Rua São Luiz Gonzaga, São Cristóvão: explosão de gás destroi 19 casas e atinge outros 54 imóveis. |
Bombeiros trabalham no local do desastre que ocorreu na madrugada da segunda-feire. Fotos de Tania Rego/Ag.Brasil |
por Nelio Barbosa Horta (de Saquarema)
São Cristóvão foi o bairro da minha infância e adolescência, lá pelos anos 50 do século passado. Largo da Cancela, ponto de encontro de alunos dos vários colégios das adjacências, parada obrigatória dos bondes São Januário, Alegria e Penha, que seguiam pela rua São Luiz Gonzaga, passando pelo Largo do Pedregulho, rua da Alegria, depois Bonsucesso, Ramos, Olaria até a Penha, num trajeto inacreditável para os dias de hoje.
A Quinta da Boa Vista, chamada de “Central Park” pelos moradores, a Rua São Januário,
A Loja Cabral, citada no texto, foi uma das atingidas. Reprodução Facebook |
Havia a feira, muitas famílias portuguesas que realizavam festas incríveis nas suas casas, que ainda não eram chamadas de mansões, ao som de “Rago e seu conjunto”.
A rua Emancipação, passagem obrigatória da Escola de Samba “Paraíso do Tuiutí” e seus moradores. A praça Pinto Peixoto, onde morava a cantora Olivinha de Carvalho, eterna “madrinha” do C.R. Vasco da Gama. A praça Argentina, ponto final do bonde São Januário, a rua Coronel Cabrita, onde morava a família do “seu” Menezes, pai do ex-jogador Ademir, o “queixada”, artilheiro que os vascaínos “ mais antigos” não esquecem.
A implosão desta segunda-feira, foi incrível. Além dos prejuízos materiais, destruiu quase um quarteirão do antigo bairro que se orgulhava de sua tranqüilidade. O cantor Sílvio Caldas, o “caboclinho querido” , iniciou sua carreira vitoriosa da “época de ouro” do rádio brasileiro ao cantae “o Bonde São Januário leva mais um operário, sou eu que vou trabalhar”...
Os atuais moradores estão chocados com o impacto da explosão, que, embora não tenha registrado vítimas fatais, causou forte abalo na “alma dos residentes”, com toda série de dificuldades para refazer suas vidas e seu cotidiano depois de constatadas a insegurança e o descaso a que foram relegados.
Segundo depoimentos, o cheiro de gás era forte e as tentativas de pedidos de ajuda, à Prefeitura, à defesa civil, e às demais autoridades, foram inúteis, todos parecem ficar surdo-mudos diante de tamanha ameaça. Que os fatos sejam apurados, e os responsáveis pela tragédia punidos, para que tais acontecimentos sirvam de lição e não voltem a se repetir.
O bairro de São Cristóvão. Reprodução Google |
Pavilhão de São Cristóvão, anos 60. Reprodução |
Largo da Cancela, anos 40. Reprodução |
Palácio Imperial (Museu de História Natural), Quinta da Boa Vista. Foto Alexandre Macieira/Riotur |
Quinta da Boa Vista,/Reprodução da revista Manchete |
7 comentários:
Um pena, quanta gente prejudicada pela irresponsabilidade de unse pela falta de fiscalização
São Cristóvão tah cheio de construção de prédio, vai reviver. E mando um abraço pra as vítima do irresponsável que provocou a explosão. Fiquem com Deus.
Ainda pequeno, corria os anos 50 morava na RUA EMANCIPAÇÃO. Logo depois mudamos de bairro e sempre ouvia dos familiares de que como foi bom morar em São Cristóvão.
60 anos depois, tive o prazer de trabalhar em um Banco na RUA SENADOR ALENCAR.
Muito simpático o bairro, sempre passava pelo local da explosão porém nunca percebi uma vila de casas. Depois da tragédia ,tristeza geral, cada qual com seu problema, porém me sensibilizou a entrevista do filho do dono da loja CABRAL ESPORTES (funcionava no local desde 1945 !!) Dizendo que desde 2011 chamou a atenção sobre possível problema, sem ter sucesso na solução.
Uma pena.
Indivíduos egoístas que só ligam para seus interesses provocam essas desgraças. São Cristóvão é um bairro de famílias e de amigos, lá as pessoas ainda se comunicam. Vida simples mas muito digna. Adorei o o que Nelio Barbosa escreveu. Que Deus ajude as família que se feriram e que tiveram prejuizo numa hora dificil como essa.
Todos os acidentes que vem ocorrendo, como edifícios que desabam, restaurantes que explodem causando vitimas fatais na maioria deles, ocorrem por falta de fiscalização, de seriedade dos departamentos públicos criados exatamente para evitar tragédias como essas. Não sei explicar nem entender porque essas fiscalizações não são feitas e mesmo assim alvarás de pleno funcionamento são expedidos. Ha alguma coisa errada na cabeça dos brasileiros ou das autoridades que deveriam fazer cumprir
essas fiscalizações. Essas tragédias vem se repetindo e podemos ter uma repetição d boite Kiss no Rio Grande do Sul a qualquer momento nesses bailes "funks " em locais sem nenhuma condição para abrigar bailes dessa natureza.
Peço ao Prefeito que mesmo que o caso deixe de aparecer na imprensa e nas rádios não seja esquecido e ele não deixe de apoiar pessoas que perderam tudo
A prefeitura do Rio baixou foi um decreto dando "moleza" a organizador de festa, baile funk, bafafá, dono de muvuca. Vai ficar bom pra vc?
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