sábado, 17 de outubro de 2015

Cicuta "on the rocks"... e de graça.

por Omelete
* Não há nada mais desmoralizado no Brasil do que o 'sigilo' em processos judiciais. Para os políticos, quebra de sigilo só é boa quando atinge o outro. O reclamante da vez é Cunha. Na verdade, há um tráfico de quebra de sigilo em muitos níveis, geralmente estimulado pela mídia com interesses mais políticos do que jornalísticos e determinada por um visível seletividade. Não há sinais de que isso vá mudar. Talvez vá perder intensidade se o golpe vier. Mas a prática está consolidada. dizem que parlamentares pretende legalizar a quebra de sigilo. É sigilo, mas já existe um projeto em andamento, internamente conhecido como a lei do "nem te conto", pronto para ser votado.
* Sigilo quebrado para algumas coisas, sigilo decretado para outras. Finalmente, as autoridades descobriram um jeito de fazer o Brasil melhorar: é só não contar os podres para ninguém. O mérito, naturalmente, é de São Paulo e do governo Alkmin, que inventou a lei do silêncio para vários níveis do seu governo. Segundo a moda, um juiz de Salvador acaba de decretar censura de informações sobre um resgate de trabalhadores escravos em uma fazenda da Bahia. No ano passado, uma associação de empresas imobiliárias já tinha conseguido uma liminar para que o governo federal parasse de fazer a "lista suja", que era a relação das empresas e seus capitães-do-mato que escravizam pessoas em pleno século 21. A partir de agora também está proibido de falar no nome da Princesa Isabel, José do Patrocínio e outros que agiram contra o "mercado" e a "segurança jurídica" e tentaram acabar com a escravidão. No futuro, estarão sob sigilo os nomes dos candidatos a presidente, governador, prefeitos, deputados, senadores e vereadores. Os eleitores votarão apenas em um número que será conhecido apenas pelo TSE. A cédula de votação passará a ser muito parecida com um volante da megassena.
* O Ministério Público Federal instalou inquérito para apurar se FHC, Lula, Collor e o falecido Itamar levaram para casa objetos entregues por Estados estrangeiros em visitas diplomáticas. Por lei, tais presentes pertencem ao cargo e à República não à pessoa física do presidente. Mesmo se for uma cueca, é bem público. Curiosamente, o MPF foi acionado por um coxinha apenas para investigar Lula. Mas o MPF ampliou o leque já que haveria indícios de que há presentinhos em várias casas ilustres. A pergunta que não quer calar; e o popular José Sarney? Esse usava até um prédio público de um antigo convento para guardar suas quinquilharias em uma obscura fundação. Como seu grupo perdeu a eleição no Maranhão, o prédio foi tomado de volta. Nada impede que o ato seja desfeito caso as urnas mudem de ideia em próximas eleições.
* Aliás, criar fundações e institutos é mania que os ex-presidentes brasileiros importaram dos Estados Unidos. Sob o pretexto de guardarem os documentos (historicamente, tais fundações são um engodo porque é claro que o ex vai dar visibilidade apenas aos papeis, gravações e fatos em que saem bem na fita).O lado bom, para eles, é que tais instituições arrecadam um bom capilé de empresas, com providenciais deduções de imposto de renda, que fazem um carinho nas figuras que o eleitor mandou de volta pra casa.
* A julgar pelo que o Vasco está sofrendo das "arbitragens" do Brasileirão, está mais do que na hora de o MPF abrir uma operação Lava-Apito.
* A crise chegou ao bolso de muitas cantoras e cantores. Explica-se: nos últimos 20 anos, o circuito de shows acostumou-se a verbas de estados, prefeituras e Lei Rouanet. Não é pouca coisa. E com a queda de venda de Cds, os shows são a maior fonte de renda da galera. Em datas como São João, Carnaval na época e fora de época, Viradões, aniversário de cidades, inaugurações, feiras, exposições de gado, Verão etc o dinheiro público pinga com facilidade no caixa dos cantantes e claro, funciona como uma bolsa-ídolo que ajuda a pagar mega apartamento e jatinhos,que ninguém é de ferro. E ainda há denúncias de que o cachê dobra quando é pago pelo caixa amigos das  prefeituras. Com a crise, a fonte quase secou e os anos dourados estão temporariamente cinza. Os prefeitos estão segurando a onda. Certos artistas estão arriscando algumas turnês privadas, finalmente, mas aí o buraco é mais embaixo. Se não vender ingresso, o show é cancelado para evitar prejuízo maior.
* Analistas preveem que o Brasil "vai demorar a sair da crise econômica". Tenho dúvidas. Acho que se Dilma cair até segunda-feira, em uma semana colunistas de economia já vão ver sinais de que o país voltou a crescer e passarão a dar "boas notícias".
* Governo alemão teria subornado a Fifa para sediar a Copa de 2006. Volkswagen acelera na fraude mundial. A terra do chucrute e de Einstein descobriu a fórmula matemática mais conhecida como 171x171= 171.
* Nome de uma das empresas do Cunha: Jesus.com. Nem o filho do homem escapou. Aliás, tem muita gente que está com o Cunha e não abre. Ou melhor, abre igreja e conta na Suíça.
* Está no Sensacionalista; "Cunha retira dinheiro da Suíça e investe no Metrô de São Paulo para garantir sigilo absoluto".
* O horário de Verão chegou. A oposição se prepara para tentar impedir a mudança dos ponteiros sob a alegação de que é pedalada para Dilma evitar gastos obrigatórios e prejudicar a arrecadação das distribuidoras privadas.
* Daniella Cicarelli ganhou ação contra o Google pela empresa não ter retirado do ar o famoso vídeo de sexo que um paparazzo divulgou na web. Só que alguns e outros não entenderam bem o espírito da coisa. Com o fim do financiamento privado para campanhas eleitorais, um político planeja armar um flagrante parecido, deixar rolar na rede e depois pedir a devida indenização. Outro quer alugar um galpão, fundar uma igreja e pedir "dízimos eleitorais". Um terceiro pensa em passar a chamar propina de "pirâmide do Bem" e fazer uma corrente entre empresários que têm obras públicas. O quarto não vê motivos para mudar o modus operandi.
* As agências de risco derrubaram a cotação da atriz Marina Ruy Barbosa depois que o jornal O Dia divulgou que ela está namorando um deputado do Tocantins. A atriz se apressou em desmentir. Não se sabe se as agências já lhe devolveram ao nível seguro, classificado de "+bom senso".
* Segundo um advogado de Brasília, deputados e empresários investigados por terem contas não declaradas já têm uma forte linha de defesa. Vão afirmar no tribunal que adversários mal intencionados depositam dinheiro nessas contas em nome deles apenas para prejudicá-los.



Um comentário:

Freitas disse...

Não tem jeito, artistas, intelectuais e políticos não perdem a mania de mamar nos cofres públicos. Prefeituras pobras pagando show milionários é o escândalo que ninguém denuncia