda, os que se dizem perdidos, sem saber como proceder, já que não foram procurados pela empresa editorial. — Estou, no momento, tentando um contato na Cosac para ver se eles terão algum esquema para os autores — conta Vanessa Barbara, que nos últimos dias vem divulgando nas redes sociais o seu “O livro amarelo do terminal” (2008), para “salvá-lo do esquartejamento”. — É uma pena isso tudo, dá vontade de ir ao estoque, se acorrentar aos livros e depois levar todos pra casa. Desde que Charles Cosac encerrou bruscamente as atividades de sua empresa, as dúvidas sobre o futuro das obras atormentam os autores. Gerente-geral para livros impressos da Amazon, Daniel Mazini informa que a varejista comprou 1.350 títulos — destes, porém, apenas 250 já se esgotaram tanto no estoque dela quanto no da Cosac. Entre os mais vendidos não estão os autores nacionais, mas os clássicos estrangeiros, como “Guerra e paz” e “Os miseráveis”. Os estrangeiros também dominam a lista dos esgotados, como “O clube do suicídio e outras histórias”, de Robert L. Stevenson; “Onde vivem os monstros”, de Maurice Sendak; e “O que é o cinema?”, de André Bazin. Em março, a Cosac confirmou a transferência de 300 títulos para as editoras do Sesi e do Senai. Parte do catálogo também foi vendida para a Companhia das Letras.

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Perdeu, censura... Deu no Portal Imprensa

 (do Portal Imprensa) 

O apresentador e candidato do PRB à prefeitura de São Paulo, Celso Russomanno, entrou com uma ação na Justiça Eleitoral para tentar tirar do ar a reportagem "Caixa de supermercado diz: "Celso Russomanno me humilhou…", escrita por Gustavo Aranda e Vinícius Segalla, do grupo independente Jornalistas Livres.

Crédito:Agência Câmara

Russomanno havia argumentado que a reportagem prejudica sua candidatura

A reportagem do grupo conversou com a ex-caixa do supermercado “Dia %” Cleide Cruz, que aparece no polêmico vídeo, gravado há dez anos, em que o candidato aparece ameaçando conduzir a balconista para a delegacia.

Segundo os Jornalistas Livres, o processo, movido por 11 advogados contratados por Russomanno, foi rejeitado pelo juiz Sidney da Silva Braga, da 1ª zona eleitoral de São Paulo. O magistrado concluiu que não há motivos que justifiquem a retirada do texto do ar, muito menos sem antes procurar a rede para apresentar sua defesa.

Russomanno havia argumentado que a reportagem prejudica sua candidatura e, por isso, seria uma espécie de campanha negativa contra ele, o que não é permitido por lei. A Justiça, no entendo, não considerou os argumentos.

Os Jornalistas Livres defenderam que têm o direito à liberdade de imprensa e expressão em reportagens e que a imparcialidade é clara já que os leitores tiveram acesso ao ponto de vista de todos os envolvidos no episódio e podem formar sua opinião sobre os fatos.

"A matéria incluiu até mesmo um 'outro lado' de Celso Russomano no caso . Aliás, foi por isso mesmo que o candidato sequer pediu "direito de resposta" no processo. Há litigância de má-fé de Russomanno contra os Jornalistas Livres", acrescentaram.

Agora, o defensor da rede de coletivos responderá aos 1 causídicos de Russomanno. Nos próximos dias, a Justiça deve decidir se a reportagem publicada se trata de propaganda ou de material noticioso.

Paris, fotocrônica...








Fotos J.Esmeraldo Gonçalves

domingo, 25 de setembro de 2016

Instituto Moreira Salles adquire arquivos de fotos do "O Jornal", "Diário da Noite" e "Jornal do Commercio"



Ao longo da sua travessia jornalística muitas vezes polêmica mas sempre profícua, os Diários Associados produziram boa parte da memória fotojornalística brasileira.

Não apenas a geração de imagens que formam o espetacular acervo da revista "O Cruzeiro', que permanece ativo e preservado em poder do jornal Estado de Minas, mas o de dezenas de jornais de Assis Chateaubriand que registravam os fatos, especialmente do Rio de Janeiro, a antiga capital do país.

Segundo a coluna Ancelmo Gois, no Globo de hoje, o Instituto Moreira Salles, que mantém uma elogiável política de valorização do fotojornalismo, acaba de adquirir os arquivos do "Diário da Noite", do "O Jornal" e do "Jornal do Commercio".

Uma ótima notícia.

Impossível deixar de lembrar aqui, a propósito, o misterioso destino de um acervo igualmente importante.

Desde que foi leiloado, há alguns anos, o arquivo fotográfico das revistas da antiga Bloch (Manchete, Fatos & Fotos, Amiga, Desfile, Fatos, ElaEla, Sétimo Céu, Carinho, Tendência, Manchete Rural, Mulher de Hoje, Pais & Filhos, Enciclopédia Bloch, Domingo Ilustrado, Geográfica, entre outras publicações) permanece inalcançável.

Os maiores profissionais do país passaram pela Manchete. Inúmeros outros jovens fotógrafos, hoje consagrados, lá iniciaram suas carreiras.

Não se sabe, na verdade, onde estão e em que condições estão guardados milhões de negativos, cromos e ampliações produzidos ao longo de 48 anos, além de coleções particulares e jornalísticas anteriores a 1952, data de lançamento da Manchete, adquiridas por Adolpho Bloch. É tão frequente quanto inútil a busca, por parte de escritores, pesquisadores e documentaristas, de imagens icônicas do acervo sumido.

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio de Janeiro já procurou informações via Justiça, há poucos anos.

Em vão.

Com o sumiço, rumores não confirmados, digamos, "lendas urbanas", correm entre alguns fotógrafos: um grupo de mídia teria adquirido secretamente o acervo; o arquivo não seria mais digno desse nome por ter sido desmembrado; o material já estaria deteriorado. Até uma versão mais hilária já foi considerada: Bill Gates comprou o arquivo, digitalizou tudo, e guardou os originais em uma antiga mina de sal.

Lamentavelmente, entre surrealidades e fantasias, o fato é que o acervo da Bloch não encontrou um IMS no meio do caminho.

Um IMS ou outra instituição pública ou privada capaz de um gesto de cidadania: o de recolher valiosa memória jornalística hoje à deriva.

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

O preso que trolou a República...

Reprodução

por Omelete 

Matéria do Globo de hoje na editoria Comédia. 

Um presidiário manda uma carta para o STF, encaminhada ao ministro Lewandovski. 

Nas mal traçadas linhas - a missiva era manuscrita - o detento afirma que trabalhou no sitio em Atibaia, aquele que segundo convicções pertenceria a Lula, onde roubou um computador do ex-presidente. 

Coisas do arco da velha o HD da máquina guardava, segundo o preso, que também testemunhou canalhices mil no tempo em que trabalhou no sítio. E mais: o denunciante garantia que poderia indicar mansão de Lula em outro sítio, em Minas Gerais. 

As autoridades exultaram: o homem era praticamente o deep throat do Watergate que afogaria de vez o ex-presidente Lula. De banho tomado e cueca limpa o preso foi preparado para o grande momento. Moro designou dois procuradores para ouvir a denúncia do sujeito. Alta ansiedade no posto avançado da Lava Jato, em Marília, Paraná. Câmeras e gravadores ligados, escrivão a postos, taquigrafia idem, o esquema para vazamento do dossiê já acionado. Mas o "depoimento" foi apenas hilário. Era um golpe. 
O detento tentava, quem sabe, se encaixar em uma delação premiada. 

Deve ter raciocinado: "se todo mundo pode porque não eu"?.

Segundo o Globo, o MPF nada comenta sobre o caso.

O preso voltou para sua cela com uma bela história para contar.

Por alguns dias, ele foi um dos homens mais importantes da República.
Dizem que Lula deve passar o Natal na cadeia. Há rumores de que estão esperando apenas passar as eleições. 

Mas o tal preso que quase virou ídolo do STF da Lava Jato teria antecipado o processo. O depoimento cômico foi colhido, segundo o Globo, há poucos dias. 

Atenção: os personagens do enredo acima não são mera coincidência. 

Qualquer semelhança com fatos reais é mera realidade.