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sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

Alguns cineastas brasileiros sofrem de Síndrome de Estocolmo

Está em curso uma ofensiva do governo contra o cinema brasileiro. Isso todo mundo sabe. O que se desconhecia até agora é que, diante do sequestro cultural que a arte sofre, alguns cineastas desenvolveram um clara Síndrome de Estocolmo, que é a dependência afetiva do sequestrado diante do sequestrador. Só isso explica a enorme euforia da classe e de parte da mídia diante do gesto de Roberto Alvim, o secretário de Cultura bolsonarista, ao nomear André Sturm para a Secretaria do Audiovisual.

Até janeiro último, Sturm, que é cineasta, era secretário de Cultura da Cidade de São Paulo. antes foi diretor do MIS paulistano.

O novo secretário é controverso, protagonizou polêmicas - todas publicadas em veículos jornalísticos como Folha, R7, Estadão, Folha, Fórum, Istoé etc, a partir de 2017 - que cabem em um verdadeiro longa metragem. De investigação do MP para apurar improbidade administrativa a suposta ameaça de agressão a um agente cultural, acusação de racismo, de assédio e denúncia de interferência em processo de licitação,

Em janeiro de 2018, envolveu-se em um escândalo após documento enviado à Câmara de Vereadores de São Paulo sobre abuso de poder, que incluía uma gravação onde Sturm bate-boca com uma secretária, diz que vai demiti-la e ela pergunta se o motivo seria porque não transou com ele durante uma viagem. Em novembro do ano passado, teria ofendido a diretora do Theatro Municipal de São Paulo e ameaçado não pagar ao Instituto Odeon, gestor do teatro, caso não topasse romper o contrato amigavelmente.

Segundo a Veja, André Sturm passa a integrar o governo depois de um pedido de Andrea Matarazzo, que articula o apoio de Bolsonaro para se candidatar ao governo de SP, em 2022, em chapa com Paulo Skaf. Matarazzo negou e disse à revista que é candidato à prefeitura em 2020. A Veja ainda afirma que Roberto Alvim é a ponte entre Matarazzo, Skaf e Bolsonaro.

Desesperados com o quadro, profissionais do cinema parecem relativizar esse histórico na esperança de que o fundamentalismo do governo federal gire 180° a partir da nomeação do novo secretário. Aparentemente, não enxergam que a política de audiovisual do governo está muito clara para ser revogada pelo terceiro escalão. A nomeação está bombando nas redes sociais. E não exatamente no bom sentido.

Esse filme dificilmente vai acabar bem.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

A República dos Memes...










por O.V.Pochê

Damares Alves, que também é chamada nas redes sociais de Ministra Goiaba, bombou no mundo dos memes ao pregar a ideologia colorida da nova era. Ontem também foi o dia do mundo rir desse Brasil pastelão: #damares foi trending topic esteve em alta nos trends topics durante cerca de cinco horas no mundo real e no mundo bizarro.

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Vaias. Por que não?

por Flávio Sépia 
Muita besteira foi escrita por aí como "análise" dos episódios de vaias da torcida. A maior parte das abordagens era de um colonialismo gritante, pra não dizer de um viralatismo crônico.

Por isso, vale ler enfoques de mentes menos "coxinhas", que desprezam as manifestações autênticas das arquibancadas. Um exercício popular aqui, que faz parte da cultura local, e a Olimpíada acontece aqui, não no Palácio de Buckingham ou em uma Versalhes ressuscitada.

Talvez a Rio 2016 tenha sido aquela que mais promoveu a integração entre o grande evento e a vida local, sem artificialismos, em meio às qualidades e defeitos do povo e da cidade. Isso inclui o momento, o ânimo, o desânimo, a satisfação, a insatisfação. Os gatilhos das vaias podem ser esportivos ou não. Temos o direito de vaiar tanto o presidente da República de plantão quanto o francês que nos compara a nazistas, o adversário, o  juiz, os americanos que mentiram etc.

Vaia não é crime. Agressão sim, mas aí é outra história.

O que se viu em Copacabana, que virou um point internacional com milhões de pessoas circulando entre uma e outra competição, é inédito. É do Rio 2016. Tóquio 2020, com certeza, será diferente. Os japoneses têm sua cultura, igualmente respeitável, diga-se, e imprimirão aos seus Jogos seu estilo, provavelmente mais reservado, com menor integração ou interferências na rotina.

A propósito das vaias, a BBC Brasil ouviu o sociólogo americano Peter Kaufman. Leia, a seguir.

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por Fernando Duarte (para a BBC Brasil)

Sociólogo americano diz que vê legitimidade no comportamento da torcida brasileira na Rio 2016

Assim como muitos observadores internacionais acompanhando os Jogos Olímpicos do Rio, o sociólogo americano Peter Kaufman ficou espantado com o episódio das vaias ao atleta francês do salto com vara Renaud Lavillenie. No caso do acadêmico, porém, o que pareceu incomodá-lo mais foi a reação contrária ao comportamento da torcida.

Para o professor da Universidade Estadual de Nova York, que escreve sobre sociologia do esporte e estudou as reações do público ao comportamento de atletas, houve exagero na condenação das manifestações, sobretudo depois do "pito" público dado nos brasileiros pelo presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), o alemão Thomas Bach.

Após as vaias a Lavillenie no pódio, Bach usou a conta do COI no Twitter para dizer que o comportamento do público foi "chocante" e "inaceitável nas Olimpíadas".

"O COI certamente tem questões bem mais importantes para lidar do que vaias de torcedores", disse Kaufman, em conversa com a BBC Brasil, por telefone.

Veja abaixo, trechos da entrevista:

BBC Brasil - O senhor acompanhou a polêmica das vaias no Brasil?
Peter Kaufman - Sim, porque houve um repercussão considerável de alguns incidentes envolvendo o público na Olimpíada do Rio. O comportamento de torcedores é algo interessante, porque estão em jogo fatores culturais.

BBC Brasil - Por que as pessoas vaiam?
Kaufman - É uma questão de expressão, uma forma de interação social e participação. E isso varia de lugar para lugar. Se um alienígena chegasse aqui hoje e fosse assistir a uma competição esportiva, possivelmente teria outra maneira de se comportar de acordo com sua realidade. E, óbvio, sabemos que não é apenas esporte. As Olimpíadas têm um significado muito maior. O público brasileiro pode estar vaiando em desafio às autoridades, ao governo brasileiro e até mesmo ao dinheiro gasto na Olimpíada.

BBC Brasil - É injusto com os atletas?
Kaufman - Alvos de vaias podem se sentir ofendidos, tristes e até ameaçados por uma torcida mais ruidosas. Não os culpo por pensarem apenas na qualidade de seu desempenho em vez de analisar aspectos culturais ou políticos. É perfeitamente compreensível que o atleta francês tenha ficado bastante chateado com as vaias que recebeu até no pódio. Mas ele estava competindo contra um atleta brasileiro e em casa. Pelo que tenho lido sobre a torcida brasileira, era inevitável que ele fosse alvo dessas manifestações.

LEIA A MATÉRIA COMPLETA NA BBC BRASIL, CLIQUE AQUI

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Artista plástica recebe aplausos e críticas ao reproduzir close de quadro célebre no Museu D'Orsay

Reprodução

Reprodução
por Jean-Paul Lagarride
O tempo é de bombas que matam mas símbolos da vida continuam a chocar. Na semana passada, a
artista plástica luxemburguense Deborah de Robertis caminhava pelos salões do Museu D'Orsay, em Paris, quando se aproximou do quadro "L'Origine du Monde" de Gustave Courbet, sentou-se no chão, de costas para a obra, levantou o vestido dourado e exibiu a mais autêntica fonte de inspiração de Courbet. Apropriadamente, denominou sua performance de "O espelho da origem".
Reprodução Facebook Perseus
Deborah executou sua ação artística ao som da Ave Maria, de Schubert, interpretada por Maria Callas. Não há como negar: todos os elementos envolvidos são de muitíssimo bom gosto. O que não impediu, entretanto, a reação dos guardas do museu. Deborah recitava um poema ("Eu sou a origem/Sou todas as mulheres./Tu não me viste./Quero que me reconheças./Virgem como a água criadora do esperma".) quando foi detida.
O processo foi arquivado e a justiça advertiu a artista plástica
VEJA O VÍDEO (PARA MAIORES) COM A CENA COMPLETA E REAÇÕES DO PÚBLICO, CLIQUE AQUI