A reportagem original do New York Time |
E a reprodução estilo "perigo vermelho" na Folha. |
Jornalismo não é ciência nem muito menos exata. Passa longe disso, claro. Cada texto, cada título, cada palavra está sujeita a chuvas e trovoadas, interpretações, idiossincrasias, ideologias, preferências e, dependendo do veículo, à vontade do dono e dos seus parceiros, amigos e familiares. A Folha acaba de mostrar como pegar, digamos, uma peça de carne e marinar a gosto.
O jornal New York Times publicou uma extensa reportagem sobre a construção das estruturas para a Copa de 2018 na Rússia. O título da matéria do NYT se refere ao estilo "matrioska" de um dos estádios, numa referência à tradicional boneca russa e, por extensão, à cultura do país.
No que a matéria foi travestida para a Folha ganhou um título típico de quem olha embaixo da cama antes de dormir para checar se há comunista homiziado no recinto. "Reforma do Estádio da Copa-2018 mantém estrutura da era stalinista": é o título-coxinha do jornalão. Uáu! Isso significa que os velhos comunas estão atuantes e querem mandar um recado ao mundo? Que o torcedor que for a Moscou e olhar para a tribuna de honra vai ver Kruschev, Beria, Malenkov, o Politburo inteiro dos tempos da Guerra Fria? Que a KGB vai apitar os jogos?
Assustador.
O NYT foi menos J. Edgar Hoover, que ironicamente gostava de ver a coisa vermelha, e diz que a Rússia está erguendo uma estrutura moderna para a Copa. O estádio "stalinista', na visão da Folha, é o Luzhniki, que foi construído em 1956 e sediou a Olimpíada de 1980, aquele em que a imagem do urso Misha emocionou o mundo ao se formar nas arquibancadas no espetáculo de encerramento dos Jogos. A velha Rússia tem uma tradição de preservar a história. Os bolcheviques não destruíram os tesouros artísticos e arquitetônicos dos czares. À queda do comunismo não se seguiu uma política de terra arrasada da arquitetura, dos símbolos, dos marcos da era soviética. A Alemanha modernizou e preservou o estádio construído pelos nazistas e que sediou os Jogos Olímpicos de 1936 e a Copa de 2016. O Brasil reformou o Maracanã e manteve as linhas arquitetônicas do estádio histórico que já recebeu duas Copas e vai ser um dos palcos da Rio 2016.
A Rússia vai manter a fachada de um estádio da era soviética. Ou seja: normalíssimo. Mas a Folha preferiu se impressionar com o bigodão e o fantasma ameaçador de Stálin. Eu, hein? Lênin explica.
5 comentários:
Lênin não explica nada, mas a palavra "coxinha " não enriquece esse texto tão bem escrito e formulado pelo seu autor. É uma palavra deprimente e não tem nenhum significado. É um vocábulo de muita pobreza e deveria ser excluído da língua nacional. '
Lênin não explica nada, mas a palavra "coxinha " não enriquece esse texto tão bem escrito e formulado pelo seu autor. É uma palavra deprimente e não tem nenhum significado. É um vocábulo de muita pobreza e deveria ser excluído da língua nacional. '
Jornais brasileiros, propriedades das elites, são mais reacionários e falcões do que os dos Estados Unidos. Washington Post e New York Time dão de dez a zero nos nosso panfletos em matéria de democracia, humanismo, direitos humanos, equilíbrios, autenticidade de opiniões. E não são tão manipuladores dos fatos. É incrível mas a grande imprensa brasileira fica bem à direita da americana.
Não diria que a Imprensa Americana siga uma política do centro, mas por informações vim a saber que os jornalistas americanos, principalmente aqueles que abordam o setor político, não devem ter nenhuma relação com partidos e ideologias políticas. Em resumo, devem ser apartidários. Bem, se é verdade acredito que sejam bem profissionais para seguirem esses conceitos.
A Folha pratica o jornalismo-idiota
Postar um comentário