The Sun publica hoje uma série de capas que os editores gostariam de estampar em 2021. Destacamos as duas acima: 100 dias sem casos de Covid na Inglaterra; e o dia em que Boris Johnson anuncia a vitória final contra o coronavírus.
The Sun publica hoje uma série de capas que os editores gostariam de estampar em 2021. Destacamos as duas acima: 100 dias sem casos de Covid na Inglaterra; e o dia em que Boris Johnson anuncia a vitória final contra o coronavírus.
por Flávio Sépia
A edição do Washington Post, hoje, aborda um fenômeno dos novos tempos. O mercado de ações dos EUA encerrou 2020 em níveis históricos de retorno de investimento, apesar de uma pandemia que matou mais de 340.000 americanos, deixou 20 milhões sem empregos e uma parcela da população faminta e derrubou o PIB da maioria dos países.
O índice de ações S&P 500, o indicador mais confiável, terminou 2020 com alta de mais de 16%. Dow Jones e o Nasdaq indicaram ganhos de 7,25% e 43,6%, apesar da devastação sanitária. Hospitais lotados, funerárias idem, nada disso impactou o mercado financeiro. As maiores empresas cresceram durante a pandemia ao mesmo tempo em que colocavam milhares de trabalhadores no olho da rua.
Entrevistado pelo Washington Post, Michael Farr, presidente da Farr, Miller & Washington, empresa de gestão de dinheiro, definiu: “2020 foi impressionante. Que uma paralisação econômica induzida por uma pandemia de proporções épicas tenha sido digerida com ações encerrando o ano 15 por cento mais altas é alucinante". Guardadas as proporções, com o Brasil pegando de volta o selo de país subdesenvolvido, a B3, a bolsa de valores brasileira, também pouco espelhou a devastação de empregos e as crises dos setores industrial e de serviços: o mercado registrou ganho anual de 3%. Economistas com visão social, os poucos que ainda existem, certamente vão se debruçar sobre esse fenômeno. Tentar entender porque uma fábrica de parafusos passou oito meses sem vender uma só unidade e teve suas ações valorizadas no período. O exemplo é hipotético, mas aconteceu algo semelhante com várias corporações. Uma tese é que o mercado usa os fatos apenas como gatilhos para a especulação diária, o sobe e desce que faz vencedores ou perdedores, mas, como 2020 mostrou, não é afetado pela realidade em torno.
Pandemia, desemprego, fome, países em lockdown, quem liga?
Em abril/maio do ano passado, jornalistas de mercado chegaram a falar em "momentos de pânico" nas bolsas preocupadas com a desaceleração do consumo. Se isso foi verdade, não só passou rápido como, diz o Washington Post, se transformou em euforia no mercado financeiro mais poderoso do mundo.
1 - A descoberta das vacinas
2 - Derrota de Trump na eleições americanas
3 - As manifestações chilenas que derrubaram a Constituição fascista de Pinochet
4 - Golpe boliviano derrotado nas urnas
5 - Uma conquista das mulheres argentinas: a legalização do aborto
6 - Todas as derrotas de Bolsonaro no STF e no Congresso
7 - Crivella desmascarado
8 - As lives de Caetano e Paulinho da Viola
9 - Livro: República das milícias: dos esquadrões da morte à era Bolsonaro. Bruno Paes Manso. Todavia.
10 - Filme: 1917
1 - Bolsonaro
2 - Neymar
3 - Damares
4 - Pazuello
5 - Anvisa
6 - Ernesto Araújo
7 - Olavo de Carvalho s
8 - Marcello Crivella
9 - Carla Zambelli
10 - Ricardo Salles
Hors-concours: todos os envolvidos na inacreditável reunião ministerial de 22 de abril no Palácio do Planalto.
Em mensagem de Ano Novo, a SECOM tem surto de sinceridade e admite que não se inclui entre os brasileiros honestos. Veja um trecho:
“FELIZ ANO NOVO. Num ano em que muitas dificuldades surgiram; e muitas dificuldades foram criadas e impostas, os brasileiros honestos e trabalhadores levaram este país adiante e mostraram seu monumental valor”.
A SECOM não mostrou valor algum, não trabalhou e não levou o país adiante, logo...
por Flávio Sépia
O ano da Covid-19 termina com a campanha de vacinação em curso em 50 países, oito vacinas liberadas, das quais seis com eficiência comprovada. A maioria dos países com estoques de seringas e agulhas adquiridos há quatro e seis meses.
Não vou dizer que o Brasil está uma zona, porque zonas não são tão desorganizadas assim. A questão que não quer calar: a catatonia do Ministério da Saúde e a inoperância da Anvisa, o show de explicam o caos. O negativismo e o desprezo militante do sociopata maior explicam tudo isso. Ninguém quer desagradar o chefe. Mas será que Bolsonaro chegou a proibir a compra de vacinas e seringas com antecedência ou foi apenas incompetência e desleixo? Os funcionários dessas instituições não poderiam ser mais afirmativos, questionar os gabinetes da raiva e do ódio, o que seja? Será que não têm famílias, não pensam nos pais idosos, nos avós, no risco que correm, na angústia que vivem?
Esses funcionários bem que poderiam aproveitar a virada do ano, se não estiverem em alguma balada bolsonarista, para refletir sobre isso.
A Folha se orgulha de ter apoiado a campanha das Diretas, nascida nas ruas, nos sindicatos, nos diretórios estudantis, em alguns partidos, e em órgãos progressistas de classe. Mas quando se pensava que o jornal tinha aprendido algumas coisa naquela jornada, vem a campanha demolidora e novamente o apoio a um golpe, o de 2016, que derrubou uma presidente legitimamente eleita. Golpe, sabe-se como começa, como 64 ensinou, e não se faz ideia de como termina. O resultado está aí: o odioso governo de Jair Bolsonaro que tem, na sua origem, as digitais da Folha e dos demais veículos das oligarquias conservadoras da mídia. esclareça-se.
Uma boa resolução de Ano Novo seria a Folha admitir que ser democrático não se resume a um título no alto de uma página
A bela Mangaratiba frequenta o noticiário pelo lado negativo. Não por culpa dos moradores, mas de um forasteiro. Neymar escolheu o local para fazer uma festa de arromba em plena pandemia. A cidade se revolta, mas pouco pode fazer. A balada vai rolar. O risco para Mangaratiba é que a maioria do pessoal que vai trabalhar para a diversão do jogador e sua curriola é local. O risco de contaminação por se estender aos moradores.
Melhor ficar com Gonzagão, que cantou Mangaratiba em tempos menos revoltos e de maior respeito e solidariedade. E a letra é apropriada
Mangaratiba
Luiz Gonzaga
Ôi, lá vem o trem rodando estrada arriba
Pronde é que ele vai?
Mangaratiba! Mangaratiba! Mangaratiba!
Adeus Pati, Araruama e Guaratiba
Vou pra Ibacanhema, vou até Mangaratiba!
Adeus Alegre, Paquetá, adeus Guaíba
Meu fim de semana vai ser em Mangaratiba!
Oh! Mangarati, Mangarati, Mangaratiba!
Mangaratiba!
Lá tem banana, tem palmito e tem caqui
E quando faz luar, tem violão e parati
O mar é belo, lembra o seio de Ceci
Arfando com ternura, junto a praia de Anguiti
Oh!…
OUÇA AQUI
Pesquisando nas muitas biografias da cantora que continuavam – e continuam – saindo, encontrei fatos ignorados sobre seu intenso final de vida. Numa de suas últimas turnês à Europa, ela se apresentou em uma sala do teatro La Scala de Milão – imaginem só, Lady Day invadindo o sacrossanto espaço da divina Callas! Foi o marido Louis McKay, que vivia às suas custas, quem insistiu na ideia da autobiografia, visando a um filme: estavam em moda as biografias de cantoras como Jane Froman (interpretada por Susan Hayward) e Ruth Etting (Doris Day). A primeira estrela cogitada para o papel de Billie foi Dorothy Dandridge, uma morena light que fizera sucesso em Carmen Jones. Depois se falou em Ava Gardner e – pasmem! – na loura gelada Lana Turner... Só em 1972 o filme, Ocaso de uma estrela, chegaria às telas, numa versão equivocada, com Diana Ross, uma negra de alma branca, no papel de Billie e – pior – destroçando suas canções.
Em novembro de 1956, numa volta triunfal aos palcos, Billie apresenta-se no Carnegie Hall. No intervalo de cada canção, o jornalista Gilbert Millstein lê trechos da autobiografia. No final de 1957, ela é documentada admiravelmente em vídeo em “The Sound of Jazz”, da CBS, cantando Fine and Mellow com os três grandes do sax tenor – Lester Young, Coleman Hawkins e Ben Webster – nove minutos preciosos da cantora em close num preto-e-branco intimista.
A morte de Lester Young em março de 1959, aos 49 anos, foi um choque brutal para Billie. Por um quarto de século os dois viveram a grande love story musical do jazz. Foi ele quem a apelidou de Lady Day. E ela retribuiu, apelidando-o de Prez. Billie ridicularizava a quantidade de realeza entre os jazzistas – Counts, Dukes, Kings. Earls... “Porra, quem manda mesmo neste país é o Presidente!” E Lester tornou-se The President, ou simplesmente Prez. A partir dessa grande perda, Billie começou a definhar. Depois de um colapso em 31 de maio, acabou numa tenda de oxigênio. Mal saiu, voltou a fumar. Seu problema principal era a cirrose hepática, mas o coração, os rins e outros órgãos estavam comprometidos por sua péssima condição física. Hospitalizada, foi flagrada por posse de heroína – possivelmente “plantada” por uma enfermeira.
O teatrólogo Edward Albee escandalizou o mundo em 1960 com sua peça A morte de Bessie Smith, baseada na história real da cantora que sangrou até morrer num hospital de Memphis que se recusou a atender uma paciente negra. O que aconteceu com Billie foi ainda mais brutal. Cito do epilogo:
“No dia 12 de junho ela foi presa e acusada da posse de narcóticos. Tiraram-lhe tudo: o rádio, o toca-discos, as flores, as revistas de fofocas e de quadrinhos, uma caixa de chocolates, um sorvete italiano, o telefone, e dois guardas foram postados diante da sua porta. Dizem até que levaram graxa preta e almofada de carimbo para tirar suas impressões digitais. Billie foi algemada à cama de hospital por dois detetives.”
Um depoimento à revista de fofocas Confidential, escritor por William Dufty, rendeu a Billie 750 dólares. Ela ocultou na sua vagina as quinze notas de cinquenta dólares presas num rolo com fita adesiva. No livro de 2002 Jazz and Death, o médico Frederick J. Spencer argumenta: “O esconderijo secreto de Billie Holiday pode ter contribuído para sua morte. Provavelmente tinha um cateter urinário inserido como parte do tratamento, uma avenida potencial para que a infecção alcançasse a bexiga. Esconder qualquer substância na vagina aumentaria esse risco. Se uma infecção subisse pelo trato urinário até a bexiga ou os rins, qualquer complicação seria fatal. Isso ocorreu sob a forma de ‘edema dos pulmões’, uma consequência comum do repouso prolongado numa cama. A aeração inadequada das bases dos pulmões leva ao edema, o que aumenta a carga de esforço sobre o coração. A condição de Billie já era séria demais sem esta tensão.”
Das dezenas de reedições americanas e traduções nos mais variados idiomas, a que eu fiz para a Zahar em 2003 é a única que conta a história completa de Billie Holiday. Verifiquei pela Estante Virtual que ainda existem exemplares da tradução de 1985 da Brasiliense, mas a edição da Zahar está praticamente esgotada – o que mostra a sua boa aceitação. Sinto-me gratificado por ter acrescido, às 204 páginas da autobiografia original, onze páginas de novas informações. Entre elas a antevisão que Billie teve do seu destino ao afirmar: “Você não é ninguém nos Estados Unidos antes de morrer. A partir daí, você é a maior.”
por Ed Sá
Uma tradição carioca sucumbe ao vírus. A prefeitura do Rio de Janeiro cancelou os fogos e a aglomeração em Copacabana na virada do ano. A praia estará em silêncio, não haverá shows e estão proibidos equipamentos de som nos quiosques. Se o povo vai obedecer, é outra história. A noite calma na areia deverá remeter aos anos 19601970, quando os cariocas comemoravam o réveillon em boates, clubes e em reuniões familiares. As areias de Copacabana recebiam umbandistas e candomblecistas. A noite era de Iemanjá.
Manchete fez, durante anos, ensaios fantásticos dessas cerimônias que atraíam principalmente os adeptos das religiões afro e turistas estrangeiros.
Foi no final da década de 1970 e começo dos anos 1980 que a Churrascaria Mariu's, no Leme, passou a fazer uma queima de fotos na areia em frente ao restaurante. Na mesma época, alguns hotéis das Av. Atlântica celebravam a virada com espetáculos pirotécnicos, ainda modestos. Em 1987, surgiria a famosa cascata do Hotel Méridien, que logo se tornou uma atração a mais.
A primeira edição de réveillon da Manchete a dar maior destaque aos fogos e publicar uma foto panorâmica da celebração, já com a praia atraindo milhares de pessoas, foi a de 1984. A partir daí, a festa só cresceu. Em 1985, o fotógrafo Raimundo Costa repetiu a foto aberta, a partir do terraço de um hotel, ainda com poucas luzes no céu. A cena se tornaria um clássico da Manchete nos anos seguintes. A cada ano, aquela imagem ganhava mais importância, era promovida a capa e página dupla. Em 1987, o fotógrafo João Silva repetiu a composição já então com maior impacto visual. E os jornais do Rio começavram a explorar a panorâmica nas primeiras páginas, com a praia cada vez mais iluminada e lotada, a avenida com luzes mais brilhantes, fogos mais poderosos e maior duração de queima. Depois vieram os grandes shows de artistas brasileiros e estrangeiros. Rod Stewart baixou em Copa em 1994, a Manchete registrou. E os Rolling Stones fizeram a praia explodir de gente em 2006, quando a Manchete não estava mais lá.
Em 2000, o último réveillon da Manchete (a Bloch faliu em agosto daquele ano) coube ao fotógrafo Armando Borges encerrar o ciclo da revista para páginas duplas e capas do réveillon de Copacabana. Naquele ano, os fogos ainda foram lançados da areia, mas um acidente com vítimas transferiu a queima para balsas a partir de 2001. Três anos depois, o Corpo de Bombeiros proibiu a cascata de fogos do Méridien. O réveillon de Copacabana mudou, mas foi em frente, já então como um dos maiores espetáculos do mundo, capaz de atrair cerca de três milhões de pessoas.
A festa, que passou a concorrer com o Carnaval em número de turistas nacionais e internacionais, só não resistiu à pandemia.
Fica para o ano que vem.
Depois de identificar o terrorista de Nashville, a polícia americana começa a desvendar os mistérios que cercam o motorhome-bomba. Antony Warner, o homem que planejou o atentado e morreu na explosão, queria atingir a AT&T. Ainda falta muito a apurar, segundo os investigadores, mas os primeiros indícios levam à conclusão de que o terrorista acreditava que a tecnologia 5G está matando pessoas. A morte recente do pai o levou a desenvolver essa teoria. E daí o plano para atingir um centro de dados da empresa telefônica. Se confirmada a motivação, é bom ter cuidado com os malucos terraplanistas, antivacinas, antimáscara, 5G e outros. Podem deixar de ser apenas ridículos e se transformarem em hordas perigosas.
Por tudo isso, a imagem do brasileiro fora de campo não é lá essas coisas.
Dentro no campo, ele viverá em 2021 um ano decisivo. O PSG levou Neymar com um único objetivo: ganhar um título continental. Até agora não recebeu esse retorno.
Para ser apenas campeão francês não terá valido a pena gastar tanto. É como se o Flamengo comprasse o Messi para ser campeão da Libertadores e levasse apenas o título carioca.
por Flávio Sépia
Mais de 40 países estão fazendo campanhas de vacinação neste domingo. E cerca de quatro milhões de pessoas já foram vacinadas no mundo.
O Brasil não faz ideia de quando começará a imunizar a população em campanha nacional. Não que falte tudo: o governo só não tem a vacina, a seringa, a competência, a vontade e a condição moral para enfrentar a tarefa.
O Globo de hoje publica matéria sobre a "Geopolítica da Covid" onde informa que "países de alta renda dão as cartas no acesso às vacinas e os mais pobres ficam para trás". Em parte é verdade, segundo o Duke Global Health Innovation Center, da Carolina do Norte (EUA). Mas vários países fora do G-7 mostram que a eventual barreira não é intransponível. O Chile, por exemplo, aparece em sétimo lugar, tendo encomendado vacinas suficientes para o dobro da sua população. O México já tem contratos para compra de doses suficientes para mais da metade da população. Em vacinas encomendadas, o Brasil aparece atrás da Argentina e supera os hermanos apenas no vago quesito de "doses em negociação".
A verdade é que vacina efetivamente comprada só a Coronavac adquirida por São Paulo. O governo federal tem, por enquanto, um memorando de compra, uma espécie de promessa, assinado com a Pfizer no tardio dia 10 de dezembro. E um acordo de parceria da Oxford com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) para fabricação da Astrazênica. E espera receber doses do consórcio Covax Facility, da OMS, criado para contornar a ameaça de monopólio dos países ricos e levar a vacina aos pobres. A maioria das nações adquire vacinas de várias procedências porque uma ou duas marcas não vão alcançar produção suficiente para atender aos mercados globais em 2021. Aqui, o governo federal segue a cartilha de Bolsonaro que renega a pressa, torce contra por motivos políticos, tem surtos ideológicos e não comprou, até agora, as vacinas desenvolvidas pelo chineses (Coronavac) e pelos russos (Sputnik V). Também não se habilitou a comprar a Moderna. Os governadores dos estados do Paraná, Bahia e Maranhão têm negociações em andamento para compra da Sputnik. Ceará assinou acordo com o Butantã para compra da Coronavac.
Fora o esforço de alguns governadores e prefeitos, o Brasil está catatônico e na rabeira.
A primeira vez em que o salão do décimo andar do prédio do Russell ficou lotado para uma entrevista coletiva foi durante a visita da feminista Betty Friedan à Manchete em 1971.
Já em 1792 a inglesa Mary Wollstonecraft publicava Uma Reivindicação pelos Direitos da Mulher. Em O Segundo Sexo, Simone de Beauvoir introduzia em 1949 a discussão do tema entre a intelectualidade. Mas foi Betty Friedan – lidando com fatos concretos ao invés de teses filosóficas – quem jogou no ventilador a ideia do feminismo para a mulher da classe média americana, ao publicar A Mística Feminina em 1963. A luta pela igualdade dos sexos caiu como uma bomba no caldeirão dos movimentos radicais que agitavam os sixties. O movimento assumiu a designação genérica de Women’s Lib(eration), com facções radicais dispostas até a pegar em armas pela causa, como a SCUM, da radical Valerie Solanas, autora de um atentado a tiros contra o célebre artista pop art Andy Warhol, considerado o símbolo do “machão porco-chovinista”. Filha de judeus russo e húngara, Bettye Naomi Goldstein desde cedo militou em movimentos marxistas e judaicos. Em 1966, fundou e foi eleita presidente da NOW (National Organization for Women), que visava a integrar as mulheres “à corrente principal da sociedade americana, com participação total e igual à dos homens.”
No Brasil, o movimento feminista confundiu-se com a resistência contra a ditadura militar. Após a decretação do AI-5 no final de 1968, muitas mulheres pegaram em armas e enfrentaram ações arrojadas – como o sequestro de embaixadores – durante os Anos de Chumbo. Uma destas – participou do “confisco” do mitológico cofre de Adhemar de Barros – se elegeria Presidente do Brasil quarenta anos depois: Dilma Rousseff.
Foi nesse clima que Betty Friedan encontrou o Rio em 1971. Redatores(as) e repórteres de todas as revistas da Bloch – àquela altura eram mais de uns dez títulos – comprimiram-se no salão do décimo andar do primeiro prédio do Russell, que até 1980 receberia celebridades do mundo inteiro – do Dr, Christiaan Barnard a Mtislav Rostropovich, da Princesa Alexandra de Kent ao cineasta Franco Zeffirelli, do criador da aeróbica Kenneth Cooper ao best seller Sidney Sheldon.
Claro que Adolpho Bloch não poderia perder aquela oportunidade de brilhar em público. Gostava de comparecer como penetra de luxo aos eventos jornalísticos da sua empresa, mas daquela vez se deu mal. A palavra ainda não existia, mas Adolpho padecia de um incurável “machismo estrutural”. E Betty Friedan conhecia todos os cacoetes da cultura judaica. Rebatendo os chistes antifeministas baratos de Adolpho, ela arrancou dele informações pontuais que o caracterizavam como um típico “filhinho de íidiche mame.”
Caçula, Adolpho tornou-se aos 50 anos – com a morte súbita dos irmãos Arnaldo e Boris – o filho varão único, reinando sobre as mulheres da família. Revelou ainda, inadvertidamente, que só tinha casado depois dos trinta anos. Betty o tripudiou por ter vivido tempo demais debaixo das saias da mãe.
Além disso, casou com uma Miss – Lucy Mendes, Miss Rio Grande – engraçado, os dois principais artífices da Manchete, a revista das Misses, casaram com uma Miss, Justino Martins com a primeira Miss Brasília, Martha Garcia.
Adolpho tinha então 62 anos, Betty 50. Castigado pelos negócios e pela idade, ele morreria em 1995, aos 87. Betty morreu em 2006 no dia em que completava 85 anos.
Voltando à coletiva do décimo andar: sentindo-se em inferiorizado no debate, Adolpho bateu em retirada e, pretextando uma reunião de negócios, deixou Betty Friedan com os jornalistas, livres para fazerem o seu trabalho. A matéria publicada na Manchete, assinada por Heloneida Studart, intitulou-se “Betty Friedan: ‘O segundo sexo quer ser igual ao primeiro.’” Entre outras coisas, foi lembrada a frase do livro que justificava seu título: “Toda mulher é criada como tendo sua própria cruz para carregar caso não consiga ser o clone perfeito do macho super-homem e o clone perfeito da mística feminina.”
já em Moscou, na década de 1960, depois de uma fuga espetacular de uma prisão britânica. Reprodução Manchete
por Jean-Paul Lagarride
Morreu hoje em Moscou, ao 98 anos, uma lenda da espionagem. O holandês George Blake, que entrou para a inteligência britânica durante a Segunda Guerra, era um dos mais ativos espiões da Guerra Fria. Tornou-se agente duplo para a União Soviética no começo dos anos 1950, quando se revoltou ao testemunhar o massacre das populações civis da Coreia do Norte pelos bombardeios da aviação americana. Declarava-se marxista-leninista e não se considerava um traidor. Preso, foi condenado a 42 anos, mas logo fugiu de uma prisão londrina e se exilou em Moscou, onde recebia aposentadoria da KGB. A morte de Blake foi informada por Serguei Ivanov, porta-voz da inteligência russa. "Ele amava sinceramente nosso país, admirava as façanhas do nosso povo durante a Segunda Guerra Mundial", disse. O presidente Vladimir Putin expressou condolências à família. É provável que Blake seja enterrado em Moscou como honras militares. Em vida, ele já era celebrado como herói pela URSS, que lhe deu o posto de coronel.
A Revista Família Tupi incluiu o Feminicídio e o Racismo entre os temas do ano. Roberto Muggiati abordou a violência contra a mulher, a partir do assassinato de Ângela Diniz...
Feita por revisteiros (*) ex-Manchete para a Rádio Tupi FM, a Revista Família Tupi Especial de Natal e Ano Novo apontou como Temas do Ano o racismo e o feminicídio.
A publicação, que foi para a gráfica no dia 7/12 e está nas bancas desde o fim de semana seguinte, chama a atenção para a incidência de crimes com essas características ao longo de 2020.
Infelizmente, na saideira do ano, novos fatos referendam as pautas.
No dia 9/12, durante jogo do PSG contra o Istambul Basaksehir, pela Liga dos Campeões, o quarto árbitro Sebastião Coltescu proferiu ofensa racista contra Pierre Webo, ex-jogador e atualmente auxiliar técnico do time turco. Os demais jogadores se revoltaram, interpelaram o árbitro e se retiraram de campo. Pela primeira vez na história, um jogo de futebol foi suspenso em protesto contra o racismo. A partida só foi retomada no dia seguinte. E no dia 20/12, em jogo no Maracanã,o Brasil assistiu à indignação do jogador Gerson, do Flamengo, que denunciou em campo ter sofrido ofensa racial por parte de Ramirez, jogador do Bahia. Os dois acontecimentos reacenderam na mídia a discussão sobre o racismo e o feminicídio, crimes em alta no Brasil.
A repórter Dani Maia, ex-Contigo! e colaboradora da Família Tupi, abordou o racismo a partir dos casos George Floyd, assassinado pela polícia nos Estados Unidos, e João Alberto, o soldador morto por seguranças do Carrefour, em Porto Alegre. A matéria registra a opinião de militantes do movimento negro que pedem união contra o racismo.
O outro tema do ano apontado pela Família Tupi - o feminicídio - se evidenciou ontem de forma cruel. A juíza Viviane Vieira do Amaral Arronenzi foi morta a facadas na frente das três filhas, na véspera do Natal. O suspeito, o ex-marido dela, o engenheiro Paulo José Arronenzi, foi preso em flagrante. Viviane estava antes sob proteção policial por ter sofrido lesão corporal e ameaças do ex-marido. A pedido de uma das filhas, que teria dito que o pai não era bandido, ela havia dispensado a escolta.
Na noite de Natal, Thalia Ferraz, 23 anos, foi assassinada a tiros pelo ex-companheiro, que está foragido.. O crime aconteceu em Jaraguá do Sul, em Santa Catarina. O assassino enviou mensagem pouco antes avisando a Thalia que faria uma "surpresa".A revista registra o aumento dos casos de feminicídio em 2020, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, e pontua o tema através de matéria sobre um caso marcante: o assassinato de Ângela Diniz, em dezembro de 1976, em Búzios, alvo de tiros desfechados no rosto pelo empresário Doca Street. O texto, assinado por Roberto Muggiati, conta que no primeiro julgamento do assassino, o seu advogado, Evandro Lins e Silva, conseguiu livrá-lo da cadeia usando o odioso argumento de "legítima defesa da honra". Na época houve protestos. Só em segundo julgamento, Doca Street, que morreu no último dia 18, foi condenado a 15 anos de prisão.
O Brasil vive dias em que a ultradireita se manifesta nas redes sociais invariavelmente tentando minimizar esses dois tipos de crimes, às vezes até depreciando as vítimas. Neste crítico 2020, a mídia em geral teve um papel importante ao aprofundar o debate sobre racismo e feminicídio, ao dar espaço aos protestos, denunciar os crimes e expor essas graves questões. Que 2021 se mostre mais civilizado.
(*) José Esmeraldo Gonçalves, Dirley Fernandes, Sidney Ferreira, Alex Ferro, David Júnior, Tânia Athayde e Roberto Muggiati.
POR ALlAN RICHARD WAY II (By order ARW 2021)
* Virão à tona novos casos de corrupção envolvendo nomes do alto escalão relacionados a transferências de dinheiro de organizações criminosas ligadas ao mercado imobiliário e ao comércio de armas. Apesar da repercussão, o escândalo será abafado.
* Um importante museu será destruído em incêndio de grandes proporções.
* Figura da República morrerá em acidente aéreo.
* A economia do país recuará em 2021. O ministro da Economia será demitido. Para seu lugar será indicado um sargento da Intendência. Haverá reação das entidades financeiras e empresariais.
* No Brasil, a vacinação acontecerá em meio a desorganização. Manifestantes de seita contrárias à vacinação farão piquetes em postos. Haverá protestos com queima de máscaras. A pandemia se arrastará até o segundo semestre do ano. A nota dramática é que um bolsominion se imolará na Avenida Paulista ateando fogo a uma camisa amarela da CBF em protesto contra a vacina.
* Bandidos de poderosa facção invadirão depósitos e roubarão grande quantidade de vacinas, que serão vendidas no mercado ilegal e em países vizinhos, especialmente o Paraguai. As chamadas milícias entrarão no milionário negócio da vacinação privada.
* Site revelará desvios de vacinas para imunizar com prioridade pessoas com ligações poderosas: políticos e famílias, desde prefeitos passando por vereadores, deputados, ministros, senadores e governadores e cantores sertanejos. Suspeita de que núcleo do Planalto receberá vacinas na calada da noite. Pastores, juízes, donos de clubes de tiro e demais empresários ligados ao governo também serão beneficiados.
* Um dos mais famosos atores brasileiros morrerá subitamente em sua fazenda.
* Os executores de Marielle Franco e Anderson Silva serão condenados. A Justiça não informará quem foram os mandantes do crime.
* O ministro do Meio Ambiente anunciará um plano para lotear a Floresta da Tijuca, no Rio de Janeiro. Ele argumentará que se a mata for ocupada será mais fácil preservá-la.
* O ministro do Meio Ambiente anunciará que parte da Amazônia será terceirizada para organizações sociais ligadas a igrejas que já atuam na região.
* Os órgãos responsáveis pelo Patrimônio Nacional finalmente localizarão a goiabeira onde uma ministra do atual governo deparou-se com Jesus, segundo ela. O Ministério do turismo transformará o local em sítio sagrado e os brasileiros serão incentivados a visitar a árvore em peregrinação pelo menos uma vez por ano. Quem comprovar a ida ao local participará do sorteio de uma viagem à Terra Santa.
* Escândalo na corte. Vazará um vídeo íntimo de importantes autoridades. Cenas terão sido gravadas em apartamento reservado para encontros decorado em verde e amarelo. Os figurões em questão não demonstrarão nas suas performances qualquer preconceito contra gêneros, muito ao contrário. Mulheres aparecerão fantasiadas de generais, portando fuzis. O vídeo será divulgado por uma organização internacional de hackers.
* O São Paulo será campeão mundial em 2021.
* O Brasil registrará um das suas piores performances na Olimpíada
* O STF terá duas vagas a serem preenchida no próximo ano.
* Mesmo número de vagas a serem abertas na Academia Brasileira de Letras. O governo tentará emplacar Olavo de Carvalho.
* Rompimento de barragem causará tragédia em Minas Gerais. A Vale do Rio Doce culpará as vítimas e pedirá indenização.
* Grande derramamento de petróleo atinge litorais de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santos. governo culpará Joe Biden e Nicolás Maduro, nessa ordem
* Apagão atingirá vários estados, incluindo o Rio de Janeiro onde só não faltará luz no Condomínio Vivendas da Barra.
* Forças Armadas simulam invadir os Estados Unidos. O treinamento acontecerá na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, local que, segundo os estrategistas militares, é muito assemelhado a Miami por onde as tropas brasileiras deverão adentrar no país de Joe Biden. O dia da invasão entrará para a história como o DIA B.
* O Vaticano estudará liberar a maconha
* Donald Trump visitará o Brasil. Pedirá apoio para voltar ao poder alegando que houve fraude nas eleições. Brasília colocará as Forças Armadas à disposição do americano e sugerirá que Trump seja nomeado presidente autoproclamado dos Estados Unidos.
* Investigação nos Estados Unidos apura suposto pagamento de propina a Trump relaionado a venda de caças para um país do Oriente Médio. O ex-presidente também é acusado de comprar com dinheiro público 5 mil tubos de fixador, máscara capilar, hidratante e tintura de saturação tonalidade mel para cabelos.
* Donald Trump será detido por agentes do serviço secreto por ser flagrado perambulando nos jardins da Casa Branca portando um cartaz em que pede a anulação das últimas eleições. Ele baterá panelas e acordará o presidente Joe Biden.
* Importante grupo de comunicação entrará em regime de recuperação fiscal.
* Morre atleta muito famoso.
* Um casal importante se separará. O motivo envolverá uma conjugação do verbo na terceira pessoa do singular.
* Brasil viverá drama social com índices de desemprego que não recuarão da casa dos 15 milhões de pessoas. O ministro da Economia e os jornalistas de mercado culparão os desalentados, os deprimidos, os desanimados, os esmorecidos, os prostrados e os acabrunhados.
* Mídia denunciará formação de grupos paramilitares clandestinos no Brasil voltados para ações políticas.
* Atuação das milícias do Rio de Janeiro chegará a trechos de bairros da Zona Sul após conquista de territórios que pertenciam ao tráfico..
* Desabamento de prédio comove o país.
* Direita perde terreno no Leste Europeu, mas avança na França.
* Reino Unido sofre efeitos do Brexit, apesar de acordo, e recorrerá aos Estados Unidos para criação de de zona especial de comércio privilegiado com os Estados Unidos. Joe Biden resiste à ideia.
* China fará exercícios militares e estocará toneladas de removedor de tinta depois do ministro das Relações Exteriores do Brasil declarar que esgotada a diplomacia terá chegado a hora de enviar uma tropa de assalto das Forças Armadas para pintar de branco as árvores e o meio fio das ruas de Pequim. .
* Deputado pede investigação sobre a milionária compra de Cloroquina feita pelo governo brasileiro. O objetivo será saber quem ganhou dinheiro na transação.
* O Brasil sofrerá aceleração das queimadas no segundo semestre do ano. Mas dessa vez a reação internacional será mais forte. Ecologistas exigirão extradição de Bolsonaro e Ricardo Salles.
* Famosos cantor sertanejo morrerá vitima de acidente automobilístico em estrada do Centro-Oeste.
* Novo escândalo de assédio abalará a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Dessa vez um deputado se defenderá afirmando que "ouvia vozes do diabo" mandando passar a mão em funcionárias. O deputado acusado, considerado um "homem de bem", receberá a solidariedade dos colegas.
* 2021 será considerado um ano pré-eleitoral. No segundo semestre, aparecerão vários pré-candidatos. Obterão legendas um general, um delegado da PF, um bombeiro, um guarda civil, um PM, um escoteiro, um segurança, um miliciano, um templário, um pastor, um apresentador de TV, um produtor de fake news, um ex-Lava Jato e um ex-doleiro.
* Democracia continuará ameaçada no Brasil.
O problema é que Crivella, que tem preconceito contra símbolos das religiões afro, debochou de Zé Pilintra ao associar a entidade com o chapéu usado por Eduardo Paes. Sem passagem pela polícia como o elemento que o ofendeu, Zé deu o troco no prefeito suspeito de presidir o QG da Propina. O clã Bolsonaro fechou com Crivella na eleição. Não ajudou e ainda sai respingado pelo lamaçal.
por J.A.Barros
O Brasil de hoje é um país onde a mentira e o cinismo se tornaram o comportamento social–político de muitos dos nossos governantes. Eleitos para, nos seus mandatos delegados pelos seus eleitores, atuarem como defensores dos direitos dos cidadãos e na criação de projetos que venham beneficiar os crescimentos indústrial, comercial e rural, certos mandatários políticos se esquecem da ética e honestidade nas suas decisões politicas e governamentais. Com alguns governadores e prefeitos, temos administrações em que a corrupção tem sido a constante, com a criação de sistemas de corrupção em que a "propina" passa a ser a moeda de troca nas relações entre governos e empresas de construção de obras licitadas nas suas administrações. Exatamente nesse processo, embora as normas e regras previstas, a corrupção se cria e se fortalece, passando a dimensões inimagináveis.
Como resultado, milhões de reais desviados. Na avidez de ganhar concorrências públicas, empresas desonestas despejam propinas à vontade para grupos políticos dentro desses governos. O objetivo é ter privilégio nos processos em que disputam entre si o melhor preço para a realização de obras.
Essa corrupção se torna tão relaxada e visível, que os órgãos de vigilância e segurança públicas passam a investigar e acompanhar esse processo político desonesto, levando dois ou três anos para conseguir colher provas suficientes para enquadrar e prender os corruptos governamentais. Os denunciados deveriam aguardar encarcerados o processo judicial que se seguirá. Para isso existe a prisão preventiva.
Mas, aí, a sociedade ofendida e ultrajada se vê mais ofendida, quando poderes maiores do Estado, numa simples canetada, põem em liberdade esses desonestos e corruptos políticos, que passam a gozar da liberdade em suas casas. Ou, com as suas contas bancárias aumentadas em dez vezes mais, se refugiam em balneários internacionais, rindo e felizes por terem enganado e ridicularizado toda uma nação. Essa é a cara do Brasil de hoje, enquanto poderes maiores colocarem em liberdade corruptos e ladrões do erário público, criminosos revestidos de políticos. Protegê-los é tornar endêmica a corrupção, travando o crescimento deste país.
Só o que podemos fazer, e aí deve entrar a consciência e o sentido de dever público do eleitor, é pensar muito na escolha de candidatos a qualquer cargo eletivo, porque desta escolha dependerá o futuro deste país.